A Vingança de Hermione Granger escrita por Tamara


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, chegamos ao último capítulo! ♥

Dedico esse capítulo especialmente à Natty Farias Freitas, sem você, provavelmente eu nem teria continuado a postar no Nyah; e à Júlia Pinheiro, que me motivou com os seus comentários lindos nos capítulos finais. Dedico também a todos que já comentaram ao longo da fic, como: LadySalvatore, Belle, Luaana, Lavigne Malfoy, Mille Portinari, Carol Ferreira, Doctor Alice Kingsley,  Nelliel , Shadows owl, Anabella Salvatore, Aly, Edla, VicJohen. E todos aqueles que me acompanharam na primeira e incompleta versão de 2010. Muito obrigada! ♥



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Capítulo 34

Formatura

 

Preto era uma cor incomum para a cerimônia de formatura de Hogwarts. Por isso ela escolheu justamente aquele vestido. Preto, representando o luto em um dia festivo. O batom vermelho foi um adendo necessário. Vermelho vivo, vermelho sangue.

Sorriu satisfeita com a imagem refletida no espelho. Sua roupa era um pequeno protesto, apenas mais um motivo para falarem dela. Não se importava mais, não se importava há muito tempo.

— Você está pronta? – A voz de Draco a despertou.

— Sim. – Sorriu para o namorado.

Para completar o “foda-se” que estava dando à Hogwarts, iria acompanhada de Draco Malfoy. Apesar de terem voltado desde que Astória revelou a verdade, mantiveram distância em público, Hermione achou mais prudente desse modo.

Afinal, era parte do seu plano manter-se nas sombras, aparentando infelicidade e tristeza. Fez o possível para ficar fora dos holofotes, nem mesmo respondia às perguntas dos professores nas salas de aula. Deixou que falassem, julgassem e a rebaixassem.

Mas aquilo estava prestes a mudar, porque naquela noite a verdade seria revelada.

 

20 dias antes da Formatura

— Você tem certeza? – Draco indagou mais uma vez, mas na medida em que conectava os pontos até que fazia sentido.

— Não é uma certeza absoluta, mas faz sentido. Se pensar bem, todas as peças se encaixam...

Quando contou para Harry, ele custou a acreditar, mas após se lembrar de mais algumas pequenas ações, viu sentido na suposição de Hermione.

— Preciso que encontre a sua mãe, necessito de respostas concretas quanto ao estado da Patil. E, Draco, se possível contate esse medibruxo. – Estendeu o nome de um medibruxo famoso nos países orientais, passou duas madrugadas na biblioteca pesquisando por algum especialista com excelência na área. – Ele é o melhor para recuperar os pacientes do coma. É caro, mas a depender do caso é gratuito, considerando que ele faz pesquisas para teses, e se for efetivo certamente os Patil o pagarão...

— Hermione, dinheiro não é problema. – Interrompeu-a. – Não vamos discutir por isso, sim? – Continuou antes mesmo que ela entreabrisse os lábios.

— Draco, eu não quero abusar, sua mãe já está me defendendo...

Novamente, ele a cortou ao selar os seus lábios.

— Vou contar a verdadeira história para o Dr. Zhao, tenho certeza que ele irá se interessar.

Embora fosse orgulhosa, Hermione não insistiu, apenas concordou. Não se tratava apenas dela, e sim de uma vida.

 

9 dias antes da Formatura

— Ela acordou.

Mal acreditou nas palavras, completamente eufórica apenas pulou nos braços do namorado.

— Você tem certeza?

— O Dr. Zhao me comunicou imediatamente. Ainda tem sequelas, está atordoada, mas despertou. Ele vai seguir os protocolos de discrição, e a deixou em sono profundo para melhor recuperação. Acordará em definitivo dentro de vinte e quatro horas.

— Certo. Eu preciso vê-la assim que despertar definitivamente. – Hermione completou, iniciando um plano em sua mente para sair despercebida de Hogwarts e entrar clandestinamente no St. Mungus.

— Não sei se é uma boa opção, talvez seja melhor confiar em Veronica para isso. A mãe dela é enfermeira no St. Mungus, ela pode entrar e conversar com a Patil. – Draco apontou a saída mais sensata.

— Não, eu preciso vê-la. Necessito ter certeza.

— Hermione, deve haver algum familiar da Patil no hospital, não é sensato você aparecer lá. – Sabia ser inútil tentar dissuadi-la, mas ainda assim tentaria.

— Eu sei. Mas vou arriscar, pegarei a capa da invisibilidade de Harry.

— Capa do quê? – Indagou curioso, Harry Potter tinha uma capa da invisibilidade? Como era possível?

Hermione riu baixinho, dando de ombros em seguida.

 

8 dias antes da Formatura

Não é exatamente difícil fugir de Hogwarts quando se tem Hagrid como amigo. O meio gigante ficou relutante, mas após muita chantagem emocional, e considerando todo o seu apreço por aqueles garotos, ele concordou.

— Daqui já podem aparatar, não estamos mais em Hogwarts. Não demorem, e tomem cuidado! – Alertou-os.

— Obrigada, Hagrid. – Hermione tirou a capa e o abraçou mais uma vez.

— Deixa que eu guio a Aparatação. – Veronica tomou a frente, segurando na sua mão e na de Harry.

