Capitulo 1

         -Rápido pela escada!-disse o professor enquanto tentava segura-los.

Corri o máximo que pude até chegar junto com outros alunos ao telhado. Esperamos o máximo possível para que o professor chegasse, mas após alguns segundos apenas ouvimos seu grito de dor. Eu e mais quatro pessoas nos trancamos no telhado e esperamos a situação acalmar.

         Todos estavam assustados e não conseguiam entender como a situação chegara a esse ponto. Nós apenas viemos para escola como sempre... Mas por quê? Por que aquilo teve que acontecer com agente?

         - HAHAHAHAHAHAHAHA! Já sei! Já sei de tudo! Isso é um sonho! -disse Hajime aluno do primeiro ano C. - Nenhum de vocês é real, nem essa situação ridícula de filme de terror é.

         - Hajime se acalme. Ficar nervoso não vai adiantar em nada! - Falou Aika do primeiro C também.

         - Cala boca! Eu irei acabar com essa merda de sonho agora mesmo! - disse ele tomando distancia da parede.

         - HAJIME, NÃO!

Mas já era tarde, ele já havia batido de cabeça na parede. Aika tentou para o sangramento, mas a força foi tanta que já não havia nada o que se fazer.

         -Hajime... Hajime... Hajime! Não morra Hajime!

         - Desista Aika. Ele já esta morto. - disse Masahiro do segundo ano A enquanto a abraçava.

         Fiquei a olhar a cena do garoto morto no chão e a amiga desesperada. Pensei: Como as coisas tinham chagado aquele ponto? Até hoje de manha tudo parecia normal... Por quê?

The Dead Day

            Meu nome Daisuke Yuudai. Nasci em Tókio, mas atualmente vivo e estudo em Kyoto. Estou no segundo ano classe B do ensino médio. A vida aqui é calma e um tanto quanto simples. Meus pais são embaixadores, então, raramente estão em casa. É como se eu vivesse sozinho.

            Hoje como todos os dias eu estava me arrumando para ir à escola, mas tive um pressentimento como se não devesse sair de casa. Resolvi ignora-lo e acabei indo. Como a escola é perto de casa, peguei minha bicicleta e sai.

            No caminho fiquei admirando as cerejeiras desabrochando no parque. Para mim era a melhor época do ano, tudo parecia tão lindo que me esqueci de prestar atenção no caminho. Quando notei estava batendo com a bicicleta em um caminhão parado.

            - Ai minha cabeça... -disse enquanto levantava.

            - Ah Daisuke é você. Esta tudo bem? - disse Albert saindo do caminhão. Albert era um imigrante americano que veio para o Japão viver com a família uma vida tranqüila diferente do que ele poderia achar nos estados unidos.

            - Ah Albert desculpe. Fiquei olhando as cerejeiras e me esqueci de prestar atenção na estrada.

            - Você e essa mania idiota... Devia parar de ficar admirando árvores. Um dia você será atropelado.

            - Haha, não diga isso Albert, elas são lindas.

            - De qualquer jeito, está tudo bem com você?

            - Sim. Não me machuquei. -disse enquanto levantava a bicicleta.

            - Bem, se eu fosse você me apressaria... As aulas já vão começar.

            - Ah droga! Faltam três minutos! Até mais Albert.

            - Até Daisuke e tome cuidado no caminho.

            - Tomarei!

            Subi na bicicleta e comecei a pedalar mais rápido, eu tinha perdido muito tempo admirando as cerejeiras que quase me esqueci do horário.

            Após alguns minutos consegui chegar à escola. O sinal havia acabado de tocar então corri o máximo que pude para sala de aula. Mas quando cheguei o professor já havia começado a aula.

            - Droga... Cheguei atrasado...

            A classe inteira começou a rir e o professor que estava a escrever no quadro virou-se e falou:

            - Atrasado novamente Daisuke...

            - Desculpa professor.

            - Alguma desculpa dessa vez ou você ficou simplesmente admirando as arvores?

            - Erm... Sobre isso... - Disse eu sorrindo sem saber o que fazer no momento.

            A classe novamente começou a rir e o professor sem saber o que fazer falou.

