If You Only Knew escrita por wendy anne


Capítulo 8
Pequenas Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Então aí está a continuação. Eu realmente não gosto muito do começo deste capítulo, mas, como eu já tinha escrito faz um tempo, resolvi não mudar, afinal eu não teria uma idéia muito melhor para o que poderia acontecer. Bem espero que gostem e aproveitem a leitura.



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Fiquei encarando aquele porta-retrato que estava em minhas mãos por um bom tempo. Os olhos fixos na foto minha e de minha mãe. Nós duas juntas, em minha antiga casa. Era uma foto que fora tirada há um ano e meio, por minha tia. Na foto eu estava com a cabeça encostada no ombro de minha mãe, olhando para a câmera, enquanto ela, de olhos fechados, estava com a cabeça encostada na minha. O sorriso no rosto da minha mãe foi o que mais me chamou atenção.

Aquela era uma das muitas fotos que ficavam expostas em nossa sala de estar. Eu sempre fui muito unida com minha mãe. Gostávamos muito de tirar fotos juntas e as melhores nós revelávamos e colocávamos em porta-retratos. Era uma mania muito antiga dela.

Voltei ao presente e deixei o porta-retrato em cima de minha cama. Retornei a atenção à caixa que abrira minutos antes. Mexendo nas coisas que estavam nela encontrei as outras fotos que ficavam em nossa sala, inclusive a minha favorita. Eu mesma tinha tirado e lembro muito bem do dia.

Tínhamos ido assistir a um pequeno jogo de baseball do pessoal do nosso bairro. Lá tiramos uma foto por palhaçada. Eu fiz uma cara de falsa surpresa, arregalando os olhos e abrindo a boca, enquanto minha mãe apenas sorria. Alguma coisa naquela foto me fizera gostar muito dela e assumira o posto de minha favorita assim que revelamos. Aquela eu imediatamente coloquei sobre o criado-mudo ao lado de minha cama.

Olhando aquelas fotos, não consegui evitar deixar as lágrimas tomarem conta de meus olhos novamente. Sentei-me na cama e fiquei apenas encarando a fotografia que eu colocara sobre meu criado-mudo. Novamente encontrei-me em prantos, por não agüentar mais todo aquele sofrimento.

— Ei, Miley você... — Nicholas abriu a porta de supetão, o que me fez levar um susto e olhar bruscamente para ele. Assim que nossos olhares se encontraram ele se calou.

Quando percebi o que havia acontecido, apressei-me em virar o rosto e secar rapidamente as lágrimas. Ele entrou no quarto e fechou a porta em seguida.

— O que aconteceu? — ele perguntou, assim que se aproximou.

— Nada! É assunto pessoal. — falei com um pouco de ignorância.

— Você pode me contar se quiser. — notei o tom de preocupação em sua voz.

— Já disse que é assunto pessoal, agora saia daqui! E me deixe em paz. — cruzei os braços na altura do estômago e continuei evitando olhar para ele.

— Ah, eu já entendi o que aconteceu. — ele afirmou num tom intelectual. — Você está chorando por minha causa.

— Nossa! Como você é egocêntrico. E não, eu não estou chorando por sua causa. E também nunca irei chorar.

— Ha, isso é o que todas dizem. Mas não se preocupe, eu vim aqui te ajudar com tudo. — ele continuou com o mesmo tom irritante.

— SAIA DAQUI SEU IDIOTA! — gritei alterada.        

Nicholas não comentou mais nada, apenas se afastou. Assim que ouvi o barulho da porta se fechando, desabei num choro que estava segurando anteriormente. Deitei-me lentamente na cama e senti como se toda a tristeza e as frustrações se esvaíssem junto com as lágrimas que eu derramava.

--

Certo tempo depois, quando o choro cessou, ergui-me de cama, secando completamente as lágrimas. Resolvi voltar ao que estava fazendo. Não havia muitas coisas naquela caixa, apenas alguns pequenos objetos que ficavam em meu quarto. Guardei todos eles rapidamente e, assim que terminei, decidi começar a logo esvaziar uma das outras caixas.

Após carregar outra caixa para a cama e abri-la, comecei a retirar tudo o que havia dentro e guardar em lugares que ia escolhendo simultaneamente, sem pensar muito. Ao notar que a caixa já estava vazia, ouvi alguém me chamar:

— Miley! Venha almoçar.

Era claramente a voz de Allison. Não demorei muito para sair de meu quarto e ir em direção à sala de jantar. Mal havia chegado ao local e já sentia um cheiro delicioso que pairava no ar.

A mesa já estava completamente arrumada e numa bandeja, bem no centro, havia uma lasanha, que era o que estava cheirando de maneira tão deliciosa. Ao lado havia uma tigela com uma delicada salada. Apressei-me em sentar num lugar qualquer, ao lado de Allison.

