Lives escrita por Rella
Capítulo 21
- Michael?! – Chamou Kenny. – Michael, estou falando com você.
O que será que está acontecendo? , relutava ele. Onde será que ela está? Não deveria ter feito aquilo, foi um erro beijá-la.
- Michael! – Kenny precisou gritar.
Ele tremeu com o vibrar da voz, e por um triz não se viu no chão de seu escritório.
- Ah, sim? Fale Kenny. – Corou tentando se recompor na cadeira.
- Como assim “fale”?
De novo não! , Michael implorava.
- Eu estou aqui há meia hora te passando tudo sobre a turnê e você não estava me ouvindo? – Vociferou.
Ele pareceu incrédulo.
- Me perdoe – Contornou Jackson. -, é que ando um pouco disperso... por favor, continue.
- Hum, os figurinos já estão todos prontos. – Kenny abriu uma pasta revelando uma série de fotos. – Trouxe para que avaliasse. – Entregou-as. – Para mim estão excelentes! Eles deram uma verdadeira repaginada no visual “Michael Jackson”. Essa turnê ficará para a história! Não acha?
Michael correu os olhos pelos figurinos sem fazer uma verdadeira análise.
- Michael, falei com você! – Falou Kenny.
- Hã?
- O que você tem?
- Ora – Michael engoliu seco. Digo o quê? -, nada.
- Sei... tudo bem. – Desconfiou. – Tenho só mais uma coisa pra te esclarecer.
- Diga.
Kenny limpou a garganta.
- Ontem tive uma reunião de última hora com o representante da AEG, o Sr. O Durklein.
- Smith.
- Isso.
- Ele deixou claro que é impossível diminuir a cota de shows nessa altura do campeonato.
Michael podia ter previsto.
Houve um estranho silêncio.
- Eu sou obrigado, infelizmente, a concordar com ele. – Continuou Kenny, apreensivo. – Está certo que eles demoraram demais para nos dar uma resposta e foram vergonhosamente espertos, mas agora está muito em cima da hora para qualquer mudança brusca. A turnê é na próxima semana!
- Entendo, mas não concordo.
- Sei disso. – Kenny alisou o queixo enquanto relaxado na cadeira de estofado vinho. – Se mudarmos agora é capaz dos seus fãs ficarem decepcionados.
- Não! Isso não deve acontecer! – Michael aumentou a voz ao tempo em que se inclinou na escrivaninha aproximando-se de Kenny, que se viu encolher diante daquele Michael. – Eu nunca faria isso com eles! Eu os amo!
Kenny voltou a se acomodar no assento alisando agora a camisa de uma cor qualquer.
- Então veja o que é melhor para você.
- O que é melhor para eles.
- Está decidido?
- Não preciso pensar.
- Tem certeza?
- Não.
Kenny Ortega deixou-se mais uma vez afundar, escorregando as pernas para debaixo da escrivaninha bege.
- Poxa, Michael, assim você me deixa confuso.
- É porque você não sabe como estou.
- Ah, posso ter uma noção... vai fazer o quê então?
- Agora? – Michael foi até a estante e correu os olhos nos livros de capa grossa.
- Assim espero. – Kenny afundou ainda mais as costas no encosto da cadeira, exausto com essa conversa.
- Não sei. Talvez eu tome um sorvete.
Ortega se sobressaltou descrente no que acabara de escutar.
- O quê? Michael, não estamos aqui brincando!
- Sei.
- Então tome uma atitude!
- Estou tomando. Vou tomar um sorvete e esfriar a cabeça. Já estou cheio disso tudo! Cheio! As pessoas me “passam a perna” desde que nasci!
- M-mas... Michael... – Faltou-lhe palavras.
- Quem sabe eu ainda não dê um passeio por aí? O que acha?
Kenny se viu obrigado a rir.
- Só se for no seu jardim. Vão te esfolar, e você vai morrer!
- Não se eles não souberem que é Michael Jackson.
Michael lhe enviou uma piscadela seguida de um sorriso. Rumou até a porta. Saiu.
Se meteu no carro e caiu na estrada, grogue, pelo péssimo dia.
Chegou antes que o esperado em seu apartamento, mas levou um susto ao ver pelo portão, um homem de bigode e mocassins lustrosos na recepção.
- Tio Ben!
Pulou em seus braços num afetuoso abraço.
- Meu Deus, quanta saudade! Quanto tempo!
Ben Peterson deu um passo atrás para admirá-la.
- Como está diferente minha pequena Sarah!
Ela sorriu.
- Está mais linda que há cinco anos quando ainda não tinha fugido de San Francisco.
Escapou um meio sorriso de Sarah.
- Sabe que precisei.
Sr. Peterson assentiu. Sarah estudou-o por um instante.
- Mas o que te traz aqui?
Olhou para os lados, varreu com os olhos toda a recepção.
- E tia Meg?
- Sua tia preferiu ficar em Nova Iorque, mas estou aqui por minhas sobrinhas. Quero que voltem comigo.
Não foi uma boa idéia.
- Oh, Susie comentou sobre isso. – Apontou ao elevador para que lhe seguisse. – Bem, eu já possuo uma vida aqui, e não posso simplesmente abandoná-la. Agora Susie...
- Agora Susie deve ir comigo.
Quem sabe.
- Talvez seja melhor mesmo. Los Angeles não está fazendo muito bem à ela.
- Mas você também não tem uma vida que planejou, que você e seu pai planejaram. Sabe disso!
- Sim, mas não tenho escolha. – Saíram do elevador em direção ao apartamento. – Sou médica porque... porque... – As palavras sumiram.
- Porque a salafrária imunda de sua madrasta lhe obrigou.
- Em memória de Joseph! – Se impôs.
Sarah queria ser escritora. Desde pequena gostava de escrever contos ao pai. Ele adorava-os ler.
Seu tio ainda estava falando, e ela já estava sem fôlego para aquela discussão. Ben Peterson tomou ar, insistindo:
- Não era o que seu pai queria, e eu não preciso lhe relembrar tudo.
Sarah estacou em sua frente.
- Não mesmo! E eu já estou farta de intromissões na minha vida! Farta! – Resfolegou. – Veio para nos ajudar ou discutir?
Assim adentraram a sala.
- Lamento, Peter, eu... me desculpe. Você está coberta de razão.
Ela revirou os olhos, respirou.
- Esqueça...
Sr. Peterson se acomodou no estofado enquanto via Sarah se desfazer da bolsa e casaco pendurando-os na arara rente a porta.
- Estive em San Francisco dias atrás. - Comentou ele. – Por que não me avisou que trouxe Susie para cá?
- Não tive tempo.
- Vi que está vendendo a casa...
Respondeu de imediato.
- Sim, estou.
- Cuidarei disso pra você.
- Eu agradeceria.
Sarah olhou-o.
- Pensei que traria malas...
- Não, querida, eu estou num hotel.
Ela foi até a cozinha, ergueu as mangas, lavou as mãos.
– Quer alguma coisa?
- Aceito um copo d’água.
Entregou-o e sentou-se na poltrona à frente. Quando ele acabou de beber, perguntou ao olhar para os lados:
- E Susie, onde está?
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