Esperava ter uma noite boa. Esperava ouvir um "eu te amo". Ao invés disso, estou aqui lutando para não fazer nenhuma bobagem. Paulo. Esse é o nome do infeliz que me traiu.

A primeira coisa que eu esperava ao fazer uma "surpresinha" pro meu namorado era ver ele indo em minha direção e me levando pra dançar. Mas me iludi, a primeira coisa que vi na festa foi duas meninas beijando ele, e é claro que ele correspondia, feliz da vida, por duas vagabundas estarem beijando ele. Nessa hora nem liguei pras garotas beijando ele. Eu tinha raiva do próprio Paulo. Como ele teve a coragem de fazer isso comigo? E ainda mais, numa festa da faculdade, qualquer um poderia ver e me contar da traição. 

Não consegui segurar o choro, por mais que eu fosse forte, as lágrimas caíam desesperadamente por minha face. Por um momento parei de chorar, esperava que tudo aquilo pudesse ser um simples sonho. Mas não, a vida é injusta com pessoas que não fazem absolutamente nada. Me pergunto como vou conseguir viver agora, sem aquele beijo, sem nossas promessas, abraços, encontros... Pode parecer tudo muito meloso, mas eu não sabia o que era se apaixonar até conhecer Paulo. Foi ele que me apresentou o amor verdadeiro.

Voltando ao drama... Um dos amigos dele o-cutucou pelas costas, e ele parou de beijar as vagabundas. Olhou pra trás onde todo mundo apontava, e seu olhar encontrou o meu. Pela última vez esperava. Mas não foi bem assim, saí correndo da festa, por um pouco de vergonha também, ódio e muita, muita depressão. Como sou bem esperta achei um esconderijo depois de passar pela porta. Cinco segundos depois Paulo saiu da boate, olhou para os lados ( mas não me encontrou ) e ficou falando sozinho.

- Droga, eu sou um idiota mesmo! - ele sentou num banco levou as mãos à cabeça e começou a chorar.

Nessa hora juro que tive a maior vontade de ir lá consolá-lo, mas o ódio me conteve, jamais conseguirei olhar na sua cara de novo, sem lembrar daquela cena horrorosa. Então apareceu aquele amigo chato dele, ficou dando umas broncas no infeliz.

- Achei que você gostava da Laura cara! - ele dizia com a maior indiferença.

- E eu gosto, eu amo ela! Mas se duas gostosas se esfregassem em você, o que você faria? Sei que fiz a coisa errada, mas é que já estou acostumado em ser livre, pegar qualquer garota, sem compromisso... Com a Laura é diferente, achei que amava ela, mas como posso amar se me deixei ficar com outras? Sou tão idiota...

Fiquei com uma raiva gigante. Ah, então ele admite que se deixou ficar com as meninas numa boa? Por dentro eu ainda tinha a esperança que aquele fosse um horrível pesadelo...

Levantei do meu esconderijo e saí chorando só pra mostrar pro Paulo que eu estava ali e ouvia tudo. Ele chamou o meu nome uma vez, mas ouvi seu amigo dizendo algo como "vem, não vai estragar sua noite por causa dela! Tenho certeza que aquelas meninas valem muito!" e o infeliz respondendo "claro que não, vamos voltar".

Meu choro duplicou só de ouvir a resposta dele. Me sentia como um lixo, que não valia nada, se nenhum homem pôde me amar até hoje, por que ele amaria? Meus pensamentos variavam, estava em dúvida se voltava lá e mostrava pro infeliz o que é ser traído, ou ir em um barzinho e encher a cara. Pensei até em me drogar.

Ainda era cedo, nove da noite. Se eu desse sorte podia fazer tudo isso e ainda voltar pra casa mais ou menos cedo. Estava decidida a fazer isso. O primeiro passo era voltar pra boate mesmo e beber muito. Depois iria pegar garotos na frente do Paulo. O garoto tinha que aprender o que é ser traída. Mas não imaginei que esse plano me deixaria pior ainda...