Volta ao Lar escrita por GiullieneChan


Capítulo 2
Capítulo 2: Acerto de contas.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/84170/chapter/2

—Vicenzo! -Luiggi entra correndo na casa simples onde morava com seu irmão mais novo.

—Aqui!

Uma voz o chama para os fundos da casa, onde um rapaz cuidava de vários pássaros em gaiolas. Apesar da aparência adulta, Vicenzo Rosconni era uma criança ainda, uma pessoa que precisava do cuidado integral de sua única família, o irmão.

—Tem ovos no ninho. -ele falou. -Vamos ter filhotes, Luiggi!

—Já comeu alguma coisa, Vicenzo?

—Sim! E deixei pão pra você no fogão.

—Vem cá, irmão. -Luiggi o abraça fraternalmente. -Lembra do homem mau que te falei?

—Não. Eu não gosto de quando você fala no homem mau! -Vicenzo tampa os ouvidos como uma criança. -Não gosto! Você tem sonhos ruins com ele! E eu não gosto!

—Ele tá aqui! -Vicenzo tenta se afastar do irmão com medo. -Não precisa ter medo, Vicenzo. Eu vou te proteger! Deus mandou ele de volta...para que eu o matasse e vingasse nossa família! Quando eu o matar, não precisaremos mais ter medo dele!

x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x

Ao final daquele dia, Máscara da Morte estava deitado na cama de seu quarto no pequeno hotel, fitando o teto pensativo. Conversara com o padre Francesco e ficou sabendo de toda a vida de Luiggi e de seu irmão Vicenzo, que era especial.

O ódio que o rapaz sentia por ele era tremendo. Ele sentiu isso só naquele olhar, feliz em revê-lo, pois tentaria se vingar. Estava em seu direito, ou não? Os Rosconni mataram sua família, pois o pai se opôs a seus atos criminosos, o menino Giovanni retornou e matou a todos que participaram direta e indiretamente na chacina, e saiu daqui como Máscara da Morte, e sem que se desse conta, ou não queria ver isso, o círculo de ódio recomeçou com Luiggi.

Se permitisse que ele tivesse a sua vingança, tudo terminaria?

Com um suspiro desanimado sentou-se na cama e pegou o aparelho telefônico. Precisava ouvir a voz dela. Ainda bem que quando decidiu viajar, Atena havia deixado com sua esposa um aparelho celular, para o caso dele querer saber notícias da filha.

—Telefonista, uma ligação internacional para a Grécia... -após dar o número, aguardou, mas não foi a voz da esposa que escutou... -Que...quem? MILO!

—E aí, Pio? - o escorpião atendeu do outro lado.

—COM MILI DEMONI! O QUE ESTÁ FAZENDO COM O CELULAR QUE EU ENTREGUEI PARA A MINHA MULHER?

—Ora, ele tocou e eu atendi! A Maeve está com as mãos ocupadas agora...

—COMO ASSIM!?

—Cara, se falar mais alto não precisa gastar com essa ligação, eu vou te escutar da Itália!

—SEU...O QUE ESTÁ FAZENDO EM MINHA CASA?

—Jantando. -respondeu inocentemente.

—SEU ESCORPIÃO FILA BÓIA! -ele respirou fundo e contou até dez. -Onde está a minha esposa?

—Ela está trocando as fraldas da Ângela. -Milo explicou. -Tava pensando o que?

—Nada... -respirou fundo. -Leva o telefone para ela, por favor!

—Disse “por favor”? Algo errado? Está doente? Você parece tenso...está acontecendo alguma coisa?

—Nada. Só...preciso falar com Maeve.

Alguns minutos depois, ele ouve a voz de Maeve.

—Giovanni, tudo bem? Quando volta para casa?

—Eu ainda não sei, amore. Liguei porque precisava muito ouvir sua voz, falar com você.

—Está estranho. Algo errado?

—Nada com o que precise se preocupar. Eu volto quando der certo...resolver umas coisas por aqui...

—Giovanni... -Maeve sentiu algo estranho. -Sua voz... está triste?

—Io L'amo, Maeve. Você e nossa filha. -ele disse por fim. -Apenas queria dizer isso. Tchau, amor!

—Giovanni! -Mas a ligação caiu.

 x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x

Na manhã seguinte...No cemitério local.

