Lives escrita por Rella
Capítulo 18
Ele não sabia o que fazer diante daquela inesperada situação. Apenas perguntou:
- Posso entrar?
Sarah relutou, mas enfim deixou passagem.
- Por favor.
Viu-o entrar, andar pela sala, olhar para cada objeto e voltar para si com um rubor desconhecido na cara.
- Como está, Sarah?
Ela não respondeu, mas perguntou:
- O que faz aqui, Matthew?
Havia um tom de desprezo na voz.
- Eu... bem... antes de eu falar, por que não tomamos algo?
Sarah fez um café, trêmula, e ainda mais confusa devido à visita inesperada. Quando pronto entregou a Matthew. Apontou o sofá para que se sentasse. Fitou-o à espera de respostas, e por menos que quisesse, sentiu uma ponta de esperança.
- Eu errei, Sarah... eu errei. – Confessou Matthew, abatido.
Peterson franziu a testa, incrédula.
- Denise foi um erro, sempre foi, eu apenas não vi... Nunca devia ter te deixado, nunca!
Peterson ergueu-se tentando ocultar o tremor de suas mãos. Pôs a xícara na mesinha de abajur e não soube o que falar. Matthew foi até ela, tomou-lhe as mãos nas suas, o que a fez recuar.
- Me ouça, Sarah. Sei que passou muito tempo, mas veja, você não está casada, e eu estou livre... podemos recuperar o nosso tempo! Eu sempre a amei!
Ela fitou-o, muda. O telefone chamou. Sarah afastou-se e atendeu-o. A saliva rasgou a garganta.
- Michael, digo, senhor?
Ele sentiu o tom desesperado de sua voz.
- Algum problema?
- Não!
Ela sabia que sim.
- Oh, me desculpe, não devia ter ligado sem avisar... perdão... Eu havia ligado para o hospital e disseram que...
- Espere! Hã...
- Não é nada urgente, eu... – Expirou forte, já arrependido da ligação. – Posso... posso falar depois, se preferir.
- Façamos assim... – Olhou para Matthew. – Falamo-nos à dez minutos. Tudo bem?
- Claro.
A linha emudeceu. Virou-se para Matthew.
- Matthew, eu realmente não sei o que dizer... eu...
Ele levou-a para o sofá, aproximou-se lhe segurando a mão.
- Dê-nos uma chance.
Susie entrou com Sam no exato instante, assustada.
- Matthew? Sarah?
Sarah se ergueu rapidamente.
- Não pense besteira, Susie, pelo amor de Deus!
Olhou para Sam, e não teve reação. Matthew também se ergueu.
- Claro que não há como pensar besteira, eu e sua irmã estamos juntos, e logo nos casaremos, não é mesmo, Sarah?
Peterson recuou, incrédula no que ouvira.
- Mas é claro que não!
Matthew ergueu as sobrancelhas. Susie indagou:
- Mas o que está havendo aqui? Que história é essa? Matthew, você é casado e será pai!
- Não mais, e eu prefiro não falar sobre o assunto. – Olhou para Sam e cumprimentou-o. - Olá, sou Matthew.
Sam respondeu:
- Percebe-se. Sou Sam, um amigo de Sarah e Susie. – Mirou Sarah, hesitante. – O que ele disse é verdade? Vão se casar?
- Não! – Exclamou quase sem ar – Não! Eu nem sei o que ele está fazendo aqui! Ele será pai de gêmeos e... – Afundou no sofá espalmando as mãos no rosto. – Me deixem... Por favor, me deixem sozinha.
Susie correu e se trancou em seu quarto; Sam fitou Sarah reprovando tudo, então e saiu; Matthew sentou-se a seu lado.
- Sarah...
- Saia!
- Sarah, eu... me escute...
- Disse para sair.
- Podemos reconstruir nossa vida, podemos ir para Nova Iorque onde há muitas chances na sua profissão... Podemos ficar juntos!
Ela encarou-o, furiosa. Levantou-se e abriu a porta.
- Saia agora se não quiser sair com a polícia.
Ele saiu. Sarah bateu a porta. Meu deus, o que foi isso agora? Se ele é capaz de deixar a mulher com filhos, imagina então o que faria comigo! Matthew não é mais o mesmo... O que eu estava pensando?
Momento após, Sarah foi a Susie chamando-a incansavelmente até ouvir o virar da maçaneta e vê-la se jogar na cama escondendo o rosto com o travesseiro. Peterson pôs-se a seu lado.
- Queria deixar claro sobre eu e Matthew, Susie. Como você sabe... – A voz falhou. – Susie?
Ela chorava, acanhada. Sarah passou a mão em sua cabeça.
- O que houve?
Susie murmurou algo indecifrável permitindo-se envolver pelo afago de Peterson.
- Vamos, se acalme. Fale comigo.
A garota olhou para a irmã, emudecida, e levantou-se se pondo de costas. Desfez-se da camisa e sutiã revelando novas marcas arroxeadas em sua tez morena. Sarah levou as mãos à boca, descrente, e receou tocar a pele frágil. Agarrou-a pelos braços virando-a para si, e ordenou:
- Fale agora o que está acontecendo!
Susie se desfez em lágrimas ao soltar-se de Peterson, e se encolheu no piso amadeirado do cubículo chamado de quarto.
Estou perdendo o juízo, concluíra Michael sentado em sua poltrona ao lado do telefone. Ergueu-se e pousou as mãos na cintura ao tempo em que um sorriso lhe contornava o rosto.
Blanket adentrou a sala requintada e pulou para o colo do pai.
- O que foi, pai? – Indagou, curioso.
Houve uma pausa. Michael meneou a cabeça e respondeu:
- O que disse, Blanket?
- Perguntei o que houve, está com uma cara diferente...
Michael permaneceu calado, parecendo não ouvir a criança. Blanket saltou de seu colo e perguntou:
- Pai, vamos jogar videogame?
- Agora não posso filho, mais tarde. Tudo bem?
- Ok.
E Blanket saiu chamando por Prince.
Michael passou a mão pelo queixo e depois pelos cabelos, dando voltas incessantes pelo tapete. Sem dúvida, perdi o juízo. Passou a desconfiar disso quando se deu conta que se desconcentrava no ensaio e ficava ansioso pelas Terças, Quintas e Sábados, corando ao relembrar o sorriso branco contornado pelo rosa dos lábios de Sarah Peterson.
Agora eu entendo... aqueles olhares... Santo deus!
Os desvios rápidos de olhares de Sarah também o deixavam a imaginar.
Deus, ela está... Ou eu estou por ela? Ou estou ficando louco?, engoliu seco, A quanto tempo que eu não sinto isso...
Jackson deixou-se afundar na poltrona, pensativo, mas impossível de se esconder o brilho nos olhos.
Isso é impossível! Ela é minha médica, nada mais... Isso não dará certo e... Devo estar vendo, pensando demais!
Imaginou como seria beijá-la.
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