            - Vocês crianças... Rápido, sente-se e não incomode mais minha aula.

            - Muito obrigado. - agradeci enquanto ia a meu lugar.

            O resto da aula foi como em todos os dias, mas eu não consegui prestar atenção nela então fiquei olhando para o pátio do lado de fora da classe até que o sinal bateu. Levantei-me e fui para a cantina comprar algo para comer.

            Chegando à cantina, todos estavam como sempre, alegres e conversando. Não fiquei muito tempo lá porque aquele barulho todo de certo modo me incomodava, então peguei meu lanche e fui para o telhado, um dos poucos lugares calmos da escola.

            - Então é aqui que você se escondeu Daisuke! - disse Azami Mika da minha classe e uma grande amiga de infância.

            - Onde mais estaria, Azami?

            - Seu anti-social. -disse ela se aproximando de mim. - Como espera arrumar uma namorada desse jeito?

            - Não enche...

            - Bem... De qualquer jeito, eu vim aqui me despedir.

            - Se despedir?

            - Esqueceu? Recebi uma bolsa de estudos para os estado unidos.

            - Verdade... Boa sorte e boa viagem Azami. - disse a abraçando.

            - Obrigada Daisuke, sentirei saudades e vê se não se esquece de escrever. - disse ela enquanto saia.

            Sentia-me contente por ela, porem um pouco triste por ver minha amiga de tanto tempo indo embora assim. Agora eu realmente estava sozinho, já que eu sou uma pessoa de poucos amigos ela era a única com quem podia compartilhar meus pensamentos e passar um bom tempo... Bem, mas não adianta pensar nisso. Agora ela já esta a caminho do aeroporto.

            Fiquei mais um tempo no telhado até o sinal bater. Eu fiquei pensando se iria ou não para as aulas... No fim acabei adormecendo no telhado.

            Após algumas horas acordei com uma folha de cerejeira caindo em minha cara.

            - Droga... Acho que dormi demais. -disse enquanto levantava.

            - Realmente, você dormiu por muito tempo, achei que estava morto. - disse uma voz feminina vinda da porta do terraço.

            Eu imediatamente levantei assustado com a voz, mas quando olhei vi pelo uniforme que era um dos alunos do período da tarde.

            - Você ficou me observando?

            - Não diria bem observando. É que eu não tinha muito que fazer na classe então vim para o telhado e te encontrei aqui dormindo.

            - Entendo... Que horas são agora?- perguntei enquanto esfregava os olhos.

            - Já são 15h30min.

            - Droga... Eu caí no sono eram 09h45min... Preciso voltar para casa.

            - Se eu fosse você esperava um pouco, ainda estamos no meio do período de tarde. Se você, um aluno do período de manha, sair às coisas vão ficar feias.

            - Você tem razão... Muito obrigado... Erm... Qual seu nome mesmo?

            - Ah quase me esqueci de me apresentar! Sou Aika do primeiro ano C.

            Fiquei mais algum tempo no telhado a conversar com ela até que duas pessoas entraram no terraço. Eram alunos do período de tarde também.

            - Aika, onde você esteve? Ficamos preocupados. - disse um garoto que parecia ser do primeiro ano também.

            - Ah Hajime! Eu me cansei das aulas e vim ficar um pouco no telhado.

            - O professor Mitsuru vai ficar bravo com você... A propósito, quem é esse? -disse ele virando-se pra mim.

            -Ele é um amigo que conheci agora, ele se chama Daisuke ele é do segundo ano do período de manha.

            - O que um aluno do período de manha faz aqui há essa hora?- disse o outro garoto que parecia ser do segundo ano.

            - Bem, eu acabei adormecendo aqui de manha e só acordei agora.

            - Entendo... Prazer sou Masahiro Yuri do segundo ano A.

            - E eu sou Hajime Matsuoka do primeiro ano C     

            - Sou Daisuke Yuudai do segundo ano B, prazer em conhecê-los.

            - Agora que já nos apresentamos, dava pra me dizer o que os dois fazem aqui?- Perguntou Aika.

