Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 24
Vivo por ela


Notas iniciais do capítulo

N/A : Eu vou tentar ser bem resumida nessa NA. Como vocês sabem, eu demorei, e eu peço desculpas por isso. Eu não postei a música do capítulo passado para vcs baixarem, mas vou colocar logo mais, junto com o desse capítulo aqui. A música desse capítulo foi pedido de uma leitora, só que como eu não tenho mais a MP eu não sei quem foi, mas de qualquer forma o seu pedido foi atendido hehehehehe Esse capítulo não está betado! Eu enviei para a Tha, só que por algum motivo ela ainda não me enviou de volta, então quando eu tiver a versão betada eu posto aqui. Se possível, eu gostaria que vocês lessem um pequeno desabafo ao final do capítulo
Música do capítulo: Vivo per Lei- Andrea Bocelli (http:// letras. Terra .com. br/ andrea-bocelli /4862/)



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Capítulo 24- Vivo por ela

[BPOV]

Já passava das duas da manhã e eu ainda não havia pregado os olhos. Nem mesmo por um minuto. Só queria que a minha mente desligasse e parasse de pensar em tantas coisas ao mesmo tempo.  Eu queria respostas, mas não estava disposta a me fazer as perguntas. No entanto, isso não significava que eu não podia fazê-las a outras pessoas.

Pela manhã, decidi que não iria à escola. Eu precisava de um tempo livre de todo o drama que estava pairando na Escola de Artes de Chicago. Felizmente, minhas olheiras pela noite mal dormida convenceram Charlie de que eu precisava de um dia de folga.

Liguei para Edward avisando que eu não iria à aula e enviei uma mensagem para Rosalie dizendo que precisava falar com ela depois da aula, e que ela me ligasse para marcarmos um horário.

Como o apartamento estava de certa forma arrumado, fui em busca do meu Ipod para analisar o pequeno acervo de músicas italianas que eu tinha nele. Eu ainda estava na segunda música quando meu telefone tocou, peguei o aparelho e sorri ao ver o nome no visor.

“Oi, melhor amigo.”

Oi, melhor amiga. Como você está?

“Bem, e você?”

Idem.” Jake respondeu, e então ficou calado;

“Qual o motivo da sua ligação?” Perguntei sem rodeios.

Quem disse que eu preciso de um motivo para falar com você?” Ele perguntou ofendido.

“Não precisa. Mas você não me ligaria de outro estado a essa hora da manhã sem nenhum motivo.” Esperei mais alguns segundos até ouvir sua confissão.

Tudo bem. É que sua mãe veio aqui me perguntar se eu queria mandar alguma coisa para você, eu disse que não, mas me lembrei dos biscoitos da Esme. Você bem que podia mandar uns por ela.

“Vou pensar no seu caso.”

Eu também quero!” Ouvi outra voz gritando do outro lado da linha.

“Seth?” Estranhei ao ouvir a voz do meu amigo ao fundo.

Fica na sua!” Jacob gritou para ele.

“O que o Seth está fazendo aí?”

Passamos a noite jogando videogame.” Jake respondeu orgulhoso.

“Vocês não tem vida, não?”

Falou a rainha dos eventos sociais.

A conversa se estendeu por mais um pouco e eventualmente Jake me deixou falar com o Seth. Como eu sentia falta deles! E da Leah, claro. Depois de ter selecionado umas cinco possíveis músicas, eu almocei as sobras do jantar e acabei adormecendo, na tentativa de recuperar meu sono perdido. Só fui acordar com o telefone de casa tocando.

“Alô?” Atendi, sonolenta.

Eu estou aqui embaixo. Posso entrar?” Rosalie, perguntou.

“Claro.” Desliguei o telefone, e corri para o interfone para abrir o portão.

“Hey! Como você está? E por que não foi à aula?” Rosalie perguntou assim que eu abri a porta do apartamento.

“Não estava muito afim.” Respondi simplesmente, deixando-a entrar.

“Então...” Rosalie começou assim que eu fechei a porta. Isso era uma das coisas que eu gostava nela: enrolação zero.

“É melhor conversarmos lá no quarto.” Disse.

“Ok.” Rose me acompanhou até o quarto e eu fechei a porta, não precisava ser incomodada pelo meu pai.

“Bem, eu não sei se você sabe, mas o Edward tem o hábito de ir para a sala de música durante o intervalo.”

“Eu sei.”

“Eu descobri isso ainda na época em que não nos falávamos e desde aquele dia eu comecei a assisti-lo diariamente. Só que eu não era a única. Eu sempre via uma garota loira observando-o”

“Espera!” Rose disse, levantando uma das mãos. “Você não está querendo dizer que essa garota é a Tanya, certo?”

