Olhos de Sangue escrita por valeriac


Capítulo 17
O menos esperado... Se torna o mais emocionante.


Notas iniciais do capítulo

Como podem ver, estou postando um dia sim e um dia não. Acho que fica melhor para todos hsuahsuhasuha



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Estava tudo acontecendo muito rápido. Minha identidade, meus sentimentos, tudo estava confuso. Minha cabeça já não pensava coisa com coisa. Eu havia deixado Mitchell ir e com o risco de não vê-lo nunca mais, e caso isso acontecesse, a culpa seria minha... Toda minha.

      Após o “episódio” da sala, após Mitchell ter-me deixado sozinha na mesma, eu não consegui segurar-me em pé, escorreguei, deixando-me cair sentada no chão da sala. Eu olhava fixamente para a porta, como se ele pudesse entrar por ela a qualquer minuto, ao mesmo tempo em que as lágrimas desciam lentamente por toda a extensão do meu rosto.

       -Ele vai voltar – Ouvi uma voz vinda detrás de mim.

       Me virei dificilmente, e vi que era Derick.

       -Como pode ter tanta certeza? – Eu murmurei

       -Ele é meu irmão. – Derick deu um pequeno sorriso – Se alguém tiver que salvar a sua mãe, esse alguém será Mitchell.

       -Seu otimismo me comove. – Falei de uma forma abafada.

       -Eu não sou e nunca fui um vampiro otimista – Derick olhou para cima e voltou a olhar para mim – É até irônico dizer que um vampiro é otimista, uma pessoa fadada a viver pela eternidade, vivendo a mercê de sangue e tecnicamente morta.

        -Eu estou no mesmo barco que você, apesar de não precisar de sangue- Respondi, as palavras saíam com dificuldade. Ele riu.

        -O que eu quero dizer com isso tudo é que Mitchell precisa de alguém ao lado dele, alguém que confie nele – Derick virou a cabeça, como se quisesse que eu não o olhasse – E como ele poderia completar esse “difícil plano”, se nem ao menos a mulher que ele ama... Confiar nele?

       Impressionei-me com as palavras de Derick, em todos os sentidos. Era realmente uma surpresa vê-lo falando palavras profundas como essas. Chegava até ser engraçado, mas o fato é que elas estavam completamente certas. Recuperei-me, limpei meu rosto molhado por minhas lágrimas e levantei-me com a ajuda de Derick.

        -A mulher que ele ama? – Perguntei, ao lembrar-me da última parte de seu “discurso”

        -Não consigo achar melhor definição que essa para você – Ele falou, soltando um pequeno sorriso.

        -Como assim?

        -Antes de ele vir falar com você – Derick encarou-me – Ele pediu para que eu não deixasse nada lhe acontecer, para que eu a protegesse com minha vida.

        -Mas... – Murmurei.

        -Mai... Ele ama você, como nunca amou mulher nenhuma. – Ele aproximou-se de mim e pegou no colar em meu pescoço. – Eu posso ver nos olhos dele quando ele fala de você, eles reluzem tanto quanto brilho desses diamantes.

        Após ele falar tal coisa, deixei-me cair no sofá, refletindo sobre o assunto. Derick havia buscado um copo d’água para mim, a fim de que eu pudesse acalmar-me mais. Mas quando fiz o movimento para beber a água, senti uma forte pontada em meu peito e de repente imagens de Mitchell passaram em minha mente rapidamente, ele estava machucado, muito machucado, suas roupas estavam vermelhas de tanto sangue. Ao ver tais imagens, deixei o copo cair, fazendo com que vários pedaços de vidro se espalhassem pelo chão, junto com a água que havia no copo.

        -Mai! O que houve? – Derick perguntou, aproximando-se rapidamente de mim.

        Ele havia me despertado do meu estado de “transe” por ver aquilo. Olhei para ele, com a expressão aterrorizada.

        -Derick, seu irmão, Mitchell, ele está correndo perigo, ele está machucado! – Gritei, levantando-me do sofá e indo em direção á porta, mas fui impedida por Derick que se colocou em minha frente.

