Kumo e Tsureteitte escrita por Shironeko-sama


Capítulo 3
Capítulo 3




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–Ok, eu vou tomar um banho.

Foi a única coisa que imaginou que poderia o afastar de Kaoru naquele momento. Estava há horas conversando com o amigo, desde que chegara; e este não perdia sequer uma única oportunidade de fazer uma piadinha nada engraçada para o ruivo. E quando Kaoru bebia demais, as piadinhas eram mais altas, mais irritantes e muito, muito mais sem graça.

O deixou sozinho com uma garrafa de saquê no sofá branco da sala, e atravessou o único quarto do apartamento, indo parar no banheiro da suíte. Só agora Die teve a oportunidade e -quase- vontade de se olhar no espelho; os cabelos avermelhados saltando em desordem do topo de sua cabeça, as olheiras profundas desenhavam-se de forma estranha abaixo de seus olhos, e continuava com aquelas roupas estranhas de dormir. E estranhamente notou que fazia um bom tempo que Kaoru não falava de sua cara de cansaço extremo, ou de suas roupas parecidas com as de um mendigo. Bom, da última vez que fez algo por causa disso, provavelmente o andar inteiro escutou sua gargalhada.

Despiu-se num segundo, e no outro já sentia a água quente bater em suas costas, dando graças a Deus por estar desfrutando de pelo menos um segundo de paz -mesmo que esse segundo se desse embaixo do seu chuveiro. Demorou o máximo que pôde embaixo da água confortante, calculando ter demorado uma hora ou mais quando finalmente deixou o box do banheiro, vestindo-se ali mesmo.

Quando abriu a porta do banheiro, viu um Kaoru completamente bêbado jogado em cima de sua cama de casal, com a tal garrafa de saquê agora vazia rolando pelo chão do quarto. Die pensou em acordá-lo aos berros e chutes, mas ao olhar melhor para seu rosto... Percebeu algo diferente. Não sabia se era o efeito do álcool, ou se o amigo estava tendo um pesadelo. Mas Kaoru tinha uma expressão que o guitarrista jamais vira antes desenhada em sua face mais que bonita. Se não conhecesse Niikura, Die poderia dizer que ele parecia... triste. Mas era totalmente impossível um demônio daqueles se transformar em algo tão sublime quando dormia, portanto, logo descartou essa possibilidade.

Cobriu seu corpo com algum cobertor próximo, e com um suspiro, foi até a sala.
Eram 18:00hrs.



Os programas na televisão não conseguiam prender a atenção do guitarrista por mais de dez minutos. Por mais que estivesse cansado (e não sabia exatamente do quê), não conseguia dormir nem por um segundo. Não queria nem olhar no relógio, calculando ser quase três da manhã, para não se desesperar antecipadamente e sair correndo pela casa atrás de remédios para dormir. Resolveu tomar um pouco do café que permanecia quente dentro da garrafa térmica desde manhã.

Foi então que bateu os olhos no maldito papel novamente. Teve vontade de rasgá-lo em mil pedaços ali mesmo, e mandar tudo e todos pelos ares. Já não bastasse todo o nervoso que passava por causa de seu trabalho, precisava de mais alguma coisa que o deixasse louco. Estava quase aceitando aquela proposta, mas também estava quase metendo um grande e belo "não" na cara daqueles produtores de merda. Em todo caso, pegou sua xícara de café e foi até o sofá branco novamente.

–Daisukeeeee...

"Ah, não..."

–Você tem algum remédio pra dor de cabeça por aqui?...

Die respirou fundo. Mesmo estando uma pilha de nervos o dia inteiro, teria que aguentar seu amigo de ressaca; apesar de Kaoru ter aparecido em sua casa supostamente só pra beber, conhecia-o muito bem, e sabia que essa era a forma que ele dizia "estou preocupado com você". E ele não seria um amigo mal agradecido, seria?

–Está aí, em cima da mesa.

Um grande silêncio veio da pequena cozinha. O ruivo resolveu ver o que o guitarrista estava fazendo, sabendo que ele não fazia as coisas muito bem naquele estado.

Chegou na cozinha e viu Kaoru o observando, atônito. Parecia nervoso, ou triste, ou cansado, ou qualquer uma dessas coisas, ou nenhuma dessas coisas. Só falou quando finalmente o ruivo resolveu perguntar o que diabos estava acontecendo.

–Die... O que é isso?

Kaoru mostrou-lhe uma espécie de carta que permanecia parada na mesa, intacta.

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