Prelúdio escrita por CamillaVicter


Capítulo 15
Capítulo 15 - Não Me Deixe!


Notas iniciais do capítulo

Bom, people!!!
Que fim de semana conturbado!! Milhõõõõões de e-mails na minha caixa de entrada!! Eu li todos com muito carinho, mas infelizmente ninguém acertou quem são os traidores!! Alguns chegaram tão perto que eu quase mandei o capítulo!! Mas eu tinha dito que só se acertassem os dois...
Então tá aí!!
Para matar a curiosidade da galera...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/82948/chapter/15

Capítulo XVNão me deixe!

 

O que se pode fazer quando tudo parece conspirar contra você? Quando a razão do seu viver não está mais ao seu lado? E quando nada parece dar certo para que fiquem juntos?

O que se pode fazer quando a luz dos seus olhos está em perigo? Ou quando a melodia do seu amanhecer parece muda? Quando o perfume do seu jardim simplesmente se perde ao vento? Ou quando a razão para o seu canto não existe mais?

Sem sentidos.

Sim, era assim que eu estava: sem sentidos... Cega... Surda... Muda... E sem olfato...

Cega, porque eu já não via a luz dos meus olhos.

Surda, porque eu não conseguia ouvir a melodia do meu amanhecer.

Muda, porque eu já não tinha motivos para cantar.

E sem olfato, porque o perfume do meu jardim já se perdera permanentemente.

E o pior de tudo era perceber que eu nunca mais voltaria a vê-lo.

Ah, Matthew... A razão da minha vida. Uma vida sem você não tem sentido. É como um beco sem saída. Como um oceano sem água. Um jardim sem flor...

Pra mim, uma vida sem você não é uma vida.

Eu senti — não com meus poderes nem habilidades extras, mas com todos os meus sentimentos, com cada fibra do meu corpo — sua vida esvaindo-se pelos meus braços.

Não, Matt! Não!

 

**********

 

— Ele está morrendo nesse exato minuto e nós ainda estamos aqui? Eu não posso ficar parada enquanto ele se sacrifica por mim! — eu gritei esgoelando-me enquanto lágrimas rolavam copiosamente pelo meu rosto. Ninguém deu a mínima importância para os meus gritos. — Será que alguém pode me ouvir?

A sala continuou em silêncio.

Depois que eu contei a eles a minha premonição catastrófica, nós nos dirigimos até a casa do nosso líder, Viktor. Meu instinto impelia minhas pernas na direção da floresta, mas meu pai me obrigou a ver que não podíamos ir sozinhos de encontro aos lobisomens. Ele queria que Viktor nos disponibilizasse mais alguém.

Nós estávamos, agora, na gigantesca sala da casa de Viktor. Dimitri tinha uma das mãos no ombro de Stephanie, lendo em sua mente cada sentimento meu. Meu pai e Viktor discutiam veementemente sobre a periculosidade dessa missão.

Eu senti um ímpeto furioso de avançar sala a fora.

Dimitri lançou-me um olhar suplicante, então eu relaxei.

Meu pai finalmente pareceu dar atenção às minhas palavras. Mas, pela sua expressão de censura, minha perspectiva afundou no mesmo instante.

— Você não vai. — ele disse calmamente.

Eu analisei a sentença por um segundo tentando desacreditar suas palavras.

— Como? — eu perguntei indignada quando percebi que ele falava sério.

Meu pai olhou-me superiormente como se estivesse explicando uma coisa muito óbvia — como dois mais dois — a uma criancinha. Depois levantou uma sobrancelha para mim.

— Não vamos levá-la diretamente aos lobisomens. Seria como dar você a eles em uma bandeja de prata. — ele disse.

Eu encarei-o apavorada. Aquilo, com certeza, era uma brincadeira de mau gosto.

Por que eu estou perdendo o meu tempo aqui, mesmo?

— Pode ser uma armadilha, Chris... — falou Viktor. Eu contive um impulso de tapar os meus ouvidos e cantarolar infantilmente para abafar sua voz. — Nós não conhecemos aquele lobisomem!

Como um raio, a raiva tingiu minha visão de vermelho, impedindo-me de pensar racionalmente. Eu trinquei meus dentes com um estalo audível reprimindo um rosnado furioso que subia em meu peito.

Não! — eu rosnei entredentes. Minha voz saiu áspera e rude. Eu não me importei com a educação. Soou como deveria.