Olhei para os lados e percebi que meu pai não estava lá, resolvi então perguntar:

— Ahm... Meu pai não vem para o almoço?

— Ah. Hoje não, Miley. Ele está trabalhando. — respondeu Allison num tom um tanto sério, porém sereno.

— Em pleno sábado? — estranhei.

— Bem, ele teve que ir à uma reunião de emergência na empresa. — ela respondeu docemente. — Nicholas! Venha almoçar logo.

O garoto surgiu no corredor e apressou-se em sentar à mesa conosco. Olhei-o e, por um segundo, seu olhar encontrou com o meu. Desviei a atenção ao meu prato, por um instante, e logo voltei a puxar assunto com Allison.

— Allison, desculpe fazer mais uma pergunta, mas o que meu pai faz afinal? — questionei.

— Ele é diretor-chefe de uma grande empresa de consultoria. — respondeu ela.

Surpreendi-me levemente. Antes nem fazia idéia com o que meu pai trabalha e me parecia não ser um cargo muito importante. Porém, de fato, era.

— Crianças... O que estão esperando? Podem se servir. — dizendo isso, com um sorriso no rosto, Allison indicou a lasanha de aparência apetitosa à nossa frente.

--

Após um ótimo almoço, ofereci-me para lavar a louça e, assim que terminei, fui em direção ao meu quarto. Vi que ainda tinha muitas coisas para arrumar, porém estava sem vontade nenhuma. Ao invés disso deitei-me na cama e peguei meu laptop, lembrando-me do email de Leslie que ainda tinha que responder.

Não demorou muito para o computador iniciar e eu começar a escrever um email para minha amiga.

“Oi Leslie.

É ótimo ter notícias suas também.

Como vão as coisas por aí? Aqui, parece que tudo está se ajeitando. Nicholas continua um idiota e, bem, não sei dizer se ele é bonito ou não. Acho que a personalidade dele me impede um pouco de olhar para a sua aparência... Se bem que, nem sei como você pôde me perguntar uma coisa dessas.

Sabe, ele realmente é um idiota. Um GRANDE idiota. Egocêntrico, metido, arrogante, intrometido. Os defeitos dele são tantos que se eu for falar todos, não irá sobrar espaço.

Mas, falando do que realmente importa, espero que tudo fique bem, logo. Obrigada pela ajuda.

Que legal que vai entrar um aluno novo por aí. Sorte hein? Também espero que ele seja legal.

Bem, hoje eu descobri no que meu pai trabalha... Eu não fazia idéia. Mas ele é diretor-chefe de uma empresa de consultoria. Tirando isso, nada de interessante aconteceu até agora.

Não demore muito para me responder. ;)

-Miley.”

Ao acabar de escrever dei uma rápida lida. É... Parecia bom. Enviei o email e distraí-me com algumas coisas na internet. Falar com Leslie, mesmo que fosse sobre coisas bobas, sempre me deixava mais feliz e animada.

Após ficar certo tempo vendo coisas sem importância na internet, desliguei o computador e voltei a arrumar minhas coisas em meu quarto. O que me custou um bom tempo.

Quando finalmente eu terminei de guardar o último objeto da última caixa, já passavam das 3h da tarde. Deitei-me na cama novamente, sem ter o que fazer. Fiquei um bom tempo encarando o teto viajando em meus pensamentos, quando me deu uma súbita vontade de dar uma volta.

Levantei-me da cama, imediatamente, peguei um casaco no armário e saí do meu quarto. Andei com passos apressados até a sala, onde Nicholas estava ainda vendo televisão. Ele olhou para mim, assim que percebeu minha presença no recinto.

— Vai pra onde? — questionou ele com a voz pacata.

— O que te interessa? — fiz uma expressão de claro desagrado.

— Estou só perguntando. — ele ficara claramente irritado com minha resposta.

— Hum... — rolei os olhos. — Estou indo dar uma volta.

Peraí. Você não pode simplesmente sair andando sozinha. — ele ergue-se num sobressalto. — Isso aqui é Nova York. Por mais que não seja o bairro de Manhattan, é perigoso lá fora para uma garota ficar andando completamente sozinha.

— O que? Você está se preocupando comigo?! — fiz uma falsa expressão de surpresa, o que notei que o irritou mais ainda.

— Não! Estou me preocupando comigo. Se minha mãe e seu pai souberem que você saiu por aí sozinha e eu deixei, eles me matam.

— É eu deveria imaginar. — cruzei os braços e fiquei com uma expressão clara de indignação no rosto. Se existia uma pessoa mais egocêntrica do que ele... Essa pessoa deveria ser presa.

