Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 26
Inseguranças


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu outra vez o/ Acho que eu não tenho muita coisa a dizer, então não vou enrolar. Ah, só vou dizer que estarei começando uma fic dentro em breve e hoje ou amanhã estarei postando o trailer e a sinopse dela aqui no FF, então caso interesse a alguém é só ficar de olho no meu profile.



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Capítulo 26- Inseguranças

Alguém que olhasse pro semblante de Jasper naquele instante não teria qualquer indício de suas emoções, embora eu imaginasse muito bem quais elas seriam. Pedi para que Edward fosse para a aula enquanto eu seguia com Jasper para uma das salas de música que estavam vazias. Edward já sabia tudo o que eu diria, mas eu sentia que precisava ter essa conversa em particular.

"Você não parece muito surpresa." Ele acusou, secamente.

"Nós precisamos conversar." Ignorei a declaração dele.

"Só me responde uma coisa: Há quanto tempo ele está aqui?" Pela primeira vez percebi a raiva em sua voz.

"A história que eu vou contar responde sua pergunta." E então comecei a contar sobre a primeira vez que ele apareceu e sobre a decisão que eu e Edward tomamos sobre contar tudo a ele e a Alice. Tomei cuidado para deixar minhas aulas particulares fora do assunto. Se ele ou Edward descobrissem sobre as aulas que eu dava a James, ambos exigiriam que eu parasse e isso estava fora de cogitação. Eu ainda não sabia as reais intenções de James e só sairia do lado dele quando descobrisse.

"Ele está estudando aqui? Como você pôde me esconder uma coisa dessas?" Ele se alterou.

"Eu ia contar, mas o momento nunca parecia ser propício a isso." Aquela desculpa soava como uma mentira, mas era a mais pura verdade. "Nós queríamos conversar com vocês dois ao mesmo tempo, e com a vinda da minha mãe e a festa isso ficou impossível."

"E Alice?"

"Ela não sabe de nada." Assegurei-o.

"E como você pode ter tanta certeza?" Ele perguntou desconfiado.

"Por que eu falei com ela sobre isso." Admiti.

"Mas é claro! Para a sua amiguinha que sabe de tudo você conta, mas o otário aqui é deixado de fora." Ele elevou a voz novamente. O transtorno que o assunto James e Alice causava nele era visível.

"Ela não sabia, Jasper!" Defendi.

"Ah, por favor, Bella! E você acreditou? Eles são primos! É claro que ela sabia que ele estava aqui. Ou você acha que James não avisaria a sua preciosa Alice sobre sua mudança?"

"O fato deles serem primos não significa que ela tem que saber o paradeiro dele vinte e quatro horas por dia. Eu tenho um primo e sinceramente não sei nem em que Universidade ele estuda, que dirá onde ele está agora."

"Com certeza você e seu primo não são tão próximos quanto James e Alice."

"Eu entendi. Eu sei que eles namoraram mas isso não quer dizer nada." O que eu não entendia era como Jasper podia ser tão radical quando o assunto envolvia Alice.

"Você não entende."

"Não, você é que não entende! Se Alice realmente soubesse da vinda dele para cá, porque ela não falaria nada, sabendo que vocês iam acabar se encontrando uma hora ou outra?" Perguntei. Ele ficou quieto por um tempo, provavelmente refletindo sobre o que eu tinha acabado de dizer.

"Se for assim, o que ele está fazendo aqui então?"

"Sinceramente, ainda não sei, mas boa coisa não deve ser." Qualquer resquício da boa opinião que eu tinha sobre James acabou no momento em que ele disse aquelas coisas horríveis sobre o Edward.

"Que mudança de opinião. Da última vez que falamos sobre ele você o defendeu." Ele esboçou um meio sorriso.

"Eu tenho os meus motivos." Afirmei.

"Por acaso ele não..." Jasper não completou a frase e só de pensar o que ele tinha pensado, senti um arrepio percorrer minha espinha.