“A própria.”

“Como você descobriu?”

“Acidentalmente ela derrubou um papel e quando fui entregar eu li o nome dela.” Expliquei;

“Ela fica observando ele?” Rose perguntou para confirmar.

“De início eu achava que ela era algum tipo de fã ou coisa parecida. Eu não sabia que ela estudava ali.”

“Às vezes até eu me esqueço.” Rose esboçou um sorriso triste. “Quando ela e o Edward terminaram, ela se afastou de todos nós.”

“Eles namoraram muito tempo?” Perguntei.

“Pouco mais de um ano, eu acho.” Ela encolheu os ombros, incerta.

“Por que eles terminaram?”

“Eu já te disse. Quando ficou doente, Edward afastou a todos. Ele tratava todo mundo da maneira que ele te tratou no início. Tanya não conseguiu lidar muito bem com isso. No começo ela tentou resistir, mas não adiantou muito. ”

“Eu não posso culpá-la.” Disse compreensiva. Eu podia entender o que levou Tanya a fazer o que fez.

“Mas eu sim.” Rosalie disse num tom amargurado. “Não me entenda mal, mas para mim ela podia ter enxergado um pouco além do sofrimento dela e visto o dele.”

“Isso é difícil de fazer.” Eu não estava querendo defendê-la, mas eu conseguia entender as suas ações. Edward não era fácil de lidar, eu mesma já havia cogitado desistir de tudo no início.

“Mas não é impossível. Ela sabia o garoto que ele era por dentro, e mesmo assim ela preferiu a opção mais fácil.” Ao mesmo tempo, eu também entedia o lado da Rose. Deve ter sido difícil para todos ver Edward trancando-se em seu mundo como ele havia feito. Para piorar a situação, a pessoa que deveria amá-lo mais que todos, a única que talvez pudesse trazê-lo de volta, lhe vira as costas.

“Parece que ela se arrependeu disso.” Sorri tristemente.

“Bem, isso é problema dela.” Rose disse de maneira dura.

“Você acha que há uma chance de...”

“Não acredito que você está me perguntando uma coisa dessas.” Rose me interrompeu indignada.

Eu acabei fazendo mais algumas perguntas a Rose sobre a época em que Tanya e Edward namoravam. Segundo o que ela descrevia, Tanya era uma garota doce e agradável, embora para Rose, ela também parecia ser ingênua e um pouco volúvel. Mesmo que Rose estivesse certa sobre os defeitos dela, eu conseguia ver porque Edward havia se apaixonado por ela. Tanya era deslumbrante. Ela tinha um rosto fino e delicado, uma pele branca que contrastava harmoniosamente com os olhos azuis e as madeixas loiro-arruivadas.

Como ainda estava um pouco cedo para o jantar, aproveitei que Rosalie estava indo embora e decidi ir até a casa da Alice.  Eu sabia que eu havia combinado com Edward de conversar com os dois ao mesmo tempo, mas eu não podia esperar. Eu precisava avisá-la da iminente tempestade que pairava sobre todos nós.

Olhei para a casa branca, e conferi o número com o endereço que eu tinha em mãos. Era ali mesmo. Desci do carro e respirei fundo pela centésima vez em menos de dez minutos. Toquei a campainha e fiquei aguardando. Uma senhora um pouco mais baixa que Alice e com o mesmo sorriso apareceu na porta.

“Olá, Sra. Brandon. Alice está? Eu sou a Bella” Me apresentei.

“Está sim, querida. Pode subir.” Ela disse, gesticulando para que eu entrasse.

“Obrigada.” Sorri e fui em direção às escadas. Pensei em perguntar qual seria o quarto dela, mas a porta enfeitada não deixava dúvidas.

“Bella! Que surpresa!” Alice gritou quando me viu ali.

“Oi.” Respondi, sem graça.  “O que está fazendo?” Perguntei, notando a pequena grande confusão de roupas espalhada pelo quarto.

“Tentando separar minhas roupas pelas cores. Eu nunca tinha notado que tinha tanta roupa roxa.” Ela suspirou, encarando as peças.

“Eu preciso falar com você.” Disse, antes de morder o lábio nervosamente.

“Ok. Sobre o quê?” Alice virou-se para mim, me dando total atenção.

“James.”

“O que tem ele?” Ela perguntou confusa.

“Eu preciso que você seja sincera comigo. Quando foi a última que você o viu?”

“Nas férias.” Ela respondeu pensativa.   “Por que você está me perguntando isso?”