— Vamos. Eu irei com você. — ele pegou o controle da mesa de centro e desligou a TV. — Além do mais, eu queria mesmo dar uma volta.

— Então vamos logo e vê se toma cuidado pra não tropeçar no seu ego ok? — pisquei para ele, de maneira provocativa e continuei caminhando até a porta.

— Ha, ha. Muito engraçado. — ele apanhou as chaves e o celular, que estavam também estavam na mesa de centro, e colocou-os nos bolsos da calça jeans escura que usava. — Espere aqui, vou pegar meu casaco.

Segui-o com o olhar, até que ele virou entrou em seu quarto. Não demorou muito para que ele aparecesse de novo, usando um casaco preto sobre a camisa branca. Então, naquele momento, parei para pensar no que Leslie havia escrito no email: se Nicholas era bonito. Bem, de fato os seus cabelos castanhos e encaracolados eram encantadores, assim como seus olhos castanhos e aquele vago sorriso que ele mantinha nos lábios...

Foi então que percebi o rumo que meus pensamentos tomaram e sacudi a cabeça, levemente, tentando me livrar deles. Nicholas não era, de jeito nenhum, bonito. E eu nunca iria sentir-me atraída por ele. Ele era metido demais para o meu gosto.

— Vamos? — o garoto me fez voltar ao presente.

— Ahm? Ah. Ta. Vamos. — fiquei claramente atrapalhada com tudo aquilo. Mas como, afinal, eu fui tão idiota a ponta de pensar aquilo de Nicholas?

Ele abriu a porta de casa e eu apenas saí. O garoto virou-se novamente para o interior do apartamento e gritou:

— Mãe, nós vamos dar um passeio. Voltamos mais tarde.

— Está bem. Tomem cuidado. — ouviu-se a voz de Allison responder, também gritando.

Nicholas fechou a porta e se dirigiu até o elevador. Acompanhei-o em silêncio. Ainda indignada com o que acontecera. Tentei esquecer-me daquilo... Não fazia importância, fora só um momento de burrice. Mordi o lábio inferior, levemente.

— Entre. — ele indicou o elevador, assim que a porta do mesmo se abriu à nossa frente.

Entrei sem dizer nada e apertei o botão que indicava o térreo. Ele entrou em seguida e a porta se fechou instantes depois. Pouco tempo se passou, quando a porta abriu, estávamos ainda em silêncio. Logo saímos do elevador e, pouco tempo depois, do prédio. Era a primeira vez que eu iria caminhar por ali, o que me deixou alarmada a todos os detalhes à minha volta.

--

Por muito tempo ficamos andando sem rumo, raramente trocando palavras. Até que, um bom tempo depois, eu avistei algo que chamou minha atenção imediatamente.

— Tem um Starbucks aqui?! Vamos lá! — peguei Nicholas pelo braço e o puxei em direção à cafeteria.

O local ficava do outro lado da rua onde estávamos e eu atravessei correndo, ainda puxando o garoto. Ele protestava contra aquilo, parecendo muito irritado por eu estar puxando ele desesperadamente, ou, quem sabe, pelo simples fato de eu estar o tocando.

— Você é muito lerdo. — reclamei, assim que chegamos à cafeteria.

— Você que é maluca. — ele me fitou claramente irritado, franzindo ambas as sobrancelhas.

Aproximamo-nos um pouco mais do estabelecimento, estava demasiado cheio, mas nada muito perturbador. Dei uma bela olhada por dentro do local, pelo vidro que havia do lado de fora. Nicholas um pouco depois e parou atrás de mim, resmungando algo. Ele também olhou para dentro do local e eu percebi uma expressão estranha tomar conta do seu rosto.

— O que foi? — questionei com rispidez.

— Miley... Acho melhor não entrarmos aí. — ele pareceu levemente alarmado.

— Ué. Por que não? — arqueei uma de minhas sobrancelhas, tentando entender aquele comportamento repentino.

— Porque, bem... Tem uma pessoa ali dentro que eu estou tentando evitar por muito tempo. — ele olhou para os lados, como se tentasse disfarçar a aflição.

— O que? — tentei prender o riso. — Quem?

 


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? Deixem seus reviews dizendo o que vocês acharam do capítulo e do que esperam para o resto da fic.
Muito obrigada para todas as que estão acompanhando. Fico muito feliz mesmo em saber que vocês estão gostando gente. *¬*'
Bejs.
*AH! Para aquelas que ainda não sabem e também para as leitoras novas, eu gostaria de avisar que eu posto capítulos toda quarta-feira. Então vocês já sabem que podem checar aqui às quartas que vai ter sempre um novo capítulo. HEHE'