Meu irmão, de repente, estava ao meu lado, sussurrando em meu ouvido.

— Contenha-se, Chris!

— Não posso, Dimitri! Ou nós saímos agora ou eu mesma saio sozinha! — ameacei com a voz cintilando de raiva, mas ainda assim, a nebulosidade escarlate em minha vista começou a dissipar-se. Ninguém me respondeu, mas o tempo estava passando e — inversamente proporcional à minha raiva que esvaecia — o desespero começou a tomar conta de mim.

Meus joelhos, por fim, cederam. Eu não me importava de estar vulnerável. Eu não me importava com a humilhação. Nada mais importava... Só o Matthew.

— Por favor... — eu implorei.

Eu não tive coragem de olhar os rostos à minha volta. Eu não queria olhar os rostos à minha volta.

Quinze segundos...

Se ninguém me responder em quinze segundos, eu vou sozinha.

Coragem, Chris! Um, dois, três, quatro...

— Eu não posso deixar que você vá, Christinne! Não depois de tudo pelo que eu te fiz passar...

Não pude conter a minha curiosidade depois disso. A voz de Viktor, mesmo baixa, encheu meus ouvidos. Ela estava entrecortada e estrangulada. Um reflexo do homem amargurado que ele fora por séculos e séculos.

Não fazia sentido!

— Como? — quem expressou minha dúvida foi Dimitri. Embora se dirigisse a Viktor, seus olhos estavam focados em mim. Concentrados...

— Não te entendo, Viktor. O que você me fez? — eu perguntei ansiosa. Cada segundo perdido era como uma punhalada em meu coração.

Ele não respondeu. Eu senti a pontada angustiante martelando em meu peito enquanto perdurava na sala um silêncio perturbador. Viktor, por fim, sentou-se em uma poltrona perto dele e afundou o rosto nas mãos. Mais uma vez, o homem amargurado.

— Eu fui um monstro, Christinne... Não! Não! Eu fui pior do que isso... Eu fui um...

— Eu não estou te entendendo, Viktor! — eu o interrompi. Minha voz soou rude outra vez, mas eu não me importei. Todo aquele protelamento estava me deixando inquieta.

— Procure ter paciência, Chris! É uma história complicada... — ele disse baixando os olhos. — Mas... Que diferença vai fazer? Vocês vão querer me matar no fim de qualquer maneira...

Ele parou outra vez encarando o vazio. Eu olhei em volta. Todos tinham os olhares fixos em Viktor. Atentos a cada palavra. Eu deixei escapar um grunhido de inquietação com a demora. Deu certo. Viktor voltou a falar.

— No começo desse ano, Lohainne veio me procurar. Ela disse que tinha algo importante para me contar. Pediu que eu encontrasse-a no parque da cidade. Um lugar público para que não houvesse brigas.

“No começo, eu acreditei sinceramente que era um truque. Uma armadilha. Mas a curiosidade falou mais alto e eu, instintivamente, não pude recusar. Por precaução, pedi que a Dra. Jéssika me acompanhasse.”

Nada fazia sentido na minha cabeça. Por que raios estamos tendo essa conversa inútil enquanto Matthew está morr...? Não, Christinne! Fé! Pensamento positivo... Não foi uma premonição! Ele está bem.

— Nós nos encontramos tranquilamente. Sem brigas. Sem discussões. Lohainne disse-me que estava cansada de segredos. Cansada de esconder as coisas de mim. Como eu podia desconfiar? Ela é minha irmã.

“Então ela me deu uma carta. Disse-me que era um presente. A carta... Bom, a carta era de Hanna. Não uma carta antiga. Uma carta atual. Eu reconheci sua letra. Senti o seu perfume. Quase fui capaz de imaginá-la escrevendo.”

Ele fez uma pausa sombria analisando os rostos a sua volta.

— Ela... Ela está viva? — perguntou Stephanie amedrontadamente.

Viktor assentiu levemente com a cabeça.

— Sim, Stephanie. Hanna está viva. Na hora, meu coração encheu-se de êxtase. Eu quis abraçar a Lohainne e agradecê-la independente do que ela tivesse feito no passado. Foi em júbilo que eu perguntei onde ela estava. Onde eu poderia encontrá-la. — o rosto de Viktor, então, escureceu. — Mas aquela era a Lohainne, não era? Como eu pude ser tão estúpido? Ela queria algo em troca, é claro.