        -Não Mai! É perigoso demais. – Derick respondeu no mesmo tom de voz que o meu.

        -Ontem você disse para Mitchell que eu fizesse o que eu queria fazer! – Argumentei, tentando passar por ele.

        -Mas... – Ele deu uma pausa e continuou – Mas agora é diferente! Eu não sabia que o quê Mitchell sentia por você era tão forte... – Ele encarou-me – Tão... Verdadeiro.

        -Por isso mesmo... – Falei, abaixando meu olhar e deixando de tentar passar por ele.

        -Como assim? – Ele também abaixou a guarda.

        -Eu o amo da mesma forma – Eu o olhei- Eu estou fazendo o que ele faria por mim.

        Derick não respondeu, apenas encarou o chão.

        -Você nunca sentiu que devia proteger alguém? Uma pessoa amada? – Argumentei calmamente.

        Ele continuou sem responder, mas dessa vez colocou-se ao lado da porta, abrindo-a.

        -Tome cuidado. – Ele murmurou.

        Fui pega de surpresa com tal reação dele, mas logo percebi que o mesmo já havia passado por algo semelhante e, que talvez não tenha conseguido fazer o que devia fazer ou o que queria fazer. Segui para a porta e antes que eu pudesse sair, o abracei. Sim. Eu abracei Derick – Em minha opinião, uma coisa que eu nunca iria fazer – E falei um gentil: “Obrigada”. Soltei-me dele e fui em direção a saída, mas o ouvi chamar meu nome, me virei a fim de saber o que ele queria e o vi jogar a chave de um carro para mim. Eu a peguei e logo entendi, abri um grande um sorriso, como uma forma de agradecê-lo e saí agora em direção ao carro. Não demorou muito e eu já estava á caminho da floresta das folhas. Á medida que eu aproximava-me do lugar, eu sentia cada vez mais pontadas em meu peito, deixando-me cada vez mais apavorada. O que eu iria fazer caso encontrasse os classe A? Eu não sabia, iria ser no improviso. Qualquer coisa afiada e pesada que estivesse ao meu alcance no momento, ia ser de extrema importância e utilizada sem consciência. Eu já disse que a proximidade com a morte me deixava mais engraçada?!

        Finalmente cheguei ao tal lugar, senti o mesmo que havia sentido na última vez: Uma áurea forte, estranha e assustadora. Logo que desci do carro, senti mais uma das pontadas no meu peito, mas agora um grito vindo da floresta ecoou por todos os lados, pássaros fugiram voando da floresta. Desesperei-me, por que aquele grito... Aquela voz era inesquecível, era a voz de Mitchell. Sem pensar mais em nada, embrenhei-me naquela escuridão sem fim, o lugar era apenas iluminado pela luz da lua, esta se encontrava cheia.

         Eu corria por entre as árvores o procurando. O que eu fui fazer? – Era a pergunta que rondava minha cabeça. - A floresta estava escura, a noite estava no seu auge, podiam-se ouvir os animais por todo lado. Uivos ecoavam por toda a parte – Sim, havia lobos naquela floresta. Quando mais eu adentrava a floresta, a temperatura abaixava mais. O medo tomava conta de mim, mas eu não podia sair dali, eu não podia simplesmente deixá-lo naquele lugar. E a culpa era minha, somente minha. Nunca devia ter concordado com aquela história. Eu podia ter feito algo sozinha, não precisava ter posto ele nisso. Eu não podia perdê-lo agora, eu não aguentaria. Enquanto eu estava perdida em meus pensamentos, eu não percebi algo aproximar-se de mim e agarrar-me, dando um soco em minha nunca, fazendo-me desmaiar.

