Olhos Felinos escrita por Jodivise


Capítulo 32
Capítulo 31 Caminhos Cruzados


Notas iniciais do capítulo

Lara quer colocar toda a história de Darius em pratos limpos e para isso, só ele poderá contar quem realmente é e dissipara todas as suas dúvidas.



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Capítulo 31: Caminhos Cruzados

Darius e Lara se olharam em silêncio por algum tempo. Antes de este falar o que quer que fosse, Lara arrastou duas caixas de madeira, sentando-se em seguida.

- Estou à espera. – Lara disse num tom firme, mas batendo os dedos nas pernas.

- Muito Bem. Pelo princípio. – Darius suspirou e sentou-se. – O meu nome é Darius Alexander Étel. Nasci numa aldeia do Reino de Atlântida. O meu pai era soldado na guarda real do rei. Fui criado pela minha mãe até aos nove anos. Depois, o meu pai levou-me para o centro do reino, onde estudei e me tornei também soldado do rei. Durante os primeiros anos não tive muita emoção, estando destacado para apenas e só defender o palácio.

Lara engoliu em seco. Na sua mente, um flashback formou-se, mostrando Mayara numa das varandas do palácio. No átrio, um soldado admirava-a sem a princesa dar por isso.

- Foi assim que você conheceu a Mayara? – Lara perguntou quase numa certeza.

- Sim e não. – Darius olhou Lara nos olhos. – Eu não podia abandonar o meu posto e princesas não se davam com simples soldados como eu. Só via a Mayara ao longe, debruçada na varanda, passeando nos jardins, lendo um livro junto ao grande lago ou então conversando e rindo com a irmã.

- Mas isso não o impediu de se apaixonar por ela. – Lara observou. A sua voz ainda era dura. Por muito que quisesse, a confiança em Darius ainda não tinha sido restabelecida.

- Eu não tinha ilusões. – Darius disse. – Sabia que ela nunca olharia para mim.

- Mas alguma coisa mudou. – Lara disse. – Como é que vocês acabaram noivos?

- Eu já lhe contei como nos conhecemos e apaixonamos. – Darius disse.

Lara abanou a cabeça. Não se lembrava de ter alguma conversa com Darius acerca… o clique soou na sua cabeça.

- A história da estrela. Da princesa que fora salva. – Lara arregalou os olhos. De novo um flashback povoou a sua mente.

- Estás doida! – Serena exclamou, depois de Mayara lhe contar o plano. – Isso nunca dará certo.

- Eu preciso sair daqui. – Mayara disse. – Estou farta de todos os dias ver o mesmo, fazer o mesmo. Sempre as mesmas paredes me rodeando. Não percebes? O palácio é enorme, mas neste momento é como se fosse do tamanho do meu quarto.

- Mas… - Serena tentou argumentar.

- É só uma vista de olhos. Eu prometo que volto logo. – Mayara disse. – Eu quero conhecer o mundo exterior. Saber como essas pessoas vivem. Descobrir o ambiente dessas ruas. Eu preciso ser uma pessoa normal. Nem que seja por um dia.

Lara abria a boca à medida que tudo passava em revista à frente dos seus olhos.

Mayara andava lentamente pelas ruas agitadas de Atlântida. Aquele era, segundo diziam, o reino mais bonito, mais ordenado e mais desenvolvimento do Mundo conhecido. Mas de perto, Mayara sentia inveja daquelas pessoas. Em parte, o povo de Atlântida era sábio, alegre e respeitador. Mas naquelas ruas, onde vários aromas polvilhavam o ambiente, reinava a confusão. Homens conversavam alegremente, mulheres andavam atarefadas com cestas na mão, trocando produtos e analisando tecidos. Crianças entretinham-se em brincadeiras, revelando inocência e alegria. Tinha trocado de roupa com a criada de confiança do palácio. Ali, no meio de toda aquela multidão era uma desconhecida. A maioria das pessoas não conhecia a família real e os que tinham esse privilégio, não pensavam noutro cenário senão duas lindas princesas enfiadas em longas túnicas bordadas e com pérolas no cabelo.