Minha mente se iluminou na velocidade da luz. Eu entendi o motivo de toda aquela conversa. Não era inútil, afinal. O nojo inundou-me completamente. Eu resisti ao impulso de vomitar ali mesmo.

Eu fiquei de pé em um salto. Minhas mãos estavam em punhos e meus braços tremiam violentamente. Fuzilei Viktor com os olhos combatendo a vontade de matá-lo naquele momento. Devagar, mas ainda atenta, eu comecei a andar para trás.

A compreensão pareceu atingir todos os outros também. Mas, mesmo assim, Viktor continuou falando.

Eu contei a eles que você tinha tido uma premonição. Eu deixei que os lobisomens entrassem para te seqüestrar. Eu convenci sua família a acreditar que você realmente tinha deixado-os. Eu deixei que o lobisomem permanecesse aqui para que pudéssemos usá-lo. Eu disse a eles que seqüestrá-lo a levaria até eles. Eu planejei tudo, Christinne... Cada detalhe! E me arrependo de cada um também! Nada justifica o que eu te fiz...

Um rosnado furioso tomou conta da sala. Não era meu. Era de Dimitri. Seus olhos tinham a mesma expressão que os meus. Raiva. Ódio. Sede de sangue. Meu pai e Stephanie também não pareciam estar muito longe disso, não...

Eu dei outro passo para trás, enojada. Meus braços ainda tremiam e eu podia sentir que estava me transformando. Mas ainda faltava uma coisa. Eu queria que ele admitisse. Era só o que faltava para eu sair.

— O que ela queria? — eu perguntei entredentes.

Ele olhou-me nos olhos, mas recuou ao ver a minha expressão.

— Você.

E, então, eu saí correndo.

 

**********

 

A transformação foi rápida. Quase natural.

Depois de sair da casa de Viktor, eu corri até a floresta que se estendia no fim da vila completamente ciente dos passos que me seguiam. Só quando notei que eles estavam ficando para trás foi que eu percebi que eu não estava correndo em uma velocidade normal.

Eu esperei até estar completamente encoberta pela floresta para me transformar. Apesar de só ter conseguido umas três vezes antes em aulas com o Matthew, foi como se eu já tivesse séculos de experiência. Quando eu estava na sala, meus braços tremiam quase convulsivamente e minhas mãos estavam fechadas em punhos. Mas, em um ato reflexo, eles ficaram rígidos ao meu lado enquanto eu corria. Eu senti aquele frio estranho e familiar — como água muito gelada — descendo pelas minhas costas. E, então, eu já não corria mais em pé e o que me guiava agora eram patas. Quatros patas brancas e peludas.

A floresta se estendeu como um borrão enquanto eu corria. Eu nem ao menos sabia onde estava indo, mas meus instintos me guiavam e eu confiei plenamente neles.

Meu sonho fora real demais. Vívido. Com certeza, uma premonição. Mas a esperança palpitava em meu peito espalhando-se através da minha corrente sanguínea... Contagiando-me.

Uma premonição... Como o próprio nome dizia, era um conhecimento antecipado. Eu ainda poderia chegar lá antes que acontecesse. Eu chegarei lá antes que aconteça! Matthew, eu te prometo... Nem que isso custe a minha própria vida.

Quase fui capaz de ouvir sua voz retrucando por causa de meus pensamentos. Quase fui capaz de imaginar seu sorriso deslumbrante. Quase fui capaz de afundar-me no rio negro de seus olhos. Quase...

A dor apertou meu peito tentando afastar minhas esperanças, mas eu finquei pé. Perdê-lo não era uma opção!

Apertei o meu passo quando comecei a ouvir alguma coisa, acelerando na direção do som. Eram vozes. Uma só voz, na verdade. Uma voz assustada. Temerosa. Também ouvi um grunhido furioso. Quase um rosnado. E — e o meu coração parou ao reconhecer a voz — um gemido. De dor...

Eu acelerei, agora ainda mais motivada, na direção do som. Tentei furiosamente não deixar que aquele som destruísse minhas esperanças, mas foi em vão. Eu senti a depressão afundando-me e obriguei-me a manter o ritmo.