"Ele não fez nada contra mim, mas pude perceber seu verdadeiro caráter."

"Alice não percebe isso." Ele observou, triste.

"Talvez ela o conheça de verdade e nós não." Tentei animá-lo, embora não acreditasse nisso.

"Ou talvez seja o contrário."

"Sim, mas de qualquer forma você precisa se comportar." Lembrei-o.

"Hum?"

"Você me ouviu. Se você começar com essa sua paranoia com relação ao James, você vai acabar perdendo a Alice."

"Não é paranoia. Eu só não confio naquele cara." Ele se defendeu.

"Tudo bem. Mas você não precisa mostrar o seu desagrado a todo instante."

"Impossível." Revirei os olhos. Jasper sabia ser teimoso quando queria.

"Você está convencido de que ele quer Alice de volta, mas tudo o que você faz é entrar no jogo dele, transformando cada visita dele a esta cidade numa briga entre você e Alice." Apontei o óbvio. Será que ele não percebia isso? Que a cada briga ele aproximava ainda mais James e Alice?

"Mas ela..." Ele tentou falar, mas eu o interrompi.

"Eu sei que ela não é uma santa e que ela deve dar motivos para essa sua paranoia, mas sinceramente se você quiser que seu relacionamento tenha algum futuro é melhor você parar de achar o culpado e começar a agir."

"Você fala como se fosse fácil."

"Não, não é fácil. Relacionamentos dão trabalho, ou você esqueceu de tudo o que eu passei com o seu irmão? Você acha que foi fácil me aproximar dele, quando a cada tentativa ele se afastava ainda mais? Ou ter que medir o que dizia ou fazia para não causar um atrito maior ainda? Ou ter que ouvir tudo o que ele me dizia e ter que me controlar?"

"Mas é diferente." Ele falou.

"Sim, é diferente. Quando aceitei me aproximar dele eu não amava Edward. Eu fiz isso pela amizade de vocês, por que ele me interessava e irritava ao mesmo tempo e porque me sentia atraída por ele. Mas eu não o amava. Apaixonada, talvez, mas não tinha amor. Mas você ama Alice! Se eu sentisse naquele tempo o que eu sinto hoje pelo seu irmão eu não pensaria nem uma vez antes de fazer o que fosse preciso para ficar ao lado dele." Jasper me olhou por um momento e passou a mão nos cabelos, assim como Edward fazia.

"Não posso prometer nada além de que vou tentar." Ele falou, por fim.

"Já é um começo." Sorri encorajando-o."Eu vou mandar uma mensagem para Alice avisando sobre o que aconteceu."

"Pode deixar que eu mesmo faço isso."

"Tem certeza?" Mordi o lábio, incerta se ele seria a melhor pessoa para dar a notícia.

"Absoluta." Ele assegurou.

"Ok, até a hora do almoço." Despedi-me de Jasper e fiquei esperando o começo da próxima aula. Invadir uma aula em andamento chamaria muita atenção e eu não precisava disso no momento.

Os meus pensamentos giravam em torno de Jasper, Alice e James. Eu estava temerosa por Jasper ser quem avisaria a Alice que ele sabia sobre James. Eu sabia que eles deveriam ter essa conversa mais cedo ou mais tarde, mas pela maneira que ele reagiu durante nossa conversa eu tinha medo de como ele se comportaria numa conversa com a Alice.

Quando o sinal indicou o final do primeiro tempo, fui direto para a sala.

"Como foi lá?" Edward perguntou assim que me sentei.

"Melhor do que eu esperava." Ao menos eu tinha conseguido fazer com que ele me escutasse. "Desde quando James e Mike sentam juntos?" Perguntei, ao notar os dois lado a lado e conversando animadamente.

"Pelo que eu entendi, eles fizeram o trabalho em dupla." Edward explicou.

"Estranho." Comentei ainda observando-os.