Ele está parado diante das sepulturas de sua família. Os nomes de seus pais e irmãos ali estavam gravados e meio apagados pela ação do tempo. No entanto, padre Francesco jamais permitiu que as ervas daninhas envolvessem as lápides. Tudo estava bem cuidado.

—Acho que vocês queriam que eu resolvesse as coisas por aqui. -ele comentou. -Meus atos só pioraram as coisas. Deixei um garoto órfão, crescendo com o mesmo ódio que antes eu tinha. E outro que nem sequer soube o que é ser amado pelos pais. Perdão pelo o que eu fiz, pois acho que jamais serei perdoado por eles.

O silêncio foi a única resposta que teve, uma brisa balançou seu casaco e seus cabelos...no entanto...

—Isso foi lindo, cara! -a voz de Milo o assustou.

Giovanni virou-se e encarou um certo Cavaleiro de Escorpião, que usava um jeans surrado e camisa branca com uma jaqueta de couro por cima. Ele estava com uma expressão de quem queria chorar.

—Ah...Hades ainda está me castigando?! -Giovanni disse olhando para os céus. -O que você está fazendo aqui?

—Sua esposa ficou preocupada com aquela sua ligação. Ficou aflita mesmo, Mask.

—Do que me chamou? -pensou não ter ouvido direito.

—Mask. Não gostou? Já que você não gosta que o chamemos de Giovanni ou Pierino, achei que um apelido fosse legal. -o cavaleiro de Câncer girou os olhos impaciente. -Te chamar de Máscara da Morte toda hora cansa, sabia Mask?

—Não... me chame de Mask...Ah, deixa pra lá! Como chegou aqui tão rápido?

Velocidade da luz. -Milo respondeu calmamente e depois deu o seu melhor sorriso. –Mentira! Atena também se preocupou e pediu que o Mu me trouxesse até aqui. Eu prometi a sua mulher que veria o que tava acontecendo. E eu não consigo dizer não a um pedido tão educado da Maeve e...

—Ela te mandou vir ou não comia mais de graça em minha casa?

—É, acertou. -respondeu desanimado, depois acrescentou sério. -Agora...me conta o que está havendo.

x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x

Horas mais tarde, na Igreja local.

Padre Francesco acabava de arrumar os últimos acertos antes da missa daquela noite, quando a porta da igreja foi escancarada e Luiggi Rosconni e seu irmão adentraram.

—Diga-me, padre... -Luiggi perguntou apontando a sua arma para o pároco. -Onde está seu amigo?

—Armas não são boas, Luiggi. -falava Vincenzo, mexendo nervosamente as mãos.

—Cala a boca, Vicenzo. Eu sei o que faço! -voltou sua atenção ao padre que mantinha uma expressão serena.- Onde Maschera della Morte está se escondendo, padre? Quero que meu irmão me veja matá-lo!

—Luiggi, abaixe essa arma. -pediu o padre. -Você não é esse tipo de pessoa.

—ONDE ESTÁ MASCHERA DELLA MORTE? -gritou impaciente, com a arma encostada na cabeça do idoso.

—Aqui. -respondeu Giovanni, parado na porta com Milo ao seu lado. -Estava me procurando, garoto?

—Sim. -ele voltou a apontar a arma para Máscara da Morte. -Está vendo, Vicenzo? Esse é o homem que matou nosso pai. Destruiu nossa família!

Giovanni olhou para o outro rapaz e notou que ele era diferente. Parecia uma criança assustada.

—Não é bom. Não é bom, machucar as pessoas Luiggi. -ele repetia. -Vamos embora, irmão.

—Não enquanto não matar esse cane!

—Eu te disse que tava em seu direito. -Giovanni falou calmamente, caminhando devagar até Luiggi. -Seu pai, seu avô e outros mataram minha família...eu matei a sua...agora, você me mata. E vamos esperar que com isso esse círculo vicioso de vingança e ódio termine...

—Câncer... -Milo chamou não gostando do rumo que a conversa estava tendo.

—Não quero que se intrometa nisso, Escorpião! -o canceriano avisou. -Hoje de um jeito ou de outro, isso acaba. Quando conversamos, você me deu sua palavra de Cavaleiro que não faria nada. Não importando como isso terminasse.