“Porque o James está na cidade... Mais precisamente na nossa escola.” Imediatamente, senti um enorme peso sendo tirado dos meus ombros.

“Como assim? Você tem certeza que era ele?” Ela perguntou desesperada, sua voz elevando uma oitava.

“Absoluta! Ele está na minha turma. E o Edward também sabe.” Avisei-a.

“Ele sabe? Ele contou para o Jasper?”

“Ainda não. Nós combinamos de conversar com vocês dois juntos, o que claramente eu não estou cumprindo.” Eu estava me sentindo péssima por ter quebrado minha promessa, mas eu sabia que naquela história, quem mais sairia prejudicada era Alice.

“O que vamos fazer?” Ela perguntou. A preocupação estava evidente no seu olhar.

“Eu não sei. Acho melhor o Jasper ficar sabendo o quanto antes.” Eu tinha certeza de que se ele descobrisse por outra pessoa o estrago seria bem maior.

“Ele vai me odiar por isso.” Ela suspirou pesarosa.

“Mas você não teve culpa.” Tentei confortá-la.

“Mas ele não vai acreditar em mim.”

“Afinal, qual é o grande problema do Jasper?” Perguntei.

“Ciúmes.”  Alice revirou os olhos.   “Eu e o James não somos primos de verdade. Nós crescemos juntos e como nossos pais eram muito ligados, isso tornava as nossas famílias extensão uma da outra. Quando tínhamos quatorze anos começamos a namorar, mas ele logo teve que mudar de cidade.    Nós mantemos o relacionamento. Até que eu conheci o Jasper.”

“Aí vocês terminaram?”

“É. O nosso relacionamento era mais platônico do que qualquer outra coisa. Não tinha razão para continuar. Então terminamos e continuamos com a amizade de sempre.”

“E isso incomoda o Jasper?” Perguntei, mesmo já sabendo qual seria a resposta.

“Sim.”

“Olha, eu sei que todos têm algo contra o James. Eu não posso dizer que morro de amores pelo seu primo, mas não tenho nada contra ele ainda. E sinceramente eu não quero tomar um lado nessa história, mas a cada minuto eu acho que isso será impossível. ” Disse sinceramente.

“Eu entendo.” Ela sorriu triste.

“Converse com o Jasper. Se ele não acreditar em você, peça para ele falar comigo.”

“Eu acho que vou ligar para o James.” Ela comentou, pensativa.

“Você acha que deve fazer isso?”

“Acho que não tem nada demais. Além disso, eu preciso saber o porquê ele está de volta.”

“Você quem sabe.”  Encolhi meus ombros, que agora pareciam bem mais leves.   “Eu vou indo agora.”

“Obrigada por vir contar.” Ela sorriu abertamente.

“De nada.” Sorri, antes de abraçá-la.

“Até amanhã.”

“Até.”

No dia seguinte, não tive escapatória a não ser ir à escola. Mas sinceramente, eu também não planejava ficar o dia todo naquele apartamento. Agora que eu tinha conversado com a Alice, eu estava mais positiva com relação às coisas.

“Então, o que aconteceu ontem?” Edward perguntou.

“Nada. Só precisava de um dia de folga.” Respondi sem me dar ao trabalho de explicar os reais motivos que me fizeram querer uma folga.

“Certo.” Edward assentiu. Ele já me conhecia bem o suficiente para saber quando não insistir num assunto. “Ensaio hoje?”

“Claro, claro.”

Já estávamos no segundo tempo e nem sinal do James. Ele não fora visto na escola no dia anterior e pelo visto a situação se repetia.

O restante do dia passou tão rápido que quando dei por mim o sinal do fim do último tempo já havia batido. Corri para a sala do Sr. Banner na esperança de ser liberada da monitoria daquele dia.

“Sr Banner,  eu queria saber...”

“Bella! Que bom que chegou! O James já está te esperando na sala.” Ele avisou, antes que eu pudesse acabar de falar.

“James? Eu pensei que ele nem apareceria hoje.” Comentei com o cenho franzido.

“Pelo visto ele gosta mais da sua aula do que da minha.” Sr. Banner sorriu de maneira sugestiva e fiz um grande esforço para dar um simples sorriso como resposta. O mero pensamento de James e eu juntos era inconcebível.

“Mesma sala?”

“Sim.” Ele respondeu, quando eu já estava saindo.

“Olá, James.” Cumprimentei-o friamente ao entrar na sala.

“Bella.” Ele sorriu ao me ver.

“Eu pensei que não teríamos aula hoje.”

“Já querendo se ver livre de mim?” Ele perguntou com um sorriso, seu olhos me observando atentamente.

“Quer mesmo saber a verdade?” Retruquei.

“Língua afiada, gosto disso.” Ele sorriu sugestivamente.

“Podemos começar a aula?” Perguntei, ignorando sua provocação.

“Claro.”   Ele sorriu novamente e sentou-se ao piano, enquanto eu fazia o mesmo.  “Então, sobre a música, você falou com o Edward?”

“Falei. A resposta é a mesma que eu já havia dado.”

“Acho que vou ter que procurar outro grupo” Ele se lamentou.  “Sabe, eu gostaria de entender o que você viu nele.”

“Como?” Encarei-o com uma sobrancelha arqueada.

“Quer dizer, ele é cego.” Ele disse com ar de repulsa.

“E o que a deficiência dele tem a ver com isso?” Cravei minhas unhas na palma da minha mão, numa tentativa de me controlar.

“Ele é algum tipo de obra de caridade?”

“Eu não acredito que estou ouvindo isso.” Disse, me levantando abruptamente.

“Não agüenta ouvir a verdade?” James provocou.

“Eu vou embora antes que faça alguma coisa da qual vou me arrepender.” Ou talvez, nem me arrependesse tanto assim.

Saí da sala o mais depressa que pude e acabei esbarrando em alguém no caminho.

“Jazz, o que você está fazendo aqui?” Perguntei alarmada.  Se ele visse o James seria o fim.

“Trabalhando num projeto.”

“Já está indo embora?”

“Já.” Ele me olhou confuso.   “Aconteceu alguma coisa?”

“Não.” Forcei um sorriso e entrelacei meu braço com o dele, levando-o para longe dali.   “Então, fale mais sobre o projeto. Espero que dessa vez não me envolva como modelo.”

“Você e Ali escaparam dessa vez.”

“Que fim levou aquele quadro?” Perguntei, me referindo à infeliz arte da qual fui modelo.

“Você nunca vai saber.”

“Já ouviu falar em direitos sobre imagem?” Reclamei.

“Quer carona?”

“Estou de carro.”

“Até amanhã, cunhada.” Ele se despediu, indo em direção ao seu Audi.

“Até.”

Era a noite em que Charlie trabalhava e eu estava na casa dos Cullen, deitada preguiçosamente na cama junto com Edward. Na TV estava passando algum filme de comédia dos anos 80, mas eu não estava prestando atenção o suficiente para saber o enredo.

“Qual é mesmo o problema com os aniversários?” Edward perguntou bem humorado. Mais cedo naquele dia, minha querida mãe ligou para ele perguntando se era possível realizar uma festa de aniversário para mim na casa dos Cullens. Edward por sua vez, passou o telefone para Esme que me pareceu muito animada com a idéia. Animada demais até.

“Quando eu tinha cinco anos minha mãe contratou um palhaço para a minha festa e eu morro de medo de palhaços.” Expliquei. Nunca consegui entender como Renée pôde não saber uma coisa tão elementar dessas.

“Garanto que o único palhaço que vai ter na sua festa será o Emmett.” Ele prometeu, tentando conter um sorriso.

“O problema não é só esse. ” Mordi o lábio por um momento. “Eu não gosto de ser o centro das atenções, e é isso o que acontece nos aniversários. Além do mais, eu não vejo qual é a lógica em comemorar o seu envelhecimento.”

“Envelhecimento? Você tem quantos anos? Sessenta?”

“Sem contar que eu não gosto que as pessoas gastem dinheiro comigo.”

“Nisso eu protesto.” Edward disse sério. “Eu não vou poder te dar um presente?”

“Não.”

“E se eu já tiver comprado?”

“Você pede reembolso.”

“Isso não vai acontecer.” Ele falou decidido.

“Eu odeio surpresas!” Protestei.

“Mais alguma coisa que eu deva saber?”

“Acho que não.” Tentei começar a prestar atenção no filme, mas um assunto pendente ainda ficava martelando na minha cabeça. Rose tinha falado que era desnecessário falar com ele, mas eu sentia que precisava trazer aquele assunto à tona.

“Eu preciso te dizer uma coisa.” Disse, de repente.

“Então, fala.”

“Isso vai soar meio estranho, mas eu sinto como se eu tivesse a obrigação de te dizer isso.” Avisei-o.

“Ok.”

“Lembra quando eu te falei que eu meio que ficava espionando você, enquanto você tocava?”

“Lembro.” Ele assentiu.

“Eu esqueci de dizer que eu não era a única.” Respirei fundo antes de continuar a falar.   “Eu sempre via essa garota, assistindo você de longe, mas eu nunca me importei.”

“E porque isso é importante agora?” Ele questionou.

“Porque é a Tanya.”

“O quê?!” Ele exclamou, surpreso.

“Tanya, sua ex-namorada.” Expliquei, embora soubesse que era desnecessário.

“Eu sei. Mas por que você está me dizendo isso?”

“Eu só achava que você deveria saber.”

“Você sabe da história?” Ele perguntou depois de um breve momento.

“Sei. Rose é uma ótima informante.” Ri desconfortavelmente, com medo que ele achasse que eu tinha ido longe demais,

“E?” Ele me incentivou a continuar.

“Se você espera que eu te culpe por alguma coisa, isso não vai acontecer.”  Avisei. “Eu sei que o que você fez não foi certo, mas era compreensível levando em conta tudo o que você passou. Rose acha que ela deveria ter ficado ao seu lado, independente da maneira que você a tratava.”

“Tanya não era forte o suficiente para isso. Quer dizer, ela era o tipo de garota que precisava de atenção e de cuidado. E ela não estava muito preparada para exercer a função oposta.” Era a primeira vez que eu o ouvia falar abertamente sobre ela, e ele não parecia estar tão magoado quanto eu julgava que ele estaria.

“Eu sinto muito.”   

“Afastá-la apenas apressou o inevitável. Uma hora ou outra tudo iria acabar.”

“Você a amava?” Perguntei, sem conseguir encará-lo.

“Eu achava que sim. Mas comparando ao o que eu sinto por você, o que eu sentia por ela não passava de uma paixão adolescente.”

“Fala sério!” Revirei os olhos. Não conseguia imaginar como ele podia ter ficado com ela um ano e não tê-la amado.

“Eu estou falando. Se fosse amor de verdade nenhum dos dois desistiria tão fácil.” Ele esticou sua mão, buscando a minha. Quando a encontrou ele levou-a até seus lábios, beijando cada um dos meus dedos suavemente.  “Eu só sei que, se você terminasse comigo agora e fosse morar do outro lado do mundo, eu faria tudo ao meu alcance para ir atrás de você. Independente da razão.”

“Acho melhor você parar antes que me faça chorar.” Pedi, já sentindo meus olhos ficando marejados.

“Devo adicionar declarações de amor a lista de coisas que eu não devo fazer?” Ele perguntou sorrindo.

“Por mais que eu core e eu possa vir a chorar, espero que você nunca pare de fazer isso.” Disse, acariciando seu rosto.

“Você trancou a porta?” Ele perguntou.

“Sim.”

“Ótimo.” Antes que eu pudesse registrar, seu corpo estava sob o meu.

“Edward, seus pais estão em casa. Eles podem nos ouvir.” Ele tateou a cama procurando o controle e aumentou o volume da televisão.

“Pronto, problema resolvido.” Sorriu. Eu ainda tentei protestar, mas quando senti seus lábios nos meus eu sabia que qualquer luta seria em vão.

Saí do quarto do Edward, não sem antes conferir se tinha alguém no corredor. Eu sabia que os Cullens não eram tão ingênuos de abrigar três casais embaixo do seu teto e esperar um comportamento celibatário. No entanto, eu não estava disposta a ser flagrada com a mão no pote de biscoitos.

“Bom dia!” Jasper cumprimentou alegremente.

“Bom dia!” Respondi, com um pouco menos de entusiasmo. “Jazz, preciso de um favor.”

“Diga.” Ele pediu, bebendo um gole de seu suco.

“Não é nada demais. Só precisava de uma carona até o lugar mais próximo do aeroporto que você pudesse me deixar.”

“Você não vai à escola hoje?” Ele franziu o cenho.

“Não. Tenho que buscar minha mãe no aeroporto.” Lembrei-o.

“Você vai sozinha?” Ele perguntou, mantendo a testa enrugada.

“Como se eu fosse deixar isso acontecer.” Edward disse aparecendo na cozinha, visivelmente sonolento. Ele caminhou cuidadosamente até a mesa e sentou-se ao meu lado. Estiquei-me um pouco para lhe dar um pequeno beijo no rosto e lhe sussurrar um bom dia.

“Ele acha que eu vou entrar num avião direto para Phoenix.” Expliquei para Jasper, retomando a conversa. “Mal sabe ele que o perigo seria eu ir a Londres.”

“Então os dois vão faltar hoje?” Ele perguntou para se certificar.

“Sim.” Respondemos em uníssono.

“Estou nessa também! Os três Cullens faltando aula.”  Ele comemorou.

“Sinto em te desapontar, mas eu não sou uma Cullen.” Embora não soasse tão mal...Opa! Calma aí! Nada desses pensamentos por enquanto.

