Ao escutar a voz na porta a garota abriu os olhos, separou seus lábios dos dele e o empurou. Gustavo ficou irritado, revirou seus olhos e cruzou os braços encarando o irmão com raiva, já Manoela estava com muita vergonha.

- Estou esperando, o que aconteceu aqui? - o mais novo deu uma risada irônica.

- Até parece que você não viu. Quer que eu mostre de novo? - disse provocando-o, a garota ficou ainda mais vermelha e o olhou em reprovação.

- Eu sei o que eu vi, irmãozinho. Muito bem! Pelo visto você está conseguindo o que quer, mas saiba que eu não vou deixar você iludí-la! - trincou os dentes. O mais novo levantou-se e foi em direção ao irmão, as mãos em punhos os olhos fixos nos dele, a irritação presente em ambos os olhos.

- Mas que droga, mesmo! Quantas vezes eu vou ter que dizer que eu gosto dela? E outra se ela não me quiser é só dizer, eu não preciso usar mil e um artifícios, muito menos iludí-la... Minhas atitudes, ultimamente, andam falando muito mais que as minhas palavras. E eu sei que não é só para protegê-la que você fala isso, você também sabe, e se você não tem coragem de expor isso, eu tenho e estou lutando por isso.

Ela observava a cena perplexa, não entendia ao certo o que eles falavam. Aliás os dois, em sua discussão particular, pareciam ter esquecido completamente da presença dela ali.

- Você quer que eu te dê razão dizendo o quanto você está certo em relação ao que eu sinto, não é irmãozinho? Pois bem, eu gosto dela!

- Muito bem, finalmente assumiu. Garanto que você colocou um fim no seu namoro com a Nicole e achou que a Manu cairia nos seus braços, não é? - o mais velho trincou os dentes, mesmo sabendo que o que o irmão falara fora exatamente aquilo que ele havia pensado. Ele espera que quando chegasse no quarto dela, terminaria a conversa que fora interrompida na noite anterior e ele pudesse, finalmente, dizer o que estava sentindo e acreditava que o sentimento era recíproco.

- O que eu faria e os motivos do fim do meu relacionamente, não te dizem respeito.

- Tem razão! A sua vida não é da minha conta. - O garoto se virou e olhou para Manoela que estava sentada na cama com uma expressão de surpresa, seus olhos estavam arregalados e uma de suas mãos lhe cobria a boca. Douglas olhou para ela também. - Agora você sabe. - sorriu triste, olhou para o mais velho e depois voltou a olhar para ela, ela o olhava também. Ele agachou-se a frente da garota. - Nada do que eu fiz até agora fora para afrontar ele ou te iludir. Isso não é um jogo, Manu e eu não quero que você se influêncie por nada, nem pelo que aconteceu entre nós, e nem pelo que os outros dirão. E saiba que seja qual for a sua decisão, eu vou aceitar. - beijou a face dela e levantou-se, pegou seu violão e saíu do quarto deixando os dois a sós.

Alguns minutos de silêncio se passaram, até que Douglas sentou-se na cama.

- Pequena, eu...

- É verdade?

- Sim.

- Como você descobriu isso?

- Eu preferia ficar com você do que com a Nicole, tudo em você me encanta, sua companhia me faz bem. - deu de ombros.

- Eu estou confusa! - disse de cabeça baixa.

- É normal... Eu te entendo.

- Você acha que ele está apenas tentando te afrontar?

- Não, nunca vi ele tão decidido como agora.

- Hum...

- Você está gostando dele?

- Não... Na verdade, eu não sei. Como eu disse antes estou confusa!

- Acho que ele está levando uma vantagem...

- Por quê?

- Eu vi o que aconteceu aqui e você não parecia querer fugir.

- Ah! - foi só o que conseguiu dizer.

- Manu, eu não sou mais um adolescente. Eu realmente gosto de você, mas não foi só por causa disso que terminei o meu namoro com a Nicole. Nós vinhamos brigando muito e isso estava desgastando o relacionamento. O que eu sinto por você só foi a gota d'água. - ela não disse nada, apenas continuou de cabeça baixa. - Olhe para mim, Manu! - ela finalmente levantou a cabeça e se deparou com a imensidão azul do olhar do rapaz, tão familiar, tão intenso. Ele fez um carinho na face dela. Ela fechou os olhos apreciando a carícia. - Sinto que estou perdendo algo que eu nunca tive. - Ela abriu-os.

- Como?

- Você. Estou te perdendo... Por mais que você negue ou não saiba a resposta, eu sinto que está bem balançada pelo meu irmão.

- Eu gosto de você!

- Eu sei que gosta, mas também aprendeu a gostar dele, não é? - ela baixou a cabeça novamente. - Não precisa se envergonhar ou ter medo, eu sei, eu te conheço melhor do que qualquer um desta casa. - ele sorriu triste. - Eu não sou mais um garoto, que nem o meu irmão, ele está apaixonado e digo que você é a primeira pessoa por quem ele se apaixona, eu só não admitiria que ele lhe magoasse... Se ele o fizesse eu não o perdoaria.

- Você fala como se já tivesse certeza da minha resposta...

- Eu não tenho. - murmurou.

- Então?

- Pequena, eu posso fazer uma coisa?

- O que?

- Talvez ajude na sua decisão! - ela assentiu. - Feche os olhos! - ela o fez e então ele selou seus lábios aos dela, algo que a tempos queria e precisava. O beijo foi delicado, carinhoso e repleto de afeto, fora um beijo longo até que pela necessidade de ar, Douglas interrompeu o beijo mordendo levemente o lábio inferior dela. Ele acariciou o rosto dela e ela o encarou. O tão sonhado beijo tinha finalmente acontecido, fora bom, muito bom, mas sentiu falta de algo. - Se isso não lhe ajudar te deixará mais confusa ele sorriu, ela sorriu também! Ela deitou a cabeça no ombro dele e ele ficou acariciando o braço dela, um silêncio permaneceu no local. - Você quer conversar?

- Sobre?

- Qualquer coisa! - ela levantou a cabeça e o olhou.

- Você sempre estará ao meu lado independente da minha decisão? - mordeu o lábio inferior. A pergunta pegou o rapaz de surpresa, porém sorriu. Sabia o quanto ele significava para ela, independente de ser como homem ou mulher, ele era o seu porto seguro e ele sabia disso.

- Sim, você sempre será a minha pequena. Independente de ser minha amiga, irmã ou algo mais. - ele sorriu e ela sorriu novamente aconchegando-se nos braços dele, ele por sua vez depositou um beijo em seus cabelos. E ficaram assim por longos minutos, até que Douglas se despediu, indo para o seu quarto. Manoela deitou em sua cama e depois de alguns momentos dormiu, estava feliz pela certeza que seu anjo nunca a abandonaria.

Continua...