A Bella e a Fera escrita por kesiagarcia


Capítulo 3
Capítulo 3




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Devia ter telefonado pedindo as compras, pensou Bella, enchendo o carrinho e tentando ignorar as pessoas que a observavam, os jovens, muito mais jovens do que os que pensaria em namorar, fitando-a intensamente. Ela sorriu docemente, um típico sorriso de passarela, admitiu, rindo baixinho. Alguns homens eram pescadores, e ainda usavam as botas de borracha da pescaria.

 

 

Checando a lista, Bella dirigiu-se ao caixa. Vai começar, pensou, vendo que as pessoas aproximavam-se de onde estava, como felinos. Um adolescente que varria o chão chegou mais perto. A vendedora parecia não ter pressa, fitando-a demoradamente, apesar da fila. Os clientes não tiravam os olhos dela. Não era de admirar que Cullen não saísse de casa. O que teria acontecido com a hospitalidade do sul?

 

 

— Você é nova aqui? — perguntou a vendedora, uma loira que usava argolas enormes nas orelhas e mastigava chiclete.

 

 

—  Sim. É uma linda ilha — disse Bella. Era melhor deixá-los orgulhosos da terra onde viviam.

 

 

— Está no castelo, não é?

 

 

—  Sou a babá que o sr. Cullen contratou.

 

 

— Babá?! — exclamaram várias pessoas ao mesmo tempo. Bella olhou ao redor, fitando um a um, todos que estavam próximos.

 

 

— O sr. Cullen está esperando a filha chegar, e estou aqui para cuidar dela.

 

 

— Pobre criança — disse uma velha senhora, num tom sombrio.

 

 

— Por quê? — perguntou Bella, embora soubesse a resposta.

 

 

—  Imagine ter um homem tão horrível como pai.

 

 

—  Conhece o sr. Cullen? — perguntou Bella.

 

 

— Não exatamente.

 

 

Esperando que sua expressão fosse da mais pura inocência, indagou:

— Então, como pode saber como ele é?

 

 

—  Ele nunca sai daquele lugar — disse a vendedora. — Não mostra o rosto há quatro anos. Nem mesmo Jocob, que mora lá, conseguiu vê-lo de perto.

 

 

Jocob, Bella imaginou, devia ser o caseiro, que ainda não conhecera.

 

 

— Ele está desfigurado — gaguejou o jovem que embalava suas compras.

 

 

—  Se nunca o viu, como pode saber disso?

 

 

O garoto deu de ombros, como se fosse de conhecimento geral. Embora ninguém tivesse visto Cullen.

 

 

— Não acho que a aparência seja importante — respondeu ela, tentando controlar-se, e detestando que as pessoas dessem tanta importância às aparências. Ela sabia, por experiência própria, como isso era injusto e preconceituoso, embora por motivos opostos. As mulheres recusavam-se a ser suas amigas, acreditando que se imaginava melhor do que elas. Os homens quase pisoteavam uns nos outros para aproximar-se, todos tentando levá-la para a cama, ou convidá-la para um acontecimento social, onde pudessem exibi-la como um troféu. Ninguém, nem mesmo o ex-noivo, conseguira ver além do rosto lindo que Deus lhe dera. E, aparentemente, ninguém queria ver além das cicatrizes de Cullen.

 

 

Tudo isso fazia Bella sentir um estranho impulso de defender um homem que nem conhecia. Era difícil manter o controle diante de tantos preconceitos.

 

 

—  Coloque na conta dele, e mande entregar por volta das três — pediu, saindo depressa e sentindo que todos os olhares a acompanhavam.

 

 

Em vez de pegar um táxi para casa, resolveu acalmar-se, caminhando pela pitoresca cidadezinha. Mas as lembranças continuavam a atormentá-la. A mãe, arrastando-a para comerciais de tevê, desde bem pequena, os concursos, tudo que sempre detestara. E quando crescera, escolhia participar apenas dos que lhe interessavam, porque queria ir para a faculdade, e precisava do dinheiro.

 

 

Olhando em volta, viu as vitrines das pequenas lojas, os bancos de madeira espalhados por vários locais, turistas e moradores passeando e fazendo compras. Dois homens mais velhos sentavam-se junto ao cais, trocando histórias de pescaria. Bella sorriu, lembrando-se do avô, sentado na cadeira de balanço da varanda, esculpindo pequenos animais de madeira para que ela e os irmãos brincassem. Aliás, eram os únicos brinquedos que tinham. Uma vida simples, mas cheia de amor, pensou, com saudade do avô.

