Imprinting! o Amor não Dá Escolhas. escrita por Giselle_Rosier


Capítulo 3
Matando-me suavemente




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Para aonde estamos indo?- falei subindo o tom da minha voz, para me fazer ser ouvida por Jacob. O dia não estava nublado, mas também não fazia sol. Jake corria mais do que o necessário, exigindo muito esforço da velha moto, era como se ele tivesse medo de que eu desistisse no meio do caminho.

Confie em mim Nessie. Eu sei o que estou fazendo. Jake permaneceu calado até chegarmos em um ponto afastado da praia de La Push. Então era ali que ele queria me levar? Na praia? Não entendi o que ele queria exatamente fazer, afinal de contas, já havíamos estado naquela parte da praia por diversas vezes.

 

Onde estamos indo?- Perguntei novamente, esperando obter resposta dessa vez. Ele nem sequer olhou pra trás, continuou me puxando. Tem um lugar que eu quero te mostrar. Foi então que eu percebi que não íamos exatamente para a praia. Estávamos subindo por uma trilha, que ia ficando cada vez mais íngreme. A subida era cheia de obstáculos, troncos atravessados no caminho, pedras cobertas de musgo, entre outras coisas que dificultariam a caminhada de uma pessoa normal, mas esse não era o meu caso, muito menos do Jake. Definitivamente, estávamos longe do que pode ser considerado normal.

Continuamos a subir em silêncio até que ele parou. Havia na sua frente, uma espécie de " cortina" , feita de uma planta parecida com samambaia, porém com galhos mais finos e sem tantas folhas, coberta de flores muito delicadas e pequenas, de um vermelho vivo. Se eu não estivesse tão nervosa, teria até reparado, que essa cortina, mais se parecia com um longo cabelo de mulher, vindo do topo da árvore. Jake se virou para mim e me olhou. - Chegamos. Vou lhe contar tudo que você quiser saber. Então ele abriu caminho por entre a cortina de flores, e eu fiquei sem conseguir ver um palmo a minha frente. A luz do sol era muito forte e me cegou por alguns segundos. Quando finalmente me acostumei com a luminosidade do lugar, perdi o fôlego. -Jake ... é ... que ... ham ... - É, eu sei, é lindo não é ?!?

O lugar era uma espécia de mirante. Dali era possível ver toda a reserva, e cerca de 90% da praia de La Push também. Não era muito espaçoso, se estendia uns 5 metros a minha frente. Me sentei em uma das pedras, próxima a beirada, apoiei os cutuvelos em meu joelho, e sustentei a cabeça com as mãos.

- Esse é um dos pontos mais altos da reserva. O outro é onde os meninos praticam salto de penhasco. Uma vez eu prometi a sua mãe que pularíamos juntos mas ... - Mas ela acabou pulando sozinha, e a Tia Alice pensou que ela tivesse tentado se matar ... eu sei, essa história eu conheço. - Nessie ... - Ele se sentou em uma pedra de frente para mim e ficou me olhando. Eu não consegui sustentar seu olhar durante muito tempo, então desviei e fiquei observando o céu. - Escuta Reneesme, eu queria te contar sobre tudo que aconteceu antes de ... antes de você nascer, mas sua mãe e seu pai, me pediram para esperar, até que você fosse madura o suficiente para entender certas coisas. Continuei sem encara - lo, era provável que se eu o fizesse, não iria conseguir me concentrar por muito tempo. Eu estava vendo Jacob com outros olhos agora. Não era mais uma visão infantil e fraternal. Agora eu o enxergava como um homem, e o desejava com a volúpia de uma mulher.

 

- Tudo bem Jake. Estou aqui não estou? Vamos lá, me diga o que você tem para dizer logo.

- Em 1º lugar, eu gostaria que você soubesse, que eu amei sim a sua mãe. Amei muito, e lutei por esse amor com todas as minhas forças. Cheguei a jogar baixo algumas vezes, mas eu achava que estava fazendo o certo, e que ficar comigo era o melhor para ela. Me arrumei onde estava sentada para poder ficar de frente para ele. Ele encarava o chão, estava com um galho seco na mão direita, rabiscava algo em um montinho de areia aos seus pés, não consegui identificar o que era. - Eu achava, que ela se tornar vampira, seria algo pior do que estar morta. - Sua voz ficou sombria e um tanto pesarosa. Eu podia sentir a dor dele ao me contar aquilo. Estranhamente, eu não estava tão chateada, apesar de até aquele momento, ele não ter feito nada além de afirmar tudo o que eu ouvi rapidamente meu pai e minha mãe conversar. Mas havia algo em sua narrativa, algo que tirou de Jacob o papel de vilão, que eu, em uma reação exagerada, dei a ele. -Jake ... disso tudo eu sei - falei, o interrompendo quando ele ia recomeçar a contar. - Que você amou a minha mãe, eu já entendi. Ela já me contou sobre o quanto você foi especial na vida dela, e o meu pai fez questão de ressaltar que você foi um concorrente e tanto, e que deu trabalho algumas vezes.

