The Only Exception escrita por Andy


Capítulo 11
A verdadeira crueldade


Notas iniciais do capítulo

Enquanto estiver lendo este capítulo, se encontrar alguma palavra japonesa ou alguma coisa marcada com asterisco (*), procure nas notas finais do capítulo.



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  Akito me encarava. Eu ergui a cabeça e, olhando em seus olhos, falei com convicção:

  – Akito, eu amo a Rika. E quero a sua permissão para ficar com ela. – eu falei formalmente, fazendo uma leve reverência, para demonstrar respeito (e isso foi realmente difícil). Lógico que eu sabia que ele não iria aceitar.

  – E se eu não permitir? – ele falou num irritante tom de desafio.

  – Não há razão para você não permitir. – eu respondi sem responder.

  – Claro que há! Eu preciso proteger nosso segredo! É o meu dever como líder da família! Por isso, eu ordeno que a memória dela seja apagada e que você nunca mais fale com ela! – ele tinha um sorriso realmente maldoso no rosto.

  – Mas, Akito-san... – Tohru se intrometeu, timidamente. – E se Rika-chan prometer não contar o segredo da famíl... – mas foi interrompida por Akito.

  – Quieta! Eu não pedi sua opinião! – ele gritou para ela, grosseiramente.

  – Ei, Akito, todos nós viemos juntos, então todos temos o direito de dar a nossa opinião! Não é só o Kyo quem quer falar com você! – Yuki não aguentou ficar calado, ao ver o líder sendo tão rude com Tohru.

  Akito cruzou os braços, olhando feio para ele, e falou, num tom ameaçador:

  – Mas que rato insolente! Será, Yuki, que você já se esqueceu de como eu te ensinei a obedecer?

  Yuki estremeceu e não disse mais nada. Também, pudera! Quando ele era pequeno, Akito batia nele (foi a isso que ele se referiu quando perguntou se Yuki se esquecera de como ele o “ensinara a obedecer”)! Ainda hoje Yuki tem um pouco de medo dele...

  – Mas, Akito... Tohru tem razão, não é? Quero dizer, se Rika-chan concordar em guardar o segredo, então estará tudo bem, não é? – foi Momiji quem falou desta vez.

  – Não estou falando com você! É com Kyo que eu estou conversando! – ele gritou com Momiji, que se encolheu, realmente lembrando um coelhinho assustado.

  – Então, eu lhe pergunto, Akito: estará tudo bem se ela prometer? – eu falei, irritado. Por que ele simplesmente não respondia a pergunta?

  – Não, óbvio que não!

  – Me dê um bom motivo! – rosnei.

  – Eu não posso simplesmente aceitar a palavra dela. Não há garantia alguma de que ela não irá contar nosso segredo! Ela não entende, não sabe nada sobre nossa família! – ele estava gritando de novo.

  Ao ouvir aquelas palavras, me ocorreu uma maneira de resolver o problema. Porque Rika sabia mais sobre como era ter que guardar um segredo daqueles do que o Akito imaginava. Mas, infelizmente, eu não podia fazer nada: prometera guardar o segredo dela e não podia revelá-lo. Tudo o que podia fazer era rezar para que ela “se tocasse” e contasse a ele.

  Nesse caso, o que eu devia fazer? O que eu devia dizer? Não importava o quanto tivesse me preparado para aquela reunião, eu ainda não sabia como lidar com Akito. Como eu iria convencê-lo, então? Fiquei em silêncio por um momento enquanto pensava nisso; ainda não tinha decidido o que fazer a seguir, quando alguém falou, lá do fundo:

  – Ah, Akito, dá um tempo!

  Todos se assustaram, ao ver que algum de nós tinha a audácia de falar daquele jeito com o líder da família. Nós nos viramos para ver quem tinha falado e não deu outra: Kagura; é claro. Quem mais seria? Ela estava olhando para Akito com aquela expressão de impaciência que eu conhecia tão bem...

  – Como é que é? – Akito fitou-a, com um olhar de fúria. Uma coisa que ele não suportava era que alguém o desafiasse.

  Seguiram-se alguns instantes de silêncio, nos quais os dois ficaram se encarando. Ninguém ousava falar qualquer coisa e o silêncio se prolongava. Já estava começando a ficar irritado quando alguém abriu abruptamente a porta, sobressaltando a todos:

  – Desculpem!!! Me desculpem!!! O metrô atrasou e eu cheguei tarde demais, me desculpem!!! – que ótimo. Era Ritsu (o macaco da lenda), gritando e pedindo desculpas daquele seu jeito histérico.

