Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 37
Rússia?


Notas iniciais do capítulo

N/A: Aqui estoy yo! Então, sem qualquer delonga, aproveitem o capítulo. Ele está pequeno e please, não me matem pelo final! Beijos e até o próximo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/82969/chapter/37

Capítulo 37- Rússia?

Voltar às aulas não tinha sido tão fácil quanto eu imaginava que seria. Edward estava certo: era impossível não perceber os olhares ou ouvir os cochichos em todo lugar onde eu passava. Mais uma vez eu era novidade naquela escola e mais uma vez eu era o assunto naqueles corredores. A diferença era que agora eles não mais especulavam quem eu era e sim como estaria minha relação com o Edward. Tanta coisa acontecendo nesse mundo e minha vida amorosa era o tema principal das fofocas.

"Oi!" Edward apareceu na minha frente e o silêncio no corredor foi quase imediato.

"Oi" Sorri antes de beijá-lo.

"Retorno difícil?" Ele perguntou ao notar minha expressão.

"Você nem imagina." Suspirei. Andamos juntos pelos corredores, com cada olhar cravado em nós.

"Bella!" Angela sorriu assim que entrei na sala.

"Oi, Angela."

"Que bom que você voltou, estava morrendo de saudades." Ela disse me abraçando.

"Eu também." Sorri. "Oi, Ben."

"Oi..." Ele respondeu timidamente.

"Oi Bella!" Mike apareceu, atrapalhando meu início de conversa com o Ben.

"Mike!" Respondi o cumprimento.

"Será que podemos conversar?" Ele pediu, indicando que queria conversar comigo do lado de fora da sala.

"O que você quer?" Disparei assim que chegamos ao lado de fora.

"Eu queria me desculpar pela forma que eu agi." Ele sorriu um sorriso amarelo.

"Tudo bem." Encolhi os ombros.

"Sério mesmo?" Ele me encarou surpreso, quase sem acreditar no que eu tinha acabado de dizer.

"Mike, eu posso te perdoar, mas isso não vai mudar o fato de você ter sido um verdadeiro babaca. E no que depender de mim, eu não vou querer te ver nem pintado de ouro." Eu me considerava uma pessoa bastante razoável e conseguia perdoar e entender muitas coisas nesse mundo, mas a violência e a intolerância gratuita não era uma delas. Só de lembrar em como o Edward ficou ao ouvir as idiotices que Mike e James tinham falado... Eu tinha vontade de socá-lo. Pra dizer o mínimo.

"Mas..." Mike tentou balbuciar alguma coisa, mas ele pareceu perder a habilidade de se comunicar.

"Com licença, que eu preciso voltar para aula." Passei por ele e fui direto para o meu lugar ao lado do Edward. Eu não era uma pessoa de guardar ressentimentos e eu realmente esperava que o Mike aprendesse alguma coisa com tudo isso que ele passou e amadurecesse um pouco.

Os minutos foram se passando e nada do professor chegar. Quando o relógio marcava o fim da primeira aula, o diretor veio avisar que o professor estava doente e que por isso não viria à aula.

"Que sorte a minha. É primeiro dia de aula, e o professor não vem." Lamentei.

"A maioria das pessoas acharia isso uma coisa boa." Edward apontou.

"Eu sei, mas eu estava com saudades de estudar." Talvez a saudade não fosse propriamente de estudar, mas sim da música, da rotina escolar, daquela cidade. De Edward...

"Quer ir embora?" Ele perguntou.

"E matar o resto das aulas?" Arqueei uma sobrancelha, completamente tentada por aquele convite.

"É." Ele assentiu.

"Ok. Só vou pegar meu material." Avisei e sai em direção ao meu armário.

Quando voltei, Edward não estava mais sozinho. Tanya estava com ele. Respirei fundo, enquanto andava lentamente em direção a eles. Eu precisava ser racional com relação a tudo aquilo. Eu tinha plena consciência de que parte da culpa por aquela reconciliação era minha. Se eu não tivesse ido embora, o que criou a oportunidade perfeita para Tanya, talvez essa reaproximação nunca acontecesse. Mas o fato é que ela tinha acontecido e agora eu precisava lidar com isso.

