Cléo estava parada na porta. Seus olhos estavam praticamente fechados. E ela tremia.

Alex se afastou de mim, assustado. Ao ver sua namorada parada na porta, com raiva e ciúme em seus olhos, colocou a mão na testa, tentando dar explicações.

Eu não fiz nada. Queria ver aquilo. Não queria me intrometer em uma briga entre o garoto mais lindo do mundo e a garota que queria me matar.

-- Cléo, não é o que parece. -- ele dizia, ainda assustado com a reação dela.

Ela continuava com os olhos fixos em mim. Talvez estivesse prestes a atacar. Mas duvidava que ela faria isso na frente de Alex.

-- Não precisa explicar nada. Eu vou embora. -- ela saiu da sala, chorando. Alex não sabia o que fazer.

Ele estava com pena de Cléo, mas não queria me deixar.

-- Pode ir. -- eu disse.

Ele olhou para mim e saiu correndo atrás de Cléo.

Não sei porque o deixei ir embora. Mas eu não queria provar que eu o amava. Isso não seria bom. Além do mais, quanto mais eu ficar com ele, mais Cléo vai querer me exterminar do planeta.

-- Não a olhe nos olhos. -- disse a voz da criatura.

Ao ouvi-lá, logo me virei. Meu coração disparou. Levei o maior susto que já havia levado.

Ela estava lá. Atrás de mim. Só não sabia como ela aparecera e por que.

-- Não olhar quem nos olhos?

Ela fez um movimento simples e rápido com as mãos. Logo a imagem atingiu minha mente.

Cléo. Seus olhos vermelhos ardendo em chamas. Cheios de ódio e vingança.

Isto me deixou fraca. Não consegui me mexer. Era como se o fogo que estava em seus olhos me queimasse. Não por fora. Por dentro.

A figura logo desapareceu. E a criatura também.

Me senti solitária. Havia um vazio denro de mim. Não era normal.

Ainda ouvia vozes vindo de fora da sala. Mas ainda sentia que faltava alguém. O que era estranho, pois eu gosto de ficar sozinha.

Olhei para a porta. Alex estava lá.

Ele sentou na cama.

-- Sinto muito. -- ele se desculpou, na esperança de que eu aceitasse. -- Se não quer mais me ver, eu vou entender.

Aquilo me atingiu como uma faca lançada em meu coração. Nunca pensei que ele fosse dizer isso. Então, ou eu dizia para ele ficar ou para ele partir.

-- Não quero que você vá. -- sabia que eu ia perder. Não dele, mas de mim mesma. Uma parte de mim queria ser independente. Mas a outra, queria Alex mais do que qualquer outra coisa.

-- Sentiria minha falta? -- ele provocou.

Não tinha o que responder. Minha parte independente ia perder. Não havia outra saída, se não deixá-lo partir.

-- Sim.

Ele sorriu. Seu rosto foi se aproximando do meu.

-- Nada vai poder nos interromper de novo. -- ele sussurrou em meu ouvido.

Sua boca estava a menos de um centímetro da minha. Meu coração acelerou. Como na primeira vez, fechei meus olhos com força.

E ele me beijou. Podia sentir sua respiração em meu rosto.

Eu tinha que fazer algo. As duas partes de mim lutavam uma contra a outra. Resolvi desistir.

Coloquei minhas mãos envolta de seu pescoço. Logo eu estava retribuindo.

A sensação foi perfeita. Eu estava mais feliz do que nunca. Mesmo sabendo que corria perigo de vida. Eu queria que aquele momento fosse eterno.

Eu continuava com os olhos fechados. Não podia mais ficar assim. Abri-os rapidamente. E pude ver Cléo na porta novamente. Com os olhos em chamas.

Eu não mexi um músculo. Continuava com os lábios encostados nos de Alex.

" Continue assim. Só estou te avisando que sua felicidade vai durar pouco!"

A voz de Cléo soou raivosa em minha mente. Quando olhei novamente para a porta, ela não estava mais lá.

Eu não me afastei de Alex. Suas mãos estavam agora em minha cintura.

Ele afastou seu rosto. Eu já estava sem fôlego. Seus olhos estavam brilhando. Ele esperava que eu disesse alguma coisa.

Não disse nada. Não conseguia.

Pousei minha cabeça em eu ombro. Ele segurou minha mão.

Eu queria dizer que o amava. Era o que eu mais queria.