 

Ele abriu o sorriso torto que eu amava, passou a mão nervosamente pelos cabelos e os bagunçou, em um gesto tranquilo e jovial. - É, digamos que eu ... atormentei um pouco a existência do seu pai.

Eu sorri e balancei a cabeça. Ele continuou a falar. - O que eu sentia pela sua mãe, ficou muito mais forte quando ela engravidou de você. Eu não conseguia sair de perto dela, e quanto mais a gravidez avançava, era quase impossível me afastar por alguns segundos até. Respirei fundo. Senti uma pontinha de ciúmes, mas eu me proibia de sentir aquilo, afinal era da minha mãe que ele estava falando, eu não poderia me sentir assim em relação a ela.

 

- Bom, se você me trouxe aqui apenas para ressaltar o quanto amava a minha mãe, acho que eu já posso ir embora.- Me levantei e passei a mão pela parte traseira da minha calça jeans, retirando a poeira que havia ficado. Ele se ergueu, segurou o meu queixo delicadamente e me fez olha-lo nos olhos.

- Então você nasceu. E eu entendi de onde vinha tanto amor. Eu finalmente compreendi, o porque eu necessitava estar tão perto da sua mãe. Pisquei os olhos rapidamente sem entender, do que ele estava falando afinal de contas? Um vento frio soprou do leste, fazendo com que eu me arrepiasse. Ele me abraçou. Não sei se por achar que eu estava com frio, ou por simples demonstração de afeto.

Eu aspirei lentamente. Deus sabia como eu senti falta daquele perfume. Apesar de o cheiro dos lobos causar uma leve ardência para mim ( muito mais forte para a minha família ), o do Jake era diferente. Tudo que partisse do Jacob, tinha uma grande diferença agora. Coloquei as mãos em seu peito e o afastei.

- Não entendi. Seja mais específico por favor. Ele se sentou novamente e me puxou para baixo. Não ofereci resistência, mas dessa vez, me sentei ao seu lado.

 

- Lembra daquela noite, que eu te levei a uma reunião na reserva. - A noite da fogueira? - Sim, a noite da fogueira. - O que isso tem a ver com a história? - Tudo. Permaneci em silêncio. Ele presseguiu. - Se lembra das lendas que o meu pai contou? - Claro ... apesar de trágicas, são tão lindas. - Você se lembra, de como os lobos encontram as suas parceiras? Ou se lembra de como a 3ª esposa era mais especial para Taha Aki, do que as outras foram.

 

- Lembro sim, tem algo a ver com imprin...impri... - Imprinting! - Isso, imprinting. Você até me contou que isso tem se tornado mais comum do que vocês imaginaram. - Comum até demais. Sam e Emily, Quill e Claire, Seth e Isis ... Foi então que uma idéia passou pela minha cabeça. Teria o Jacob sofrido imprinting com a minha mãe? Ele parecia ter adivinhado, pois em seguida já me respondeu.

- Não, com a sua mãe não. Arregalei os olhos assustada. Ele negou que tivesse sentido isso com ela, mas não descartou a hipótese de ter... - Oh meu Deus, Jacob. Com quem? Ele mordeu o lábio inferior como sempre fazia quando estava nervoso. Pegou na minha mão e ficou acariciando a palma dela. Depois a trouxe até os lábios, deu um beijo suave e me olhou no fundo dos olhos. - Você. Eu tive imprinting com você Reneesme.

 

Eu era imortal. Não existia nada no mundo dos humanos que poderia me afetar. Quase nada.

Não consegui assimilar muito bem o que Jacob me dissera. Poucas vezes o assunto imprinting havia surgido nas nossas conversas, e todas essas vezes eu imaginava essa situação, como algo nem um pouco saudável. - Paul e Rachel - um dos poucos casos aceitáveis para mim. Afinal de contas, o amor partia de ambos. Mas ainda sim, sua vida girar em função de outra pessoa, não deveria ser algo muito bom para aquele que sofreu a impressão.

Então minha ficha caiu. Não teve um só dia da minha vida que Jacob não estivesse do meu lado. Em todas as minhas melhores lembranças ele estava presente. A maneira que ele cuidava de mim, o modo como ele se tornou tudo que eu queria ...

Confusa. Essa era a melhor palavra que poderia me descrever nos últimos meses.
Uma pessoa normal, tem desde que nasceu, mais ou menos 16 anos para crescer, aprender, desenvolver seus sentimentos em relação ao mundo.

E então, entra na adolescencia. Aprende novas coisas, novos sentimentos. Erra. Acerta. Erra de novo, e de novo, e de novo. Se apaixona. Se magoa . Se apaixona de novo na semana seguinte. E assim vai, até amadurecer. E algumas pessoas não amadurecem nunca.
Eu tive 6 anos para viver o que uma pessoa normal passaria em 16. É como se tentassem enfiar um continente em uma pequena ilha.

Senti meu coração vir na boca. Minha pele parecia estar em chamas, apesar de eu ter toda certeza de que não havia alterado um grau sequer. A sensação que o chão ia se abrir a qualquer momento. Ou que eu iria acordar de mais um dos meus sonhos. Mas dessa vez era real, Jake estava, como dizia uma canção, killing me softly. Matando - me suavemente.


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