“Ainda.” Ele disse com aquele sorriso que me fazia querer socá-lo todas as vezes.

“Ótimo assunto para se começar o dia!” Edward disse, visivelmente desconfortável.

“Daqui a pouco vai falar de filhos.” Murmurei.

“Não. Sou novo demais para ser tio.”

“Os seus pais deveriam ter parado em você. Mas não! Eles tinham que ter tido o  Jasper.” Disse para Edward, embora estivesse fulminando Jasper com o meu olhar.

“Seria muito pior se eles tivessem tido um Emmett na vida.” Ele se defendeu.

“Eu discordo.” Emmett, se defendeu, entrando na cozinha.

“Bom dia, Emm” Cumprimentei-o, enquanto ele sentava-se a mesa.

“A que horas chega o vôo?” Jasper perguntou.

“Nove e meia.”

“É melhor nos apressarmos, então.” Ele disse, verificando a hora em seu relógio.

“Quem vai viajar?” Emmett perguntou.

“A mãe da Bella chega hoje.” Edward respondeu.

“E vocês três vão buscá-la?” Ele perguntou novamente.

“Sim.” Nós três respondemos juntos.

“E os três vão faltar aula?” Emmett perguntou mais uma vez.

“Sim.” Mais uma vez respondemos em uníssono.

“E os três vão me levar junto?” Ele perguntou com um sorriso.

“Não.” O nosso coro respondeu.

“Nem em sonho que eu vou para a escola hoje.” Ele disse decidido.

“Se alguém perguntar, que fique bem claro que a culpa dessa evasão escolar não é minha!” Avisei, voltando a tomar o meu café.

Cerca de meia hora depois, estávamos no carro do Jasper em direção ao Aeroporto. Antes de saírem de casa, Emmett e Jasper, ligaram para as respectivas namoradas avisando que não iriam a escola hoje. Os gritos de Rose eram bem audíveis à distância.

“Chamada para o vôo 456, com destino a Londres, embarque portão oito.” A voz metálica ecoou no aeroporto, enquanto caminhávamos.

“Alguém segura a Bella!” Jasper avisou, num tom brincalhão.

“Estou trabalhando nisso.” Edward disse, apertando ainda mais seus braços ao meu redor.

“Também não precisam exagerar. Eu não fugiria sozinha para Londres.” Disse revirando os olhos.

“Então você tem um cúmplice?” Emmett perguntou, assumindo sua melhor postura de Sherlock Holmes. “É o Jazz?”

“Eu estou quieto aqui.” Ele se defendeu.

“Seu silêncio é um indício da sua culpa.” Emmett o acusou.

“Sabe aquela papo sobre você ser filho único?” Sussurrei para Edward.

“Hum...”

“Seus pais também não deveriam ter aceitado ficar com o Emmett.”

“Ei, eu ouvi isso.” Emmett reclamou. Jasper viu no visor qual seria o portão de desembarque e fomos logo para lá. “Devíamos ter trazido uma plaquinha.” Emmett lamentou.

“Placas são para pessoas desconhecidas.” Jasper apontou.

“Mas eu não conheço a mãe da Bella.”

“Mas elas se conhecem.” Edward explicou o óbvio.

“Verdade.” Ele disse pensativo. “Vou ter que realizar meu sonho numa próxima vez.”

“Esse é o seu sonho?” Jasper perguntou com uma expressão zombeteira.

“Eu sou um homem de muitos sonhos. Tem um que envolve eu ficar trancado numa sorveteria com...”

“Eu acho que não quero saber como esse sonho continua.” Só Deus sabe o que pode sair de uma mente como aquela.

“Tem certeza que ela vem hoje?” O ursinho-irritante-de-pelúcia perguntou.

“Absoluta. Posso ser desastrada, mas não sou tão confusa assim.”

“Ainda.” Jasper sentenciou.

“O que foi? Hoje é o dia de tirar uma com a Bella?” Desafiei-o, cruzando os meus braços.

“Basicamente.” Ele sorriu novamente. Quando voltei meu olhar para o portão, vi a pessoa que eu reconheceria em qualquer lugar.

“Olha, é ela!” Apontei, antes de ir ao encontro dela. “Mãe!”

“Bella! Que saudades! Como você está?” Ela dizia, me abraçando o mais forte que a barriga permitia.

“Bem e vocês?” Alisei sua barriga já bem saliente.

“Bem também. Embora essa menininha esteja se mexendo muito para o meu gosto. ” Ela comentou com um sorriso.

“Já escolheu o nome?” Por favor, não diga Anabella, rezei internamente.

