Capitulo Dois

                           Conhecendo Uma Possível Inimiga

          Depois do termino do jogo dos Loros de Ouro, fui ao encontro de Nico. Tinha que falar com ele sobre aquela garota, a Heide. Como assim nova diretora de atividades? Deusa? Filha de Hades e Perséfone?

          - Oi Percy. –disse Nico, sem emoção.

          - Oi Nico... Hum... Posso te fazer uma pergunta?

          - É claro, você já me fez uma, não é?

          - Acho que sim, bem... A Heide é mesmo uma Deusa e... Filha de Hades e Perséfone?

          - Sim. Sabe, no início eu não gostei muito dela, mas ela é legal.-ele disse olhando para Heide.

          - Mas como eles podem ter uma filha se ainda no ano passado eles não tinham nenhuma?

          - Pode não parecer, mas ela tem oitenta e nove anos. Meu Pai e Perséfone a deixaram em um santuário, que construíram para ela. Não me pergunte o porquê.

          - Nossa. Mas ela é Deusa de que?

          - Deusa das mudanças, protetora da natureza e dos heróis.

          - Espera um pouco, - começou Annabeth, que nem tinha percebido ao meu lado – se ela é deusa dos heróis, então quer dizer que o Acampamento pertence a ela.

          - Basicamente... Sim –respondeu Nico.

          - Por que Quiron teve de ir ao Olímpo? Pensei que ele não podia entrar lá. –falei confuso.

          - Mas você está se esquecendo que ele não pode entrar sem ser convidado por um olimpiano. E, neste caso, Sr. D. o convidou. –disse Annabeth, como se isso fosse obvio.

          - Ah, agora me sinto bem melhor, sabendo que ele é raramente convidado, o que provavelmente quer dizer que tem alguma coisa errada no Olímpo, sendo que nós acabamos de salvar ele!

          - Não estressa, cara. –disse Nico, tentando me acalmar.

          - É, acalme-se. Eu acabei de voltar do Olímpo, e não tem nada de errado.

          - Pode até não ter nada errado, mas eu sinto que logo vai ter.

          - Agourento. – sussurrou Nico.

          - Engraçadinho.

          E eu fiquei o resto da tarde no meu chalé, o número 3,pensando. Na primeira vez que alguém substituiu Quiron, minha vida foi um inferno. Tântalo foi um inútil que quase destruiu o Acampamento, só por que não gostava de mim e não me deixou ir procurar o Velocino de Ouro. E na outra vez foi Quintos. Ele era legal, a não ser pelo fato de ele ser Dédalo e haver entregado o fio de Ariadne para Luke.

          Mas não era apenas por isso que Heide iria ser igual, não é?

          Arrumei minhas coisas no chalé e me deitei pensando no meu ultimo ano. Estava torcendo para ter uma nova missão; estava cansado de ficar parado. Mas de preferência uma missão em que eu não fosse o “líder”.

          Pensando muito, acabei percebendo uma coisa. Neste ultimo ano não tive nem um único sonho. Nenhum esquisito, pelo menos. Sabe, para meio-sangues normalmente os sonhos tem um significado, ou mostra o passado, presente, futuro... Bem, acho que tenho mesmo muita sorte de não ter sido atacado, ou muito azarado por tudo estar guardado para o futuro.

          Ouvi o chamar para o jantar, e quando sai do chalé, me deparei com Grover.

          - Perrrrrcy! –baliu ele, me dando um abraço.

          - Super G! Há quanto tempo! Pensei que você não estaria aqui.

          - Ah, é que eu estava na floresta com Junipher. –ele corou ao dizer isto.

          Nós seguimos para o refeitório, e encontramos Annabeth no caminho.

          - Oi, Grover. –disse ela dando um abraço nele.

          Assim seguimos tranqüilamente para o refeitório.

          Chegamos lá e a primeira coisa que percebi foi Rachel conversando animadamente com Heide na mesa principal. Ela olhou para mim e sorriu, acenando. Sorri discretamente, e Rachel veio em nossa direção e deu um braço em Annabeth.

          - Oi! –disse ela animadamente para nós três.

          - Oi Rachel! –disse sem animação.

          - Nossa, vocês estão tão pra baixo... –disse Heide ao lado da Rachel.

         Nós nos olhamos. Realmente, Grover e Annabeth estavam com uma cara muito desanimada. Com certeza a minha estava igual.

          -Hum, deixa pra lá. Grover, Quiron me pediu para avisar a você para mandar uma mensagem de Íris para ele logo após o jantar. –disse Heide, pela primeira vez séria.

          - Hum, tudo bem.

          Parecia assunto serio, para deixar até a doida da Deusa séria.

          Após colocar minha comida, fui até o braseiro e joguei uma parte no fogo.

          - Poseidon.-sussurrei.

          A fumaça subiu com um cheiro bom, doce e salgado ao mesmo tempo, com cheiros que normalmente não combinariam.

