Chocolat Chaud escrita por Carol Matsumoto


Capítulo 1
Capítulo 1 - OneShot


Notas iniciais do capítulo

Uma fic de aniversário pra Aninha-chan, nossa GazeGirl Reita Parabéns, nee-chan!!



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                Era tarde de sexta-feira e eu estava exausta do dia de trabalho na PS Company. Akira dissera que tinha uma surpresa para mim, por isso íamos andando de mãos dadas pela rua até um “lugar especial” misterioso.  Fazia um frio de rachar, mas estando com Akira, aquilo podia ser ignorado com facilidade.

                -Está tudo bem? – o loiro perguntou baixinho, virando-se para me encarar. Usava uma camiseta preta por baixo da jaqueta verde grossa. Irresistível!

                - Está sim. – sorri, apertando-me mais em meu casaco lilás. – O lugar pra onde estamos indo... É muito longe?

                - Não muito. Agora falta só uma quadra. Já está cansada?

                Sacudi a cabeça negativamente e ele passou o braço pela curva das minhas costas, trazendo-me para perto. Estávamos juntos havia dois anos, mas nosso entrosamento fazia parecer que sempre fomos namorados. Aquele sentimento me era completamente estranho, era diferente de qualquer outro sentimento que eu já tivesse experimentado.

                - Tcharam! – Akira parou em frente a uma cafeteria pequena. Parecia uma velha construção, algo bem de família. Tinha tijolinhos laranja descobertos, o que dava uma sensação de coisa caseira. Nas janelinhas minúsculas havia cortinas verde musgo que caiam até o peitoril, onde havia algumas florzinhas cor-de-rosa dentro de vasos de cerâmica.

                - Esse é seu lugar especial e misterioso? – fiz a pergunta óbvia e me estapeei mentalmente.

                - É sim. Desapontada?

                - É claro que não. É kawaii. Sua cara. – respondi baixinho e ele corou. – Mas, me responda uma coisa. Por que é um lugar especial?

                - Bom... Primeiramente, porque foi onde meu avô e minha avó se conheceram... Sim, o lugar é bem velho. – ele disse vendo-me fazer cara de surpresa. – E depois, muitos anos depois, era aqui que eles me traziam quando eu era criança. Passei a vir aqui para me esconder de todos os meus problemas. Do Ensino Fundamental ao Médio.

                - Então esse lugar tem bastante história, né? – falei, apertando-me contra seu braço e assisti seu sorriso se abrir lindamente.

                - Sim... – ele suspirou fundo. – Vamos entrar?

                Havia uma pequena escadinha de tijolos que dava em uma porta de madeira escura e bem entalhada. Tudo ali era muito lindo, embora fosse muito óbvio. Akira me guiou para dentro de seu “refúgio” e acabei me encantando completamente. As mesinhas postas para apenas duas pessoas estavam cobertas por toalhas roxas com pequenas flores bordadas em branco. As cadeiras eram feitas do mesmo material que a porta, segundo meu olho leigo. Nas paredes, havia fotos em molduras douradas, mostrando a cafeteria com o passar do tempo. Não mudara muito.

                Quando nos aproximamos de uma das mesas, meu loiro afastou a cadeira para que eu me sentasse e logo se pôs a minha frente. Seus olhos não paravam de me encarar com um sorriso e eu sentia minhas bochechas corando.  A intensidade daquele olhar que me encarava todos os dias parecia ver o mais profundo segredo de minha alma com facilidade.

                Ele me ofereceu o menu repleto dos doces mais variados e ficou me observando enquanto eu lia.

                – Akira-kun, como vai? – uma doce velhinha trajando um kimono vermelho e branco apareceu, segurando nas mãos um bloquinho de anotações.

                - Bem, Hirano-san. – ele sorriu para ela, respeitoso. Era completamente diferente daquele homem que ia para o palco durante os lives do the GazettE e vivia mostrando o dedo do meio. Aquele era o Akira.

                - E essa é a sua namorada, Akira-kun? – ela perguntou olhando curiosa para mim e eu senti as bochechas queimando.

