Suzan P.O.V

Coloquei a bolsa de gelo em cima da mesinha de centro e me ajeitei no sofá. Fechei os olhos.

Parece que assim toda a dor do meu corpo era mais forte. Quando fechei os olhos, eu relaxei, então meu corpo se doeu inteiro, mas agora a dor está passando.

- Ô ruiva. – O Sevenfold me chamou.

- Que é?

- Você não vai dormir, vai?

- Agora? Não. Mas eu ia, palhaço.

- Ah! Que bom que não vai mais! – Sevenfold sorriu de orelha a orelha e seu tom irônico me deixou furiosa. – Por que... Eu queria conversar. – Isso me deixou menos nervosa. Por que... Sempre quando esse veado me chama, é para me encher. Mas... Talvez hoje não.

- Sobre o que você quer conversar? – Perguntei.

- Sobre hoje...

- Sobre hoje?

- É, Suzan. Eu acho que eu me sentiria melhor conversando com alguém sobre isso. E você estava lá comigo, então...

- Tudo bem, ahn... Pode falar.

- É que... Quando vampiros entraram na minha casa, quando eu completei seis anos... Eles não só mataram a minha mãe. Eles queimaram a casa... Por isso não moramos mais lá. Mas se não fosse por isso, eu estaria no mundo bruxo até agora. E... Eu e meu pai ficamos muito feridos.

Eu não sabia disso. Luck Sevenfold, você é um garoto cheio de surpresas, sabia?

- E eu acho que fiquei muito nervoso por isso, quando fui te tirar daquele lugar. Me desculpe, de verdade. Se eu prestasse mais atenção, aquele pedaço de madeira não teria atingido você e...

- Luck. – Eu disse, me sentando no sofá. – Venha aqui. – Disse, e sorri de lado. Com muito esforço ele fez o que pedi, e se sentou ao meu lado.

- O que foi?

- Olha... Está tudo bem. Estamos feridos, mas estamos bem. E vivos...

- É...

- Então, Sevenfold, não precisa se desculpar. Muito obrigada, ok? Você me tirou daquele lugar do inferno... – Disse, e ele ficou me encarando. – Desculpe pela ironia. Agora volte para seu lugar, quero dormir.

- Tá, pirralha. – Ele disse, e sorriu. Voltou para seu sofá, e eu me deitei.

Me virei, e fechei os olhos.

***

- Ei, Suzan... – Ouvi alguém me chamar. – Suzan, acorda... Acorda, pirralha! Você já dormiu demais, não acha? – Abri os olhos, e vi a imagem de Luck me balançando pelos ombros.

- Sai daqui, moleque chato. – Respondi, fechando os olhos novamente.

- Vamos Suzan, acorde. – Ouvi uma voz diferente no local, abri os olhos novamente. – Você precisa tomar banho, e voltar para sua casa mais tarde. Já são 14h30min, não acha que sua mãe já deve ter notado sua falta? – Percebi que era o senhor Sevenfold que estava falando, então resolvi respondê-lo.

- Você acha que ela chamou a policia?

- Talvez sim. – Ele respondeu.

- Está sendo uma ótima segunda-feira pra mim. – Respondi, tentando me levantar devagar, e Alec me ajudou.

- Alec, ajude Suzan a subir as escadas. – O senhor Sevenfold disse, e Alec disse que sim com a cabeça.

- Não a estupre, Lewis. – Ouvi Sevenfold dizendo, e Alec riu.

- Larga de ciúmes filho da puta! – Alec disse, ainda rindo. Olhei para trás e mostrei a língua para Sevenfold.

Depois de subir as escadas com certa dificuldade, chegamos ao segundo andar, e nos direcionamos ao quarto de Sevenfold.

- Espere, ahn... – Ele disse, me deixando na porta do quarto, e entrando logo depois. – Vou pegar uma toalha pra você e... Uma camisa do Luck. Clark trouxe sua roupa intima e um short pra você.

- O QUE? – Indaguei berrando. – Ele revirou o meu guarda-roupa, pegou roupas minhas, e não pegou uma blusa? O que esse garoto tem na cabeça?

- A sua mãe percebeu o barulho, então ele foi embora. Ele não podia contar tudo pra sua mãe tão já, ela iria ficar desesperada!

- Ah, que débil mental.

- Ô CLARK! – Ele o chamou. – TRAZ A ROUPA DA SUZAN!

Então vi um vulto entrando no quarto do Sevenfold, e uma brisa balançar meus cabelos. Era Clark.

- Você é um idiota. – Eu disse.

- É, todos me dizem isso. – Ele disse, e sorriu de lado, arrancando um sorriso meu. Então ele me entregou minhas roupas. Logo depois voltou para sala.

Alec me entregou uma toalha, e uma camiseta enorme, como dito, do Sevenfold.

- Está limpa?

- Bom... Estava dentro do guarda-roupa, e dobrada. Deve estar limpa.

- Acho bom mesmo estar limpa, senão Alec, você sofrerá as conseqüências. – Disse, e dei um pequeno sorriso.

- Aham, as conseqüências de uma menina que quase morreu queimada. – Ele sorriu, e eu lhe dei um pequeno tapa, em seu ombro.

Ele me mostrou onde é o banheiro e então desceu as escadas. Fui até lá, entrei no banheiro, tirei minhas roupas, liguei o chuveiro, e entrei debaixo do mesmo. Senti a água fria percorrendo meu corpo, e todos os ferimentos.

Meu corpo todo arde mesmo a água estando fria. Para uma pessoa que quase morreu hoje, estou em bom estado.

Sabe, isso tudo é uma droga.

Descobrir que sou uma dividida, descobrir que tenho um tio, descobrir que há pessoas que me querem morta...

Eu espero que nada disso aconteça de novo. É tudo realmente muito difícil pra mim.

Não quero nem saber como minha mãe está nesse momento. Bea e Claire devem estar surtadas, e Jimmy, provavelmente, andando de um lado para o outro, ligando para a minha casa, perguntando a minha mãe se já tem noticias sobre mim. Mal sabem eles que tudo isso envolve outro mundo.

Eu não sei por que não posso contar ao Jimmy... Ele não iria fazer nada com essa informação. Provavelmente não acreditaria. Mas se acreditasse, iria surtar, e não iria querer, de jeito nenhum, que eu tenha contato com Clark, Alec ou Sevenfold.

Ok. Eu não posso contar nada para Jimmy, de maneira alguma. E muito menos para Bea e Claire, que iriam contar a todos...

Então terminei meu banho, desliguei o chuveiro e me sequei. Me vesti, e passei a toalha no meu cabelo, para não deixá-lo encharcado, o deixando um pouco bagunçado.

Saí devagar do banheiro, com medo de escorregar, já que o mesmo é extremamente grande e está inteiro molhado.

Abri a porta e fui andando ainda lentamente até a beira da escada. Olhei para trás, para ver se não havia ensopado muito o corredor, já que meu cabelo ainda estava molhado.

A porta do banheiro se abrindo e esses meus passos fizeram certo barulho, o que provavelmente alertaram os outros. Vi alguns vultos, e logo vi que eram Clark, Luck e Alec.

Os três chegaram próximos demais a mim. Fazendo-me assustar, então por impulso dei um passo para trás, perdendo o equilíbrio.