"Oi." Cumprimentei-a com o melhor sorriso que consegui colocar no rosto.

"Oi." Ela sorriu; visivelmente desconcertada quando me viu. "Eu não sabia que você tinha voltado."

"Pois é, voltei para ficar." Eu não tinha a intenção de marcar território nem nada parecido, mas ela precisava saber que a minha permanência não ia ser passageira.

"Que bom." Ela sorriu, e eu não consegui dizer se era um sorriso sincero ou não.

"Vamos?" Edward chamou.

"Vocês vão embora?" Ela franziu o cenho.

"O Edward quer matar aula comigo." Respondi, pegando a mão que ele me oferecia.

"Tchau." Ela se despediu.

"Tchau." Dissemos; já nos afastando.

Andamos em silêncio pelo estacionamento. Sinceramente, eu não sei se aguentaria qualquer sermão do Edward sobre como eu deveria tratar Tanya ou qualquer coisa do tipo. O estacionamento estava cheio e por isso eu demorei um pouco para chegar até a minha caminhonete. Eu estava prestes a abrir a porta, quando Edward me prensou contra ela, colando seus lábios nos meus no instante seguinte. Ele nunca tinha me beijado daquele jeito, tão ardente, tão urgente.

"O que foi isso?" Perguntei ofegante.

"Você fica linda quando está com ciúmes." Ele disse com seu sorriso torto. E tudo o que pude fazer foi revirar meus olhos diante daquele comentário. "Não revire os olhos para mim." Brigou.

"O que você quer fazer?" Perguntei.

"Que tal irmos ao shopping? É o que os casais de namorados fazem, não é?" Confesso que aquela escolha me surpreendeu. Eu não conseguia imaginar Edward passeando em um shopping.

"É, mas nós não somos do tipo convencional." Observei.

"Mas por hoje nós seremos." Ele decidiu.

O shopping estava um verdadeiro deserto. Lógico que o fato de ser uma manhã de segunda-feira explicava esse fenômeno. Nessa calmaria, era até possível apreciar a beleza das vitrines e da decoração do local. Tentei não me lembrar da última vez que eu estive ali. Eu não poderia pensar na Alice naquele momento.

"O que você quer fazer?" Edward perguntou.

"Eu não sou fã de shoppings, então deixo isso para você."

"Que tal comprar um vestido para o baile?" Ele sugeriu.

"Que baile?" Franzi o cenho.

"O de formatura." Ele explicou. Certo, eu tinha me esquecido desse rito de tortura, digo, de passagem.

"Sem chance. Vocês já me obrigaram a ir a dois bailes." Lembrei.

"No primeiro você não foi porque você saiu com Aquele-que-não-deve-ser-mencionado." Ele sorriu diante da própria piada.

"Lorde Voldemort é um anjo comparado ao James." Na atual situação, eu teria preferido sair com o Voldemort a ver James. "Mas mesmo assim, eu não gosto de dançar. E sem contar que eu fui parar no hospital naquele baile do seu pai."

"Aquele dia foi bem interessante."

"Foi vergonhoso." Só de lembrar que eu o tinha beijado sob o efeito do antialérgico era o suficiente para me deixar embaraçada pelo resto da década.

"Tecnicamente, essa vez também não conta já que você passou mal." Ele argumentou.

"Mas eu fui ao baile. E até dancei com você." Lembrei.

"E isso foi ruim?" Ele arqueou uma sobrancelha.

"Você sabe que não." Sorri.

"Então vamos repetir a dose." Ele decidiu. "E agora, eu vou poder ver você."

"Isso é golpe baixo e você sabe disso."

"Sei?" Ele perguntou, prendendo o meu olhar no seu. Nós ficamos andando em silêncio por um tempo, até que ele decidiu falar novamente. "Eu vou te fazer uma pergunta e quero que você seja totalmente sincera."