"Nem tanto. Pessoas irritantes tendem a se aproximar." Ele falou ironicamente, suas feições ficando sérias

"Foi por isso que você se aproximou de mim?" Sussurrei em seu ouvido, tentando descontrair.

"Com certeza." Ele sorriu brevemente.

Em meio as explicações que o professor dava, peguei meu celular e, contrariando Jasper, enviei uma mensagem para Alice. Eu precisava ao menos avisá-la do ocorrido. Alice respondeu minha mensagem com um simples 'Ok'. Eu ainda não tinha tido tempo de perguntar se ela havia ligado para James como ela havia falado. Caso ela realmente tivesse ligado e Jasper ficasse sabendo, com certeza interpretaria tudo de uma maneira completamente equivocada.

Na hora do almoço o clima pesado que pairava no ar era quase palpável. Jasper e Alice tentavam manter uma naturalidade claramente forçada. Era óbvio que eles haviam conversado e o ânimo e o humor de ambos estavam visivelmente alterados.

"Você conseguiu falar com Alice?" Edward perguntou enquanto estávamos em seu quarto.

"Não. Tentei ligar pro celular dela, mas O número chamado encontra-se desligado..." Suspirei, imitando a gravação.

Eu tinha tentado falar com Jasper também, mas ele  tinha uma expressão tão severa que até desisti de comentar o assunto. O caminho de volta tinha sido feito no mais absoluto silêncio e ninguém ousou quebrá-lo.

"Talvez eu devesse..." Tentei sugerir, mas ele me cortou.

"Não. O problema é deles agora."

"Mas talvez se eu conversasse com eles..."

"Não, Bella."Ele disse, enfático. "Você tem que parar com essa sua mania de salvar todo mundo. Algumas vezes é impossível."

"O que deu em você, hein?" Olhei para ele, tentando ver alguma coisa que denunciasse o motivo dessa explosão.

"Desculpa, só estou com uns problemas." Ele suspirou irritado.

"Eu nem vou perguntar quais porque senão o meu complexo de heroína poderia entrar em ação." Falei sarcástica, me afastando dele.

"Hey, vem cá."Ele esticou a mão, me alcançando e me puxou para junto dele. "Eu não quis falar aquilo, sinto muito." Ele se desculpou e deu um beijo no topo da minha cabeça.

"Está acontecendo alguma coisa?" Desde a minha festa que ele estava meio estranho.

"Não."

"Não mente para mim, Edward. Eu sei que está acontecendo alguma coisa. Você sabe que pode falar comigo ." Insisti.

"Se houvesse algo para falar..." Ele encolheu os ombros deixando as palavras morrerem no ar. "E você? Não vai me dizer o motivo de ter sido dispensada da monitoria hoje?"

"O aluno não apareceu." Menti. Na verdade, tinha dito ao Sr. Banner que estava indisposta e não poderia dar aula. O que não era realmente mentira, pois não tinha nenhuma disposição para dar aula para James.

"Você nunca me falou quem é esse aluno." Ele observou.

"Você não conhece. É de outro nível."

"Ah!" Ele exclamou, e eu me perguntava se ele havia percebido a minha mentira.

"Com licença." Minha mãe entrou no quarto e eu me separei de Edward. "Filha, eu preciso da sua ajuda com as malas."

"Malas?" Perguntei confusa.

"Eu vou embora amanhã." Ela avisou.

"Mas por quê?" Eu não queria que ela fosse!

"Eu preciso voltar, querida. Eu tenho consulta essa semana e não posso faltar." Ela explicou.

"Tudo bem." Encolhi os ombros. "Que tal irmos ao shopping mais tarde?"

"Você? Se oferecendo para ir ao shopping?" Minha mãe cruzou os braços, divertindo-se com a minha sugestão.

"Para você ver! Quase não passamos tempo juntas." Eu sabia que a culpa não era totalmente minha. Eu tive a escola, a festa e toda a questão do James que me impediram de dedicar mais tempo a minha mãe. Eu não conseguia não me sentir culpada.