            - Que jeito de receber os amigos hein... -disse Hajime - Nós viemos aqui procurar por você, as aulas já vão acabar e não vimos nenhum sinal seu desde a aula de matemática.

            Nesse instante ouvimos um anuncio nos altos falantes, todos os alunos estavam a ser convocados para a sala de reuniões.

            - Droga, o que eu vou fazer? Se eu aparecer lá assim, vão notar que sou aluno do período de manha. Eu estarei em apuros, mas se eu não aparecer posso perder algo importante...

            - Tome. -disse Masahiro enquanto tirava uma roupa da mochila – É meu uniforme de educação física, mas creio que ira servir em você e ninguém perceberá.

            - Obrigado - disse enquanto ia para trás da caixa de água me vestir.

            - Estamos indo na frente Daisuke. - disse Aika enquanto se retirava com os outros dois.

            Terminando de me vestir corri para o salão de reuniões onde todos estavam se reunindo. Procurei meus novos amigos até que os achei.

            - O aviso já começou?

            - Vai começar agora. - disse Masahiro

            Os recados dados não foram nada demais, eles falaram sobre novos preços na cantina. A introdução de novos clubes como de robótica e de arco e outras besteiras.

            - Que chatice. - resmungou Hajime.

            - De quem foi à maldita idéia de vir até aqui mesmo?- resmungou Aika

            - Nós fomos obrigados a vir aqui, esqueceram?- disse Masahiro

            No instante em que ele terminou de falar ouvimos batidas consecutivas e selvagens na porta do auditório. O salão inteiro ficou em silencio ouvindo as batidas agressivas e uma voz pedindo socorro, desesperada.

            - O que é essa bagunça toda?- perguntou o professor que estava no palco.

            Ele e mais alguns professores e funcionários se aproximaram da porta, mas antes de conseguirem chegar, os gritos de socorro foram substituídos por gritos de dor e agonia seguidos de pedidos de piedade.

            Os professores e funcionários correram para socorrê-lo, mas ao abrir as portas encontraram apenas o cadáver de um mendigo mutilado e ensangüentado.

            - Mas que porcaria é essa... - disse o professor de educação física com um tom de nojo em sua voz.

            - Olhem. - disse a professora de ciências enquanto apontava para o que parecia ser um homem que estava se retirando.

            - Olhe a trilha de sangue, leva até ele. - disso o professor de Educação física.

            - Vamos atrás dele então. - disse o professor de física correndo atraz do homem.

            - Esperem! -Gritei.

            Todos pararam e começaram a me olhar.

            - O que foi criança? Não vê que estamos ocupados com algo sério?

            - Os passos daquele homem não parecem normais...

            - E no que isso importa? Ele é suspeito de um assassinato.

            - Mas...

            - Calado criança. Agora não é à hora certa para se fazer brincadeiras. Vamos - Disse o professor de física levando os outros professores com ele.

            Quando os professores se aproximaram do homem, ele começou a agir mais estranho ainda. Ele começou a cheirar a professora de ciências até que pulou sobre o pescoço dela e a mordeu.

            Todos os professores e alunos ficaram pasmos enquanto ouviam a professora gritando desesperada “Socorro, tirem ele de cima de mim! AHHHHHHHHHH”.

            Os alunos começaram a gritar em pânico e os professores começaram a voltar todos enquanto o homem continuava a comer a professora. Quando eles voltaram ao salão barricaram as porta e pediram que os alunos se acalmassem.

            Apesar de estarmos barricados, o pânico continuou. Ninguém sabia o que era aquilo e porque aquilo aconteceu. Todos tentaram ligar para os bombeiros e para policia, mas a única resposta que conseguíamos era “O numero discado encontra-se muito ocupado, tente ligar novamente em alguns minutos”.

            - Alunos. Devido ao incidente pedimos que esperem aqui até as coisas se acalmarem. Para podermos passar a noite aqui peço que reúnam todos os alimentos que tem com vocês aqui no palco, por favor.

            - Professor. - disse um aluno se levantando. - Liguei para meus pais agora e eles dizem que a cidade esta sendo atacada por monstros, mais provavelmente zumbis... Isso é verdade?

