Minha vontade realmente era de sair do quarto e mandar a garrafa na cabeça do Tom, mas o irmão dele me impediu.

-Nem pense nisso, mocinha! –ele parecia ter lido meus pensamentos. –Temos um show agora e o Tom precisa estar vivo! 

Bufei alto e sai do quarto, deixando-o sozinho para se arrumar.

Desci até a recepção pelo elevador e quando sai dele, dei de cara com um homem gigantesco e mal encarado.

-Não se assuste Anne! O Chuck não vai fazer nada com você! –o Tom disse rindo sem tirar os olhos de uma revista que ele estava lendo. Ele parecia ter adivinhado a reação que eu tive ao ver aquele cara medonho.

-Pra que isso? Posso saber? –perguntei com raiva dele.

-Bom... –ele fechou a revista e me encarou. –Você pode tentar fugir! 

-Ah, claro! Com um cara de dois metros me impedindo! –falei sarcasticamente.

-Tanto faz! –ele me olhou com desdém e começou a vir na minha direção.

Dei alguns passos para trás e trombei com o Bill que estava saindo do elevador.

-Depois você come sua namorada, Tom! Agora temos que ir para o show! –o moreno disse sem paciência.

Os dois tomaram o rumo da porta e só depois que eu comecei a segui-los o Chuck saiu do lugar.

Entramos no carro e em menos de quinze minutos estávamos na frente do estádio em que aconteceria o show. Uma gritaria de deixar qualquer um surdo acontecia do lado de fora. Saímos do carro e fomos escoltados pelos seguranças até o camarim.

Várias mãos tentavam nos pegar e nos unhavam ao mesmo tempo. Quando chegamos do lado de dentro, me sentei no sofá e disse:

-Como vocês agüentam isso? 

-Somos treinados! –Georg respondeu rindo do próprio comentário.

Esse instante, David abriu a porta e disse: - Vocês entram em três minutos! 

-É agora ou nunca - Bill disse saindo pela porta.

-Então vamos! –Georg pegou seu baixo e seguiu o líder da banda todo confiante.

Tom veio em minha direção para me dar um beijo e eu virei o rosto. Ele apenas sussurrou: 

“Depois a gente conversa”.

Todos saíram e só sobrou o Gustav, que ficou me olhando por um tempo. Assim que o brutamonte, digo, o Chuck se distraiu com a mesa de doces, ele sussurrou:

-Ele tem medo de brócolis! 

Após essa pequena informação, ele sorriu e foi para o show.

Esperei o meu segurança parar de olhar os bolinhos de chocolate que estavam encima da mesa e começar a me olhar. Assim que ele fez isso, eu disse:

-Então... Você sabe que o Tom ama pirulito de maçã verde, né? –eu nem sabia da onde eu tinha tirado isso. –E o Gustav acabou de me dizer que se acabar o show e não tiver alguns pirulitos aqui, o Tom vai te demitir! –fiz uma cara de que dó.

-Ele disse isso mesmo? –o cara parecia estar caindo na minha mentira

-Você acha que eu inventaria uma coisa dessas? –perguntei chocada. –Você acha que eu sou o que? –olhei pra ele com indignação. –Uma mentirosa? –pressionei meus olhos para consegui fazer sair água deles.

-Não! –ele saiu de perto da mesa doces e foi para perto de mim. –Eu nunca quis dizer isso! 

Coloquei as mãos sobre o rosto para dar mais realismo à cena. 

-Então vai lá comprar! –disse com voz de quem estava chorando. Eu era péssima para encenar qualquer coisa, Não sei como ele ainda não desconfiou de nada.

-OK, eu vou lá comprar, mas você tem que vir junto! 

-Não vai dar! –se eu tivesse que ir junto, o meu plano de fugir iria por água abaixo. -Ai! –eu gritei agudamente. 

-O que está acontecendo com você Anne? –ele parecia estar preocupado comigo.

-Me deu uma dor de barriga do nada! –inventei uma desculpa para o meu grito repentino.

-Mas como que eu vou lá comprar os pirulitos sem você? 

-Pode ir sem mim, eu vou ficar aqui quentinha! Prometo! –fiz cara de inocente para ele.

-Se o Tom chegar e...

-ELE NÃO VAI CHEGAR!-eu gritei e ele deu um pulo para trás. –Quer dizer... –pigarreei. –Ele não vai chegar! –usei um tom de voz bem doce.

-Você vai agüentar? Eu posso ficar aqui com você e depois eu justifico para ele o porquê de eu não ter comprado os pirulitos de maçã verde! – Chuck sorriu para mim.

-Nem pensar! –me levantei da cadeira. –Vai lá e... –me sentei de novo com a mão na barriga. –Vai lá! –eu sussurrei e olhei para baixo. –Eu acho que agüento! 

-Tem certeza? 

-Se você não trouxer os pirulitos, o Tom vai te bater com uns brócolis! –olhei para o rosto dele para ver a reação dele.

-NÃO! –ele gritou. –Com brócolis não! –ele realmente parecia estar com medo da minha mentira.

-Sim! –eu disse com frieza. –Com brócolis sim!

-Já estou indo então! –ele pegou o casaco preto que estava do meu lado no sofá e saiu pela porta sem olhar para trás.

-É agora que eu fujo mesmo! –me levantei e peguei meu casaco.