Novos Olhos escrita por Maybe Shine


Capítulo 7
Nuvens de chuva - parte um


Notas iniciais do capítulo

Gosto desse capítulo, tanto da parte dois quanto da parte um. Espero que gostem. Não é muito engraçado, é mais dramático... espero que não se importem. Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/84281/chapter/7

 

Quando cheguei na clinica eu estava mais irritada do que nunca.

Mesmo que o Logan e a Suzana tenham tentado me ajudar com toda aquela história de faça alguém feliz, seja legal, cultive o amor, eu não conseguia não ficar frustrada com minhas dificuldades. Com todas as dificuldades que meses atrás não possuía.

E tinha toda a coisa com o Harry me irritando, e da história da dança.

- Esta tudo certo com você, Alex? – foi a primeira coisa que o Logan perguntou, e a primeira coisa que a Suzana havia me perguntado naquela mesma tarde.

- Nada – sibilei imaginando que era bem capaz que duas nuvenzinhas de fumaça estivessem saindo pela meu nariz. Ou das minhas narinas, sei lá como se chama.

Ele ficou só me olhando.

- Nada! – repeti mais furiosa – esta tudo uma maravilha, ok? Minha vida não poderia estar melhor! O que mais eu iria querer? Conseguir caminhar direito? HÁ, nem me importo com isso. Besteira! Ninguém precisa de duas pernas mesmo.

Ele me olhou preocupado por alguns instantes e eu fiquei encarando ele com a respiração acelerada, como se tivesse corrido um monte antes de dizer aquilo.

Então o Logan perguntou, bastante calmo:

- Você tem como avisar a sua mãe que vai chegar um pouco mais tarde em casa?

 

Nós andamos lado à lado pela rua. O céu estava da cor das minhas roupas, de um cinza sujo. Dava para ver que logo começaria a chover.

O Logan pareceu não se importar nada com isso. Colocou as mãos nos bolsos dizendo para eu acompanhá-lo. Daí  acompanhei.

Durante o caminho todo não sabia para onde estávamos indo, e, para falar a verdade, repeti que não queria saber. Bati forte os pés a cada passo e senti que minha cabeça começava a latejar, de tão tenso que  mantinha o maxilar preso.

Depois de uns minutos de silencio e caminhada, paramos em frente à um prédio alto e cinzento cor do céu. Suas paredes estavam descascando e só olhando não dava para dizer se alguém morava por ali.

- Vamos? – perguntou o Logan erguendo o queixo e tentando ver o fim do prédio. Não conseguiu.

- Sim – foi o que  arrisquei dizer, mas saiu feito um gemido.

Logan me olhou, seu cabelo estava úmido por causa do sereno e tão rebelde quanto sempre. Parecia feito de um tapete felpudo e bem escuro. Ele pegou minha mão e nós entramos no prédio, passando pela porta vermelha entreaberta.

Lá dentro um homem disse oi ao Logan e deixou a gente entrar no elevador. O prédio estava abandonado, mas antes deveria ter sido um hotel muito bonito, e talvez luxuoso.

- Não precisa ter medo, o elevador funciona direitinho – disse o homem da portaria. Mas fiquei com medo mesmo assim. O elevador era super antigo, com aquelas portas de grade que se dobram toda, feito um acordeom.

Começamos a subir e percebi que minha mão ainda estava escondida dentro da mão de Logan. Foi ai que meu coração disparou de um jeito enjoativo.

Fingi que tinha que arrumar o cabelo e escapei minha mão do aperto. Logan olhou para mim. Um sorrisinho presunçoso no rosto. O elevador parou.

Entramos em um corredor escuro e depois subimos uma escadinha estreita. Posso jurar que aquele seria um cenário perfeito para um filme de terror. Talvez com um psicopata que gostasse de costurar a boca das pessoas e mantê-las acordadas e amarradas em um elevador antigo.

Meu corpo estremeceu.

Terminamos de subir a escada e logo me vi na cobertura do prédio.

- Venha aqui – Logan murmurou.

Nós paramos bem na beirada da cobertura, cotovelos apoiados no pequeno muro que rodeava a área. Puxei o ar, estava gelado.

“O que achou?” acho que foi isso que Logan quis perguntar, mas ele apenas me olhou e disse isso assim, sem abrir a boca.

Olhei ao redor e era como se as nuvens estivessem bem acima de nós, como se desse para apertá-las caso eu levantasse o braço só um pouquinho. A cidade estava bem quieta, vista lá de cima. Os carros pareciam pequenos e as pessoas menores ainda. Quase não se ouvia os sons.

Mas a melhor parte, o que me fez sorrir ao ver, foi a cor do sol. Ele estava ali, bem a nossa frente, sentado em uma das nuvens escuras de chuva. E mesmo que o céu estivesse daquela cor cinzenta, vinha uma luz alaranjada daquela estrela, tingindo tudo ao redor dela.

- Logan... – disse bem baixinho.

Quando ele sorrio a luz bateu de lado no seu rosto e deixou seus olhos densos um pouquinho menos escuros.

- Não precisa dizer nada.

E eu não disse. Fiquei apenas sorrindo, com o coração apertado de um jeito estranho no peito, batendo lento, vendo o sol escorregar aos poucos. Mal sabia que meu coração bateria dez vezes mais rápido menos de dez minutos depois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram?