Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 13
Apresentação


Notas iniciais do capítulo

Ok, eu não resisti! Amei tanto os reviews que vocês mandaram que tive quer vir correndo aqui postar outro capítulo..ai, ai!

Espero que gostem desse também.



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Capítulo 13- Apresentação

[BPOV]

Abri os meus olhos e vi que estava no meu quarto. Como eu havia parado lá?  A última coisa que eu me lembrava era de estar vendo John Travolta na tela da TV. Eu devia estar ficando com problemas sérios de memória.

Depois do meu momento humano de todas as manhãs, me pus a caminho da cozinha.

Enquanto eu descia as escadas, eu percebia o silêncio que predominava no ambiente. Algo completamente incomum para uma manhã de sábado.

Quando cheguei na cozinha, me surpreendi ao ver um Jasper ainda de pijamas, preparando o café da manhã.

“Bom dia” Cumprimentei-o, ainda sonolenta.

“Bom dia.” Ele respondeu, parecendo estar com tanto sono quanto eu.

“Cadê todo mundo?” Perguntei, ainda estranhando todo o silêncio matinal.

“Dormindo.” Ele respondeu, bocejando.

“Até seus pais?” Perguntei, surpresa.

“Acho que sim.” Ele respondeu, incerto.

Ajudei o Jasper a acabar de preparar o café, que consistia em ovos mexidos, bacon, panquecas, suco e café. Eu nunca imaginei que Jasper soubesse cozinhar.

 “Como foi ontem?” Ele perguntou quando finalmente sentamos para comer tudo o que preparamos. Jasper tinha um sorriso suspeito no rosto, e eu tentava descobrir qual seria o motivo daquilo.  

“Legal.” Respondi brevemente, e Jasper continuou me olhando, controlando-se para não rir. “O que foi?” Perguntei, elevando a minha voz. Qual era a graça?

“Nada não, cunhada.” Ele respondeu, ainda rindo. Espera, ele me chamou de cunhada?

“Cunhada?” Perguntei, ainda mantendo meu tom de voz elevado.

“Eu achei tão fofo vocês dormindo no sofá.” Ele respondeu, sarcástico. Como assim eu dormi no sofá?

“O quê! Você viu a gente?” Não que eu não tivesse vergonha do Edward, mas eu não queria ser vista com ele exatamente para evitar esse tipo de coisa.

“Claro! Quem você acha que te levou para o quarto?” Pelo menos isso explicava como eu havia chegado ao meu quarto.

“Pensei que tivesse chegado lá com minhas próprias pernas.” Admiti num sussurro.

“De qualquer maneira, bem-vinda a família.” Como eu queria dar um soco e tirar aquele sorriso pretensioso que ele tinha no rosto.

“Eu e o Edward somos apenas amigos.” Afirmei. Era demais para mim ter que ficar ouvindo piadas sobre isso durante o café-da-manhã.

“Engraçado, eu e a Alice começamos assim.”

“Eu não vou discutir com você.” Disse firmemente.

“Se não tem argumentos, então é por que é verdade.” Ele devolveu.

“Argumentos eu tenho, só não quero desperdiçá-los com você.” Para toda réplica, há uma tréplica.  Eu e Jasper ficamos nos olhando, esperando para ver quem seria o primeiro a ceder.

“Beeellaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!” Alice gritou, quando me viu na cozinha. Isso porque ela ainda não tinha tomado sua dose diária de cafeína. Mas até que eu estava feliz por ela ter aparecido. “Conta tudo. Como foi ontem? O que você achou do James?”

O loiro que estava na minha frente, logo ficou rígido ao ouvir aquele nome sendo pronunciado.

“Depois falamos sobre isso, Ali.”  Respondi, tudo para manter a paz do ambiente.

“Bem que podíamos fazer alguma coisa hoje.” Quando ela começava assim, o final era sempre o mesmo. Eu acabava sendo arrastada para o shopping.

“E o que você tem em mente?” Logo me arrependi de ter feito essa pergunta.

“Compras!” Ela respondeu, batendo palmas. Eu tenho medo dela, fato!

“O Jazz vai com você, afinal namorado é para essas coisas.” Tentei me livrar, mesmo sabendo que as chances eram mínimas.

“Eu tô fora, odeio shoppings.” Jasper também tentou se esquivar.

“Assim como eu.”

“Mas você é uma garota. Vocês já nascem com os genes para aturar esse tipo de coisa.” Era incrível como eu e o Jazz estávamos dispostos a discutir nessa manhã.