Um brusco farfalhar de asas ao meu lado prendeu minha atenção. Eu virei-me, ainda correndo, na direção do som. Não era um som delicado como o das asas das ninfas. Era grosseiro e áspero como... Como o das asas de um morcego... As asas de um vampiro.

A origem do som finalmente me alcançou, mantendo-se ao meu lado. Eu encarei-o.

— Chris... Você não vai fazer isso, vai? — perguntou meu irmão. Ele voava ao meu lado com suas gigantescas asas de morcego batendo furiosamente. Era nítido que ele estava se esforçando para me alcançar. — Por favor!

Minha forma lupina impedia-me de respondê-lo, mas eu usei de outros de meus poderes para fazê-lo.

Eu não posso deixá-lo, Di... Você não está ouvindo? — eu esperei sua resposta. Ele pereceu procurar o som. Mas não me respondeu. — Ele está sofrendo, Di! Acho que eu cheguei tarde demais...

Não diga isso, mana! Tudo bem! Eu concordo! Vamos salvá-lo! — ele me disse com um sorriso determinado.

Será que vocês podiam diminuir o passo para eu alcançá-los? — falou outra voz em minha cabeça. — Ei, Chris... Mesmo que eu não entenda realmente o motivo de você querer salvá-lo, eu vou te ajudar! Desde que eu possa bater em alguns lobisominhos, é claro! — ele completou.

É claro que pode, Klauss! Obrigada!

Disponha, Chris! Disponha!

Um uivo torturado chamou minha atenção de volta ao que realmente importava. Eu quis uivar junto, mas isso denunciaria minha aproximação. E já estávamos tão perto! Eu já conseguia ver a sutil iluminação que apontava a localização da clareira onde Matthew estava...

Não precisei diminuir o passo para analisar a situação quando eu atravessei as árvores que me separavam da clareira. Meus sentidos observaram tudo em um quarto de segundo. E eu precisei de menos tempo do que isso para resolver o que eu queria fazer.

Josh, claramente ciente de nossa aproximação, posicionara-se em frente à sua esposa em uma atitude visivelmente defensora. Carmem, apesar de devidamente protegida, vigiava seus prisioneiros — Magda, Vinnícius e Rayanna — com uma dominação sádica. Os três — amarrados uns aos outros — estavam inconscientes.

Meus olhos rapidamente encontraram o que eu estava procurando. Matthew... Ele estava caído no chão coberto de sangue e seu olhar encontrou o meu quando eu entrei na clareira. Mas eu não senti a força gravitacional de seus olhos. Não havia força. O buraco-negro não existia. Era como se formasse um vazio em meus próprios olhos. Seus olhos, antes negros e profundos, estavam injetados de um vermelho mórbido...

Ao mesmo tempo, eu senti a névoa vermelha de raiva tingindo minha visão quando Mark entrou nela. Ele não estava transformado. Era como se não tivesse medo de mim. Como se duvidasse de minhas habilidades.

Não pensei duas vezes. Com um rosnado furioso, eu avancei para ele. Foi tão rápido que ele nem teve tempo de reagir. Eu joguei-o contra uma árvore e o pendurei no alto segurando-o pelo pescoço. Eu ouvi Josh reagindo, mas alguém o segurou.

Pela primeira vez, eu vi um vestígio de medo perpassar os olhos negros de Mark. Eu ouvi na mente dele, que ele tentava controlar a minha mente para fazer-me largá-lo. Eu entendi na hora porque ele não estava conseguindo. Mas ele não...

Eu voltei a minha forma natural, mantendo-me na mesma posição, e sorri para ele sarcasticamente.

— Tentando me controlar, é? — perguntei.

Mark arregalou os olhos completamente assustado. Eu aproximei-me dele ameaçadoramente e sussurrei em seu ouvido.

— Novidade, maninho! Agora eu sou tão humana quanto você... — eu fiz uma careta quando percebi o que tinha dito. — Mentira! Eu sou muito mais humana do que você. Mas ainda assim... Sem chances!

Um novo som vindo de trás de mim chamou minha atenção. Mark sorriu-me triunfante. É claro que os lobisomens tinham chamado ajuda. Mas essa mínima desatenção foi o suficiente para que Mark fugisse de minhas mãos e corresse tentando escapar.

Eu rosnei raivosamente e transformei-me outra vez avançando contra ele. Eu tive vontade de rir quando percebi que ele era muito mais lerdo do que eu. Minhas patas quase imediatamente alcançaram-no derrubando-o no chão.