"É, mas eu entendo. Foi uma semana corrida para todos." Ela sorriu, compreensiva.

"Tem certeza que não pode ficar mais?" Olhei para ela por debaixo das minhas sobrancelhas.

"Filha, não faça isso comigo. Você sabe que eu não posso."

"Eu sei. Então vamos logo ver essas malas e depois saímos." Decidi. "Até mais." Despedi-me de Edward, dando-lhe um beijo rápido.

"Até."

Estava quase impossível colocar todos os pertences da minha mãe dentro das malas. E o motivo não era a falta de organização, ao contrário, tudo estava no seu devido lugar. O problema era a quantidade de cosias que ela tinha comprado para a bebê. Parecia que ela tinha comprado cada roupa de cada modelo e cor que ela encontrava no shopping.

Quando finalmente acabamos com tudo, fui tomar um banho e me arrumar para que pudéssemos ir ao shopping. Felizmente, por ser um dia de semana até que estava bem vazio.

"Você parece estar preocupada." Minha mãe apontou, enquanto passeávamos pelo shopping.

"Não é nada demais." Tentei disfarçar.

"Você tem certeza? Está calada demais para ser uma coisa sem importância."

"O problema não é meu. É Jasper e Alice."

"Entendo." Ela me observou por um momento. "Você se apegou mesmo a eles. A todos na verdade."

"Eu sei. Estranho, não?" Sorri.

"Na verdade, sim." Ela admitiu. "Tirando Jake, Leah e Seth, que você conhece desde pequena, eu nunca vi você tão próxima de ninguém. Eu acho isso uma coisa boa. Para falar a verdade, quando você decidiu vir para cá eu tinha medo que você se fechasse no seu mundinho e que não fizesse nenhum amigo."

"Se eu não tivesse encontrado o Jazz no primeiro dia isso talvez tivesse acontecido."

"Mas e Edward?" Ela arqueou uma sobrancelha.

"Não sei se teria me importado. Talvez, sim. Não sei." Na verdade, eu nunca havia pensado nessa possibilidade.

"Ele te ama muito." Ela afirmou.

"É. Até ele abrir os olhos e me ver de verdade." Murmurei baixinho apenas mim, mas pelo olhar da minha mãe, ela tinha ouvido.

"Do quê..." Ela parou um momento, e eu vi em seus olhos quando ela finalmente entendeu o que eu tinha dito. "Eu não acredito que você acha que ele vai te largar depois da cirurgia. Você acha que ele é tão superficial assim?"

"Não. Eu sei que ele não faria isso,mas sejamos realistas. Eu não tenho nada de especial. Eu não venha com essa história de que sou bonita, por que não funciona vindo de você. Eu tenho espelho em casa e todos os dias ele me fala que eu não combino com o Edward. Ele é demais para mim. E depois da cirurgia eu sei que vou passar os dias apenas esperando que ele conheça uma pessoa mais interessante."

Eu que sempre tinha trancado todos os meus medos e problemas a sete chaves, estava revelando este rápido demais. Era tão estranho confidenciar tantas coisas assim a minha mãe. Não que eu não confiasse nela, mas eu sempre me orgulhei de ser aquela garota que nunca dependia emocionalmente de um confidente; mas acho que as coisas estavam mudando.

"Como você pode ser tão insegura, filha?"

"Não é questão de insegurança, mãe, é questão de lógica. As pessoas se apaixonam de duas maneiras: A primeira é pela aparência. O que os olhos veem é a primeira coisa que te vai atrair em uma pessoa e ninguém pode negar isso. A atração é o primeiro passo para se apaixonar. A segunda maneira é aquela que acontece com o tempo, às vezes aquela pessoa não te atrai de início, mas depois com o tempo você acaba conhecendo a pessoa e se apaixonando." Expliquei. "No caso do Edward, ele não teve a chance de seguir esses passos."