  – Ricchan-san, você está interrompendo uma reunião importante. – Shigure falou, tirando uma da cara do Ritsu. Ele sempre faz isso... Criança!

  – Aaaah!!! Me desculpem!!! Por favor, ME DESCULPEM!!! Eu peço desculpas por chegar atrasado e ainda interromper a reunião de vocês!!! Me desculpem!!! Eu nem devia ter vindo! Por favor! POR FAVOR!! ME DESCULPEM!!!! – Ritsu estava tendo um ataque de culpa... Ou algo assim.

  – Silêncio!!! – Akito gritou, enfurecido. – Ritsu! Trate de se controlar!!

  – Desculpe-me, Akito-sama! – milagrosamente, Ritsu conseguiu se controlar na hora e, fazendo uma reverência tão exagerada que seu nariz quase tocou o chão, foi para um cantinho da sala e não falou mais nada. Podia-se ver, pela sua expressão, que ele estava apavorado.

  Assim que ele foi para o seu devido lugar e ficou quietinho, todos voltaram a olhar para Akito, que, por sua vez, tentava se acalmar, de olhos fechados e respirando fundo. Eu aproveitei esse instante e me virei para o Yuki:

  – Onde a Rika está? – falei baixo, de forma que ninguém mais ouvisse.

  – Lá atrás, como o combinado.

  – Akito não pode vê-la?

  – Não, creio que não... Por quê?

  – Porque acho que logo ela terá que vir aqui para frente e falar. – realmente. Eu não sabia mais o que eu poderia dizer. Naquele momento, parecia que tudo dependia da Rika-chan.

  Akito reabriu os olhos e voltou a encarar Kagura furiosamente e ela, por sua vez, não desviava o olhar – menina de coragem. Pelo brilho nos olhos dele, pude perceber que ele tinha encontrado algo realmente maldoso para dizer.

  – Kagura, você é uma menininha muito mal-educada... – ele começou, falando suavemente. Quando falava assim é que ele era mais perigoso. – Mas, me diga... Não era você quem amava o Kyo? Será que eu posso perguntar o porquê de você estar aqui o ajudando a ficar com outra? Não faz sentido para mim...

  Ela arregalou os olhos para ele e, logo depois, seu rosto mudou e vimos que ela estava com vontade de chorar. Fora cruelmente desarmada; esse é o dom do Akito: ele sabe como tocar no ponto fraco das pessoas e fazê-las sofrer. Me pergunto se isso tem alguma coisa a ver com o fato de ele ter nascido o líder da família...

  Ele, percebendo a reação da garota, abriu aquele sorriso dele e se virou para mim, para voltar a falar comigo. Mas, antes que ele pudesse sequer abrir a boca, Kagura, para a surpresa de todos, reagiu:

  – Porque eu o amo!!! – ela praticamente gritou.

  – O quê? – Akito se voltou, de cara amarrada, para ela.

  – Eu estou ajudando o Kyo porque eu o amo! Muito! E quero que ele seja feliz, mais do que tudo! Não importa... Não importa que não seja comigo... – sua voz estava chorosa, mas mesmo assim ela se mantinha firme.

  – Oh, que lindo... – ele falou, sarcasticamente. – Mas olhe só para você! Está se despedaçando! Você sente inveja, sente raiva daquela garota! Sente raiva do Kyo por ter escolhido a ela! Chora direto quando não tem ninguém por perto, como uma criança! Você tenta dizer para si mesma que o ama mais que tudo e que por isso pode desistir dele sem sofrer, mas mesmo assim continua chorando desesperadamente, sem conseguir se conformar! Você xinga ele e ela mentalmente o tempo todo, depois tenta se arrepender e mentir para si mesma, forçar-se a acreditar que seu amor está acima de tudo, que pode superar isso! Mas não consegue! E não tente dizer que o que eu digo não é verdade, pois todos podem ver a situação em que você se encontra neste exato momento, usando todas as suas forças para não chorar e se fazer de forte! – enquanto ele falava, eu podia perceber a dor que cada palavra infligia a Kagura; seu sofrimento era quase tangível. Ela não suportou: deixou que seus joelhos cedessem e ficou ali, sentada no chão de madeira, a cabeça abaixada, o cabelo caindo sobre o rosto. Eu fechei a mão em punho com força, ferindo a palma. Como uma pessoa podia ser tão cruel? Como? Eu queria reagir, mas sabia que não podia. Mesmo assim, isso me custava um grande esforço.

