Novos Olhos escrita por Maybe Shine
Notas iniciais do capítulo
Gosto desse capítulo, tanto da parte dois quanto da parte um. Espero que gostem. Não é muito engraçado, é mais dramático... espero que não se importem. Boa leitura!
Quando cheguei na clinica eu estava mais irritada do que nunca.
Mesmo que o Logan e a Suzana tenham tentado me ajudar com toda aquela história de faça alguém feliz, seja legal, cultive o amor, eu não conseguia não ficar frustrada com minhas dificuldades. Com todas as dificuldades que meses atrás não possuía.
E tinha toda a coisa com o Harry me irritando, e da história da dança.
- Esta tudo certo com você, Alex? – foi a primeira coisa que o Logan perguntou, e a primeira coisa que a Suzana havia me perguntado naquela mesma tarde.
- Nada – sibilei imaginando que era bem capaz que duas nuvenzinhas de fumaça estivessem saindo pela meu nariz. Ou das minhas narinas, sei lá como se chama.
Ele ficou só me olhando.
- Nada! – repeti mais furiosa – esta tudo uma maravilha, ok? Minha vida não poderia estar melhor! O que mais eu iria querer? Conseguir caminhar direito? HÁ, nem me importo com isso. Besteira! Ninguém precisa de duas pernas mesmo.
Ele me olhou preocupado por alguns instantes e eu fiquei encarando ele com a respiração acelerada, como se tivesse corrido um monte antes de dizer aquilo.
Então o Logan perguntou, bastante calmo:
- Você tem como avisar a sua mãe que vai chegar um pouco mais tarde em casa?
Nós andamos lado à lado pela rua. O céu estava da cor das minhas roupas, de um cinza sujo. Dava para ver que logo começaria a chover.
O Logan pareceu não se importar nada com isso. Colocou as mãos nos bolsos dizendo para eu acompanhá-lo. Daí acompanhei.
Durante o caminho todo não sabia para onde estávamos indo, e, para falar a verdade, repeti que não queria saber. Bati forte os pés a cada passo e senti que minha cabeça começava a latejar, de tão tenso que mantinha o maxilar preso.
Depois de uns minutos de silencio e caminhada, paramos em frente à um prédio alto e cinzento cor do céu. Suas paredes estavam descascando e só olhando não dava para dizer se alguém morava por ali.
- Vamos? – perguntou o Logan erguendo o queixo e tentando ver o fim do prédio. Não conseguiu.
- Sim – foi o que arrisquei dizer, mas saiu feito um gemido.
Logan me olhou, seu cabelo estava úmido por causa do sereno e tão rebelde quanto sempre. Parecia feito de um tapete felpudo e bem escuro. Ele pegou minha mão e nós entramos no prédio, passando pela porta vermelha entreaberta.
Lá dentro um homem disse oi ao Logan e deixou a gente entrar no elevador. O prédio estava abandonado, mas antes deveria ter sido um hotel muito bonito, e talvez luxuoso.
- Não precisa ter medo, o elevador funciona direitinho – disse o homem da portaria. Mas fiquei com medo mesmo assim. O elevador era super antigo, com aquelas portas de grade que se dobram toda, feito um acordeom.
Começamos a subir e percebi que minha mão ainda estava escondida dentro da mão de Logan. Foi ai que meu coração disparou de um jeito enjoativo.
Fingi que tinha que arrumar o cabelo e escapei minha mão do aperto. Logan olhou para mim. Um sorrisinho presunçoso no rosto. O elevador parou.
Entramos em um corredor escuro e depois subimos uma escadinha estreita. Posso jurar que aquele seria um cenário perfeito para um filme de terror. Talvez com um psicopata que gostasse de costurar a boca das pessoas e mantê-las acordadas e amarradas em um elevador antigo.
Meu corpo estremeceu.
Terminamos de subir a escada e logo me vi na cobertura do prédio.
- Venha aqui – Logan murmurou.
Nós paramos bem na beirada da cobertura, cotovelos apoiados no pequeno muro que rodeava a área. Puxei o ar, estava gelado.
“O que achou?” acho que foi isso que Logan quis perguntar, mas ele apenas me olhou e disse isso assim, sem abrir a boca.
Olhei ao redor e era como se as nuvens estivessem bem acima de nós, como se desse para apertá-las caso eu levantasse o braço só um pouquinho. A cidade estava bem quieta, vista lá de cima. Os carros pareciam pequenos e as pessoas menores ainda. Quase não se ouvia os sons.
Mas a melhor parte, o que me fez sorrir ao ver, foi a cor do sol. Ele estava ali, bem a nossa frente, sentado em uma das nuvens escuras de chuva. E mesmo que o céu estivesse daquela cor cinzenta, vinha uma luz alaranjada daquela estrela, tingindo tudo ao redor dela.
- Logan... – disse bem baixinho.
Quando ele sorrio a luz bateu de lado no seu rosto e deixou seus olhos densos um pouquinho menos escuros.
- Não precisa dizer nada.
E eu não disse. Fiquei apenas sorrindo, com o coração apertado de um jeito estranho no peito, batendo lento, vendo o sol escorregar aos poucos. Mal sabia que meu coração bateria dez vezes mais rápido menos de dez minutos depois.
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