A névoa rubi em minha visão impedia-me de pensar racionalmente. Tudo o que eu queria era matá-lo. Era causar a ele toda a dor que ele tinha me causado. As imagens de dor e desesperança que passavam em meus olhos eram quase todas relacionadas a ele. Eu arreganhei os dentes ameaçadoramente avançando em seu pescoço.

Mas uma imagem em particular fez-me hesitar.

A lembrança daquele dia pavoroso e da briga nos portões da vila ocupou minha visão. A voz de Matthew preencheu minha mente inebriando-me completamente.

Você não vai matá-lo! Não vale a pena! Você não é um monstro como ele...

Eu olhei de volta para a clareira onde Matthew estava caído. Meu coração afundou no peito. Mark aproveitou-se da situação para tentar fugir outra vez. Sua movimentação me fez olhar de volta para ele. Eu me transformei outra vez para que pudesse usar minhas mãos e me levantei prestes a deixá-lo jogado ali mesmo, mas ele se levantou também e segurou-me para — com a voz fraca, mas sarcástica — cochichar em meu ouvido.

— Ele está morto, Chris! E você não pode fazer nada!

A raiva prendeu-me outra vez e — sem pensar duas vezes — eu segurei-o pela camisa e arremessei-o através das árvores. Deveria parecer difícil, mas ele foi bater em uma árvore do outro lado da clareira. A luta que se desenrolava hesitou por poucos segundos para observar o lobisomem caído do outro lado e depois — com um espanto palpável — a mim parada ofegante e ameaçadoramente.

Espantei meus pensamentos para prestar atenção ao que realmente importava: Matthew.

Foi com o coração na mão que eu corri para o seu lado. Toda a minha raiva se dissipou. Todo o meu ódio esvaiu-se. Eu não conseguia sentir absolutamente nada.

Eu puxei-o delicadamente para fora da zona de batalha e encostei-o em uma das árvores, ajoelhando-me ao seu lado.

— Matthew... — eu sussurrei com as mãos em seu rosto. — Como você está?

— Bem, bem... — ele disse com os olhos em mim.

A resposta automática doeu mais em mim do que se ele tivesse dito o contrário.

Eu quis carregá-lo de volta à vila, mas ele parecia tão machucado... Como eu o carregaria sem feri-lo ainda mais?

— Eu... É... Deixa... Deixe-me levá-lo, Matt...

— Não! Não! Por favor... — ele implorou fechando os olhos em uma expressão agoniada. Eu esperei em silêncio até que ele olhou-me de novo. — Me desculpe, Chris...

Eu senti com cada fibra do meu corpo que aquilo era uma despedida. Não consegui impedir que lágrimas grossas e dolorosas caíssem de meus olhos. A dor era excruciante demais.

— Por quê? — eu perguntei com a voz embargada.

— Por te fazer sofrer, Chris... — ele disse. Os olhos negros e injetados de sangue encarando-me tristemente. — Prometa-me! Prometa-me, por favor, que você vai ser feliz... Que ao menos vai tentar ser feliz?

Eu desabei em lágrimas.

— Não! Não! Por favor, Matt... Eu vou ser feliz ao seu lado! Você vai voltar comigo agora mesmo e amanhã nós nem lembraremos que isso aconteceu... Por favor, Matthew... Não me deixe!

Ele sacudiu a cabeça fracamente em um movimento quase imperceptível, mas suficiente para destruir meu coração. Ele pôs uma mão ensangüentada em meu rosto torturado e acariciou-me delicadamente. O movimento foi sutil, mas eu entendi e não precisei de mais nenhum segundo para selar meus lábios nos seus.

Mesmo naquela situação, seu beijo deixou-me alheia a todo e qualquer som externo. Os sons de gritos e lutas desapareceram-se por completo quando eu toquei meus lábios nos dele. Na mesma hora, seu perfume inebriou-me tomando conta de minha mente.

Seu sabor delicioso de chocolate e menta estava misturado com o gosto metálico do seu sangue. Aquilo foi como uma sentença de morte ao meu coração.

E o seu sabor misterioso. Hoje, depois de tanto tempo eu o entendi... Logo hoje... Logo em nosso último beijo... No beijo de despedida... Eu não o tinha descoberto antes por que — acredite se quiser — não tínhamos chegado a um beijo com tamanha intensidade como agora. Nossas emoções, como sempre, fluíam entre nossos lábios. Mas agora, eram as mesmas emoções... E eu senti seu gosto enigmático... O gosto de amor!

