Não enxergava. A escuridão era total. Não era nenhuma surpresa eu estar tendo esse sonho de novo.

Queria poder ver alguma coisa naquele lugar. Mesmo que fosse uma pedrinha.

Mas nada apareceu. Eu era a única coisa existente ali. Não me sentia bem, sozinha.

Como sempre, a luz branca apareceu. Desta vez, muito mais forte e intensa. Fechei meus olhos e esperei acordar. Nada. Eu continuava lá. Olhando para a luz.

Finalmente. Finalmente eu poderia ver o que apareceria. Eu estava feliz e assustada ao mesmo tempo. Mas comecei a ficar mais assustada.

Uma figura com um manto azul-escuro, saiu daquela luz. Conforme ia se aproximando, a luz desaparecia. Seu capuz escondia seu rosto, mas seus olhos eram visíveis. Mas eu não devia ter olhado. Eles eram vermelhos, cheios de dor.

Comecei a ficar preocupada. “Eu devia ter acordado!” pensei.

A criatura chegou bem perto de mim. Estava segurando uma caixa preta. Seus detalhes eram feitos de ouro. Era algo que um ser humano nunca conseguiria fazer. Tinha algo mágico naquela caixa. Talvez porque isso fosse um sonho.

A figura olhou para mim, meus olhos fixos na pequena caixa.

— Não abra esta caixa. Nunca. – sua voz era abafada, dolorosa.

Olhei em seus olhos vermelhos. Ela queria que eu pegasse a caixa, mas sua expressão era culpada. Culpada por me dar a caixa.

Estendi meu braço e peguei a caixa. Os olhos da criatura estavam cheios de culpa. Mas então, porque ela tinha me dado a caixa.

A luz branca reapareceu, ao longe. A criatura se virou e caminhou em sua direção. E desapareceu na escuridão. Junto com a luz.

Eu estava sozinha novamente. Passei os dedos sobre os detalhes de ouro da caixa. Não era normal.

Queria abrir a caixa, mas não podia.

“Por que não estou acordando? Por que não estou acordando?” perguntei a mim mesma.

E, para aumentar meu medo ainda mais, ouvi uma voz. Era rude e fina.

“Porque você vai ficar aqui! Assim não vai me atrapalhar!”

Aquilo não fazia sentido. Por que aquela voz aparecera no meu sonho? E, que eu saiba, não tenho inimigos.

Queria sair daquele lugar escuro.

Senti uma mão gelada encostando-se a meu ombro. Gritei.

Minha voz não saiu. Isso acontecia na maioria dos meus sonhos.

Olhei para trás. Esperava ver a pessoa que tinha tocado em mim. Nada.  Não vi absolutamente nada.

Me levantei, assustada. Comecei a correr, mesmo sem saber para onde eu estava indo. ( era tudo preto mesmo...).

Estava correndo o mais rápido que podia, mas infelizmente, tropecei em algo.

Isso era impossível. Não havia nada lá. Mas isso não importava agora. Olhei para minha perna. Estava sangrando.

A dor era latejante. Não era igual a de um machucado qualquer. Era muito pior. Parecia estar pegando fogo. Um fogo que não pode ser apagado por nada.

Tentei acordar, mas não adiantava. E para piorar, aquela mão gelada estava de novo em meu ombro. Ignorei-a, por mais que isso fosse difícil.

Minha calça já havia ficado completamente vermelha. E tudo começou a girar.

Uma luz forte tomou conta do local. Aquela pessoa continuava ao meu lado, mas não podia vê-la. Eu estava ficando fraca.

E desmaiei. Eu acho.