—É isso aí! -falou Luiggi sorrindo.

—E vamos esperar que minha filha não cresça com ódio de você, que ela não queira daqui a alguns anos vir até aqui, atrás de você para te matar... Milo, você não vai deixar que ela faça isso. -continuou parando bem em frente. -Atira.

—Não me tente, cara! -Luiggi sorriu nervoso, apontando a arma para a cabeça do cavaleiro.

—Pode atirar. Não farei nada, não me defenderei, não irei reagir. -continuou. -Mas quem cuidará de seu irmão se você for preso por assassinato?

Luiggi por um instante recuou mas logo, se recuperou.

—Eu dou um jeito! Sempre demos um jeito, e eu sempre cuidei de Vincenzo!

—Não tem os olhos de um assassino. Acredite eu conheço o olhar de um homem que se acostumou a matar e não se importa com isso. -o cavaleiro continuava a provocar. -Nunca matou antes, não é?

—Cala a boca...

—Figlio... -pedia o padre. -Abaixe a arma.

—Ao me matar, terá que viver fugindo. É isso que você quer para você e seu irmão?

—Cala a boca...

—Pode calar a minha boca pra sempre. Aperte o gatilho.

—Seu...

—Ei, Mask...eu acho que...

—Aperte!

—Não manda em mim, assassino!

—APERTE A PORRA DESSE GATILHO! -Máscara da Morte esbraveja.

Luiggi fecha os olhos e...

BAM!

—Dio Santo! -o padre orou.

—M- Máscara... -Milo não acreditava.

Luiggi abriu os olhos, temeroso do que ia encontrar. Deparou-se com os olhos frios de Giovanni sobre ele. No último instante, ele desviou a arma e atirara em uma parede. Ninguém havia se ferido. O rapaz deixou a arma pender para o lado de seu corpo e a deixou cair ao chão. Depois se ajoelhou e começou a chorar. Padre Francesco o amparou.

—E-Eu não consigo... -lamentou-se.

—Você não é como eu, Luiggi. -Giovanni começou a falar. -Não precisa carregar o peso de ter matado alguém.

Algum tempo depois, Luiggi era escoltado pelo policial local. Não havia matado ninguém mas teria que responder por ter ameaçado as vidas de pessoas.

—E então? -Milo perguntou vendo o rapaz sendo levado, acompanhado pelo padre também.

—Acho que ele não ficará muito tempo preso. Padre Francesco fará questão de defendê-lo e eu falarei com algumas pessoas também. -respondeu Máscara da Morte.

—E o outro rapaz?

—Padre Francesco disse que cuidaria dele. -ele percebeu o olhar do padre, era uma verdadeira confusão de emoções, dificilmente saberia o que o pároco pensava dele agora. -Acho melhor irmos, não sou bem vindo aqui.

—Vamos para casa então?

—Vamos...

—Vamos ter que voltar de ônibus... Mu não vem nos buscar. –Milo falava sem graça.

—Sem problemas. A paisagem compensa.

x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x

No dia seguinte.

Maeve estava sentada nos fundos da Casa de Câncer, admirando a vista de onde estava, com Ângela adormecida em seus braços. Desde a ligação de seu marido, sentia-se angustiada. Queria que ele chegasse logo.

Ouviu passos vindo de dentro da casa e levantou-se rapidamente. Com um enorme alivio e alegria ela viu Giovanni saindo, e sem esperar um instante sequer, ela correu para seus braços.

—Você voltou! -ela disse aliviada, sendo recebida com um beijo.

—Eu disse que voltaria quando resolvesse as coisas.

—E então?

—Acho que...agora está tudo bem. -ele acariciou o rosto da esposa e em seguida pegou sua filha que acordava naquele instante nos braços. –Vem aqui, Princesa! Você cresceu enquanto estive fora!

—Bem-vindo ao lar, Giovanni. -Maeve falou com alegria.

—Estou em casa agora.

E abraçados, entraram em seu lar. Certos que o passado de Máscara da Morte, por hora, os deixaria em paz.

Fim!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nota: Espero que não tenha ficado um final dã demais...¬¬.

Agradeço a todos que leram esse fic! Obrigada!

Tradução:

cane - cão

Io L'amo. – Eu te amo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Volta ao Lar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.