-Vamos, Bill! Diga logo! Para onde você vai? –perguntei mais uma vez.

Ele hesitou um pouco, mas acabou cedendo.

-Você se lembra de que a nossa guarda ainda estava para ser julgada?

-Tá e daí? –eu não estava entendendo o porquê dele estar me dizendo isso.

-Foi julgado ontem e a sua guarda ficou com a mamãe! –ele sorriu para mim.

-E a sua? –eu não comemorei ainda a nossa “vitória”.

-A minha ficou com o papai. –ao ouvir aquelas palavras meu mundo desabou.

As lágrimas tomaram conta da minha face e eu não pude evitar. O Bill iria morar com o papai e nós iremos nos separar.

-Não! Você não pode ir! Somo gêmeos, não podem nos separar! –disse entre soluços.

-Não fui eu que decidi Tom! Decidiram por mim! –ele também começou a chorar.

Sentei-me do lado dele na cama e perguntei cabisbaixo:

-Que dia você vai embora?

-Acho que hoje ou amanhã, quando o papai vier nos visitar! –ele soltou um longo suspiro. –Tom, - o ouvi chamando pelo meu nome. Levantei meus olhos já embaçados de tantas lágrimas e apenas olhei para a face dele. –Eu não quero ir! Estou com medo! –ele admitiu.

Eu o abracei. Meu maior desejo agora era dizer a ele: Eu estou aqui e nada de mal vai te acontecer, mas eu estava com muito mais medo do que ele!

Bill se separou do meu abraço e me olhou.

-Podemos jogar de novo não podemos?

-Eu não sei se isso é o certo a se fazer agora... –a noticia de que ele iria embora e talvez nunca mais voltar tinha me abalado.  

-Tom... –ele segurou minha mão bem forte. –Sabe, nem tudo acontece como nós queremos que aconteça. Às vezes nós planejamos uma coisa e no fim acontece completamente diferente do que nós supúnhamos. Eu achei que o momento de nós dizermos adeus realmente nunca chegaria, mas como chegou...

-Não Bill! Por favor! Eles podem até nos separar, mas nós nunca diremos adeus! Isso não! –minhas lágrimas começaram a cair com mais freqüência. Eu estava me preparando para me despedir de alguém que eu nunca consegui ficar longe nem por duas horas!

-Tom, não vai ser para sempre! A mamãe disse que vai fazer de tudo para me ter de volta! –ele sorriu para mim. –Vamos estar juntos daqui a algum tempo!

-Isso vai demorar demais! Como quem eu vou para a escola? Com quem eu vou brigar pelo controle? Com quem eu vou dividir minhas experiências e meus desejos? Você é o único, Bill! Não posso te substituir!

-O Gustav e o Georg vão estar ai para você! Sei que eles vão porque eu disse para eles serem bonzinhos com você! –ele parecia uma criança falando.

Eu sempre invejei esse lado inocente do Bill. Sempre que algo estava prestes a desmoronar ele tentar sorrir, mesmo que entre lágrimas, mas ele continua a sorrir.

-Você me prometeu! –ele me acordou dos meus pensamentos.

-Hãm? –disse meio confuso.

-Nosso jogo! Você disse que jogaria mais uma vez! –ele sorriu de novo.

-É eu disse! Eu já disse tanta coisa que no fim eu acabei não fazendo, como por exemplo, a...

Ele me calou com um beijou quente. Os lábios do Bill procuravam desesperadamente pelos meus. Sua língua pedia espaço na minha boca e foi isso que eu fiz.

Nós estávamos sozinhos, ele estava me implorando e esse era o ultimo dia dele comigo, porque não beijar o garoto?

Coloquei minha mão na nuca dele e a puxei para mais perto de mim, eu queria fazer isso ser especial, mesmo não estando com muita vontade de fazer isso.

-Tom... –ele meio que gemeu e isso me deixou meio excitado. De um jeito que eu nunca tinha sentido na minha vida antes.

Ele me empurrou e se levantou da cama.

-Para porque isso não vai dar certo! –ele colocou as mãos na cintura. –Não podemos ainda! Somos jovens demais!

-Tudo bem! Eu posso esperar! –sorri para ele e ele sorriu de volta.

Nesse instante me lembrei que tinha algo para dar a ele.

-Bill, espera só um minutinho ai que eu já volto!

Sai do quarto dele e fui em direção ao meu. Fui direito na gaveta do meu criado mudo e peguei meu “diário”. Escrever nele não teria mais sentido para mim se eu não tivesse sobre quem contar nas paginas dele. Como essa historia não era só minha, decidi que daria ele para o Bill, talvez meu irmão tivesse algo melhor para escrever naquelas páginas quando estivesse longe de mim, por que eu sabia que eu não teria nada de bom para escrever tendo ele muito longe de mim.