- Você está vendo tudo, certo? – Darius perguntou, perante a expressão atónita de Lara.

Aquela cidade tinha tantas ruas que Mayara se tinha perdido. A noite tinha caído e um vento frio aliava-se à escuridão. Já tinha ouvido falar que depois do anoitecer as pessoas se recolhiam no lar, deixando a cidade completamente deserta a não ser na zona do porto. Virou numa das ruas, tentando visualizar o caminho de retorno ao palácio. Mas tudo lhe parecia um imenso labirinto. A esta hora, já deviam ter dado pela sua falta. Pensou no sermão que estava preste a ouvir. Mas em vez de uma voz autoritária, ouviu risadas atrás de si. Voltou-se e viu três indivíduos parados na sua frente, rindo maliciosamente. Atlântida era conhecida pela sua baixa criminalidade, mas a verdade é que o facto se devia mais aos castigos aplicados do que aos homens dedicados ao crime.

Mayara notou que estava numa rua sem saída e que um dos homens segurava uma garrafa. Três bêbados contra uma jovem indefesa. Recuou sentindo mais raiva dentro de si do que propriamente medo. Ouviu barulho de cascos ecoarem no chão e no mesmo instante, viu uma espada cintilante varrer os três homens do chão. Baralhados, os homens tremeram quando o cavalo empinou mesmo na sua frente e atropelaram-se mutuamente desaparecendo na escuridão.

- Cobardes. – o soldado desceu do cavalo. – Sua alteza está bem? Aqueles danados fizeram-lhe algum mal?

- Porque me pergunta como estou? – Mayara franziu o sobrolho. – Devia era se preocupar com eles. Amanhã de manhã irão morrer quando se olharem no espelho! - Mayara e o soldado fitaram-se e esta sorriu ao ver que o tinha baralhado. – Será que me podia dar boleia até ao palácio?

- Claro. Eu ajudo-a a subir. – o soldado disponibilizou-se, mas Mayara subiu agilmente para o dorso do cavalo. – Sua majestade colocou toda a guarda no seu encalço.

- Imagino. – Mayara suspirou, enquanto o soldado subia para o animal. – Qual o seu nome?

- O meu… - o soldado pareceu nervoso. - … Darius, sua alteza.

- Oh, o meu é Mayara, não alteza. – sorriu ainda mais quando colocou os braços à volta deste e o sentiu tremer.

- Nossa, digamos que foi uma maneira de se conhecerem e pêras! – Lara exclamou, engolindo em seco.

- Sim. – Darius baixou a cabeça. – a partir daí, começamos com uma simples amizade que se transformou em algo mais com o passar do tempo.

Lara viajou de novo no tempo, entrando em memórias há muito esquecidas.

- Parece que me vem seguindo. – Mayara saiu de trás de uma árvore surpreendendo Darius.

- Longe me mim, alteza. – Darius fez uma leve vénia e Mayara rolou os olhos. – Apenas cumpro ordens. O rei pediu para que… ficasse de olho em si.

- Ah, quer dizer que a partir de agora você é o meu vigia, o meu guarda pessoal! – Mayara colocou as mãos à volta do tronco da árvore de fruto, olhando sorridente para Darius.

- Efectivamente. – Darius disse. – Mas não pense que a ando a seguir. Apenas é meu dever estar próximo de si, mais nada.

- Eu preciso de ter cuidado. – Mayara aproximou-se de Darius. – Se fizer mais alguma asneira, ainda o terei à porta do meu quarto… me vigiando. – Mayara riu e correu até Serena, falando-lhe ao ouvido e rindo ambas.

- Ao princípio eu apenas me contentava em vê-la ao longe. Os seus cabelos esvoaçando ao vento. – Darius sorriu com olhar distante e Lara mordeu o lábio, tentando manter uma postura séria. – Sempre que ela vinha falar comigo sentia as pernas bambas. Era feliz assim.