 

 

Ela respirou fundo, saboreando a brisa fria que vinha do mar. Gomo o sol estava alto ainda fazia calor, mas logo chegaria à estação dos furacões, com chuva, umidade e frio intenso. Cruzando os braços para proteger-se, andou mais depressa para a pequena estrada que levava o castelo. Em poucos minutos entrava no calor acolhedor da casa.

 

 

Depois de preparar café, esfregou os braços gelados, e ouviu um ruído vindo de fora. Franzindo a testa, foi até a porta de trás e afastou as cortinas que cobriam a pequena janela. Todos os seus impulsos femininos tornaram-se vivos e intensos, ao ver as costas nuas do homem que cortava lenha. Os músculos poderosos moviam-se numa dança da qual não conseguia afastar os olhos.

 

 

Cullen.

 

 

Como era bonito, usando apenas jeans e botas! De onde estava, podia ver apenas o perfil do rosto, com certeza o lado sem cicatrizes, já que os traços eram aristocráticos e bem-feitos. Os cabelos acobreados flutuavam ao vento, cobrindo totalmente a nuca. Os braços eram fortes, musculosos, e ao erguer o machado para cortar mais uma tora, Bella pôde ver como eram poderosos, já que a madeira partiu-se em um golpe. Ele deu mais alguns golpes e depois parou, apoiado no cabo do machado. Quando começou a falar, Bella percebeu que não estava sozinho e foi até a janela. Outro homem, sentava-se num banco e brincava com um canivete. Era Jocob Black, e aparentemente era bem mais do que um caseiro. Era amigo de Cullen. Talvez seu único amigo. Jocob conversava animadamente, o rosto moreno meio coberto pelo boné. A camiseta escura ajustava-se ao tórax esguio, e o jeans estava tão gasto nos joelhos que a cor desbotara. Ela observava os dois homens, e como se Cullen soubesse que estava ali, continuava de costas. Ainda assim, pôde ver cicatrizes longas e finas descendo pelas costelas, como se tivessem sido feitas por adagas afiadas. Devia ter sido muito doloroso, e mais uma vez, imaginou como teria sido o acidente. De repente, ele inclinou a cabeça para trás e riu. O som, carregado pelo vento, chegou até Bella, que estremeceu, sentindo um estranho calor percorrê-la. Pelo menos ele não tinha perdido a capacidade de desfrutar de pequenos prazeres, como conversar e rir com um amigo, pensou, desejando juntar-se a eles. Mas, se quisesse que o visse, já teria aparecido.

 

 

Ele disse algo que fez Jocob corar. Logo se levantava, sorria para Cullen e colocava mais toras aos pés dele. Cullen continuou a trabalhar, cortando tora por tora, enquanto Jocob empilhava os pedaços. Então, o caseiro parou, olhando diretamente para ela.

 

 

Bella sustentou o olhar.

 

 

Cullen largou o machado e pegou o casaco com capuz.

 

 

Saindo para a varanda, Bella gritou:

 

 

— Desculpe-me. Não tive a intenção de me intrometer.

 

 

— Mas fez exatamente isso — disse Cullen, vestindo o casaco de costas para ela.

 

 

— Desculpe-me. Vou para outro lugar.

 

 

Edward suspirou, desejando virar e fitá-la nos olhos.

 

 

— Não quero que sinta que precisa afastar-se de onde estou.

 

 

— Mas é exatamente o que quer. Preferia que eu não estivesse aqui, não é mesmo? — Ela viu que os ombros dele enrijeciam. — O mínimo que podemos fazer é ser honestos um com o outro.

 

 

Edward apertou os lábios, suspirando mais uma vez.

 

 

—  É verdade. Mas posso garantir que não me importo de não ter mais a casa só para mim.

 

 

— Não precisa se esconder.

 

 

—  Eu não me escondo. Escolhi este estilo de vida, srta. Swan, e nos últimos quatro anos aprendi que é a melhor maneira de viver.

 

 

—  Quer dizer, a mais fácil.

 

 

— Nada é fácil para mim, senhorita.

 

 

— E quanto a sua filha? Ela espera encontrar o pai. Precisa de carinho e conforto. Perdeu a mãe.

 

 

O peito de Edward apertou-se ao pensar na tristeza de Renesmee, e como gostaria de confortá-la.

 

 

— Foi por isso que a contratei, srta. Swan.

 

 

— E não se importa com ela?

