A Pianista escrita por VeG Revolutions
Notas iniciais do capítulo
Estilo triste, mas não totalmente depressiva. Espero que gostem!
Ela chorava, estava extremamente triste. Algumas pessoas não entendem a profundidade da palavra ‘triste’, ou talvez a palavra seja fraca. Ela estava colossalmente triste, deprimida. Não haviam lágrimas em seu rosto, não mais. Ela já tinha chorado demais. Seus olhos agora estavam secos e ardentes, mas ela não se atrevia a passar a mão em seus olhos.Não gostava mais de mãos, havia esquecido toda a sua beleza e mística. Era uma pianista, mas seus dedos finos e longos lhe causavam repulsa agora.
-Não! – gritou demoradamente. Sua angústia, sua dor... Não sentia nada, mas estava arrasada por dentro. Começou a soluçar, a cena era agonizante. Estava presa pela cintura, em pé, suas pernas doíam, mas ela não as sentia mais. Não depois de tudo que já tinha passado ali.
Os detalhes começaram a aparecer em sua mente, aquele era o depósito do teatro onde se apresentara na última noite. Quantas noites haviam passado? Era aplaudida calorosamente pelo público, a emoção corria em suas veias junta ao álcool, seu maior vício. A euforia cega as pessoas. Passou pela produção, sempre elogiada. Dirigiu-se ao camarim com uma estrela na porta. Maquiava-se para a coletiva de imprensa quando ouviu três leves toques na porta.
“Um fã?!”, pensou. “Nos bastidores? Um fã com sorte...”. Abriu a porta e antes que pudesse reagir, viu uma figura de máscara preta em direção ao seu rosto. Estava inconsciente no chão.
-Esperei muito para que você acordasse, querida. – o ser repugnante disse. Seu jeito psicótico amedrontava a pianista. Era branco e franzino, aproximou-se devagar da vítima e foi então que ela percebeu que estava amarrada pela cintura. Um maníaco. Não tinha forças para reagir, ele gostava de controlar a pianista e por isso deixava as mãos desamarradas. Era um doente mental.
As lembranças a partir deste ponto começavam a lhe dar náuseas. Ele havia se aproveitado dela de todas as maneiras possíveis e ela não podia fazer nada. O homem devia trabalhar no teatro e ter acesso a todas as áreas. Aquele depósito abandonado e frio era seu lar agora. Amarrada à grossa coluna rústica de madeira como uma oferenda indígena, magérrima e de pele seca e esbranquiçada.
Saíra de seus pensamentos com o barulho dos passos cada vez mais fortes. O homem estava chegando perto. Ela já tinha seu plano, só não tinha a saúde para executá-lo.
-Olá, minha flor. – o malandro disse passando suas mãos ásperas pelo rosto da pianista que relutou movendo a cabeça o mais freneticamente que podia.
-Me solte, seu louco. – disse forçando a voz rouca.
-Não, não, querida. Eu não sou louco.
-Seu psicopata desgraçado! – berrou.
-Fique calma. Nada de estresse, tudo bem? – disse calmamente. - Lembra-se de ontem? Vai ser igual.
-Não se atreva a tocar em mim!
-Opa... Já toquei. – disse sadicamente com um olhar maníaco enquanto percorria o corpo da pianista. – Hoje eu trouxe alguns amigos para compartilharem nossa festinha... – disse apontando para dois homens que surgiam da profunda escuridão.
-Demônio! – gritou esquecendo a dor e tudo ao seu redor enquanto proferia um chute certeiro no maníaco e assistia o homem se contorcer de dor no chão.
Os outros dois chegaram perto e enquanto um ajudava o maníaco a se levantar, o outro pegava a arma de seu bolso e ouvia atento as instruções:
-Mate essa vagabunda e aproveite-se dela até que apodreça, então queime o corpo como a alma queimará no inferno! – disse urrando.
Em seguida, um barulho estrondoso percorreu o galpão e a cabeça da pianista chocou-se contra a pilastra. O baque fez com que sua cabeça começasse a sangrar, mas ao levar a mão até seu peito descobriu um ferimento que sangrava muito mais. Com o sangue correndo por suas pernas desnudas e fadada ao triste destino da morte, a pianista sorriu. Sorriu por saber que um maníaco nunca mais iria atacar nenhuma mulher, e que ela não iria para o mesmo lugar que ele quando seus olhos se fechassem para sempre.
E se fecharam.
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