- Lindo não? – Mayara perguntou afagando o focinho do seu cavalo baio. – Foi o meu presente de anos. Ele ainda está em processo de adestramento, mas é o animal mais doce que já vi.

- Perfeito para sua alteza. – Darius disse, encostando-se à parede da cavalariça.

- Nunca me há-de chamar pelo nome? – Mayara enterrou a cabeça no dorso do animal e olhou Darius timidamente, esperando uma resposta.

- Apenas cumpro o protocolo. – Darius baixou os olhos.

- Protocolo? – Mayara fixou Darius. – Onde está escrito esse protocolo que pensa reger as leis humanas?

- É assim desde tempos imemoriais. Eu sou um soldado, você uma princesa.

- Não. – Mayara afagou o cavalo na sua crina. – Somos humanos. – Mayara tornou a fixar Darius. – Venha. – disse, estendendo a mão. – Venha cavalgar comigo, Darius.

Darius caminhou hesitante e Mayara agarrou-lhe na mão.

- Ouvi dizer que você é um exímio cavaleiro. – Mayara disse aproximando-se de Darius.

Darius sorriu e subiu para cima do cavalo, ajudando Mayara e colocando-a na sua frente. Passearam a passo até uma praia exclusiva do palácio.

- Ainda bem que tive a sorte de conseguir o quarto virado para aqui. – Mayara disse, puxando um riso de Darius. – O que eu mais adoro é olhar a vastidão do mar, as suas cores mágicas, azul e verde de dia, alaranjado no crepúsculo e negro de noite.

- Quando a lua não está presente, perfazendo uma estrada cintilante. – Darius acrescentou.

- Sempre me perguntei onde ela iria dar. – Mayara suspirou. A brisa marítima fez os seus cabelos soltos esvoaçarem para o meio da sua cara. Antes de ter tempo para os tirar, uma mão suave apanhou-os e colocou-os atrás da sua orelha. – Obrigada.

- Talvez o caminho que a lua mostra através das águas do mar seja o caminho até si. – Darius disse e Mayara inclinou-se um bocado para mirar o rosto deste. – Os seus olhos ficam esverdeados com o sol.

As palavras esgotaram-se nesse momento. Miraram-se por um instante até colarem os lábios um num outro.

Lara arregalou os olhos e engoliu em seco mais uma vez. As visões que tinha até que eram úteis para compreender e comprovar a história de Darius, mas a deixavam encabulada.

- Eu sou assim tão parecida com ela? – Lara perguntou e Darius olhou para si.

- Como duas gotas de água. – Darius disse. – Depois de algum tempo e de certa pressão por parte da Mayara, nós ficamos noivos e eu fui promovido a capitão.

- Acabou sendo bom para si.

- Sim e não. – Darius levantou-se e mirou a parede da cela. – O rei apenas me promoveu para o ultraje não ser tão evidente. Segundo os rituais de casamento da família real, tanto os príncipes como as princesas podiam escolher com quem queriam casar. No entanto, acabavam sendo sempre empurrados na direcção de boas famílias e altas patentes. Eu não era uma coisa nem outra.

- Mas a Mayara conseguiu. – Lara sorriu pela primeira vez. – Nos meus sonhos, eu vi que ela andava angustiada. Vocês chegaram a casar?

- Não. – Lara viu uma sombra de tristeza passar pelos olhos de Darius. – O sonho que você teve hoje…

- Ah sim… - Lara engoliu em seco.

- Eu iria partir numa campanha no dia a seguir. Só voltaria muito próximo ao casamento. Era uma missão de reconhecimento. Como era o capitão, tinha de comandar o grupo.

- Mas você ia casar. Não podia ter rejeitado?

- Eu era um soldado. Tinha de honrar os princípios que me ensinaram. – Darius sentou-se de novo e passou a mão pela cara. – Era uma missão simples. Deveríamos ir à terra árida e dos faraós para trocar produtos.

- Você disse faraós? – Lara franziu a sobrancelha e sentiu o seu coração acelerar.