“Eu e o Phil ainda estamos decidindo.”

“Vem que eu quero te apresentar a umas pessoas.” Saí puxando-a pela mão.

“Uau! Você trouxe guarda-costas.” Ela comentou, quando estávamos próximo deles.

“Fui obrigada.” Disse alto o suficiente para que eles ouvissem.

“Edward, que bom te encontrar novamente.” Minha mãe cumprimentou-o, antes de envolvê-lo num abraço.

“Igualmente, Renée. Como está a gravidez?”

“Muito bem.”

“Mãe, esse é o Jasper, irmão do Edward. Jazz essa é minha mãe Renée.”

“É um prazer conhecê-la Sra Dwyer.” Jasper esticou a mão, polidamente.

“Igualmente. Eu ouvi muito a seu respeito. E nada de senhora, me chame de Renée” Ela o corrigiu.

“Espero que tenha sido boas coisas que a Bella tenha lhe dito.”

“Não precisamos entrar em detalhes.” Eu nunca admitiria para ele o que eu realmente havia falado “E esse aqui é o Emmett. É amigo de infância deles e meu atormentador pessoal.”

“Prazer.” Emmett apertou a mão da minha mãe.

“O mesmo aqui. Então, o que a Bella andou falando sobre mim?” Ele perguntou animado.

“Bem, ela contou de uma vez que ela estava com o braço engessado e,,,” Minha mãe falou antes de ser interrompida por ele.

“Certo. Ninguém quer saber disso.” Ele disse sério.

“Só porque você apanhou de uma garota?” Edward provocou.

“Eu não apanhei. A Bella bateu acidentalmente em mim. Certo, Bella?”

“É claro. Eu o acertei sem querer.” Respondi com a expressão mais cínica do mundo.

“Bella!” Emmett ralhou.

Acompanhamos minha mãe até o local para que ela pudesse retirar as malas. Malas essas que Emmett carregou sem nenhum esforço.

“Sabe, você bem que podia contar umas histórias de quando a Bella era pequena.”

“Não dá ideia, Jasper.” Reclamei com ele.

“Claro que conto.” Lógico que minha mãe ia ser conivente com isso.

“Obrigada, mãe.” Forcei um sorriso.

“Para onde vamos agora?” Ela perguntou.

“Para nossa casa. Minha mãe faz questão que você fique lá.” Edward anunciou.

“E a Bella ficou aliviada por não ter que dormir no sofá.” Emmett confidenciou.

“Isso é verdade.” Dormir no sofá da sala do Charlie definitivamente não estava nos meus planos.

“Já que ninguém foi estudar hoje, podíamos almoçar fora.” Jasper sugeriu.

“Todos faltaram aula?” Minha mãe arqueou uma sobrancelha.

“Sim.” Respondemos juntos. Wow! Como estávamos harmoniosos hoje.

“Seus pais sabem?”

“Próxima pergunta!” Emmett pediu, fazendo minha mãe rir.

“Ok. Um almoço realmente cairia bem.” Ela disse, alisando a barriga.

Paramos em um restaurante italiano, já que Renée estava com desejo de comer massas. E ela realmente comeu. Acho que eu nunca tinha visto minha mãe comer tanto assim. Após o restaurante fomos direto para a casa dos Cullens

“Esse é o seu quarto.” Anunciei, depositando sua última mala no chão.

“Obrigada. O seu fica onde?”

“No último andar.”

“Estou louca para conhecer tudo. Exijo um tour.” Ela pediu animada.

Comecei pelos cômodos do térreo: a cozinha ampla e bem aparelhada, o banheiro, a sala de estar, a sala de música e a sala de jantar. Já no segundo andar minha mãe ficou maravilhada como cada quarto tinha uma cor diferente. A suíte principal, de Esme e Carlisle, era toda pintada de um bege bem claro; o quarto do Jasper era de um azul claro, quase celeste. O de Rose era um laranja suave; enquanto o de Alice era todo cor-de-rosa. Já o de Emmett era um tom suave de amarelo.  Passamos por mais um banheiro e seguimos para o terceiro andar.

“Esse é o meu quarto.” Minha mãe sorriu ao ver as paredes pintadas de roxo, ela sabia que não era minha cor favorita, mas que eu conseguia conviver com aquela nuance. “Esse é mais um banheiro.” Amostrei. “E esse é o quarto do Edward.” Enquanto minha mãe olhava as paredes verdes do quarto dele, fiquei esperando algum tipo de comentário sobre a proximidade de nossos quartos, mas isso nunca aconteceu.

