Andreas: Tem certeza de que quer entrar agora? Ele está sem drogas a alguns dias e as vezes ele fica meio agressivo.

Tom: Eu preciso ver ele Andreas, eu preciso.

Andreas: Boa sorte então.

Quando Tom girou a maçaneta e entrou no quarto tudo o que eu pude fazer foi me sentar no sofá na sala de espera e torcer pra que as coisas melhorassem agora já que o motivo da de preção de Bill estava de volta.

-x-

Os olhos dele se abriram quando seus ouvidos ouviram a porta se fechando atrás de mim. Ele estava diferente, muito diferente do que eu me lembrava. Os cabelos que antes lhe cobriam o ombro estavam cortados em um moicano despenteado onde vários fios lhe caiam sobre os olhos, seus traços eram bem mais definidos agora, suas orelhas carregavam vários brincos e um piercing lhe adornava o nariz. Ele piscou algumas vezes como se não tivesse certeza do que estava vendo. Muita coisa estava diferente mais aqueles olhos eram exatamente iguais aos que eu me lembrava, aos que eu via todas as noites quando fechava os meus. Eu quis sorrir pra ele, eu quis me aproximar e Deus sabe como eu queria abraçá-lo agora mais não era uma boa idéia, não depois de Andreas insinuar, o mais sutilmente que a sua delicadeza lhe permitiu, que a minha ausência não era um assunto bem resolvido pra ele.

Bill: Tom?

Tom: É sou eu.

Bill: O que você... como você...

Eu pude acompanhar pelos seus olhos todos os sentimentos que passaram por ele naquele momento. Susto seguido de desentendimento, a felicidade estava ali mais quase totalmente encoberta pela magoa.

Bill: O que você está fazendo aqui?

Tom: Eu fui pra casa e o Andreas me disse que você estava aqui então eu pedi que ele me trouxesse.

 Bill: Quer dizer que você... voltou?

Tom: É Bill, eu voltei.

Eu desejei com todas as minhas forças que ele abrisse o sorriso com que eu sonhava todas as noites e dissesse que sentiu minha falta tanto quando eu senti a dele, mais não, a expressão séria e o olhar de puro rancor que ele me lançou fizeram meu coração virar um grão de areia.

Bill: Por quê?

Tom: Como por quê? Eu...

Bill: Por que agora? Depois de 6 anos, depois de tudo o que aconteceu?

Tom: Por só agora eu pude voltar.

Bill: Mesmo? Você não “pode” vir aqui nem mesmo pra enterrar a sua mãe?

Tom: Eu nem sabia que ela tinha morrido, eu...

Bill: E como poderia não é? Você soube muito bem como desaparecer sem deixar rastros.

Tom: Eu não queria ir Bill, eu...

Bill: Se você ficou tanto tempo longe por que resolveu voltar agora?

Tom: Eu tinha que voltar, eu não...

Bill: Você não tinha não! Não há mais nada aqui pra você Tom, não há mais família aqui pra você.

Tom: Você está aqui.

Bill: E daí? Eu estive aqui esse tempo todo, não foi por isso que você foi embora afinal?!

Tom: Mais do que você está falando? Eu fui...

Bill: Você fugiu e deixou tudo sem olhar pra traz, o que te faz pensar que...?

Tom: QUER CALAR A BOCA?

O choque me deu alguns segundos antes que ele começasse a falar toda aquela besteira outra vez e eu sabia que era a única chance que eu teria de esclarecer algumas coisas.

Tom: Então é isso que você acha? Que eu fugi de você no meio da noite por livre e espontânea vontade?

Bill: E o que eu mais se pode pensar? Uma noite você estava lá e na manha seguinte não.

Tom: E POR QUE EU IRIA PRA QUALQUER LUGAR LONGE DE VOCÊ?

Bill: COMO EU POSSO SABER? VOCÊ NÃO ESTAVA AQUI PRA ME EXPLICAR.

Um homem vestido de branco pôs meio corpo pra dentro do quarto e olhou diretamente para Bill aparentemente muito impaciente.

Medico: Por favor, Kaulitz tente se lembrar, ao menos por alguns instantes, de que isso é um hospital e mantenha sua voz baixa ou eu vou ter que te sedar outra vez.

Quando a porta se fechou eu me aproveitei mais uma vez do instante de silencio.

Tom: O Gordon não disse nada? Ele não deu nenhuma explicação?

Bill: E por que daria? O que ele tem a ver com isso?

Tom: Muito a ver já que foi ele quem me levou embora.

Bill: Não, ele ainda estava dormindo quando eu entrei no quarto deles procurando por você de manha.

Tom: Ele me levou embora Bill, ele apareceu no meu quarto de madrugada e me arrastou até um trem. Eu nem sabia pra onde estava indo.

Bill: Pelo amor de Deus, ele seqüestrou você? Isso é um absurdo!

Tom: Ele não seqüestrou! Ele me despachou pra um colégio interno fora do país!

O olhar de descrença dele fez meu peito afundar um pouco mais.

Bill: E você espera que eu acredite nisso? É muito fácil colocar a culpa no Gordon agora que ele não está aqui não é?! POR QUE VOCÊ NÃO ADMITE QUE VOCÊ FOI EMBORA POR QUE VOCÊ QUIS?

Tom: POR QUE NÃO FOI ASSIM! EU NUNCA PASSARIA TANTO TEMPO LONGE SE EU PUDECE ESCOLHER!  

O medico voltou e dessa vez parecia bastante irritado.

Médico: Por favor, você dois, se não abaixarem o tom de voz vou ter que proibir as visitas. Alias o senhor não deveria estar aqui, apenas familiares e pessoas autorizadas pelo paciente são permitidas.

Tom: Eu sou da família. Sou irmão dele.

O medico me olhou com total descrença e desviou o olhar para Bill.

Medico: Isso é verdade Kaulitz?

Ele pareceu pensar por um tempo antes de responder e aquilo me machucou ainda mais. Não acredito que ele vá me mandar embora agora.

Bill: É.

Medico: Ótimo, talvez ele consiga por algum juízo nessa sua cabeça.

Sozinhos novamente eu não tinha a menor idéia do que passava pela cabeça dele agora, ele não olhava pra mim, talvez por que soubesse que eu interpretaria seus pensamentos, e eu daria tudo para fazer isso agora. Ele não acreditava em mim mais não me mandou embora quando teve ao chance então, ao menos curioso ele deveria estar.

Tom: Você quer ouvir o que aconteceu?

Ele levou mais alguns segundos pra responder e isso estava me matando.

Bill: Me diga então. O que aconteceu?

Tom: