O Lírico que Reside em Teu Olhar escrita por SlipperySanity


Capítulo 1
Celeuma Silente


Notas iniciais do capítulo

A estória apresenta uma relação Hyuugacest situada após a derrota de Hinata por Pain. Sim, os fatos são mudados um pouco, porém não chega a ser um UA impulsivo. Qualquer observação contra; se algo não lhe agrada em incesto, por favor, retire-se. Comentários ofensivos não serão tolerados. Estão alertados desde cá, sem apologias. Fundamentado principalmente numa breve lembrança que envolve Talita, antiga — bem antiga — colega. Em homenagem a ela.



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O lírico que reside em teu olhar,

por

Slippery Sanity

Julho, 15 2010

 

 

 

 

 

Celeuma Silente


  O corpo pousava suavemente na terra seca; sob uma tenda estrategicamente erguida, cílios farfalharam levemente e orbes perolados mostraram sua beleza à natureza morta. Ela os apertou, tentando atualizar seus pensamentos. "Onde estou? Naruto...", ela mentalizou a imagem do garoto louro perfurado pelas estacas de chakra, apertando sua mão contra o solo duro. "Eu não consegui, Naruto-kun. Me perdoe."

 

  — Guarde seus ressentimentos, Hinata-sama — a fala fria soou ao além, ecoando como se estivesse dentro de sua cabeça.

 

  Ela virou-se e a imagem embaçada deu lugar às costas de um rapaz. Não, um homem; um homem com seus cabelos longos esvoaçando conforme a brisa lhe cumprimentava.

 

  Ela perguntou-se como ele percebera. Como ele estava lá? Por que estava lá? Ela seria tão óbvia, tão estupidamente óbvia para seu primo subjugar-lhe desta forma?

 

  — Neji — ela dispensou os títulos, sua voz soando mais frágil do que pretendia —, o que aconteceu?

 

¹ Your love is magical, that's how I feel

But I have not the words here to explain

Gone is the grace for expressions of passion


  Ele a olhou por cima dos ombros, a intensidade quase fazendo-a recuar. Hinata tremeu. Ela tinha medo.

 

  — Você quer saber se Naruto morreu?

 

  O escárnio era evidente. Ele quis sorrir. Era fácil ultrapassar as barreiras que ela erguia pela metade. Neji virou-se completamente, o vento agora num ângulo que fazia suas madeixas picarem-lhe o rosto; percebeu como ela retesou-se, o corpo tenso, a mente vagueando pelos possíveis estragos que a guerra faria — muitos deles realizados. Percebendo que a resposta não viria, ele completou:

 

  — Não.

 

  "Infelizmente."

 

  Viu como seus olhos brilharam e um leve rubor apossou-se de sua face. "Merda", xingou para si mesmo.

 

  A boca da garota curvou-se num esmaecer pálido e perdeu-se emaranhado entre dentes e felicidade contida. Simples, certeiro: Neji estava fisgado.

 

  Irônico como ele estava sempre procurando uma forma de manipulá-la e, com um simples sorriso, um ingênuo e cintilante sorriso, ele era desarmado.

 

But there are worlds and worlds of ways to explain

To tell you how I feel

But I am speechless, speechless


  Hinata, apreensiva, conteu-se com uma lagrima — não, eram muitas delas: um rio de lágrimas doces. Segurando-se para não gemer ao estalar de braços feito após mover-se bruscamente, ela tentou levantar-se e cambaleou.

 

  Seus olhos fecharam-se, os joelhos cederam e ela sucumbiu à dor que a possuía enquanto caía... a dor que nunca chegou, o baque que nunca ressoou. Braços fortes fecharam-se ao longo de sua cintura e fios de cabelo confortaram sua testa úmida.

  Ela abriu os olhos e deparou-se com uma imensidão de lilás. Um mar, um horizonte. A música silenciosa que os anjos tocavam ao longe, enquanto o Sol descansava detrás montanhas e coloria o céu num degradê laranja. O ruído feito por passos distantes; a sensação de torpor que estremecia suas pernas e confundia seus apotegmas.

 

  Hinata sentiu quando o zéfiro serpenteou entre suas vestes e as meneou, trazendo consigo o canto dos pássaros.

 

  — Neji-niisan...

 

  O mais velho apreciou o momento, botando dois dedos ao encontro dos lábios rosados. Ele oscilou a cabeça, encarando-a diretamente. Quatro pérolas recíprocas. Duas bocas. Duas bocas tão longínquas...

 

  Beijaram-se.

 

That's how you make me feel

Though I'm with you I am far away and nothing is for real

When I'm with you I am lost for words, I don't know what to say


  Nada mais importava. Não havia uma guerra rolando lona afora. Guerra, que guerra? Lábios... oh, sim, lábios... eles preocupavam-lhe, inchados, acariciados por línguas sedentas.

 

  Neji era submisso. Ele, e não ela. Não deveria ser assim, mas o mundo não era justo. Nunca foi, nunca seria.

 

  Sabe o que?

 

  Ele preferia assim.

 

Helpless and hopeless, that's how I feel inside

 

 



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Notas finais do capítulo

¹ — A música é Speechless — Michael Jackson. Em homenagem ao aniversário; um ano da morte do Rei do Pop. Coincidentemente, a letra desta canção combinou perfeitamente com a estória e eu resolvi introduzi-la. Receio que não tenha ficado esteticamente agradável.

O texto ficou curto, desculpem-me.