“Eu poderia passar a manhã toda vendo vocês dois discutirem, mas eu vou logo adiantando que os dois vão comigo.” Alice avisou, com seu jeito mandão que não dava brechas a reclamações.

“Alice!” Gritamos juntos.

“Sem essa de Alice para cima de mim. Eu preciso comprar um vestido para a festa do seu pai.”

“Festa do Carlisle?” Perguntei surpresa.

“É que todo ano o County General Hospital organiza uma festa beneficente.” Jasper explicou, e eu já não estava gostando nem um pouco dessa história.

“É um dos maiores eventos sociais do ano.” Alice adicionou. 

“Legal.”

“E nem pense em escapar, por que eu não vou deixar.” Ela falou novamente com seu tom autoritário.

“O quê?”

“Você me ouviu muito bem. Você vai a essa festa.”

“Ali...” Eu tentei falar alguma coisa, mas ela não me deixou terminar.

“Já disse que não adianta. Eu deixei você escapar ontem, não pense que vou deixar isso acontecer de novo.”

Suspirei frustrada. Eu nunca ganharia uma discussão com ela.

Mal acabei de tomar meu café, e meu pai já estava buzinando do lado de fora.

Pontualmente às cinco da tarde, Alice e Jasper estavam parados na minha porta.

Só de pensar na maratona que eu teria que enfrentar, já me fazia ficar cansada. Como uma pessoa podia entrar em tantas lojas e experimentar tantas roupas? Eu nunca iria saber.

***

Alice já estava na sexta loja, e ainda não tinha encontrado, nas palavras dela, o vestido perfeito. Enquanto ela estava dentro da loja, eu e Jasper permanecemos do lado de fora. 

“Quando você vai fazer o pronunciamento?” Jasper sussurrou no meu ouvido.

“Que pronunciamento?” Perguntei, confusa.

“Do seu namoro, cunhada.” Ele respondeu com aquele maldito sorriso confiante no rosto.

“Eu esperava esse tipo de atitude infantil do Emmett, mas não de você.” Respondi, revirando os olhos.

“Acredite, se fosse ele todos já estariam sabendo. Eu estou sendo discreto.” Por mais que eu odiasse concordar com ele naquele momento, eu sabia que ele tinha razão.

“Você está sendo chato, isso sim.”

“É que é legal te ver irritada.” Ele sorriu.

“Idiota.“ Sibilei.

“Falando sério, eu nunca tinha visto ele passar tanto tempo com alguém desde que ele perdera a visão. ” Jasper falou sincero. Eu sabia que esse momento, provavelmente, chegaria, só não esperava que fosse agora. 

“Isso é porque nós temos uma apresentação na próxima semana.” Expliquei. Eu ainda não podia saber ao certo, se continuaríamos a ser amigos depois dessa fase.

“Você sabe que não é só isso.” Ele insistiu. “Ele se importa com você.”

“Você acha?” Perguntei.

“Tenho certeza.” Ele respondeu com um sorriso sincero. E eu não pude evitar a alegria que invadiu o meu corpo.

“Bella?” Ouvi uma voz não muito família me chamando. Me virei em direção a voz e fiquei surpresa.

“James?!” Ele veio até mim para me cumprimentar.

Instantaneamente, eu senti Jasper retesando ao meu lado. De tantas pessoas no shopping tínhamos que esbarrar justamente com o James?

“Oi Jasper.” James cumprimentou secamente.

“James.” Ele respondeu da mesma maneira.

Os dois permaneceram em silêncio, enquanto eu olhava desesperadamente para a porta da loja, na esperança de que Alice saísse logo de lá.

“Como você está?” James quebrou o silêncio.

“Bem, obrigada.” Respondi o mais imparcial possível.

Respirei aliviada ao ver Alice finalmente saindo da loja, com várias sacolas na mão. Pelo menos uma coisa boa no meio disso tudo.

“James!” Ela gritou ao ver o primo. Será que ela não podia se controlar um pouco pelo Jasper?

“Hey, Ali.” Eles se abraçaram, e eu podia ouvir a respiração de Jasper acelerando.

“Que tal jantarmos aqui no shopping?”  Ela sugeriu, olhando para nós.

“Ótima idéia.” James respondeu entusiasmado. Eu e Jasper apenas assentimos.

Alice e James foram andando na frente, enquanto eu permanecia atrás com o Jasper, que ainda mantinha uma expressão nada amigável no rosto.

“Comporte-se” Avisei-o.

“Me dê um motivo.” Ele respondeu, displicente.