 

 

Como podia dizer a Bella que ao saber da existência da filha, poucas semanas atrás, sentira raiva da mãe de Renesmee, por abandoná-lo, carregando no ventre o bebê que era deles, por não lhe dar uma chance de conhecer a criança, antes de lhe tirar tudo que tinha. O amor pela mulher desaparecera quando ela partira, abandonando-o quando ele mais precisava, condenando-o à prisão e ao isolamento. Como podia esquecer o passado?

 

 

—  Eu me importo. Muito. Mas mal tive tempo de me acostumar com a idéia de que sou pai. — Ele começou a andar para a garagem.

 

 

— É bom se acostumar — disparou Bella, enquanto ele se afastava. — Depois de amanhã ela estará aqui, querendo vê-lo, e como poderei explicar que o pai não quer encontrá-la?

 

 

— Diga a verdade — respondeu ele, sem parar de andar. — Que o pai não quer ser mais uma fonte de pesadelos para ela.

 

 

A resposta deixou-a sem ação, e antes que pudesse pensar no que dizer, ele tinha desaparecido. Virando-se, ela fitou Jocob.

 

 

— Acho que as coisas não correram muito bem, não é? — Jocob observou-a atentamente, como se estivesse avaliando cada detalhe, e Bella não saberia dizer qual fora a impressão do homem, já que sua expressão continuava impenetrável.

 

 

—  Não, madame.

 

 

—  Sou Isabella Swan.

 

 

—  O sr. Cullen me disse.

 

 

— E o que mais ele falou a meu respeito?

 

 

A expressão de Jocob continuou impenetrável, e ele virou-se para arrumar as pilhas de madeira. Por certo precisariam delas para aquecer-se nas noites de tempestade, imaginou Bella, pensando em como o castelo de pedra devia ser frio no inverno.

 

 

— Todos na cidade têm uma imagem errada dele. Mas já deve saber disso, não é? — Ela admirava o fato de o caseiro respeitar o segredo de Cullen, mesmo exposto à curiosidade de todos.

 

 

Jocob arrumou mais uma pilha.

 

 

— Poderia ao menos me dizer como é a rotina dele? Assim poderei ficar fora do caminho.

 

 

Jocob afastou o boné para trás, fitando-a por alguns instantes, antes de falar:

 

 

—  Não.

 

 

—  O quê? — Ela não podia acreditar no que ouvira.

 

 

—  O sr. Cullen não segue rotinas, faz o que quer. Se encontrá-lo novamente vai ter que lidar com a situação.

 

 

— Obrigada pela ajuda. — Bella cruzou os braços, fitando-o diretamente. — Prefere vê-lo se escondendo, ou saindo da toca para conhecer a filha?

 

 

Ele não respondeu, e ficou bem claro para Bella o quanto era leal ao patrão. Mas quando ele segurou o machado, disposto a recomeçar o trabalho que Cullen interrompera, ela o impediu, segurando o braço que se erguia.

 

 

— Não vou sair daqui até ter certeza de que Renesmee tem todo o cuidado e atenção que merece. Entendeu, sr. Black?

 

 

Os olhos dele brilharam, embora a expressão do rosto continuasse inalterada.

 

 

— Sim, senhora. E pode me chamar de Jocob, senhora.

 

 

— Bella — corrigiu ela, virando-se para a casa e acrescentando: — Estou esperando que entreguem as compras. Assim, acho melhor recolocar aquela expressão séria no rosto. Afinal, é o que todos esperam, não é mesmo?

 

 

Jocob olhou-a afastar-se, lutando para esconder um sorriso.

 

 

— Sim, senhora.

 


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Notas finais do capítulo

Hum... demorei?, não muito né.

Espero que gostei desse capítulo-que-quebrou-um-pouc-misterio, mas ta valendo.
Mandem REVIEWS, eu preciso deles para continua postando, ok?!

Bj* e ateeh’

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Para os leitores da ‘A Bella e A fera’, eu sou o Jonn moderador da comunidade da Késia, ela pediu para eu atualiza essa fanfic-adaptada aqui para vocês, então comentem pq ela não se esqueceu de ninguém, então NÃO se esqueçam dela. Ela disse que assim quer der aparecer aqui para responder os reviews. E mandou um beijo para todas e para uma menina aee de Portugal que lê a fic (desculpa, ela disse o seu nome, mas eu esquece).

Recado dado. Mandei os REVIEWS, gats!

Comunidade da Késia: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=95142618
PARTICIPEM!