  Por um momento, todos ficaram olhando, apreensivos, Kagura, que permaneceu calada, impossibilitada de falar, tamanha era sua dor. Ela agora não tentava mais esconder as lágrimas: deixava que elas escorressem livremente, enquanto soluçava e tentava encontrar sua voz. Para mim particularmente, era perturbador vê-la parecendo tão fraca. Onde estava aquela Kagura que vivia gritando comigo e me socando? E, mais assustador ainda: onde estava antes essa Kagura inocente e frágil que agora se debulhava em lágrimas à minha frente? Quantas vezes eu a teria feito chorar sem querer com as minhas rejeições?

  Akito ficou assistindo satisfeito enquanto ela se desmanchava. Não sei precisar quanto tempo demorou, mas num determinado momento ela pareceu retomar a coragem e a força e, erguendo-se do chão – porém ainda chorando –, encarou o chefe de nossa família mais uma vez. Ele, por sua vez, ergueu uma sobrancelha, provavelmente perguntando-se o que ela faria a seguir – assim como eu estava me perguntando. Olhando-o nos olhos, Kagura começou, com a voz tremendo um pouco, mas ainda assim refletindo toda sua determinação:

  – Tudo isso que você falou é verdade. – ela fez uma pausa. – Sim, eu realmente faço e sinto tudo isso o que você disse. Realmente sinto uma raiva e uma inveja muito grandes, uma vontade desesperadora de chorar trancada no quarto o dia inteiro... Mas eu ainda sou melhor que você, Akito. – ela fechou os olhos e mais uma lágrima, a última, escorreu.

  – Ahnm? – ahnm? Melhor? O que ela estava dizendo agora?

  – Eu sou melhor que você porque... – ela reabriu os olhos e o encarou. – Porque eu não fico fazendo as outras pessoas infelizes só porque estou infeliz, assim como você faz!

  Ao meu lado, Shigure deixou escapar um assovio de espanto; outras tantas pessoas soltaram exclamações– inclusive eu. Kagura fora longe demais. Akito a fuzilava com os olhos, os quais mostravam um ódio muito grande, assustador. Percebendo o perigo iminente, eu, Yuki e Shigure demos alguns passos para frente, para ficarmos mais próximos da garota caso Akito resolvesse atacá-la.

  – Como é que é? – ele rosnou para ela.

  – É isso mesmo que você ouviu! Você, Akito, é infeliz e por isso desconta sua raiva em nós fazendo-nos infelizes! Olhe para nós aqui! – ela fez um gesto largo, abarcando todos – Todos nós temos histórias tristes!

  – Isso não é minha culpa! É culpa da maldição! – ele replicou.

  – Culpa da maldição? Pare de usar essa desculpa ridícula! Chega, Akito!

  – Não é apenas uma desculpa!

  – Claro que é! É verdade que alguns de nós somos infelizes por culpa mesmo da maldição, mas em muitos casos a culpa é sua! Veja o caso do Hatori, por exemplo!

  – Ou eu, ou Kisa! – o pirralho* se manifestou. Não sei bem do que ele estava falando, mas tudo bem... Ao menos, ele estava tentando ajudar.

  – É! E eu não falo só nos casos do coração, não. Veja o que você fez ao Yuki quando ele era pequeno! Akito, você é um monstro! – Kagura me surpreendeu, quando usou a mesma palavra que eu para descrever o Akito.

  – Só para esconder nosso segredo! É meu dever, eu não tenho escolha!! – Akito aumentou o tom de voz.

  – Esconder nosso segredo? Ah! É como a Kagura disse! Pare de usar essas estúpidas desculpas! – foi Hatsuharu quem resolveu entrar na discussão.

  – Não são meras desculpas! – Akito tentava se defender, porém agora havia um quê de desespero em sua voz, vendo que todos estavam se voltando contra ele.

  – Não? Tudo bem, eu entendo a história de termos que manter o segredo, mas Kisa e Hiro? Que segredo há para proteger nesse caso?

  – E quanto ao Hatori? Kana não era uma Sohma afinal? E ela não aceitou o segredo, prometendo guardá-lo? Qual o problema que você viu nisso? – Kagura lembrou.

  – E, se você aceitou a Tohru-kun, por que não aceitar a Suzuki-san? Seria mais uma garota bonita na família, não é ótimo? – foi Ayame, o esquisito irmão do Yuki, quem falou. Eu tinha que me lembrar de ralhar com ele mais tarde por esse último comentário.