"Ok." Assenti, tentando imaginar que pergunta viria a seguir.

"O quanto te incomoda minha amizade com a Tanya?" Ele disparou.

"Muito." Respondi com toda a sinceridade. "Olha, eu não quero que você ache que eu sou uma daquelas namoradas possessivas nem nada assim, mas dadas as circunstâncias não tem como eu não me importar." Eu não podia ignorar o passado deles ou a clara demonstração das intenções que ela tinha me feito naquele dia, e achar que tudo estaria perfeito só porque eu queria assim.

"Você quer que eu me afaste dela?" Ele perguntou e eu mordi meu lábio antes de responder. Se eu queria que ele se afastasse dela? Sim. Ia ser justo eu pedir isso? Não. Eu sabia que Tanya poderia representar uma ameaça para o nosso relacionamento, mas ao mesmo tempo ela havia sido a primeira pessoa com quem ele retomara a amizade depois de todos esses anos afastados. Forçá-lo a fechar aquela porta poderia dificultar a aproximação dele com as outras pessoas.

"Não. Eu sei que ela foi importante para você e que ela te ajudou quando eu estava longe. Eu só quero fazer parte dessa amizade. Se ela for sincera, ela vai ficar. Se tudo o que ela quer é uma segunda chance com você, ela vai embora assim que perceber que não tem a menor possibilidade." Eu só esperava estar certa a respeito dela realmente se afastar.

"Você sentia falta disso?" Ele perguntou, quando andávamos pelo shopping.

"Não." Respondi sincera.

"Sério? A maioria das garotas gosta de sair."

"Eu sei e eu também gosto, mas eu também gosto de ficar só no nosso mundinho, sabe?" Sorri. "Acho que eu conheci você muito melhor assim do que se nós ficássemos o tempo todo num shopping ou num restaurante."

"Falando em restaurante... eu estou com fome." Ele disse e eu olhei para o relógio. Eu nem tinha percebido que já tinha passado das onze horas.

"Então vamos comer."

O shopping estava começando a encher, mas a praça de alimentação ainda estava vazia, o que nos proporcionou uma refeição bem rápida.

"Nós temos que começar a pensar na nossa apresentação." Edward comentou.

"É verdade!" Exclamei, eu tinha esquecido completamente disso. "Você já tem alguma coisa em mente?"

"Eu tinha uma coisa bem deprimente, mas acho que não se encaixa mais."

"Fala sério!" Eu tinha certeza que qualquer coisa que ele escrevesse não seria deprimente e sim uma obra de arte.

"Esses últimos meses foram de uma verdadeira redescoberta para mim e eu não tive tempo de encarar o papel sabe? Escrever seria lidar com os meus sentimentos e eu não estava preparado para isso." Ele confessou. E eu conhecia muito bem aquela sensação.

"Eu escrevi alguma coisa. Não é nenhuma obra prima, mas pode ser um começo." Disse. Eu tinha escrito apenas um verso ontem à noite, mas poderia ser um começo.

"Nós podemos ir à sua casa depois." Ele sugeriu e eu tentava me lembrar em que estado eu tinha deixado meu quarto pela manhã.

"Claro... Só um segundo." Pedi, procurando o meu celular na bolsa já que o aparelho resolveu tocar naquele exato momento. "Oi, Rose."

"Que história é essa que você voltou e não me procurou?" Ela disparou. Pelo tom de voz dela, ela estava bem irritada.

"Desculpa, mas só faz três dias que eu estou na cidade. E você estava ocupada com uma festa de família. Ao menos foi isso que o Emmett falou." Respondi. Achei melhor não mencionar o fato de que eu tinha ido visitar Alice. Ao menos por enquanto.

"Vamos nos encontrar no almoço?" Ela perguntou, parecendo um pouco menos irritada.

"Não dá. Eu não estou na escola. Edward e eu estamos matando aula."

"Avisa ao Edward que você não é propriedade exclusiva dele não, tá?"

