- Narração Magali –

Uma nova pessoa é isso que estou me tornando. Vou seguir os passos das garotas de filmes americanos, e o mais engraçado é que sempre as achei arrogantes. Eu não vou apenas ser a garota mais popular da escola, vou ser controladora e fria, saber os passos e as conversas de todos, ter olhos e ouvidos dentro da escola o tempo todo. Sim, eu vou ter a Denise de nova melhor amiga. E não é só de toda a escola que eu vou saber, mas também da vida pessoal da Mônica. Então você se pergunta como. E eu digo que quando a Mônica não tiver mais a mim para correr, ela vai para a Carmem, depois de um tempo elas viraram muito amigas. Então a Carmem vai repetir tudo para a Denise sem saber onde vai parar. A Denise por sua vez, vai repetir tudo pra mim, como um papagaio, eu vou ser a primeira a saber de tudo na escola, talvez na cidade. E com um esquema que eu nem me envolvo com nada, não aos olhos de quem vê de fora. O esquema é simples e perfeito, a não ser que a Carmem vacile e entregue o jogo. Então eu terei um plano de fuga que tenho que pensar rápido. Estou diferente, até minhas roupas estão. Vou com uma saia balone não muito curta, xadrez cinza com azul, uma sapatilha preta e uma baby look cinza com a Lady Gaga estampada em preto. Cadernos na mão e pronta psicologicamente para ir á escola.

_Mas filha, não vai nem tomar café? – Perguntou a minha mãe quando desci as escadas e fui direto em direção à porta. Neguei com a cabeça, mandei um beijo e sai. Ainda a ouvi cochichando com meu pai, alto o suficiente para que eu ouvisse da porta. – Estou preocupada com a Magali, ela poucas vezes recusou o café da manhã. – Eu soltei uma risadinha abafada. Estava de pé na calçada. Olhei pro lado e vi a Mônica saindo de casa e entrando no carro, me acenou e por sorte meu namorado chegou e eu fingi que não vi e o beijei.

_Oi amor, tá linda hoje. Pronta? – Afirmei com a cabeça. Meu namorado é o capitão do time de futebol da escola, logo depois que o Titi completou o 3ª ano, ele assumiu. Ele é descolado, popular, ótimo aluno e perfeito namorado. Cheguei na escola de mãos dadas com ele e mesmo assim recebi assovios.

_Aê Cascão, se deu bem! – Gritou um garoto que ele conhecia e respondeu com um sorriso safado e um beijinho em mim. Me levou até minha sala.

_Confia tanto em mim que teve de me trazer até minha sala? – Brinquei.

_Em você eu confio, não confio neles. – Ele disse e logo em seguida me deu um longo selinho. Tão longo que acabou virando beijo, até que o professor Rubens nos repreendeu dizendo que a escola não era lugar de namoro, depois disso só ouvi “blá, blá, blá”. Me sentei ao fundo da classe, o que normalmente não costumo fazer na aula de Ciências. Todos me olharam assustados e eu não estava nem ai. Quanto tocou o sinal para trocar de professor, me levantei e fui até o corredor. A Denise veio correndo.

_Amigaa, babado forte!

_Fala.

_O Pedro Henrique foi pego matando aula, tá na direção. A Marina e o DC estavam ficando lá atrás... – Nada de interessante. – A Mônica reclamou pra Carmem que você não tinha acenado de volta pra ela de manhã cedo. – Isso é bom, significa que ela já ta sentindo a minha falta. Mas o pior ainda nem começou e ainda dizem que ela é forte. Talvez só demonstre e seja por fora, porque por dentro ela é uma fraca que nunca aprendeu a dar a volta por cima. Os outros períodos passaram rápido e fomos para o intervalo. Denise veio aqui na minha sala e fomos para a cantina e sentamos na mesa dos populares, nessa mesa havia eu, Cascão, Do Contra, Denise, Fábio e a Marina. Não, Cebola não estava nessa lista. Depois dos 12 anos ele começou a se distancias do ex-grupinho e a passar tardes e tardes seguidas no PC. Enquanto íamos ficávamos cada vez mais populares , ele ficava cada vez mais nerd e excluído. Hoje em dia, raramente falo com ele e, uma vez por semana o Cascão vai até a casa dele tentar fazer ele voltar a ser amigo do Cas, mas o Cebola deixa? Não. E toda vez que o Cas vai lá, o Cebola o xinga de “Playboyzinho popular” e diz que nunca mais quer vê-lo. Acho que é inveja. Mônica veio até nós e parou enfrente a mesa.

_Oi gente, posso me sentar? – Eu e Denise sabíamos que a Mônica faria isso e planejamos o que faríamos. Denise é uma boa amiga e está me ajudando a ser como as “Bad girls” dos filmes.

_Acho que essa mesa não se encaixa mais pra você. – Olhe friamente dentro dos olhos dela. – Talvez aquela mesa se encaixe perfeitamente. – Apontei para a mesa dos fracassados. Eram pessoas que não se deram bem com nenhum grupo, então se juntaram e os dera o nome de “Fracassados”. Denise me olhou e sorriu, eu havia aprendido do jeito que ela me ensinara. Agora a noticia de que a Mônica tinha sido expulsa da mesa dos populares iria se espalhar “misteriosamente” pela escola. A Mônica havia ido se sentar na mesa dos subpopulares*, são pessoas que se destacaram uma vez e depois não foram mais populares. Carmem estava lá, mas não porque era uma subpopular, muito pelo contrário, ela estava lá para saber o que a Mônica iria falar.

_Mandou bem garota! – Denise disse, batemos as mãos e caímos na risada.

_Realmente já estava na hora disso acontecer, ela se encaixa bem melhor lá. – Disse a Marina. Sim, a Marina também virou uma bad girl, principalmente depois que o Franja se uniu ao Cebola e criaram um clube de nerds, então a Marina e o Franja brigaram e terminaram. Pedro Henrique também senta com a gente, ele é um garoto novo na escola que ficou popular rápido por ser bonito e jogar futebol. Ele tem cabelos pretos, olhos bem verdes, roupas sempre com estilo, corpo definido, embora o do Cascão seja mais. Haha. Não posso comparar o garoto mais gostoso da escola a outro qualquer. Principalmente quando esse garoto é o meu namorado.