                - Sim, essa é a Ana-chan, minha namorada. – ele respondeu todo orgulhoso e eu abaixei a cabeça envergonhada.

                - Ela é muito bonita. - a velhinha me lançou um sorriso que respondi com um aceno de cabeça. – Estou com a impressão de interrompi alguma coisa. O que vão querer, meus queridos?

                - O que vai querer, Ana? – Akira perguntou. – É por minha conta.

                - Hum... – fechei o menu. – Vou querer um pedaço do pavê de nozes.

                - Certo. – Hirano-san anotou o pedido no caderninho que trazia. – E você, Akira-kun?

                - Eu vou querer aquele bolo de chocolate recheado de doce de leite que a senhora sabe que eu adoro.

                Ela se afastou da mesa e eu o encarei como se fizesse uma pergunta óbvia. Akira simplesmente deu de ombros, alisando a toalha da mesa quando fazia quando ficava sem jeito. Seu sorriso foi provavelmente a coisa mais encantadora que eu já tinha visto. Estar com ele, apenas respirar o mesmo ar daquele que há pouco tempo atrás significava um sonho impossível, parecia um sonho. Eu tinha um pouco de medo de descobrir que ele era apenas um sonho bom, mas apenas um sonho.

                Porque, embora eu me escondesse atrás de todas aquelas frases como “Eu não desenho bem”, ou “Eu não escrevo bem”, eu ainda era uma garota sonhadora. E eu tinha medo de descobrir que aquilo era fantasia, mais do que tinha medo de qualquer outra coisa.

                Notei que estava parada há bastante tempo, encarando aquele japonês loiro que arrancava o fôlego de meus pulmões. Ele também me encarava. Estávamos ali, paralisados e calados. E eu me sentia bem. Muitas vezes, pra muitas pessoas, o silêncio pode ser desconfortável, mas não pra nós dois. Ali estavam sendo trocadas palavras que não precisavam ser pronunciadas e aquilo era muito maior do que muitos com quase cinquenta anos de casados. Nossa relação era muito mais profunda, valiosa e poderosa. Ela atravessara a Terra, o fuso horário confuso e qualquer barreira imposta.

                - O que foi? – ele perguntou depois de algum tempo. Seu sorriso se mantinha sereno, embora algo em sua expressão (ou seria a minha imaginação?) fazia parecer que ele estava me escondendo algo.

                - Estou pensando... – murmurei. Soaria idiotice dizer que eu “estava vendo como ele parecia lindo naquela iluminação fraca” ou que “estava observando cada detalhe para guardar aquela paisagem, caso tudo fosse um sonho”.

                - Pensando em quê?

                - Em várias coisas... E em nada ao mesmo tempo. – respondi misteriosa. – É uma das minhas qualidades.

                - Hum... Isso é bem incomum.

                -Pensar em tudo e nada ao mesmo tempo?

                - Não... Você admitir que tem muitas qualidades.

                - Ah... É uma situação especial, não espere ver isso com frequência. – nós dois demos risada e Akira pegou minha mão, acariciando-a entre as suas.

                - Não... Eu pretendo fazer você admitir todas as suas qualidades todos os dias. Uma de cada vez.        

                - Isso vai ser uma tarefa bem difícil.

                - Ah, eu sei disso... Você é muito teimosa... Mas eu também sou muito persistente. E sei diversas formas de te convencer.

                - Sabe, é? E quais são elas, posso saber?

                - Se eu te contar, pode ser que não dê certo, entende? – rimos. – Mas pode ter certeza de que quando eu quero alguma coisa, eu consigo.

                - Parece perigoso. E excitante. – admiti constrangida e ele deu seu maligno sorriso triunfante que me fez parar de sentir as pernas.

                - Aqui estão os seus pedidos, meus queridos. – Hirano-san trouxe dois pratos nas mãos trêmulas e se afastou lentamente, dando um sorrisinho.

                - Parece bom, né? – falei baixinho e Akira riu.

                - Esse é melhor bolo da região. Ninguém faz doces como a Hirano-san. Só não deixa a Ny-chan e a Chibi ficarem sabendo.