"Deixa eu ver se entendi direito: Você tem um garoto que te ama mesmo sem nunca ter visto o seu rosto, que te ama pela pessoa que você é por dentro e você vê algo de errado nisso?" Minha mãe me olhou com uma mistura de confusão e perplexidade.

"Eu vou decepcioná-lo. Se você visse a ex dele..." Parei. Eu me sentia nua expondo as minhas inseguranças tão abertamente.

"Eu sabia que tinha um motivo." Ela apontou.

"Mãe, ela é uma daquelas garotas que parecem vir de uma capa de revista. Ela combina com ele, eu, não." A realidade podia ser cruel às vezes.

"Se eles combinam tanto, por que terminaram?"

"É complicado." Respondi. Eu não queria explicar a ela que eles só terminaram porque Edward a havia afastado por causa da doença.

"Pelo visto, a aparência dela não foi o suficiente para manter o relacionamento." Ela apontou.

Será que eles estariam juntos se ele não tivesse ficado doente? Será que nós estaríamos juntos se ele não tivesse ficado doente?

"Olha, eu sei que o Edward não é superficial e sei que ele me ama, mas eu não sei se conseguiria olhar para ele todos os dias sabendo que ele não gosta de como eu sou por fora." Desviei o olhar para tentar segurar uma lágrima que queria cair.

"Ele ama você, ponto final. Quer mais garantia que essa?"

"Eu sei que estou sendo infantil, mas eu não consigo parar de pensar nisso." Admiti. Talvez tudo isso estivesse apenas na minha imaginação, mas eu não podia evitar.

"Eu não sei mais o que dizer. Por que você não conversa com ele?" Minha mãe sugeriu.

"Ele vai me dizer as mesmas coisas que você disse."

"Tanta coisa para você herdar de mim, tinha logo que ser a teimosia?" Sorri. As pessoas sempre falavam que era nesse aspecto que eu mais parecia com a minha mãe, já que na aparência e timidez eu havia saído ao meu pai.

"Que tal irmos ao cinema?" Sugeri numa tentativa de mudar de assunto.

"Seria ótimo, mas eu estou morrendo de cansaço."

"Eu não quero que você vá embora..." Aquela montanha russa de emoções estava acabando comigo.

"Bella..."

"Eu estou com medo. Se ele..." Eu não consegui terminar a frase, pois uma lágrima caiu do meu olho. Minha mãe me puxou até um banco que tinha por perto e sentou-se comigo ali.

"Você precisa parar de pensar nisso. E se por um acaso o que você prevê realmente acontecer, ele nunca mereceu seu amor." Ela me confortou secando minhas lágrimas.

"Eu nunca me senti assim antes. O medo de perdê-lo é esmagador." Eu não conseguia mais evitar as lágrimas e minha mãe me abraçou. Naquele momento eu só precisava do conforto dela.

"O amor é assim." Ela falou.

"O amor é cruel."

"Não. Pessoas são."

"Caso..." Falei, separando-me dela.

"Se alguma coisa acontecer, você pode voltar a qualquer momento. Aquela também é sua casa e nunca vai deixar de ser." Ela falou acariciando meu rosto.

"Desculpe por não termos passado mais tempo juntas."

"Já disse que não precisa." Ela sorriu.

"No verão posso visitar?"

"Precisa perguntar?" Ela riu me fazendo sorrir também.

Levar minha mãe ao aeroporto resultou em tanta choradeira quanto no dia que fui embora de Phoenix. Assim como no dia da chegada, os garotos insistiram em nos acompanhar. Eles carregavam as malas e eu os biscoitos que Jake havia pedido, enquanto minha mãe e Edward conversavam animadamente. Eu só esperava que ela não estivesse falando nada do que havíamos conversado, por que sinceramente aquela não era uma conversa que eu pretendia ter com ele.

Após mais uma rodada de beijos e abraços, minha mãe foi embora e eu mal podia esperar para vê-la novamente. Voltamos para a casa dos Cullens onde Emmett tratou de organizar uma manhã e tarde de filmes que nos descontraiu e nos poupou de conversar.