"Que tal a gente se encontrar mais tarde?" Sugeri.

"Ok. Pode ser lá nos Cullens?"

"Sem problemas."

"Tchau, Bells."

"Tchau Rose." Desliguei o telefone. "Agora eu tenho que ligar para o meu pai para avisar que eu terei uma noite das garotas com a Rose."

"Só das garotas?" Ele perguntou com um biquinho.

"É isso mesmo."

Após o almoço fomos direto para o meu apartamento. No caminho, consegui falar com o meu pai, que por incrível que pareça não pareceu nem um pouco contrariado quando eu disse que ia dormir fora. Acho que ele estava se acostumando a morar sozinho novamente. O que de certa forma era uma coisa boa, já que dali a alguns meses eu estaria fora de Chicago.

"Apartamento legal." Edward elogiou. Era estranho pensar que ele estivera ali tantas vezes, e aquela era a primeira que ele realmente via aquele lugar.

"É, até que para um solteiro meu pai sabe deixar as coisas no lugar."

"Diferente de você." Ele apontou.

"Os opostos se atraem. Eu sou desorganizada, você é todo metódico..." Disse, entrando no meu quarto, que por algum milagre estava até que organizado.

"Eu não sou metódico!" Ele se defendeu.

"Você quase me bateu no nosso primeiro ensaio quando eu errei uma nota." Lembrei. Talvez eu estivesse exagerando, mas ele tinha ficado bem irritado na época.

"Ok, talvez eu fosse um pouco metódico. Mas eu fiquei bastante razoável com o tempo." Ele sorriu, puxando-me para perto dele.

"Vamos ver durante os ensaios." Sorri, antes de beijá-lo.

"Ok, agora me deixa ver o que você escreveu." Ele pediu. Peguei meu caderno de poesia e entreguei-o aberto na página que eu tinha escrito ontem à noite.

O brilho dos seus olhos;

Encanta, colore, hipnotiza

E rouba meu ar

Esmeraldas das montanhas

No céu esculpidas

Sua profundidade a revelar

Mordi meu lábio, enquanto esperava pela opinião dele. Não precisava ser nenhum gênio para perceber que aqueles versos falavam sobre ele. E com certeza a opinião dele, acima de qualquer outra, era a que eu queria ouvir.

"Bella, isso é..." Ele me olhou por um momento, completamente sem palavras e então me beijou novamente. "Maravilhoso." Ele sussurrou, entre o beijo.

"Você acha que pode servir para a apresentação?" Perguntei, me separando dele.

"Com certeza. Nós só precisamos trabalhar um pouco nisso." Ele disse e se afastou de mim para pegar uma caneta.

"Agora?" Arregalei os olhos, incrédula.

"É."

"Mas eu não consigo escrever com ninguém me olhando. Eu sofro bloqueio criativo." Expliquei.

"Mas sou eu."

"Eu sei. E é pior ainda." Escrever sobre ele, com ele ali na minha frente era demais para mim. "Que tal trabalharmos separados, e depois juntamos as coisas?"

"Ok." Ele concordou; não muito feliz.

Arrumei minha mochila com as coisas essenciais daquela noite e fui para a casa dos Cullens. Chegando lá, Emmett, Jasper e Rose já nos esperavam.

"Garotos para fora, a sala é só nossa." Rose ordenou, e os três prontamente obedeceram. Também, quem seria insano de contrariá-la? "Que saudade de você! Eu fiquei tão feliz que o Edward foi atrás de você, sinceramente eu não aguentava mais olhar para a cara da Tanya." A mão dela voou até sua boca ao perceber o que tinha acabado de dizer. "Ops, isso é um assunto delicado?"

"Não exatamente."

"Ótimo, então eu posso falar o quanto eu a odeio. Sério, eu já estava perdendo peso porque toda vez que eu olhava para ela eu perdia a vontade de comer. E tinha vontade de fazer dela o meu saco de pancadas." Ela disparou, sem mal tomar tempo para respirar. "Acho que essa pode ser uma maneira de perder peso. Estranha, mas eficiente."