          Eu comi tranqüilamente, até que ouvi um barulho na mesa principal. Era Heide, chamando a nossa atenção.

          - Bem, gostaria de avisar que na sexta-feira teremos Caça a Bandeira, mas este terá regras diferentes, apenas para ficar mais interessante. –foi apenas ela dizer aquilo e começou o burburinho de todos que estavam no refeitório – e queria dar boas vindas aos novos campistas, Alan e Karen Nierman.

          Ela apontou para os dois. Eles estavam sentado na mesa de Hermes, e pareciam ser irmãos gêmeos. Ambos pareciam ter 14 anos, tinham cabelos loiros e olhos verdes. Quando perceberam que todos olhavam para eles, eles coraram e sorriram para todos. Aposto que eram filhos de Afrodite.

          Assim, todos fomos para a fogueira, mas eu não conversei com ninguém, nem mesmo Annabeth. Eu estava preocupado com alguma coisa, que nem mesmo eu sabia o que era. Mas, assim que acabou a cantoria guiada pelo chalé de Apolo, fui dormir.

          No meu sonho, eu estava em um lugar que conhecia muito bem, mas estava diferente. Onde havia uma ‘ponte’ de pedra, agora havia uma estrada de mármore, e onde da ultima vez estava tudo caindo aos pedaços, agora estava reformado com o Maximo de graciosidade. Annabeth havia feito um trabalho prefeito no Olímpo.

          Andei até o palácio onde havia doze trono, um para cada Deus, e lá estavam sentados todos os Deuses, cada qual em seu trono, e pareciam preocupados.

          - Se alguém o encontrar poderá decidir o destino do mundo inteiro. –disse Afrodite, parecendo muito preocupada.

          - Concordo com Afrodite. É muito arriscado deixa-lo desaparecido, enquanto a procuram. –disse Zeus, sem emoção.

          - Mas nós não podemos ir lá. Eles irão sentir nossa presença, e não assim não daria nem para saber quem está tentando encontra-lo.-argumentou Atena- Além disso, nem nós sabemos onde ele está.

          - Concordo com Atena. –Hades falou. Nem havia percebido ele ali.

          - Mas então, quem nós mandaremos? –perguntou Apolo.

          - Vamos pedir para Heide... –começou Zeus, mas meu sonho foi se desmanchando em névoa.

          Eu acordei, e estava escuro. O que havia sumido? O que ele ira pedir para Heide? Havia alguma coisa muito errada. Mas o que?

          Eu estava me sentindo muito agitado para dormir, então fui dar uma volta na praia.

          Ela estava calma, suas ondas banhavam a areia graciosamente, cheguei mais perto da água, até ela chegar aos meus joelhos.

          - Lindo o oceano, não? Tão profundo, longínquo... –disse uma voz suave, que reconheci de imediato.

          Virei-me lentamente e encarei seu rosto.

          - Oi. –disse amargamente.

          - Sabe, tenho a impressão de que não gosta de mim. –disse Heide, sem emoção.

          - Sério? –disse inocentemente.

          Ela sorriu docemente disse com sarcasmo:

          - Sério. Apenas não entendo o por que.

          - Pois nem eu... –sussurrei.

          - Mas tudo bem. Todos são assim. Quando acabam de ma conhecer, ninguém gosta de mim. Depois de um tempo se acostumam. Acho que essa característica ganhei do meu Pai. –ela riu com esse pensamento.

           - Por que eu tenho a impressão de que tudo o que você fala para todos é apenas para agrada-los?

          - Nossa, nunca percebi isso. –disse pensativa.

          - Tenho uma curiosidade... Por que uma de suas...É...”Funções” como Deusa é deusa dos Heróis?

          - Bom, quando você se torna um Deus ou Deusa, você recebe três funções: uma é a necessidade, a outra um presente de uma padrinho ou madrinha, que no meu caso é Hecáte. O outro é um merecimento. Eu ganhei dela o poder das mudanças. O merecimento foi a proteção da natureza. E a necessidade foi, meio que a representação dos heróis. Sabe, era para outra pessoa representa-los. Mas ela não pode. E esta função, como você diz, precisava de um deus, ou deusa, por que estava ficando meio difícil as coisas. Então, quando me nomearam finalmente uma Deusa o conselho me concebeu esta função.

          Nossa, ela dizia tudo tão calma...

          - Eu não sou sempre calma assim. Torça para que você nunca consiga me irritar. Ou você vai ver que perto de mim Hades é uma gracinha nervoso.

          Ela deu um sorriso maligno e retornou para o Acampamento.

          E então fiquei o resto da noite lá, pensando. Mas não no meu sonho ou na minha conversa com Heide. E sim em Annabeth. No nosso namoro.

          Foi neste momento que me lembrei de uma coisa: sexta-feira era meu aniversario de dezessete anos. E também aniversario de namoro de um ano com Annabeth. Como eu podia ter me esquecido daquilo?

          Sai correndo em direção á Casa Grande. Precisava de uma ajuda especial.