Com a partida de minha mãe, minha residência voltou a ser o apartamento do meu pai. Era estranho estar de volta. Eu nunca admitiria isso para ele, mas estava começando a encarar a casa dos Cullens como meu lar. Eu amava o silêncio que aquele apartamento podia proporcionar, mas às vezes ele podia ser sufocante. Existia uma diferença entre querer ficar sozinha e ter de ficar sozinha.

"É bom te ter de volta" Meu pai comentou ao me ver entrar em meu quarto. 

"Eu fiquei fora menos de uma semana e você me via quase todos os dias." Apontei. "Você está virando um velho sentimental, Charlie." Falei com um sorriso.

"Pode ser. E para você é pai." Ele ralhou. "Para comemorar a sua volta resolvi pedir uma pizza."

"Ótima ideia." Comemorei.

"A sua mãe já ligou avisando que chegou bem." Ele avisou.

"Okay. Mais tarde eu ligo para ela então."

***

Ir para a  escola de caminhonete agora parecia levar o dobro do tempo. Eu estava começando a ficar mal acostumada com o Audi do Jazz; tinha que admitir que minha Chevy estava perdendo seu encanto. Mal parei o carro no estacionamento da escola, Rose veio em minha direção.

"Se eu soubesse que você viria com essa coisa barulhenta, eu não precisaria ficar aqui te esperando. Dá para ouvir esse barulho lá de dentro da escola." Rose falou irritada. O que tinha dado nela afinal?

"Bom dia para você também, Rosalie" Disse sarcástica.

"Que seja." Ela deu de ombros. "Eu estou nervosa e ninguém me diz o que está acontecendo e, a julgar pelo traste que encontrei no corredor, já posso imaginar o motivo de tanto silêncio."

"Alice não falou para você?" Perguntei surpresa.

"Ela não veio a escola ontem e também não atende as minhas ligações, eu só sei que ela está viva por que a mãe dela me disse." O nervosismo dela era evidente e eu não tive escolha a não ser explicar toda a história para ela. Eu não sabia se estava invadindo o espaço de alguém ou não, mas eu sabia que Rose merecia saber o que estava ocorrendo. Afinal, aquele assunto afetava todo o grupo. "O que esse babaca está querendo afinal?"

"Se eu soubesse, eu te diria."

"Se ele pensa que vai mexer com meus amigos e sair impune, eu vou mostrar para ele que Rosalie Hale é mais que um rostinho bonito. Eu já fiz aulas de karatê e sei como usar minhas mãos!" Ver Rose nervosa desse jeito era quase cômico. Provavelmente eu estaria rindo se a situação fosse outra.

"Espera! Violência não leva a nada."

"Você tem um plano melhor?" Ela cruzou os braços, me encarando.

"Talvez. Mas eu preciso do seu silêncio mais que absoluto." Avisei. E então contei para ela sobre as aulas com o James.

"Você enlouqueceu de vez?! Admiro sua coragem mas, quando eles descobrirem, vão te matar."

"Ninguém vai descobrir. Só quem sabe somos eu e você."

"E o James." Ela lembrou. Como eu podia ter esquecido de um detalhe tão fundamental como esse? "E eu não sei a que preço ele está disposto a manter silêncio."

"Se isso não der certo eu paro antes que a bomba estoure." Garanti.

"O seu plano é louco, mas pode contar com a minha cobertura."

"Obrigada." Sorri.

"Agora vamos." Ela me puxou pela mão, assim que ouviu o sinal.

O dia transcorreu da mesma maneira que o outro: James e Mike bancando os melhores amigos em sala e fora dela, e Jasper e Alice tentando parecer 'normais' durante o almoço. Nenhum dos dois tinha falado nada comigo, mas eu não deixaria que isso se prolongasse por mais um dia. Edward por sua vez estava extremamente calado e algo me dizia que tinha a ver com o motivo da irritação dele nos dias anteriores.

