Logo que sua esposa foi embora, Carlos ligou para o Advogado da família para dar início ao processo de adoção de Manoela. Ficou combinado entre ele e Clara que naquela noite, assim que ele chegasse em casa, informariam seus filhos sobre a novidade.

    A pedido de seu pai, Douglas não demorou muito na visita a Manu.

    Carlos e o filho foram para casa juntos, o pai adiantou ao filho que ele e sua mãe haviam tomado uma decisão muito importante que acabaria por interferir na vida de toda a família. O filho ficou curioso para saber o que seria, porém Carlos disse que ele e Clara gostariam de contar a novidade para ele e seus irmãos, Giovana e Gustavo, quando todos estivessem juntos.

    Quando ambos chegaram em casa, Clara, Giovana e Gustavo, já os aguardavam na sala.

    - Boa noite, família.

    - Boa noite, pai. - Disse Giovana indo lhe dar um abraço, como era de costume. - Como foi o trabalho hoje?

    - Foi bom, filha. Sua mãe já deve ter comentado que temos uma novidade para contar para vocês - disse se voltando a Gustavo, ele apenas assentiu com uma expressão de tédio em seu rosto.

    Enquanto Carlos era recebido pela filha, Douglas fora cumprimentar sua mãe. A abraçou e depositou um beijo na bochecha dela. E apenas fez um aceno com a cabeça para o irmão que se encontrava sentado no sofá e balbuciou um “E aí”, que o irmão respondeu da mesma maneira.

    Clara sorriu para o marido, aguardando a filha sair dos seus braços para ela, então, poder depositar um suave beijo nos lábios do seu amado em cumprimento. E assim o fez, assim que Giovana deixou o pai fora cumprimentar da mesma forma o irmão mais velho.

    Após os devidos cumprimentos, Clara permaneceu ao lado do marido, o casal pediu para os filhos sentarem no sofá. A garota sentou entre seus dois irmãos. Com todos devidamente acomodados, Carlos começou a contar sobre Manoela, um pouco de sua história e recuperação, todos os presentes naquela sala já haviam ouvido falar sobre a garota e sua triste história, porém os filhos não estavam entendendo aonde os pais queriam chegar. Clara contou sobre a visita que fizera a Manu no hospital naquela tarde e por fim, contaram o motivo daquela reunião de família: a decisão de adotar a menina.

    - Sério? Eu vou ganhar uma irmã? Que tudo! Vamos poder ir ao shopping, fazer compras, sair, ficar até tarde conversando, vendo filmes. ADOREI. - Dizia Giovana empolgada enquanto quicava no sofá. Afinal, ela sempre quis ter uma irmã.

    - Pai, mãe... Parabéns pela atitude, a Manu realmente precisa de uma família estruturada como a nossa. Vocês tomaram a melhor decisão, apoio completamente. - disse Douglas indo abraçar os pais.

    Já Gustavo, apenas observava incrédulo aquela cena. “Como assim eles iriam adotar uma garota de dezessete anos? Só pode ser por causa da história dela. Fala sério! Eles piraram”. Pensava ele.

    Giovana havia se juntado aos pais e ao irmão, fazendo planos para a nova “irmã” e os outros apenas riam contentes da animação da garota.

    - Como é que é? Vocês piraram? qual é? Adotar uma garota agora, pra quê?

    - Filho, entenda a situação. Ela precisa de uma família para protege-la e você vai gostar dela, ela é muito educada e encantadora...

    - Eu não quero saber o que ela é ou deixa de ser. EU NÃO QUERO ESSA ORFÃZINHA AQUI! - disse se levantando e se encaminhando para as escadas.

    - GUSTAVO! VOLTA AQUI, MOLEQUE. - gritou Carlos com o filho mais novo indo em direção a ele, porém o garoto não deu ouvidos ao pai, continuou subindo as escadas indo em direção ao seu quarto.

    - Calma, querido. Ele não esperava, ele vai acabar aceitando. - disse Clara, impedindo que o marido fosse atrás do filho.

    - É pai, nem te estressa com o Gu, ele é assim mesmo, meio rebelde. - Disse Giovana, dando de ombros.

    Douglas apenas negava com a cabeça a atitude do irmão, levou as mãos a cabeça, bagunçando os cabelos em um claro sinal de nervosismo. Ele sabia que o irmão era um playboyzinho metido a rebelde, muito disso se devia ao mimo com que sua mãe o tratava. Quando nasceu, Gustavo era um bebê muito frágil que ficou alguns meses entre a vida e a morte, o medo de perde-lo, fizera com que Clara tivesse um cuidado excessivo para com ele e fizesse todas as suas vontades. Nem Giovana, que era a única filha mulher do casal, tinha suas vontades sempre atendidas como as de Gustavo. Quando os Gêmeos nasceram Douglas tinha quatro para cinco anos, mas lembra-se bem da aflição de sua mãe com a saúde e a vida do mais novo.

Continua...