         Acordei meio tonta, minha visão essa turva, via tudo com muita dificuldade. Havia uma forte luz no lugar onde eu me encontrava. Quando me acostumei com a forte luminosidade, pude ver na minha frente, Mitchell, preso por duas correntes de ferro. Sua roupa estava encharcada de sangue, arranhões eram visíveis em sua pele e seu rosto tinha marcas vermelhas. Senti um forte aperto em meu peito ao vê-lo daquele jeito, preso como um animal. Lágrimas começaram a descer pelo meu rosto involuntariamente. Aproximei-me dele, arrastando-me pela grama da floresta. Sim. Pude perceber que ainda encontrava-me na floresta, por causa da presença de altas árvores ao meu redor. Cheguei perto dele com muita dificuldade, ele estava desacordado. Coloquei minhas duas mãos em seu rosto e murmurei: ”Mitchell”. Pude perceber que ele estava acordando, o mesmo no momento em que me viu, tentou levantar-se, mas não conseguiu devido as correntes.

        -Mai!O que você está fazendo aqui? Vá embora! – Ele gritava, mesmo sabendo que estava muito debilitado para fazer tal coisa.

        -Mitchell, não! Acalme-se. Não vê que fazendo isso, apenas machuca-se mais? – Argumentei. Ele pareceu acalmar-se e abaixou o olhar.

        -Eu não consegui... – Pude ver lágrimas descendo por seus olhos – Eu não pude te proteger.

        -Não! Você está enganado... – Falei, aproximando-me dele.

        Peguei nas correntes e tentei quebrá-las, mas era inútil. O que eu queria mais? Tentar quebrar correntes era incrivelmente uma loucura, mas era o único jeito que eu havia pensando no momento. Procurei algo que servisse para quebrá-las, ou ao menos deixá-las mais vulneráveis, mas nada. O desespero começa a tomar conta de mim, mas eu não podia. Eu não podia simplesmente deitar ali e esperar minha morte, a de Mitchell e a de minha mãe. Eu não podia e não ia. Meus pensamentos foram interrompidos por uma voz vinda não de muito longe de onde eu e Mitchell nos encontrávamos.

        -Mas que casal mais lindo – Um homem debochou. Ele encontrava-se atrás de mim. – Vocês realmente me comovem, façam isso mesmo, despeçam-se, será melhor.

        -Mai... Saia daqui, agora! – Mitchell murmurou como se implorasse desesperadamente para eu sair dali.

         -Quem é esse homem? – Perguntei.

         Eu não sei, mas algo dentro de mim me dizia que aquela não era a pessoa que eu quereria conhecer.

         -Gregory hall – Mitchell tossiu e continuou – O líder dos classe A. –Finalizou.

         Ao ouvir tais palavras, abaixei meu olhar e apertei com força as correntes que prendiam Mitchell, como uma forma de liberar minha raiva, mas não deu em nada. Sem que eu quisesse, a raiva começava a me consumir por dentro. Á medida que aquele homem falava, eu fechava ainda mais meu punho. A voz daquele homem era repugnante, as palavras dele mais ainda. Eu não aguentava tanta raiva acumulada, eu virei rapidamente e pus-me de frente para ele. Nós devíamos estar separados por uns nove metros.

        -Cale-se! – Gritei. Senti que algo descia dos meus olhos, um líquido, pensei que fossem lágrimas, mas quando o liquido pingou no chão pude ver que não eram, mas sim sangue.

        -Impressionante. – O homem tinha um sorriso debochado no rosto – Parece que eu enfureci a jovem olho de sangue ou, como gosto de chamar, a última legitima.

         Esse homem havia realmente me deixado muito zangada, e continuava fazendo com que eu ficasse mais irritada. Não esperei mais, parti para cima dele com meu punho direito fechado. Eu sabia que os vampiros tinham uma grande força, então com certeza os olhos de sangue também deviam ter. Eu aproximei-me dele em uma velocidade enorme, desumana, mas ele conseguiu desviar, fazendo com que eu atingisse o chão. Uma imensa cratera se abriu no lugar onde eu atingi. Devido o impacto eu machuquei minha mão e agora a mesma sangrava consideravelmente. Se eu estava sentindo dor? Não... Nem um pouco, a vontade de fazer com que aquele homem, tudo o que ele fez comigo, era maior que a dor. Comecei a procurá-lo ao meu redor, foi quando o vi atrás de mim. Com um movimento rápido parei então atrás dele e tentei atingi-lo com meu punho, mas ele o segurou como se não fosse nada. Ele o pegou e o entortou, fazendo com que eu me contorcesse de dor e assim soltasse um alto grito. Mitchell ao ver tal cena, tentou soltar-se, mas não conseguiu. Logo percebi que aquelas correntes deviam estar enfeitiçadas ou algo semelhante, porque se fossem apenas correntes normais, Mitchell teria escapado facilmente. A dor era tão grande que, acabei caindo de joelhos na grama, o homem ainda não havia me largado.

