Lacuna Sangria escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 20
Escritos




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Sem sono, Bella olhou a capa do livro em suas mãos. As mesmas sensações desagradáveis a assaltavam, mas resolveu ignora-las.

 

“Talvez... Talvez encontre respostas nesses escritos.”. –Abriu o livro folheando-o. O curso que havia feito de inglês garantiu entender um pouco daquelas palavras. Mas no fundo ela sabia que o fato de saber tudo o que estava escrito era algo que ia além do seu conhecimento da língua.

 

“1º de Março de 1299

 

A peste assola as regiões próximas de minha cidade. Muitas são as pessoas que procuram-me desejando cuidados. Mas sei que minhas habilidades como médica são limitadas. Ainda sim o desejo de salvar vidas e poupa-las do sofrimento fizeram-me tomar uma decisão: fabricarei a cura para este mal.”.

 

“14 de Setembro de 1299

 

Usando poções antes utilizadas por alquimistas comecei meus experimentos. Sei que o nome Lacuna Sangria será reconhecido durante eras. O mal agora possui nome: Tuberculose. Para conseguir testar meus experimentos roubo cadáveres de vitimas da doença. Por Deus que a igreja não descubra o que faço ou então serei destruída na fogueira inquisitória!”.

 

“23 de Dezembro de 1299

 

Por não ter familiares ou amigos o feriado natalino será passado aqui em minha choupana. Com meus cadáveres colhidos do cemitério na cidade vizinha. Já desenvolvi pelo menos quatro soros diferentes para o tratamento de tuberculosos, mas não obtive êxito como queria. O vírus parece resistir. Terei de tentar quantas vezes for preciso. Infelizmente usar cadáveres não é algo louvável, não são tão eficazes como gostaria. E me ocorreu que talvez a decisão mais sabia seja... Injetar o vírus em mim e ser minha própria cobaia. Loucura? Bem... Para livrar a humanidade do vírus da Tuberculose sou capaz de tudo até mesmo de arriscar minha vida. O que me resta se não isso?”.

 

“1º de fevereiro de 1300

 

Infectava há um mês estou, sinto meu corpo se debilitar um pouco. Continuo a trabalhar e sei que desta vez desenvolvi um soro mais potente para o vírus da tuberculose. Muitas pessoas em diferentes locais já faleceram, sinto que tenho pouco tempo àqueles que tudo na Europa seja arruinado por essa praga. Amanhã testarei o soro em mim e por Deus que dê certo!”.

 

“23 de Abril de 1300

 

Estou curada. O Soro surtiu efeito, mas apenas para mim. Por quê? Por que apenas ele salvou-me? Talvez seja pelo meu sangue, minha mãe quando viva dizia que eu era especial. Bobagem racionalizar assim. Talvez apenas deva buscar pessoas contaminadas ao invés de ainda testar o soro em cadáveres.”

 

“25 de Julho de 1300

 

Seu nome era Angela, doce que era não merecia morrer. Tentei, mas não consegui salva-la com o soro. Quando me lembro dela esperançosa ao falar de meus experimentos... Eu não pude salva-la. Resolvi que desenvolverei algo usando meu sangue. Um novo soro com esta combinação. Depois de ter sido curada estou tendo alguns efeitos colaterais, nada de preocupante eu acredito. A luz incomoda-me um pouco e sinto sede constantemente. Estou estudando minhas reações corpóreas já que se esta cura vingar terei de relatar os efeitos colaterais provocados.”

 

“11 de setembro de 1300

 

Consegui encontrar um rapaz jovem, tão debilitado que nem ao menos consegue pronunciar seu nome. Estou testando meu soro, parece estar surtindo efeito. Os efeitos colaterais pioram a cada dia. Já nem saio pela manhã, o Sol parece queimar minha pele, e essa sede... Essa sede maldita! Talvez meu sonho de salvar a todos da tuberculose tenha que ser adiado enquanto não conter esses efeitos colaterais. Embora ache melhor tê-los do que morrer.”.

 

Bella: Isso tudo... Por que sinto uma familiaridade com esta historia? Talvez... –Bella folheia o diário novamente, não há mais nada. As páginas restantes rasgadas.


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