“Você prometeu.” Lembrei-o. Ele continuou me olhando, como se estivesse esperando por mais um motivo. “A Ali te ama, e você sabe disso. Comporte-se por ela.” Ele fez um som, que mais parecia um rosnado, mas concordou com o que eu falei.

“Todas as garotas da minha vida caem de amores por ele.” Ele comentou, enquanto caminhávamos pelo shopping.

“Pelo menos a Rose e a sua mãe estão fora dessa.“ Disse, numa tentativa de consolá-lo.

“Na verdade só a Rose.” Ele respondeu, sorrindo.

O jantar transcorreu na mais absoluta paz, o que eu achava ser um tremendo avanço devido ao histórico deles.

Pelo menos o James iria embora na manhã seguinte, e ficaria algum tempo sem aparecer.

 

***

“Hoje começaremos as nossas apresentações.” O Sr. Banner avisava a classe. “É bom saber que a maioria dos alunos estão aqui. Eu estou ansioso para a apresentação de vocês. Lembrando que a apresentação de hoje vale ponto para a apresentação no final do semestre. ”

Os primeiros a se apresentarem foram dois garotos que fizeram um cover de One Week do Barenaked Ladies. Aquela música era insana, mas eu amava ouvi-la, ainda mais por ser trilha de um dos meus filmes favoritos.

Em seguida, Angela e companhia subiram ao palco. Assim que eles começaram a cantar reconheci a música de cara, Lost without each other do Hanson.

Essa música era tão fofa! Só o que não era fofo era o Mike cantando a música e olhando para mim ao mesmo tempo. Eu tinha que admitir que ele tinha uma voz legal, mas era assustador ter aqueles olhos cravados em mim o tempo todo.

“Será que ele não se manca?” Reclamei.

“Quem?” Edward perguntou, ao meu lado.

“O Mike.” Respondi. “Ele está cantando a música e olhando na minha direção.”

“Isso prova que ele é persistente.” Ele concluiu, quase que com um sorriso.

“Isso prova que ele é irritante.” Corrigi-o.

Edward e eu permanecemos em silêncio durante o restante das apresentações.

E eu, às vezes, o olhava de soslaio, pensando no que Jasper havia me dito. Será que ele realmente se importava comigo?

“Edward, Bella! Vocês são os próximos.” O Sr. Banner avisou.

Nessa hora eu senti minhas mãos ficando geladas, minha respiração desregulada e meu coração acelerando.  Eu estava entrando em pânico. Eu nunca tinha cantado em público antes, muito menos para ser avaliada.

“O que foi?” Edward perguntou preocupado. Provavelmente, ele havia ouvido o som da minha respiração.

“Acho que vou ter um ataque de pânico.” Disse, enquanto tentava normalizar minha respiração.

“Você tá falando sério?” Ele perguntou, duvidoso.

“Eu nunca tive um, mas eu tenho quase certeza que sim.” Respondi nervosa.

“Suba no palco, feche os olhos e não olhe para nada até a música acabar.” Ele me aconselhou, e eu o olhei confusa, mesmo sabendo que ele não poderia ver minha reação.

“E como eu vou tocar de olho fechado?  Você esqueceu que eu ainda tô com o braço quebrado?” Se eu já ficava com um medo mórbido de errar estando com os olhos abertos, que dirá fechando-os.

“Você sabe que pode fazer isso.”Ele disse confiante, e eu me perguntava de onde toda essa confiança disse.

“E se eu errar?” Perguntei, temerosa. Eu sabia que nossa relação não era a mesma de semanas atrás, mas era difícil esquecer nossa última briga e o motivo dela.

“Aí você pode abrir os olhos e fazer do seu jeito.” Ele respondeu.

“Eu tô com a sensação de que isso não vai dar certo.” Falei, temerosa.

“Você confia em mim?” Ele perguntou. Eu confiava nele?

“Sim.” Minha boca respondeu, antes que eu sequer pensasse a resposta.

“Então siga meu conselho.”

“Ok.” Suspirei.

Subimos no palco e assim que me posicionei no piano, fechei os olhos.

-Um, dois, três e já.- Edward contou, e começamos a tocar a música.

Eu tinha vontade de abrir os meus olhos. Era estranho não enxergar o que estava fazendo. Era uma sensação tão estranha, apertar as teclas sem vê-las.

Mas foi nessa hora que eu entendi.

O Edward não podia simplesmente abrir os olhos e ver o que estava fazendo. Ele tinha que confiar na capacidade dele e nos outros sentidos.