         -Solte-me. – Falei, tentando esconder meu semblante de dor.

         -Cresça, antes de começar a dar ordens. – Ele falou, jogando-me em uma árvore á alguns metros de onde estava.

         Ao atingir a árvore com minhas costas, involuntariamente sangue saiu pela minha boca, devido o forte impacto. Eu caí então deitada aos “pés” da árvore. Tentei levantar com certa dificuldade, mas não consegui, acabei caindo novamente. Agora eu tinha vários machucados e um imenso corte na minha perna direita, o qual sangrava muito. Minha visão estava embaçada, mas pude perceber que o líder dos classe A aproximava-se de mim. Ele parou a certa distância de onde eu estava.

         -Você é uma vergonha para nossa raça. – Ele falou com uma expressão de nojo – Não merece viver. – Ele falou, tirando uma arma de dentro de sua camisa. – Eu beberia seu sangue até você... Secar, mas com isso... – Ele mostrou-me a arma. – Eu poderei testar meu novo “acessório”.

         -Mate-me – Gritei- Mas você só faz isso por medo de perder seu domínio, você faz isso por me temer, se quiser matar-me... Siga em frente, mas saiba que sempre terá alguém para substituir-me. – Eu olhei para a arma – E mesmo assim, você acha mesmo que esse simples objeto poderá me matar? – Eu soltei uma risada forçada – Apesar de ser não ser propriamente uma vampira, eu não sou tão fácil de matar

       -Menininha boba, você acha mesmo que isso é uma arma normal? Que ingenuidade de sua parte. – Ele encarou-me- Ao atirar, um raio de luz irá lhe atingir, esse raio de luz é letal tanto para vampiros quanto para Olhos de sangue, principalmente para legitimas. – Ele apontou a arma para mim. – Foi bom te conhecer, Mai.

       -Cala a boca. – Falei, tentando levantar-me.

       Não tem aqueles momentos em câmera lenta? Aqueles que aparecem nos filmes, em uma cena que o personagem está prestes morrer, e as imagens vão passando em uma lerdeza imensa? Então... É mais ou menos isso que está acontecendo comigo nesse momento. Estou relembrando os momentos “felizes” da minha vida, o que foi muito rápido, por que eu não tive muitos momentos assim... E não seriam os momentos ruins que eu ia começar a lembrar, para passar o tempo.

       Agora, estou vendo “Gregory” apertar lentamente o gatilho da tal arma. Á medida que o mesmo fazia tal movimento, uma forte luz branca propagava-se pelo local, fazendo com que eu perdesse a visão de tudo ao meu redor, coloquei meus braços na frente de meus olhos, a fim de proteger-me. Eu já sabia que aquele era o fim, meu fim. Mas como sempre, eu estava enganada. Antes que eu começasse a pedir perdão por todos os pecados que eu cometi – Não foram muitos, mas nunca se sabe – Alguma coisa... Ou alguém, impediu que o raio me atingisse. Ao atingir a tal coisa – Ou pessoa – A luz forte luz cessou e assim, pude ver... Mitchell em minha frente, de costas para mim, pude ver grande quantidade de sangue no chão, o sangue dele.

        -Mitchell! – Gritei, usando as minhas últimas forças.

        -Mai... – Ele virou-se para mim – Você está bem? – Ele murmurou, dando um pequeno sorriso.

        -Que ousadia sua! – Gregory interrompeu-me de falar. Seu tom era de fúria total. – Você vai sofrer as conseqüências! – Ele finalizou, indo em direção a Mitchell.

        -Pode vir... – Mitchell falou, limpando o sangue de suas mãos... Seu tom e o seu sorriso eram desafiadores.