                - Ah, alguém precisava tirar o trono daquelas duas. – falei colocando um pedaço do pavê de nozes na boca. Estava divino! O crocante das nozes se misturava ao sabor de chocolate do pavê, produzindo uma sensação totalmente nova.

                - Como está o seu?

                - Delicioso. Quer provar? – peguei um pedaço generoso e levei até sua boca, observando-o se deliciar com o doce.

                - Hum... Quer um pouco do meu?  - antes que eu respondesse, ele levou o garfo cheio de bolo de chocolate recheado de doce de leite. Tão doce... O doce de leite fazia tudo ficar deliciosamente doce.

                - Muito bom... Você tem razão, ninguém faz bolo como a Hirano-san. – sorri. – Está delicioso.

                Terminamos nossos bolos em meio a conversas descompromissadas, falando sobre nossos dias juntos, dando risadinhas e suspirando. Aquilo era simplesmente o que eu queria pra mim. Podia ficar ali para sempre, comendo bolo com o homem dos meus sonhos e rindo. Céus, há quanto tempo eu não fazia aquilo? Há quanto tempo eu não dava risada sinceramente e me divertia.

                Akira pediu chocolate quente para tomarmos e nos aquecermos. As xícaras eram brancas e decoradas com filetes de ouro, a fumaça que subia do líquido dentro delas tinha um cheiro delicioso e inebriante.

                - Ana? – Akira me chamou baixinho, me despertando dos devaneios.

                - Sim, o que é? – dei um golinho no chocolate quente e coloquei-a de volta no pires.

                - Eu... Te trouxe aqui com um propósito. Além de comer bolo.

                - Ah, é? – me surpreendi. Então ele realmente estava escondendo alguma coisa. - E qual é o propósito?

                - Eu sei que não faz tanto tempo que a gente se conheceu, mas eu sinto que... É como se... Como se a gente se conhece há muito tempo atrás. Parece que você sempre fez parte da minha vida, sempre esteve ao meu lado.

                - Eu também me sinto assim, Aki.

                - Que bom. Porque, de certa forma, eu quero... Quero ficar sempre com você. Quero acordar e te ver. Ir dormir e te ver.  Você está me entendendo?

                - Mais ou menos. – admiti. Entendia o sentimento, mas onde ele queria chegar era um completo mistério para mim.

                - É só um começo. E não é algo tão grande, mas..., Ana-chan, eu quero te pedir para vir morar comigo.

                - Morar... Com você? – repeti surpresa.

                - É. Sei que não é grande coisa, mas eu sei que estamos prontos para mais esse passo. – ele riu. – Então, você topa?

                - É claro que sim, Aki. Eu quero ir morar com você.

                O sorriso que veio a seguir quase me fez explodir de felicidade também. Akira realmente tinha me pedido pra morar com ele.

                Pagamos a conta e saímos da cafeteria, depois de nos despedirmos de Hirano-san. Eu tinha até esquecido de como estava frio lá fora.

                - Então, nós vamos morar mesmo juntos? – Akira perguntou mais uma vez.

                - Sim!

                - Porque eu já mandei fazer a sua cópia da chave da nossa casa. – ele pegou o próprio molho de chaves e tirou uma chave com um enfeitezinho roxo brilhante.

                - Ah, que lindo. – comentei.

                - Eu perguntei pra Ny-chan qual era a sua cor favorita e mandei enfeitar. Gostou?

                - Que atencioso que você é, Aki.- beijei seus lábios e senti sua boca seu abrir num sorriso.

                - Vamos pra casa? Pra você estrear a sua chave?

                - Hum... Só pra isso? – perguntei maliciosa.

                Foi a vez dele de selar nossos lábios. Ficamos daquele jeito até que nosso ar acabou, obrigando-nos a nos separar.

                - Não... Eu também tenho que te mostrar uma das minhas maneiras de te convencer. Uma das melhores delas.

                - Não duvido nada.

               


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Notas finais do capítulo

Vamos todos desejar um feliz aniversário pra Aninha-chan!!!
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