Quando todos foram embora, segui para a sala de música. Eu sentia meu estômago revirando, só não sabia se era de nervosismo ou repulsa. Talvez os dois.

"Bella! Pensei que não a veria mais." James sorriu ao me ver.

"Desculpa não demonstrar o mesmo entusiasmo." Fuzilei-o com os meus olhos.

"Ainda chateada pelo o que eu disse da última vez?" Ele levantou a sobrancelha e sorriu.

"O que você quer afinal?" Perguntei direta. Já estava cansada daqueles jogos e insinuações.

"O mesmo que você."

"A paz mundial?" Sim, o meu sarcasmo tendia a ser mais afiado na presença dele.

"Separar Alice e Jasper." Fiquei surpresa ao ouvir uma resposta tão direta.

"O quê?! E por que eu iria querer isso?"

"Por que você é apaixonada por ele."

"Ahn?" De onde ele havia tirado aquilo?

"Você se apaixonou a primeira vista, mas quando viu que ele tinha namorada resolveu bancar a amiga e até decidiu namorar o irmão dele, mas você nunca deixou de amá-lo."

"Ninguém vai acreditar em você."

"Talvez sim, talvez não. Quem sabe?" Ele deu de ombros. Ele podia tentar me assustar mas eu sabia que Edward e Alice nunca acreditariam naquela história maluca.

"O que você quer de mim?" Perguntei.

"Com o tempo você saberá." Ele respondeu com um sorriso enigmático."Agora você pode ir correndo contar ao seu querido Jasper o meu plano."

"Você não vai conseguir o que quer." Avisei.

"Eu sempre consigo." Ele sorriu novamente. "Te vejo na sexta? Mesmo horário?" Ele perguntou e eu assenti. Eu sabia que estava entrando no jogo dele, mas eu precisava de respostas. Eu ainda não estava satisfeita com o que eu havia descoberto.

Saí dali e fui direto para a casa dos Cullens. Eu não me importava em estar fazendo exatamente aquilo que James disse que eu faria. Eu precisava conversar com o Jasper e ponto final. No entanto, eu sabia que antes de ter essa conversa que me consumiria mental e emocionalmente eu precisava procurar Edward. Antes de consertar o relacionamento alheio, eu precisava resolver os problemas do meu.

"Quem é?" Ele perguntou ao me ouvir batendo à porta.

"Sou eu." Respondi. Esperei um certo tempo até que ele resolvesse abri-la.

"O que você quer, Bella? Pensei que não viria aqui hoje." Ele falou ríspido.

"Vim ver como você está. Te achei um pouco calado hoje." Falei com a minha voz mais doce possível.

"Como pode ver, estou ótimo." Ele usou o mesmo tom seco novamente. E eu só queria entender o porquê.

"Não parece. Quer conversar?" Sugeri.

"Sinceramente, não."

"Edward, o que aconteceu?" Eu não queria pressioná-lo, mas estava quebrando o meu coração vê-lo daquele jeito. Era como se ele tivesse retrocedendo à mesma condição de antes.

"O que aconteceu?" Ele elevou a voz, rindo sem humor. "Você entrou na minha vida. Isso que aconteceu!"

"Então vou resolver o seu problema. Considere-me fora dela." Gritei e saí dali.

"Droga! Bella!" Ele me chamou, mas eu não voltei. As lágrimas embaçavam a minha visão, o que tornava a missão de descer as escadas quase impossível. Felizmente, cheguei inteira ao primeiro andar.

"Bella o que aconteceu?" Jasper perguntou, surgindo do nada. Ele devia ter ouvido o que tinha acontecido, ou ao menos, as vozes elevadas.

"Nada. Eu estou indo." Avisei, indo em direção a porta.

"Você não vai dirigir assim. Eu te levo pra casa." Ele segurou a minha mão.

"Mas meu carro..." Balbuciei.

"Depois o Emmett leva." Ele falou e eu me deixei ser conduzida por ele.


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