        Os dois começaram a lutar. Era quase impossível vê-los, a rapidez em que se movimentavam era enorme, realmente impressionante. Eu forçava cada vez meus olhos, com o intuito de poder ver se Mitchell estava bem, mas podia-se apenas ouvir os sons provocados por ele e por Gregory. Eu podia ouvir pequenos gemidos de dor, não sei se eram necessariamente de dor, mas assustavam-me cada vez mais á medida que eu reconhecia como a voz de Mitchell. Eu sabia que ele estava debilitado demais, mas ele continuava a lutar, não fraquejava em nenhum momento. Ver aquilo me deixava com vontade de fazer algo, de ajudá-lo, mas eu não... Não conseguia. Abaixei meu olhar, ao pensar tal coisa. No momento em que fiz esse movimento, ouvi um forte barulho seguido de um grito de dor, levantei minha cabeça rapidamente e vi que Mitchell havia sido derrubado. Ele estava dentro de uma cratera que devia ter sido feita por ele quando o mesmo atingiu o chão. Involuntariamente, soltei um alto grito e novamente, lágrimas começaram a descer por meus olhos. Olhei para Gregory e ele havia pegado aquela arma de novo. Eu sabia que Mitchell não aguentaria se fosse atingido por aquele raio novamente.

       -Mai, não! – Mitchell gritou, levantando-se com dificuldade. – Você não teria chance – Ele completou. Ele havia lido minha mente e assim me impedido de ir ajudá-lo, ele foi mais rápido que meus próprios pensamentos. Era impressionante... Á beira da morte, ele ainda preocupava-se comigo.

       -Mas eu não posso e não vou ficar parada- Argumentei.

       Gregory era muito forte, não é para menos, ele era o líder dos classe A; os vampiros que querem acabar comigo, mas eu não iria ceder tão fácil assim, não depois de ver Mitchell naquele estado por causa deles. Eu estava decidida a ajudar e eu ia, mas novamente eu era impedida, mas dessa vez não fora por Mitchell, mas sim por seu irmão. – Só podia ser da família.

       -Não creio no que vejo – Derick falou do alto de uma árvore (São realmente irmãos) – Meu irmãozinho sendo derrotado tão fácil assim?

       -Derick, o que diabos você está fazendo aqui?! – Mitchell gritou com um ar de surpresa.

       Tenho que admitir, embora a situação não fosse das melhores e não era mesmo, aquela cena foi meio engraçada. Os dois irmãos discutindo no meio de um luta letal. Ás vezes eu invejava o amor fraternal.

       -Estou tentando te ajudar, caramba! – Derick olhou para mim – Está vendo como meu irmão me agradece? E você ainda gosta dele. – Ele finalizou, tentando fazer uma cara de chateado.

      Definitivamente, Derick não tinha nada a ver com o irmão. Mentalmente, ele parecia ser mais novo que eu, pra vocês verem como o negócio está feio para o lado dele.

       -Ainda não vi nenhum sinal de ajuda. – Mitchell murmurou, colocando as mãos na barriga, ao sentir dor.

       -Vocês são loucos! – Gregory grita.

       - Ah... Oi papai! – Derick olhou, acenando para Gregory; Mitchell ao ver tal cena, colocou as mãos no rosto, como se dissesse: “Eu não acredito nisso”- Quanto tempo. – Derick finalizou, partindo para cima de seu pai, com os punhos fechados.

     Espera. Ele disse papai?!

      -Papai?! – Perguntei sem tentar esconder o ar de surpresa.

      -Sim. – Ele afirmou. Eu fiz uma expressão de surpresa e Derick olhou de mim para Mitchell. – Caramba Mitchell! Você não contou para ela?!

      -Se ela soubesse, não teria coragem de machucá-lo. – Mitchell completou, com as mãos na barriga.

      -Não acho que Mai seja assim. – Derick murmurou para Mitchell.

      -Espera!- Interrompi a conversa dos dois- Não tem como... Os sobrenomes. – Argumentei

      -Ah... Os sobrenomes. –Derick falava, tentando acertar Gregory, mas esse desviava com facilidade – É que... Eu e Mitchell trocamos, por não achar o de “papai” ,digamos, muito digno.