- Sim. O actual Egipto. – Darius disse. – Algum problema?

- Não, nada. Continue. – Lara pediu.

- Quando lá cheguei, tudo estava correndo às mil maravilhas. Eram apenas uns dias. Num deles, o faraó recebeu-nos. Disse-nos que iria haver um ritual e depois uma festa e estávamos todos convidados. – Darius disse. – Nessa noite, assisti a um espectáculo que nunca esquecerei.

- Que espectáculo? – Lara inclinou-se para a frente.

- Era uma oferenda a um dos deuses egípcios. Enquanto comíamos, não nos apercebemos, mas depois foi horrível. – Darius fez uma pausa. – Tudo ficou silencioso e nós assistimos aos rituais dos sacerdotes. O ar foi invadido por gritos estridentes. Quatro homens traziam acorrentada uma mulher. Achei uma barbaridade. Ela estava presa por correntes e por incrível que fosse aqueles homens denotavam certo receio dela.

- O que fizeram com a rapariga?

- Colocaram-na de joelhos perante a estátua do deus e fizeram rezas enquanto ela gritava. Achava que estava a ter alucinações porque a rapariga olhava para os lados, parecendo ver gente que não estava lá. No final colocaram-lhe um líquido a ferver nas mãos e obrigaram-na a jurar algo.

- Ela morreu? – Lara perguntou arrepiada.

- Eles levaram-na de volta. – Darius parou subitamente. – Quando passou por mim, pediu-me ajuda e sorriu. Fiquei com pena dela.

- Não era para menos.

- Antes não tivesse acontecido. – Darius olhou para Lara, mas desviou o olhar. – No dia da nossa partida, recebi um bilhete. Era da rapariga. Dizia que a iam matar e pedia que a salvasse. Ao princípio recuei, mas depois arrisquei. Ela estava fechada num templo da cidade. Quando a consegui tirar de lá, levei-a no nosso barco. Disse-lhe que estaria em segurança em Atlântida.

- Foi um gesto bonito, Darius. – Lara disse. – Mas aposto que a Mayara não gostou.

- Ela não soube. Durante a viagem, numa manhã eu acordei e tinha-a ao meu lado sorrindo triunfalmente. Eu não me lembro de ter dormido com ela, juro. – Darius mostrou desespero com medo que Lara o julgasse. – Saí do quarto e quando cheguei ao convés… estavam todos mortos.

- O quê? – Lara perguntou com ar horrorizado.

- Depois só me lembro de acordar dentro de um templo de pedra e de passar o diabo durante todo este tempo. – Darius olhou Lara e a ficha caiu.

- Circe. – Lara sussurrou.

- Caí na armadilha dela. Circe tem fama de conseguir qualquer homem que queira. – Darius disse, passando a mão pelo cabelo húmido. – Mas eu nunca lhe dei esse prazer. Recusava-a sempre. Ela não me podia matar senão ficaria sozinha. Uma vez, Circe me disse que aquela ilha era o seu castigo, a sua maldição. Eu era o seu brinquedo até ao dia em que fugi. – Darius fez um esgar de dor e levantou-se.

- Mãe do Céu! – Lara exclamou quando Darius se virou de costas. – Tire a camisa.

- O quê?

- Faça o que lhe digo. – Lara ordenou e Darius tirou a camisa lentamente. – As suas costas… as marcas estão sangrando.

- Às vezes acontece isso. – Darius disse. – Talvez eu ainda esteja acorrentado a Circe.

Lara engoliu em seco e passou as mãos pela cara. – Há quantos anos existiu Atlântida?

- Há milhares.

- Como é que você está vivo até agora?

- Por causa de Circe. Ela colocou-me um feitiço. Eu sou imortal e jovem para sempre a não ser…

- A não ser… - Lara continuou.

- Que mate Circe.

- Ela é uma deusa. – Lara torceu o nariz.

- Eu sei. – Darius sentou-se de novo. – Tentei de várias formas para divertimento dela. Até um dia em que numa distracção consegui escapar. Uma tribo acolheu-me. Por sorte, três navios estavam no horizonte.