            -O que é isso criança? Todos nos sabemos que essa coisa de zumbi não existe. Agora se apressem e reúnam toda a comida aqui na frente.

            Ao terminar a frase, uma criatura caiu do telhado em cima do professor e começou a atacá-lo.

            Todos começaram a gritar e abriram a porta do auditório. Mas ao fazer isso, nos deparamos com várias pessoas que pareciam agir do mesmo modo que as que haviam atacado até agora. Elas, ao nos ver, começaram a atacar e a matar todos que viam pela frente.

            - Vamos crianças. - disse o professor de geometria guiando eu, Masahiro, Hajime, Aika e mais alguns alunos.

            Nós corremos o máximo que conseguimos para outro lugar, mas a escola inteira já parecia estar invadida por eles. Nós resolvemos nos refugiar no telhado, mas os outros resolveram sair da escola.

            Quando entramos no colégio onde havia mais deles nos esperando. O professor pegou uma cadeira e começou a lutar.

         -Rápido pela escada!-disse o professor enquanto tentava segura-los.

E agora estamos nessa situação...

         - Precisamos fazer algo. - disse enquanto me recompunha.

         - Ficaremos aqui e esperaremos por socorro. -disse Masahiro.

         - Não sobreviveremos por muito tempo sem comida.

         - Daremos um jeito, mas não sairemos daqui.

         - Prefere sentar e esperar que eles arrombem a porta?

         - Não, mas não podemos ir lá fora... Estou com medo deles.

         - Então fiquem. Eu irei procurar alimento e ajuda.

         - Ainda acho que você não devia ir...

         - Não se preocupe comigo, apenas se mantenha vivo até eu voltar.

         Fui até a caixa de água, arranquei um pedaço de cano e sai do térreo para ir até o refeitório.

            A escola ainda estava muito barulhenta, diversas pessoas ainda tentavam fugir ou lutar. Antes de chagar no refeitório, vi duas pessoas pulando do mesmo lugar onde havia deixado Masahiro e Aika... Eles não haviam agüentado. Continuei meu caminho o mais rápido que pude até chegar à cozinha da escola onde comecei a me barricar até que finalmente descansei.

            - Droga... Droga... Droga! - repeti para mim mesmo.

            Não conseguia me perdoar por ter deixado meus novos amigos morrerem daquele jeito patético. Fiquei a chorar lá pelo resto da tarde até que decidi começar a juntar coisas para minha partida no dia seguinte. Para onde eu iria? Não sei, apenas sei que não pretendia continuar naquele lugar esperando minha morte sem ao menos lutar.

            Peguei meu celular e tentei ligar para meus pais... Ninguém atendia no hotel. Depois tentei ligar para a Azami. Mas seu celular estava desligado.

            - Droga. -repeti. - Parece que estou por minha conta.

            Os alto falantes da escola voltaram a funcionar. Era uma mensagem automática deixada por um aluno.

            “A todos os sobreviventes que estão ouvindo essa mensagem. Nossa escola foi invadida por essas criaturas sem identidade. Eles não têm mais consciência humana nem sentimentos então evitem qualquer contato com eles. Caso os encontrem, matem eles com um golpe certeiro na cabeça e tenham certeza de que estão mortos. Eles reagem ao barulho, então evitem ao máximo fazer qualquer ruído, pois isso pode fazê-los ir em sua direção. Acho que não há mais nada a se falar sobre essas criaturas sem nome... De qualquer jeito, a todos os sobreviventes, eu e mais um grupo de alunos iremos para o estacionamento pegar veículos, todos que quiserem partir devem nos encontrar lá amanha as 11h30min...Desejo boa sorte a todos vocês e rezo para que não morram”. E a mensagem se repetiu constantemente o resto do dia.

            Fiquei a pensar se iria com eles ou não... Mas eu tinha alguma escolha?

            Resolvi começar a arrumar mantimentos e a improvisar armas para partir ao amanhecer do dia seguinte. Enquanto arrumava me lembrei de como havia me sentido de manha e repeti para mim mesmo.

            - Sabia que não devia ter saído de casa hoje...

Chapter 1 – The Dead Day- END