Acho que tudo começou há um ano. É, um ano no máximo. Sabe quando você acha que sua vida acabou e você está destinado á todo tipo de desgraça possível? Pois é, minha vida há um ano essa preocupação não passava pela minha cabeça. Minha tia, Atena, cuidava de mim no Olimpo. Não, Olimpo não é um bairro. Sim, Atena, a deusa da Sabedoria e blá, blá, blá, mas acima de tudo minha tia.  Minha vida era uma bagunça desde que eu nasci. Não podia sair de casa, não podia ver minhas amigas, não podia ver tv, não podia falar sequer no telefone. Eu era simplesmente reclusa da sociedade olimpiana, a única pessoa que eu conhecia era o tio Posseidon. Ele era um homem bronzeado, cabelos escuros e usava chinelos e calções de banho igual a surfista. É, eu sei sobre a vida lá fora. Minha tia sempre me fala da sociedade humana e seus problemas. Há alguns anos atrás ela me deu um globo mágico no qual eu podia ver o mundo humano e suas maravilhas: o hambúrguer, a estátua da liberdade, as pirâmides e outras coisas tão legais quanto. Já que eu nunca podia sair de casa, era minha única opção de ouvir a língua das pessoas.

- Tia, quando você acha que minha mãe vem me ver? - sentei-me ruidosamente numa das cadeiras do palácio enorme dela.

-Quando ela achar apropriado. - ela sussurrou. Claro, eu fui enrolada com essa porcaria de ‘quando ela achar apropriado’ durante um ano. Mas isso não ia ficar assim, não mesmo. Quer irritar minha tia? É muito simples. Arranje problema por uma coisa idiota com alguém idiota, tipo o namorado da minha mãe.

- Duvido que você quebre um desses vasos da minha tia. - abri meu sorriso diabólico que deixava as pessoas sem ar e disse isso para meu ‘pai’ Ares. Ele só abriu um sorriso correu. Só deu tempo de ouvir o barulho de uma das quinquilharias da minha tia caindo. Assobiou pelo ar e se espatifou em dois milhões de caquinhos. “Vê se aprende pivete” ele sussurrou no meu ouvido de leve e sentou do meu lado.

- Como você é mal. -  revirei os olhos e minha tia se materializou do meu lado, gritando: “ELLIE WALDORF O QUE VOCÊ ACHA QUE VOCÊ FEZ?” Ela  retrocedeu a queda do vaso, o materializando novamente. Acho que eu não vou precisar comprar super bonder.

- Foi ele. -  cutuquei Ares, quando de repente ele sumiu como fumaça. Droga. Eu odeio quando ele faz isso, eu me sinto tão infantil

- Ares quebrou o seu vaso favorito e blá, blá, blá. Quem se importa? Minha vida é uma porcaria, aposto que até a senhora tem uma vida melhor. - Revirei os olhos e dei de ombros. Seu braço passou em meus ombros.

- Já está tarde, se não voltarmos, sua mãe briga comigo.

- Não vou voltar. Eu não tenho nada, minha vida é pior do qualquer coisa e minha mãe me odeia. Além do mais, nunca conheci meu pai. - Tirei as mãos dela de mim.

- Ora, quem é essa Atena? -  Uma voz fria soou atrás de mim.

- Uma empregada, Hefesto. -  Atena sussurrou e puxou meu ombro até a saída do templo.

- Não, me solta tia. Oi seu Hefesto, acho que o senhor é o meu pai. Ou algo assim. -  Me virei e o fitei com um sorriso.