Parecia que a cada dia eu entendia mais como era ser ele. Claro que eu nunca poderia entender plenamente o que era perder a visão, mas em momentos como esse, quando era só nós dois e a música era como se eu conhecesse um pouco mais dele.

Um pouco mais sobre o verdadeiro Edward. Aquele que se perdeu há um tempo atrás.

Comecei a prestar atenção no que estava tocando, e era como se eu realmente pudesse sentir a música.

Eu não precisava dos meus olhos para saber onde estaria a próxima nota. Eu podia sentir a música. 

A apresentação chegou ao seu fim, e todos na sala nos aplaudiram.

“Muito bem.” O Sr Banner nos elogiou. “Nosso tempo acabou, quem não se apresentou hoje ficará para a próxima semana. E não se esqueçam de trabalharem na apresentação final.” “Ah, e antes que eu me esqueça, vocês estão liberados pelo o restante do dia.” Toda a sala comemorou ao ouvir a última declaração do professor.

O sinal tocou e todos os alunos saíram correndo da sala. Acho que ter um dia de folga não era algo que ocorria com muita freqüência por aqui.

“Como vai a apresentação?” Edward me perguntou, enquanto andávamos pelos corredores. 

“Ainda nem comecei. E você?” Era estranho, mas enquanto eu conversava com ele, eu podia sentir que estava sendo observada pelos demais.

“Mais ou menos.”  Ele deu de ombros. “Você acha que teremos uma apresentação antes da final?”

“Eu não sei. Se tivermos vamos ter que arranjar logo uma música e começar a ensaiar.” Respondi.

“Se você quiser poderíamos ver isso hoje.” Ele sugeriu.

“Eu até que gostaria, mas eu preciso  ir para casa. Daqui a pouco o Charlie vai pensar que não tem mais filha.” Ri com o que eu mesma havia falado. Eu sabia que meu pai não me esqueceria, mas também sabia que ele gostava quando eu ficava em casa. Mesmo que ele não dissesse.

“Ok, então. Tchau.” Edward se despediu.

“Tchau.”

Depois do almoço me deitei na cama, aproveitando o ócio. Eram, tão raros os dias que eu podia ficar assim, que chegava a ser uma diversão, deitar e não fazer nada.

Claro que o período na casa dos Cullens não conta. Uma coisa é você não querer fazer nada, outra é não poder fazer nada. Isso faz toda a diferença.

 

E eram exatamente nesses dias que eu ficava, apenas olhando para o teto do quarto, e de vez em quando, pensando na vida

E pensar na vida sempre resultava no meu caderno de poesias sendo aberto. E dessa vez não foi diferente.

Com o caderno aberto, peguei uma caneta e comecei a escrever. Eu nem sabia ao certo o que estava escrevendo. As palavras iam fluindo, quase que ganhando vida própria, enquanto minha mão as colocava no papel. 

As rimas se formavam por si só, enquanto as linhas da folha eram preenchidas.

Era a primeira vez que eu me sentia inspirada para escrever desde que me mudara para Chicago.

Eu nunca tivera um bloqueio tão grande, mas também nunca escrevi uma poesia assim tão rápido.

Talvez tudo isso era devido a minha confusão que se tornara uma constante na minha vida.

Ou talvez, poderia ser outra razão.

Assim que terminei de escrever, resolvi ler a poesia.

 

Eu não sei muito sobre você

Ou sobre o seu mundo

Mas sempre me pergunto o porquê

De estar sozinha neste segundo

 

Você não conhece o meu passado

E meu futuro é uma incógnita

Talvez tudo esteja sendo apressado

Mas isso já não importa

 

Mas, o que dizer?

Quando se quer arriscar

O que dizer?

Se num precipício quiser saltar

Sem saber

Se há chão para pisar,

Ou mão para segurar,

Ou inferno a enfrentar.

O que dizer?

 

 Eu só queria poder recomeçar

Talvez você pudesse me mostrar

Como é viver em seu mundo

Escondido por trás desses muros.

 

Mas, o que dizer?

Quando se quer arriscar

O que dizer?

Se num precipício quiser saltar

Sem saber

Se há chão para pisar,

Ou mão para segurar,

Ou inferno a enfrentar.

O que dizer?

 


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Notas finais do capítulo

Qualquer semelhança dessa poesia com alguma música, não é mera coincidência. Eu não vou revelar o nome da música, já que ela vai aparecer dentro de alguns capítulos. Mas para quem conhece a música, já deu para sacar pela poesia, que não é exatamente a tradução da música, mas é quase isso, só tive que fazer alguns ajustes para que rimasse. xD


Beijos e até o próximo!