 “É tudo lindo.” Ela elogiou, maravilhada.

“Esme tem bom gosto.” Sorri.

Depois do nosso tour e de uma breve utilização do banheiro no térreo, minha mãe foi descansar um pouco.

Fui para a sala de estar onde Edward estava lendo um livro. Seus dedos percorriam rapidamente as impressões em alto relevo. Para uma pessoa que teve que se readaptar a um novo idioma há dois anos, ele parecia ser bastante fluente na língua.

 “Estou livre pelas próximas duas horas. O que quer fazer?” Sentei-me ao seu lado no sofá, enquanto ele continuava sua leitura.

“Eu queria fazer muitas coisas, mas infelizmente precisamos treinar mais.” Seus lábios curvaram-se num sorriso durante aquela pequena insinuação.

“Certo.” Por mais que eu também quisesse fazer outras coisas, tínhamos uma tarefa a cumprir.

Ele terminou de ler a página na qual ele estava, e colocou um marcador de páginas antes de fechar o livro.

Vivo per lei da quando sai

La prima volta l'ho incontrata,

Non mi ricordo come ma

Mi è entrata dentro e c'è restata.

Vivo per lei perché mi fa

Vibrare forte l'anima,

Vivo per lei e non è un peso.

Se eu já achava a voz dele magnífica antes, eu não tinha palavras para descrever o que era ouvi-lo cantar em italiano.

Vivo per lei anch'io lo sai

E tu non esserne geloso,

Lei è di tutti quelli che

Hanno un bisogno sempre acceso,

Come uno stereo in camera,

Di chi è da solo e adesso sa,

Che è unche per lui, per questo

Io vivo per lei.

Graças a algumas aulas particulares com o Edward, meu italiano tinha melhorado significativamente. Eu me perguntava se havia alguma coisa na qual ele não era bom.

è una musa che ci invita

A sfiorarla con le dita,

Atraverso un pianoforte

La morte è lontana,

Io vivo per lei.

Vivo per lei che spesso sa

Essere dolce e sensuale,

A volte picchia in testa una

è un pugno che non fa mai male.

Vivo per lei lo so mi fa

Girare di città in città,

Soffrire un po' ma almeno io vivo.

è un dolore quando parte.

Vivo per lei dentro gli hotels.

Con piacere estremo cresce.

Vivo per lei nel vortice.

Attraverso la mia voce

Si espande e amore produce.

Vivo per lei nient'altro ho

E quanti altri incontrer¨°

Che come me hanno scritto in viso:

Io vivo per lei.

Io vivo per lei

Sopra un palco o contro ad un muro...

Vivo per lei al limite.

... anche in un domani duro.

Vivo per lei al margine.

Ogni giorno

Una conquista,

La protagonista

Sarà sempre lei.

Vivo per lei perché oramai

Io non ho altra via d'uscita,

Perché la musica lo sai

Davvero non l'ho mai tradita.

Vivo per lei perché mi da

Pause e note in libertà

Ci fosse un'altra vita la vivo,

La vivo per lei.

Vivo per lei la musica.

Io vivo per lei.

Vivo per lei è unica.

Io vivo per lei.

Io vivo per lei.

Io vivo

Per lei.

Io vivo per te” Ele sussurrou no meu ouvido, quando acabamos de cantar.

“Eu também.” Disse antes de beijá-lo.


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Notas finais do capítulo

Desabafo: Desde quando comecei a escrever essa fic, e idealizar o personagem do James, eu me perguntava se poderia realmente existir alguém tão preconceituoso. Eu não conseguia imaginar essa situação, até eu vê-la. Nas férias eu viajei (contrariada) e fiquei na casa de uma conhecida da minha mãe. Um belo dia, essa pessoa começa a falar sobre uma moça que infelizmente se casou com um deficiente visual. Ela começou a falar que ela não conseguia entender o porquê ela se casou com ele se ela podia se casar com qualquer outro homem que fosse normal. Para piorar a situação, segundo ela, a mulher ainda teve uma filha com ele. E ela falou como se aquilo fosse a pior coisa do mundo. Como se amar alguém com deficiência e se casar com ele fosse um estorvo. Na hora eu fiquei calada, pq além de eu estar sobre o teto da pessoa que falou isso, eu não estava num humor muito bom para falar isso de modo calmo. Mas por dentro eu fiquei revoltada! Eu sabia que existia pessoas assim, só não sabia que elas andavam tão próximas a mim. O interessante foi que ela usou as (quase) mesmas palavras que o James usou no capítulo: “O que ela viu nele? Ele é cego.” Beijos e até o próximo! Vou responder as reviews aos poucos