Ela colocava a mão na cabeça levemente. Estaria novamente aqueles pensamentos invadindo a cabeça da Onee-sama? As vezes ela ficava indiferente, as vezes abaixava a cabeça, era horrivel.

          Infelizmente eu nasci com esse “dom” também. Era uma coisa que eu não queria e que teimava em discordar com a Onee-sama. Ela dizia que eu iria me acostumar logo logo com os pensamentos que invadiam minha mente. Pensamentos que não eram meus!

         Eu discordava dela. Não queria sofrer como ela.

          Mais uma briga. O motivo? Simplesmente questionei o fato dela aguentar aquilo. E pior, aguentar aquilo calada, mas a Onee-Sama sempre foi assim quieta...

          Eu corria pelo mundo que não conhecia, era tudo tão diferente de casa. Em apenas alguns minutos eu estava perdida. Continuei a andar. Meus pés tocando a terra úmida, as brisas frias e o cheiro diferente e vivo. Tudo aquilo era tão novo.

          Depois de algumas horas acabei encontrando um templo. Uma humana varria o chão enquanto cantarolava alguma música. Humanos eram imundos. Seus pensamentos eram sempre sujos. A garota olhava para mim e sorria.

         - Bem vinda ao templo Moriya, qual seria o seu nome?

         - Koishi... – Murmurei.

         Ela me convidava para entrar. Sentei na entrada daquele templo, a sacerdotisa aparecia com duas canecas e me entregou uma. Era chá, nada muito estranho.

         - Então...por que está aqui? – A voz dela era calma, parecia tão diferente do que eu imaginava de um humano.

         - Eu acabei brigando com a minha irmã... –Suspirei. – Como sempre. – Completei.

         - Isso não é bom. – Ela ria baixo. Ela pensou que havia sido algo idiota... – O que aconteceu?

         - É por causa dos seus pensamentos. – Eu estava começando a ficar brava. – E por causa dos pensamentos de humanos inúteis como você. – Não era minha intenção estourar a caneca.

         Depois de ela ver que a situação era séria, eu expliquei a ela o que acontecia com a Onee-sama, comigo e de como eu odiava os humanos com seus pensamentos fúteis e todas as outras criaturas vivas.

         - Por que não tenta conhecer melhor o mundo? – Ela ria. – Sabe, o mundo não tem só pessoas más, é claro que as vezes acabamos fazendo coisas erradas, mas nem todas as pessoas são más como você pensa.

         - Mas os pensamentos delas... se eu acabar ficando no meio de tantas pessoas vou ficar louca.

         - É só você parar de ouvir.

         Depois da conversa que tive com ela, eu o lacrei. Pensamentos não invadiam mais minha cabeça, eu só conseguia escutar a minha voz lá dentro. Por um minuto eu me senti perdida, mas iria ficar tudo bem. Agora que eu o fiz, não tem mais volta.

         - Obrigada Sanae-San. – A agradeci e decidi voltar para casa e claro, não demoraria muito para partir novamente.

         Quero conhecer os humanos como Sanae-San disse para eu fazer. Só desse jeito vou conhecer verdadeiramente a mente de um humano.