"Eu senti sua falta Rose." Sorri abraçando-a. "Você já falou com a Alice?".

"Alice? Que Alice? Eu tinha uma amiga com esse nome, mas eu não sei onde ela está."

"Rose..." Eu tentei argumentar, mas ela não deixou.

"Olha, eu sei que ela passou por um momento difícil. E eu não desejo aquilo nem para o meu pior inimigo. Mas a questão é que eu me sinto traída pela maneira que ela agiu. Ela preferiu acreditar naquele idiota em vez de mim! Eu nunca menti para ela. Eu estava ao lado dela desde o primeiro dia em que ela entrou naquela escola, e ela faz aquilo comigo? Ela me ignorou, ela me descartou como se eu fosse nada. Como se nossa amizade não significasse nada. Ela nem ao menos conversou comigo!" Eu sabia que Rose, assim como todos, estava magoada com aquela situação. Mas acho que eu não imaginava o quanto até aquele momento.

"Ela está arrependida."

"Você falou com ela? Eu não acredito nisso!" Ela se alterou.

"Eu precisava. Eu estava com essa situação engasgada desde o dia em que eu fui embora." Expliquei. "Ao menos agora ela sabe quem é o James de verdade."

"Mas teria sido bem menos doloroso se ela tivesse nos ouvido."

"Algumas pessoas precisam aprender da maneira mais difícil."

"Você é uma delas." Ela apontou. Acho que eu não era tão diferente da Alice quanto eu imaginava. Talvez fosse por isso que eu conseguia entender a maneira que ela agiu.

"Touché." Forcei um sorriso. "Eu prometi a Alice que não contaria isso a ninguém, mas eu sinto que preciso falar para você."

"O quê?" Rose arqueou uma sobrancelha.

"Alice vai embora para a Rússia." Confidenciei.

"O quê?! Quando? Por quê?"

"No final do semestre. Ela conseguiu uma bolsa de estudos e ela está tentada a ir."

"Uau! Rússia é bem longe."

"Eu acho que se ela for ela não volta mais. Ela sente como se nada mais restasse para ela nessa cidade,pelo menos não do jeito como as coisas estão." Eu não queria nem pensar num mundo onde eu não pudesse ver a Alice. Ela podia ter errado, eu podia estar com raiva dela, mas ela ainda era a minha amiga. Eu queria que ela ainda fizesse parte da minha vida.

"Você a perdoou?" Rose perguntou sem me olhar nos olhos.

"Ainda não. Mas eu escutei o que ela tinha a me dizer, e algumas coisas começaram a fazer sentido."

"Você acha que eu deveria..."

"Vai fazer você se sentir melhor. Mesmo que você nunca mais fale com ela, ao menos ela vai saber como você se sente." Aconselhei. Ficar remoendo aquilo tudo não faria bem a ninguém.

"Dá licença, meninas vocês viram o Jasper?" Emmett entrou na sala.

"Não. Por quê?"

"Nós estávamos vendo um filme, ele veio aqui embaixo pegar pipoca e agora ele sumiu."

"Você acha que ele ouviu o que você disse?" Rose me olhou apreensiva.

"Não sei." Eu não estava preparada para viver tudo aquilo novamente. As imagens de Jasper antes de ir até Phoenix voltavam a minha mente. "Cadê o Edward?"

"Lá em cima."

"Avisa a ele que eu fui procurar o Jasper e já volto."

"Você não vai precisar de ajuda?" Emmett se ofereceu.

"Não. Acho que sei exatamente onde ele está." E eu tinha uma ideia de que ele não ia querer ninguém por perto.

Dirigi até o Parque Lincoln. Eram quatro horas da tarde e o lugar estava repleto de crianças que haviam acabado de sair da escola e seus pais que tentavam controlá-las. Quando cheguei até a fonte, lá estava ele, com um olhar cabisbaixo, alheio a todo movimento ao redor. O som dos meus passos denunciou a minha presença e então Jasper olhou para mim, mas logo em seguida voltou a fixar seu olhar em um ponto qualquer.