- A expedição do Roggeven. – Lara sorriu.

- Sim. Disse que tinha sobrevivido a um naufrágio e que a tribo me tinha ajudado. Embarquei com eles e quando dei por mim estava num mundo completamente diferente do meu. Durante 10 anos deambulei por vários países, fixando-me principalmente na Grécia e na Inglaterra.

- Até ao dia em que nos encontrou.

- Sim. Confesso ao principio que só queria juntar-me para regressar e tentar matar Circe. Mas depois… quando a vi… - Darius olhou para Lara e esta baixou os olhos. – Desculpe-me. Eu nunca tive a intenção, mas você era a Mayara reencarnada. O amor perdido da minha vida.

- A culpa não foi só sua. – Lara disse. – Quando nos… beijamos… eu senti a paixão da Mayara por você.

- Eu sei. – Darius disse. – Você tem aquilo que ela sempre quis. Liberdade e ao mesmo tempo uma família feliz. A maior dor foi saber que com o tempo passando ela morreria sem saber de mim. E foi isso que aconteceu. Ela morreu na minha ausência.

- É engraçado. – Lara disse. – Você é imortal e jovem permanentemente. Tudo o que o Jack queria.

- Acredite. Não é nada bom. – Darius disse.

- Você sabe que Atlântida desapareceu do mapa?

- Sim. Dizem que foi afundada na ira dos deuses.

- Por causa da Fonte da Juventude. Éris meteu o nariz, corrompeu um atlante de nome Árias, que usurpou o poder. No final, Mayara amaldiçoou a Fonte e os deuses afundaram Atlântida. – Lara explicou.

- Porque Mayara amaldiçoou a Fonte? – Darius franziu o sobrolho.

- Árias matou a Serena. – Lara disse e viu Darius meter as mãos na cara.

- Quer dizer que a Mayara morreu do castigo dos deuses? – Darius tentou disfarçar a humidade nos olhos.

- Provavelmente… - Lara não acabou a frase. Uma visão tapou-lhe o pensamento e deixou de ouvir tudo à sua volta.

Serena olhava angustiada a irmã gastar o chão do quarto.

- Não fiques assim. – Serena pediu.

- Como queres que fique? – Mayara parou junto à janela olhando o mar com uma mão massajando o peito. – Malditas visões, malditos pressentimentos! Como a ignorância é boa nestes momentos.

- Mayara, o Darius deve estar a caminho. Provavelmente houve um contratempo. Talvez uma tempestade e…

- Tempestade? – Mayara encarou Serena. – Ele está quase uma semana atrasado! O nosso casamento é daqui a dois dias e… - Mayara calou-se subitamente. Viu que três homens atravessavam o átrio a passos largos.

- Mayara, onde vais? – Serena tentou agarrar a irmã em vão quando esta saiu a correr do quarto, não tendo outro remédio senão ir atrás. – MAYARA!

- O que é que se passou, minha filha? – a rainha interpelou Serena ao ver a correria.

- A Mayara. Ela saiu disparada do quarto. – Serena disse.

- Minha Senhora! – uma das criadas exclamou vendo a rainha. – Chegaram três guardas para falar com rei. Parecem que trazem notícias sobre…

- Por Hera! – a rainha pegou na mão da filha e correram atrás de Mayara.

No átrio, junto ao portão de entrada, os três soldados conversavam com o rei.

- Falem! – Mayara ordenou, deixando os três homens em silêncio.

- Minha filha… - o rei tentou acalmá-la, mas não adiantou.

- FALEM! Eu sei que vocês trazem notícias do Darius. – Mayara disse, sentindo lágrimas grossas se anteciparem.

- Meu rei… - um dos soldados procurou permissão e o rei abanou a cabeça derrotado. – Uma galera encontrou destroços de um naufrágio. – o soldado parou quando viu a rainha e Serena se aproximarem. – resgataram um sobrevivente.