  De repente, todos começaram a falar ao mesmo tempo, lançando acusações, pedidos e perguntas para o Akito. Só eu, Yuki, Ritsu e Hatori permanecíamos quietos. Momentaneamente, as vozes de todos se tornaram um barulho só e não se entendia nada. Agora, podia-se ver o desespero no rosto do líder, enquanto tentava controlar a multidão que se rebelara. O barulho da confusão só se interrompeu quando alguém gritou lá do fundo da sala:

  – PAREM, POR FAVOR!!! – Rika finalmente resolvera falar.

  Todos pararam, olhando para ela; Akito pôde pela primeira vez perceber sua presença. Ninguém falou nada, enquanto ela desfilava, isto é!, andava até a frente. Quando chegou lá, ela virou as costas para o líder, ficando de frente para nós – isso me fez entrar em desespero e tive que usar todas as minhas forças para me controlar e não correr até lá. Onde já se viu, virar as costas para o inimigo?! Mas Akito estava tão pasmado com tudo o que estava acontecendo que eu duvidava que ele pudesse se mover para atacar Rika. Não que isso me deixasse mais tranquilo.

  – Por favor, parem. – ela repetiu, abrindo os braços, como se protegesse o Akito. Eu não estava entendendo mais nada! O que ela estava fazendo agora? – Não sejam tão cruéis com o Akito-san!

  – O quê? O que você está falando, garota? Ele é quem é cruel aqui! – Kagura replicou.

  – É verdade que ele fez muitas coisas ruins... – (Kagura abriu a boca para falar, mas Rika a interrompeu antes que pudesse dizer qualquer coisa.) – Mas ele tem suas razões. Na verdade, eu me arrisco a dizer que, de todos os presentes aqui, Akito é o mais infeliz.

  Todos ficamos olhando atônitos para ela; o que diabos ela estava pretendendo, defendendo o inimigo? Vendo que ninguém ia falar nada, ela continuou:

  – Imaginem vocês como seria ser obrigado a ser o chefe de uma família como essa e ter que resolver os problemas de todo mundo. Imaginem como seria nascer já com todos dizendo que terá uma vida curta. Vocês podem sequer imaginar como seria isso? Quero dizer, isso já é um grande problema e você ainda tem que arranjar soluções para os problemas dos outros? Isso é quase como ser proibido de viver, ser proibido de ser feliz! Por isso acho que vocês são muito cruéis com Akito-san! Já pararam para pensar nisso? Vocês ficam aí reclamando das decisões que ele toma, mas já tentaram se colocar no lugar dele?

  Ninguém respondeu a nenhuma das perguntas de Rika; ninguém sabia como reagir, como responder. Eu não sei quanto aos outros, porém eu nunca tinha visto aquilo daquele ângulo. Não obtendo respostas, ela prosseguiu em seu monólogo:

  – Akito-san tentou apagar minha memória e me afastar da pessoa que eu amo, me enganando. – ela fez uma pausa, na qual ninguém se manifestou. – Eu acho que devia estar com muita, muita raiva mesmo dele por causa disso; mas não o culpo. Quero dizer, no lugar dele eu provavelmente faria o mesmo. Se eu me sentisse assim tão triste, iria querer que as pessoas à minha volta também se sentissem infelizes, isso me faria me sentir melhor, eu acharia que é justiça.

  Eu desviei os olhos dela por um instante e olhei para o chefe da família. Ele a fitava, de olhos arregalados, totalmente confuso. No entanto, algo em sua expressão me fez perceber que ele estava mesmo se identificando com o que Rika-chan estava falando. Será que ele se deixaria comover porque ela o estava defendendo? Ela recomeçou a falar e eu voltei a olhar para ela; só então percebi que ela agora tinha se virado para o Akito e se dirigia a ele.

  – Bom, Akito-san... O único problema então é que você não sabe se pode confiar em mim, certo? – ela não esperou resposta. – Acontece que eu sei mais do que você pensa sobre o que é ter que carregar um segredo desses.

  – Qu... Que quer dizer...? – ele falou muito baixo, e eu, que estava até perto, quase não ouvi.

  Rika olhou por cima do ombro para ver quem estava mais perto do interruptor e então pediu:

  – Ritsu-san, pode apagar as luzes, por favor? – ela deu um sorrisinho para ele, porque ele olhou para ela apavorado quando ouviu seu nome, talvez com medo de ser envolvido naquilo.