"Rússia?" Ele perguntou, quando sentei a seu lado.

"Então você ouviu a conversa? Eu ia te contar, mas primeiro eu ia esperar ela se decidir."

"Então ainda não é certo?" Ele perguntou parecendo um pouco esperançoso.

"Eu não sei. Ela não tomou a decisão, mas eu acho que ela vai."

"Mas, Rússia?"

"Ela se sente sozinha depois disso tudo. Ela diz que precisa de novos ares." Expliquei.

"Mas, Rússia?" Ele repetiu. Como se fazer isso fosse evidenciar o absurdo daquela ação.

"Quando você precisou de novos ares você foi para Phoenix. Você sabe como a Alice é dramática, até a escolha dela tem que ter drama." Brinquei, tentando arrancar um sorriso dele.

"É." Ele assentiu.

"Você vai falar com ela?"

"Não." Ele negou e depois suspirou. "Quer dizer, não sei." Ele passou a mão nos cabelos, agitado. "Eu queria te dizer que aqueles meses em Phoenix me fizeram esquecê-la, mas a verdade é que isso não aconteceu. Mas ao mesmo tempo eu não consigo perdoá-la. Sabe, se ela tivesse, sei lá, ficado com outro, talvez fosse mais fácil de perdoar. Mas ela traiu minha confiança, ela duvidou de quem eu realmente era. Isso eu ainda não consigo perdoar."

"Você não quer perdoá-la, mas ao mesmo tempo não quer perdê-la de vista?" Concluí.

"Acho que se ela for embora tudo isso vai parecer mais real." Ele confessou. "Eu tenho medo de cair de novo."

"Você contou a alguém sobre as drogas?"

"Não."

"Jazz, você precisa contar. Não é vergonha nenhuma. Ok, também não é a melhor coisa de se confessar, mas ao menos você vai ser honesto. E se algo acontecer de novo, você vai poder contar com sua família e seus amigos." Ele me encarou e assentiu em resposta. O olhar que ele me dava naquele momento era um pedido para ficar sozinho. Eu já o tinha visto tantas vezes em Phoenix que aprendi a decifrá-lo. "Eu vou indo. Você ainda vai ficar?"

"Vou." Ele forçou um sorriso.

"Ok, mas fica com o meu celular."

"Não precisa. Eu não vou demorar." Ele garantiu. Jasper se levantou e resolveu me acompanhar até onde minha caminhonete estava estacionada. "Como você conseguiu chegar tão rápido nessa lata velha?"

"Começou a implicância." Ao menos era um sinal de que ele estava bem. Ou pelo menos fingindo estar bem. "Bebê, tape seus ouvidos." Disse, acariciando a velha lataria vermelha. "Tchau, Jazz. Vê se não demora." Beijei-o no rosto.

"Ok. Vê se você consegue ultrapassar o limite mínimo de velocidade."

"Vá te catar!" Praguejei antes de dar a partida no carro.

Enquanto fazia o caminho de volta, eu pensava em Jasper. Durante aqueles meses em Phoenix nós aprendemos a ler um ao outro de uma forma quase que mediúnica. Era estranho saber o que o outro estava pensando com um simples olhar, mas isso nos ajudou a respeitar o espaço um do outro. Jasper não estava bem. Era evidente que a notícia da Alice abalara suas estruturas, mas mesmo assim ele era capaz de forçar um sorriso e procurar novas maneiras de xingar minha pobre Chevy. E era assim que eu sabia que ele não estava tão mal quanto antes.

O meu celular tocou e eu parei no acostamento para atender. Era uma ligação do meu pai

"Alô."

"Bella, você está na casa dos Cullens?" Ele perguntou com uma voz grave.

"Não, eu tive que dar uma saidinha mas já estou voltando para lá. Por quê?"

"James escapou." Charlie jogou a bomba em cima de mim.

"O quê?" Perguntei num fio de voz. Aquilo não podia estar acontecendo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!