A escola estava estranha, em casa tudo estava estranho. O que eu estava fazendo com as coisas que me cercavam?

Entrar no carro em que Ollie estava me fez ainda mais mal. Eu não sabia o evitar, eu não sabia nem se devia evitá-lo. Eu só sabia que era complicado demais pra mim ter duas pessoas interessadas em mim e... Bem, pelo menos não me considerava apaixonada por ninguém.

- Você não precisa ficar me evitando – sussurrou Ollie enquanto abria a porta para mim

- Eu não preciso ouvir isso de sua boca.

Ele tinha entendido mal o que eu havia dito. Eu via a tristeza em seu olhar.

- Ollie, eu não quis dizer nada do que esta pensando. É só que... Bem, eu sinto muito, mas eu não sei mais o que falar na sua presença.

- Não fale – disse ele me puxando para seus braços

 Eu podia ter dito não, mas o perfume dele logo me atingiu e na hora eu percebi que tudo podia se resolver se ele me apertasse mais e mais em seu grande abraço.

- Claire? – gritou meu pai saindo da mansão com olhos esbugalhados me encarando – O que está acontecendo aqui?

Empurrei Oliver pro lado e engoli em seco quando vi que ele saía acompanhado de sua mulher. Sua nojenta mulher.

- O que foi, querido?

Quando ela viu minha proximidade de Oliver só piscou fortemente como se quisesse acreditar que era alucinação. Não, não deu certo.

- Ela... Ela beijou o motorista? – a voz de nojo dela me fez dar um passo para mais próximo de Ollie

- Senhor, eu apenas abracei sua filha... Não tenho nenhum tipo de intimidade com ela – se explicou Ollie

- E um abraço não é intimidade o bastante?

- Cale sua boca, sua prostituta – sussurrei para aquela piranha desgraçada que continuava ali encarando com nojo meu Ollie

Meu Ollie? Eu disse isso mesmo? Eu mandei a prostituta se calar?

- O que você disse? – cuspiu meu pai

Fiquei quieta. Eu jamais iria voltar atrás. Aquela vagabunda teve o que mereceu.

- Jamais, eu digo jamais, ofenda minha mulher – ele me pegou pelo braço e me puxou para casa

- Você está me machucando, pai – eu gritava, mas ele pouco se importava

Ele me arrastava para meu quarto como se eu fosse uma cachorra.

- Senhor, você a está machucando – murmurava Maria

- Ela me desobedeceu... Ela maltratou minha família, ela é uma mau educada...

Eu não queria acreditar que isso estava acontecendo. Eu não queria olhar para aquele rosto que me olhava com repugnância.

- Sua mãe te criou como uma puta – arregalei os olhos e dei um chute em sua perna

- Como você pôde?

- Pude o que, sua cadela? – ele berrava e eu me sentia cada vez mais idiota estando ali

- Ofendeu minha mãe, me ofendeu e agora vai ficar com sua mulher que eu estou indo embora – subi correndo as escadas sabendo que seria a ultima vez

- Claire... – eu só pude distinguir que era sua voz porque vi ele estender a mão em minha direção

Peguei tudo o que precisava mais algum pouco de dinheiro que tinha guardado pra situações desesperadas e saí como uma louca.

- Onde você vai menina? – perguntou Maria quando passei por ela

- Embora – dei-lhe um grande beijo estalado e passei por Ollie o puxando comigo

Ele pouco entendeu, só me seguiu com passos trôpegos e ficou sem fala quando viu meu rosto distorcido pela raiva.

- Quero que me leve pro hotel mais barato e fulo que tem aqui, e quero agora – entrei no banco da frente e esperei até que ele também entrou no carro relutante e deu a partida