  – C...Claro... – Ritsu fez o que ela pediu.

  A sala então se encheu de exclamações, gritinhos e outros sinais de surpresa, quando a verdadeira forma de Rika apareceu. Ela esperou até que todos se acalmassem para continuar:

  – Tudo bem, pode acender as luzes agora. – (Ritsu reacendeu as luzes.) – Obrigada. Então, Akito-san, como você pode ver, não há razão para não confiar em mim. Eu juro solenemente que se você me aceitar eu irei guardar o segredo da Família Sohma muito bem. Além disso, tomei uma decisão: se você quiser, eu quero ser sua amiga. Não sei o que posso fazer, mas gostaria de te ajudar, tentar te livrar pelo menos de um pouco dessa infelicidade. Porque eu compreendo o que você deve estar sentindo, e sei que você sofreu muitas injustiças. – ela sorriu para ele. – Ah, sim! Mais uma coisa: se algum dia o Kyo se cansar de mim... – eu quase a interrompi quando ela disse isso. Me cansar dela? Nunca! Impossível! De onde ela tirou aquilo? – ...você tem minha permissão para mandar Hatori apagar minha memória. – ela fez uma breve pausa, deixando que Akito absorvesse tudo o que ela tinha dito.  – E então, Akito-san, o que me diz?

  Por um instante, o líder não respondeu e eu sabia por que: ele estava sem palavras, assim como todos os outros – inclusive eu: não sabia que Rika era tão boa com as palavras! Quando finalmente conseguiu falar, Akito declarou:

  – Preciso pensar.

  A sala ficou em silêncio. Enquanto Akito estava deliberando, perdido em pensamentos, o nosso grupo trocava olhares e gestos nervosos. Rika permaneceu em seu lugar, quieta, observando o líder pensativo. Foi uma tortura; podia-se sentir o forte nervosismo, o suspense e a expectativa naqueles instantes – que foram até breves, mas pareceram durar uma eternidade – dos quais Akito precisou para tomar sua decisão.

  Eu estava imerso em meus medos: e se, apesar de tudo o que Rika dissera, ele dissesse não? O que eu faria a seguir? Quando dei por mim, já estava arquitetando um plano para fugir dali com ela e só voltei à realidade quando Akito se levantou e bateu palmas uma vez, chamando a atenção de todos. O baixo murmúrio que tinha surgido entre nós cessou imediatamente e um silêncio mortal tomou conta do lugar. A decisão estava tomada.

  – Muito bem. Eu pensei muito, e cheguei a uma conclusão. – (Muitas pessoas, inclusive eu, prenderam a respiração.) – Não sei se estou tomando a decisão certa, isso só o tempo poderá dizer, mas... – ele se virou para Rika. – Seja bem-vinda à Família Sohma, Suzuki-san.

  O barulho da comemoração tomou conta da sala. Por todos os lados, eu podia ouvir pessoas dizendo “Conseguimos!”, “Eu não acredito!”, “Ganhamos!” e outras coisas desse tipo, mas não entrei imediatamente na comemoração, pois naquele momento só uma coisa importava. Eu corri até a Rika, e ela me recebeu com o mais lindo dos sorrisos.

  – Kyo, nós conseguimos!! – ela me abraçou, e eu retribui o abraço.

  – Agora podemos enfim ficar juntos... – eu disse, olhando em seus olhos e enfim tomando consciência da verdade de minhas palavras.

  – Para sempre! – ela concordou, e depois passou os braços por meu pescoço, me beijando. Agora nada mais poderia impedir nossa felicidade; nós tínhamos lutado por nosso amor e vencido.

  Até conhecermos um ao outro, nenhum de nós acreditava no amor, achávamos que ele estava proibido para nós. Ainda bem que para toda regra existe uma exceção, como Rika, My Only Exception.


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Notas finais do capítulo

*Eu acho que Kyo não sabe dessa história, por isso não coloquei na narrativa dele, mas preciso contar aqui para que aqueles que não tenham assistido o anime possam entender do que o “pirralho” – que é o Hiro – está falando. É que Hiro gosta da Kisa e, quando descobriu isso, contou para o Akito, que não ficou satisfeito e acabou machucando a garota. Quando Hiro viu aquilo, começou a se afastar de Kisa, com medo de que Akito voltasse a fazer mal a ela por causa dele. Resumidamente, é isso.


Bom, Winamoto-san, aqui está a conclusão da fanfic para você, então. Obrigada por acompanhar "The Only Exception" até o fim. ^^

SakuraHime