      Derick lutava com o seu “pai” quase da mesma forma que Mitchell, em uma rapidez impressionante, mas dessa vez eu podia ver os dois com mais nitidez. Derick pareceu estar com dificuldades; ele, por um minuto, abaixou a guarda e acabou levando um soco de Gregory, sendo jogado contra uma árvore, mas ele conseguiu equilibrar-se, ficando encima do galho.

      -Mai, falando nisso... Digo, falando em Família. – Derick falou, olhando para mim – Onde está sua mãe?

      -Ela não está aqui!- Gritei – Quando cheguei só Mitchell estava aqui. – Abaixei meu olhar e deixei uma lágrima escapar.

      Derick suspirou, e disse:

      -Ei, seu molenga!- Derick gritou para seu irmão. -Levanta daí e vai procurar a Mãe de Mai.

       -Não. – Mitchell levantou-se com grande rapidez – Você vai; eu preciso resolver um assunto com “papai” – Ele finalizou, pondo-se em posição de luta.

        Era impressionante o poder de recuperação dos vampiros. - Será que os olhos de sangue não tinham esse “poder”? Porque até agora, nada em mim se recuperou, ou se regenerou. - Mitchell estava deitado apenas esperando o momento certo... E parece que é agora, levando em conta seu olhar desafiador e ao mesmo tempo, assassino. Derick pareceu perceber o “estado de espírito” do irmão, porque deu de ombros e falou:

        -Então tá. – Ele olhou para Gregory – Nos vemos outra hora, papai... Ou não. – Ele falou acenando debochadamente para o pai, e sumiu floresta adentro.

        -Não sei como pude ter dois filhos tão imprestáveis. – Gregory falou, indo na direção de Mitchell. – Vamos acabar logo com isso.

       -Menos conversa e mais ação. – Mitchell respondeu, também indo em direção ao pai.

       Aquela iria ser uma luta e tanto, disso eu tinha certeza. Eles estavam incrivelmente rápidos. A cada momento uma árvore era destroçada, por ter sido atingido por algum deles, mas não se via os mesmos no chão, a velocidade era tão grande que, eles levantavam-se antes que meus olhos pudessem acompanhá-los. Respingos de sangue caíam em várias partes do chão e das árvores. A luta parecia estar equilibrada, mas não demorou muito, até que Gregory fosse jogado contra o chão, o mesmo soltou um alto gemido e sangue saiu pela sua boca. Mitchell aproximou-se do mesmo, ele agora tinha a posse da arma do pai e a apontava na direção de Gregory. Podia-se ver ódio em seus olhos. Eu não sei o que eles conversaram durante a luta, mas boa coisa não deve ter sido, levando em conta a expressão de Mitchell.

       -Vamos Mitchell. – Gregory murmurou, limpando o sangue de sua boca – Mate-me, não era isso que você queria?

       -Eu não queria. – Mitchell falou entre os dentes – Eu quero. Mas... – Ele mudou de expressão, agora ele estava um tanto pensativo. – Não vou fazer isso.

       -Não sei como você pode ser meu filho. – Ele encarou Mitchell – Você é fraco.

       -Você está completamente enganado. – Mitchell olhou para mim e depois voltou a olhar para seu pai. – É ao contrário, eu sou forte o suficiente para não matá-lo, se eu o matasse... Aí sim, eu seria fraco.

        Gregory não respondeu, ele apenas jogou sua cabeça para trás, para que pudesse ver o céu e soltou uma risada forçada, mas maldosa. Mitchell não deu atenção, apenas deu as costas para o pai, e veio em minha direção. Mas eu pude ver Gregory, levantando-se atrás de Mitchell e indo em direção ao filho.

        -Mitchell! Atrás de você. – Gritei, apontando para Gregory.

        Ele conseguiu desviar a tempo, mas seu pai conseguiu pegar a arma que estava nas mãos de Mitchell. Gregory a apontou para mim e Gritou para o filho:

        -Ninguém nunca disse para você, para não dar as costas ao inimigo?


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Notas finais do capítulo

Reviews?!

Próximo capitulo: Chega de despedidas.



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