Eu estava em um lugar em que nunca estive, uma praia, estava chovendo, mas a chuva não chegava até mim, algo a impedia, eu ouvia risos vindo de uma floresta ao lado, o mar estava agitado, o céu escuro e a terra vermelha e... AHHHHH, a terra havia começado a rachar embaixo dos meus pés, dei um pulo para trás e alguma coisa parecida com um cachorro só que muito maior, com pelos pretos e absolutamente arrepiante e terrível, de inicio ele mostrou os dentes, mas depois se encolheu e eu ouvi uma voz na minha cabeça, que logo percebi que pertencia a aquele cão infernal:

Desculpe-me milady, não sabia que era a você, seu pai está ansioso por sua chegada

-Meu pai?

Sim, seu pai, ele está te esperando, disse que quer falar com você pessoalmente

-Jane, acorde, maninha?Vem, levanta, você estava tendo um sonho, falava coisas sobre um cão infernal e... - Ela parou como se algo a impedisse de falar

-E o que?

Ela hesitou por um momento, mas logo cedeu

-... E seu pai- ela olhou para mim com uma expressão assustada no rosto –Olha, Jane, você tem que parar com isso, já não falava do seu pai a muito tempo e agora está tento sonhos com ele?

-Mas o que você esperava? Eu sou órfã, nunca vi e nem falei com meus pais, tenho direito de pêlo ou menos imaginar eles, fingir que um dia conheci – Eu não queria falar sobre o sonho, não sabia se era o certo a fazer, mas preferi manter em segredo, pelo ou menos até as coisas ficarem mais claras. – Eu vou tomar café, obrigada por me acordar.

Meu pai estava vivo, eu iria vê-lo, iria falar com ele, finalmente conhecê-lo, pensei no cão infernal, o reconheci das minhas muitas idas à internet em busca de saber mais sobre a mitologia, (e das horas tentando decifrar o que estava escrito, eu tinha dislexia... e déficit de atenção) sempre adorei mitologia grega, sempre me fascinei pelas histórias sobre os deuses, sobre os titãs, sobre os monstros e, é claro, sobre os heróis, eu imaginava como era ser um herói, partir em missões em busca de objetos, ou pessoas, desafiar monstros, e contar, quase sempre, com a ajuda de seu pai ou mãe divino (a)

Mal sabia eu que estavas bem perto de descobrir.