Lacuna Sangria escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 39
Passado




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-Doutora Lacuna... Salve meu filho! –A mãe dizia para mim enquanto observava o único filho morrer por tuberculose, o novo mal que devastava a Europa.

 

Lacuna: Eu farei o que estiver ao meu alcance. –Mas eu sabia assim como aquela mulher sofrida que seu filho iria morrer. A tuberculose estava matando rapidamente a todos, uma parcela significativa da população Européia. Eu vi amigos queridos, familiares e desconhecidos morrerem em minhas mãos. Apesar de ser médica, eu nada poderia fazer. Como lutar contra algo invisível?

 

O menino de nome John morreu quatro horas depois de minhas divagações e sua mãe, contaminada por ter ficado próxima a ele, morreu um mês depois.

 

Foi a partir daí que iniciei minhas pesquisas com cadáveres de um cemitério próximo a minha choupana, cadáveres de pessoas que morreram da doença. Eu já havia feito pesquisas, tinha esperanças de que eu pudesse encontrar a cura.

 

Não foi fácil. Isolada em minha choupana eu mal saia, apenas para o hospital.

 

Minha primeira cobaia fora uma menina de nome Evangelina que estava prestes a morrer pela doença. Eu pensei que iria salva-la quando vi os primeiros sinais de recuperação, mas eu me enganei. Evangelina também morreu. Experimento atrás de experimento eu me isolei em casa. Eu queria mais do que tudo descobrir a cura antes que não existisse mais ninguém para habitar. Percebi com o tempo que eu era mais forte do que os demais. Até agora não havia contraído a doença. Talvez fosse imune, não sei. Decidi injetar em meu sangue um pouco de sangue contaminado para que assim eu pudesse, através de meu corpo, tentar decifrar a força que existia em mim. Eu acabei adquirindo os sintomas da doença, mas eles foram para mim como um resfriado. Talvez a solução que fiz e que até então eu estava usando como um antídoto provisório fosse de alguma forma eficaz, embora não tenha sido eficaz em Evangelina. A formula que usei, oriunda de escritos feitos por alquimistas que herdei de minha família. Eu estava diferente. Não perdi tempo. Vagando pelas ruas de uma cidade próxima a minha casa, eu encontrei um doente em plena rua, seu nome pelo que soube era James. Pelo menos foi isso que ele murmurou. Eu usei o antídoto que havia desenvolvido, antídoto este com um pouco do meu sangue.

 

Então eu senti os primeiros sinais de que algo não ia bem, eu estava diferente. Eu sentia muita sede, aversão ao Sol dentre outros sintomas. Talvez uma reação passageira, pensei. Felizmente para mim passou. Mas em James não. Ele ficou grato pelo que fiz, por ter olhado para ele quando ninguém mais olhava. Eu vi o seu quadro passar de péssimo para muito bom, mas ele começou a apresentar os mesmos sintomas.

 

A verdade apareceu com o tempo. James sofreu uma mutação assim como eu. O gosto pelo sangue, a super força e velocidade sobre humana. O fato de não ficarmos doentes, não envelhecermos. James parecia ser resistente a tudo, menos aos raios solares. Então eu denominei a mutação que eu gerei: vampiro.   

 

Éramos apenas dois da espécie, James achava que deveríamos distribuir essa dádiva para mais pessoas. Eu negava ainda mais pelo que presenciei, em como James se alimentava compulsivamente de sangue.

 

E então o caos. A igreja descobriu meus trabalhos. Condenada a bruxaria, eu seria queimada na fogueira. James conseguiu fugir, estava grata pelo meu companheiro ter fugido, ele não merecia pagar pelos meus crimes. Enquanto estava sendo amarrada em uma coluna de pedra para ser queimada por bruxaria eu olhei para todos, muitos deles foram meus pacientes e eu os salvei. Eu quis apenas salvar o mundo da praça de nome tuberculose e o que eu recebi? Isso! A dor.

 

Lacuna: AHHHHHHHHHHHHHHHH! –A dor era torturante. Eu queimei e senti a dor até meu corpo estar desfigurado. E então eu fiquei amarrada, desfalecida naquele lugar. As pessoas passaram por mim até não haver ninguém. Eu havia morrido de certa forma.

 

James me tirou daquele lugar na calada da noite. Ele me ofereceu sangue humano e assim eu me recuperei e renasci. Eu não era mais a médica Lacuna, eu era Lacuna Sangria, a criadora de uma nova raça. Eu não mais sentia amor pela humanidade, eu poderia esmagá-los! E foi isso o que fiz durante muito tempo, descobri que uma mordida era o suficiente para fabricar mais vampiros, descobri também que eu era única, imune a tudo o que os vampiros detestavam. Eu era a rainha de um reinado único, eu iria aniquilar a humanidade!

 

Então ele apareceu.

 

-Lacuna... Eu amo você.

 

Ele dizia inúmeras vezes. O humano por quem me apaixonei e que me levou a lacrar o meu corpo.

 


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