Deixa eu dizer uma coisa: eu NUNCA mataria alguém. Isso não quer dizer que eu matei. Isso também não quer dizer que eu vou matar.

Deixa eu dizer outra coisa: eu sempre odiei as pessoas. Desde que meus pais morreram, e eu tinha 2 anos. Antes disso eu babava, chorava e fazia coco. E depois disso minha tia-avó foi presa. Presa.

Então, deixa eu esclarecer uma coisa: eu tenho sim motivos para odiar e querer matar uma certa pessoa. Lucy no Céu com Diamantes. Até John Lennon falava de sua suprema perfeição.

Bom, eu não vou falar disso agora porque é recente. E eu ainda estou contando do passado. Vamos seguir a ordem cronológica. Onde eu estava? Ah é! Nem Lucy nem Brandon me chamavam para seus times de luta.

Na minha 1ª luta na CIPL eu cai no time de Brandon, (que, na minha opinião, parece um gorila com problemas de respiração pelo nariz, já que ele não consegue fechar a boca e respirar pelas cavidades nasais) separada da Livvie. Mas não foi um problema, já que eu arrasei a pirralhada. Duas meninas ficaram com 15% da cabeça sem cabelo e cinco meninos ficaram com os ouvidos zumbido por uma semana.

Lucy reparou no meu jeito de lutar, o que foi fácil para ela, já que ela mal luta. É só ela chegar perto de um menino, fazer carinha de triste e ele vai para a enfermaria, que é o que se faz quando se apanha muito. Ganha a luta o time que tiver mais pessoas na arena e menos na enfermaria.

No terceiro dia, Lucy me chamou para o time dela de primeira, antes de suas “amiguinhas pululantes”. Eu e Livvie ficamos juntas, mas eu nem vi. Surrei tanto menino que acabamos ganhando, por causa de mim, um fato comprovado. Já que a maioria do time da Lucy são meninas que, quando vão dar socos, a unha quebra e elas choram e, quando vão receber socos, elas choram.

Livvie até que bate um pouco, mas ela foi parar na enfermaria porque ela tropeçou na perna de um moleque e caiu.

Depois do “massacre” muitos boatos rondaram a escola. Diziam que uma garota do jardim de infância (sendo que eu estava no Pré) lutava muito melhor que o Brandon e que, se eles se enfrentassem, ela ia partir a cara dele ao meio. Eu sei que é meio exagero, eu tinha 6 anos e o Brandon 10 (mas ele tinha repetido 3 vezes, então estava na 3ª serie), mas foi o que a Livvie me contou. Sobrou para mim.

O Gorila veio falar comigo, numa surpreendente delicadeza:

–Você. Eu. Arena. Hoje. 8 horas. Eu vou quebrar a sua cara, pirralha.

E eu respondi, num nível extremamente elevado de gentileza:

–Não sabia que era possível quebrar a cara do outro com as costelas quebradas, desprezível.

Então ele serrou os punhos, olhou para mim com raiva, se virou e foi embora. A Livvie, que estava do meu lado, soltou o ar com tudo (ela provavelmente estava prendendo a respiração durante a nossa casual conversa). Eu olhei para ela e dei risada, ela me olhou brava, com reprovação.

Eu estava tranqüila quanto à luta. Ele só era um macaco de 2 metros de altura que não consegue respirar com as cavidades nasais. Não era um perigo.

Eu estava errada...

Ou não...