Antes que eu pudesse apreciá-lo, nós estávamos nos separando. Seus olhos afundaram-se nos meus, mas eu não consegui afundar-me nos dele. Não eram os olhos que eu conhecia... Não eram os meus olhos negros...

— Me desculpe, Chris... — ele disse com um último sopro de vida. — Eu te amo!

Tentei gritar, mas não consegui... A voz parecia presa em minha garganta. Eu senti as gotas de chuva embaçando minha visão. Era a lua chorando comigo...

Eu não podia deixar. A luz de meus olhos estava me deixando... Não!

Eu senti sua vida se perdendo como as minhas lágrimas na chuva. Foi em meus braços que eu ouvi seu coração bater uma última vez e depois... O silêncio. Só o amargo silêncio...

Sua vida escorregou por entre as minhas mãos como água. Era como a fumaça. Não se pode segurar.

Pelo silêncio doloroso, eu percebi que a luta tinha acabado. Alguns poucos olhavam para mim. Outros tentavam reparar os estragos. Klauss desamarrava os prisioneiros que agora já voltavam à consciência. Dimitri estava em prantos debruçado sobre alguém. Stephanie? Não consegui ver. Não consegui encontrar meu pai também.

A dor era tanta que me cegava.

Eu percebi, meio tardiamente, que já era para ter amanhecido. Mas a escuridão ainda tomava conta da floresta. Eu olhei pro céu em busca de respostas. A lua surgia, por entre nuvens, com um halo vermelho. Como uma lua de sangue. Como se ela sangrasse com o meu coração.

Eu tomei uma decisão repentina. Não havia mais motivos para viver. Também não havia como alguém me impedir. Com sorte, seria rápido demais para que alguém percebesse.

Eu não sabia exatamente como fazer aquilo. Jamilly tinha dito que era fácil. Tranqüilo como respirar. A aula que eu tinha tido mais cedo com a ninfa preencheu minha visão.

Havia motivos para temer?

Eu olhei para o corpo sem vida da razão da minha existência. Não, não havia nada a temer!

Eu pus minhas mãos sobre o peito dele.

Só o que eu desejava era agüentar o suficiente para que eu pudesse terminar. Para que eu pudesse salvá-lo.

Foi fácil. Como Jamilly havia dito, foi natural.

Eu pude sentir minha vida esvaindo-se enquanto eu transferia minha energia vital a ele. Uma luz forte e branca cegou-me. Mas não era uma sensação ruim. Era reconfortante.

Eu ouvi gritos e súplicas e notei que eles tinham entendido o que eu estava fazendo. Rezei para que eles deixassem-me terminar.

Eu pude sentir que me aproximava do meu último sopro de vida.

E fiquei satisfeita quando ouvi um som claro e forte. Vívido.

O som de um coração.

E depois eu morri.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mataram a curiosidade??
Então é isso!! Só pra lembrar os outros desafios continuam!!! Não deixem de tentar!!

2º- O capítulo 16 não é narrado pela Chris (:/)!! Vai ganhar o cap antecipado também quem me disser, até às 23:59 do domingo (dia 26/09), quem narra o capítulo!

E 3º e último- The last one! Final season! Ganha o cap antecipado quem escrever a resposta mais original para a seguinte pergunta (até às 23:59 do domingo - dia 03/10): Se essa história fosse publicada, o que você faria para ganhar um dos primeiros exemplares autografado?

Regras:

—As respostas devem ser enviadas a mim pelo Nyah! ou pelo meu e-mail: camillavicter_preludio@hotmail.com.

—As respostas que forem enviadas como review serão apagadas e não serão consideradas.

—Todas as pessoas que acertarem, ganharão!

—Os prêmios serão enviados a vocês na segunda-feira seguinte ao final do prazo. O capítulo será disponibilizado no Nyah! na quarta ou na quinta-feira seguinte ao final do prazo.

—Cada pessoa só tem direito a uma resposta! Não vale tentar quinze vezes! Você só tem uma chance! Use com sabedoria!

É isso, gente! Boa sorte a todos outra vez!
E até o próximo!
Bjuxxx



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Prelúdio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.