- O homem chegou agora. Está abalado, mas refere que toda a tripulação… - o rei não teve coragem de continuar. - … eu sinto muito, Mayara.

- Não. – Mayara fugiu do abraço consolador e recuou, sufocando no choro. – Não. NÃO, O DARIUS NÃO! – gritou a plenos pulmões a dor na alma, sendo amparada pela mãe e irmã.

- Lara, você está bem? – Lara sentiu Darius ampará-la antes que caísse ao chão.

- Ela sabia! – Lara exclamou. – O seu navio afundou e houve um sobrevivente. A Mayara pensou que você tivesse morrido no naufrágio.

- O quê? – Darius olhava Lara surpreso. Mas esta não lhe respondeu. Outra visão, ainda mais forte, fez Lara entrar em transe.

- Entre. – o homem respondeu ao bater na porta, arrastando-se. O naufrágio tinha-lhe levado uma perna, mas a sua maior aflição, era o que tinha visto antes dele acontecer. Olhou para a porta e os seus olhos arregalaram-se. – Alteza! O que está fazendo num lugar como este? O vosso navio parte daqui a pouco tempo.

- Eu irei no meu tempo. – Mayara tinha o rosto marcado pela dor. – Primeiro eu preciso saber a verdade.

- Vá antes que o castigo chicoteie esta terra! – o homem recolheu-se nas sombras.

- Não foi um naufrágio que causou a morte ao Darius, pois não? – Mayara aproximou-se e viu o terror estampado no rosto do homem. – FALE, HOMEM!

- Eu não…sei do que fala.

- Sabe sim. Um aviso: não me tente enganar. – Mayara ameaçou. O ar doce desta tinha-se desvanecido completamente.

- Houve um naufrágio, sim. Mas foi depois. – o homem olhou Mayara e esta pediu para que continuasse. – Eu tinha adormecido no meu posto. Não me orgulho, confesso. Mas tomar conta da carga do porão não é agradável. Quando acordei, notei que estávamos parados. Quando subi ao convés… - o homem encolheu-se e começou a chorar copiosamente.

- Continue. – Mayara disse, num tom sério.

- Estavam todos mortos.

- O Darius…

- Acho que sim. – o homem disse.

- Como assim, acha que sim? – Mayara estreitou os olhos.

- O barco começou a arder. Eu atirei-me à água. – o homem explicou. – Foi tudo culpa dela.

- Dela? – Mayara caminhou até ao homem, até ficar cara a cara. – Havia uma mulher a bordo?

- Sim. Aquela mulher era como fogo. Sempre achei que havia algo errado nela… - o homem não acabou de falar. Mayara já tinha saído.

- O sobrevivente contou à Mayara sobre a Circe. – Lara olhou Darius. – Eu acho que… ela foi atrás dela.

Darius ficou branco e levantou-se, colocando as mãos na cabeça. – Isso não podia ter acontecido.

- Oiça. – Lara levantou-se. – Eu vou ser sincera. Não sei porque não contou esta história antes. Teria sido mais fácil e tanto a Mary como o Jack estariam vivos.

- Eu sei. E peço-lhe mil vezes perdão. – Darius disse.

- Você sabia o que a Circe estava a fazer no Egipto? – Lara perguntou e Darius abanou a cabeça em sinal negativo. – Pois bem. Você será libertado e voltará ao seu posto. Mas não sem tomar um banho e curar essas feridas.

- Eu agradeço. Não era preciso. – Darius disse, mas Lara cortou-lhe a palavra.

- Os nossos caminhos estão cruzados. Agora é tempo de unir forças e resgatar a minha filha e o meu marido.

- E já agora o Barbossa. – Darius sorriu.

- Se entretanto ele e Jack não se matarem onde quer que estejam. – Lara sorriu e saiu.

Continua…


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Notas finais do capítulo

Olá!!! Aqui vai novo capítulo!!! Espero que gostem!!!

Obrigada pela review Camila!

Saudações Piratas!!! :D

JODIVISE



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