Realmente insistiu para que Harry não as acompanhasse, mas foi em vão, era o seu preço pelo empréstimo da capa. Veronica, em contrapartida, fazia parte dos seus planos, por isso a incluiu neles desde o começo, a rosada acreditou mais facilmente do que Draco e Harry. Ela era perceptiva o bastante para ter notado os sinais antes da constatação de Hermione.

Como Draco ainda era monitor-chefe, ele ficou para não levantar suspeitas e dar cobertura para a namorada. Quanto às suas amigas, Hermione as manteve nas sombras, sabia estar sendo injusta com elas, mas já havia pessoas demais envolvidas. Além disso, caso algo desse errado, queria deixá-las de fora.

Seus pensamentos foram nublados pela fisgada em seu umbigo.

— Nunca pensei que um dia estaria literalmente fugindo de Hogwarts. Espero não ser expulsa faltando um pouco mais de uma semana para a formatura. – Veronica comentou ainda atordoada da Aparatação.

— Não se preocupe, já cometi delitos maiores e ainda não fui expulso. – Harry confessou em um tom divertido, aquela era a menor das suas infrações.

Hermione não pode deixar de rir, era verdade.

— Vamos lá? – Estava ansiosa para ver a Patil, por isso voltou a vestir a sua capa, seguindo os dois para dentro do St. Mungus.

A mãe de Veronica não pareceu muito satisfeita com a aparição da filha, mas aceitou ajuda-los. Para melhor disfarce, Harry e Veronica transfiguraram suas roupas em uniformes do St. Mungus, antes da mãe de Veronica os guiar até o quarto da Patil.

Na sala de espera, avistou um auror dormindo em uma poltrona pouco confortável. Apesar de parecer estar em sono profundo, precisavam ser rápidos. Não viu os pais dela.

Sorrateiramente, os três entraram no quarto privado de Patil. Hermione foi quem fechou a porta atrás de si.

— O que estão fazendo aqui?

Travou assim que escutou aquela voz. Pelos seus cálculos, ela ainda deveria estar dormindo; mas assim que voltou o olhar para a maca, Patil observava com confusão Harry e Veronica.

— Só queremos ver como você está... – Harry tomou a frente, tecendo suas palavras cautelosamente.

— Quando você acordou? – Veronica indagou, aproximando-se lentamente da maca.

— Agora... eu não entendo, por quê? O que aconteceu? – Suas palavras saíram ainda emboladas, estava tão atordoada, ainda não houve tempo o suficiente para compreender o que estava acontecendo.

Sem pressa, Hermione retirou a capa da invisibilidade, revelando-se para a garota ainda enferma.

— Olá, Patil. – Cumprimentou com um tom amistoso, precisava de muita prudência.

— Granger? Por quê? Eu não entendo o que fazem aqui, o que aconteceu, minha cabeça dói tanto, meu corpo... – Confessou praticamente em um murmuro, estava confusa demais.

— Você está confusa, peço que me perdoe pelo modo como estamos te receptando. – Com um olhar e um aceno para o lado, Hermione pediu para que os outros dois se afastassem, enquanto ela tomava o lugar ao lado da Patil. – Infelizmente, não temos muito tempo. Por favor, fique calma e tente se lembrar da noite do baile... – Complementou, esperando em silêncio pelo tempo dela.

As lembranças ainda eram fragmentos dispersos, mas assim que se permitiu fechar os olhos e respirar fundo, aos poucos tudo se conectou. Doía tanto física quanto emocionalmente; todas as mentiras, as maldades, tudo resultou naquele ato final cruel.

Assim que voltou a abrir os olhos, as lágrimas correram livremente. Tanta dor.

— Lamento por tudo isso... – Hermione foi sincera, tocando gentilmente o ombro dela. – Foi quem estou pensando?

— Acho que sim... – Patil tentou se mover, mas todo o seu corpo doeu, por isso manteve-se na mesma posição. – Foi ela.

Com certa dificuldade, relatou tudo o que aconteceu naquele dia, inclusive a identidade da pessoa que ocasionou a sua queda. Hermione contou brevemente o que sucedeu após o incidente.

— O Dr. Zhao está vindo para examiná-la, seus pais já foram chamados. – A mãe de Veronica anunciou, entrando na sala logo em seguida. – Ela precisa descansar. – Ressaltou, já haviam ficado tempo demais.

Hermione somente anuiu para a enfermeira.

— Muito obrigada. – Voltou em seguida o olhar para Patil uma última vez. – Para a sua segurança, afirme estado de confusão, diga que suas memórias ainda não voltaram. Peça para os seus pais não comunicarem a ninguém, nem sua irmã; os Aurores irão ressaltar a importância do sigilo para eles. Você precisa desses dias para se recuperar, mas não se esqueça... entregue a verdade no dia da formatura. – Destacou, temendo que ela não fosse seguir as instruções.

— Eu prometo que vou falar a verdade. – Respondeu, sabendo o real temor da outra.

Hermione apenas esboçou um leve sorriso, antes de voltar a colocar a capa e sair do quarto. Não sabia se realmente poderia confiar nela, mas daria um voto de confiança.

 

Dia da formatura

Muitos a olhavam com nojo, saindo de perto enquanto passava ao lado de Draco. Quando mais nova, certamente iria se remoer por dentro mediante tanto julgamento infundado e acusações falsas, mas havia amadurecido o suficiente para não se importar.

— Acho que estou acabando com a sua reputação. – Hermione comentou irônica, sorrindo com escárnio de toda aquela gente.

— E quando tive uma boa reputação? – Rebateu, roubando uma leve gargalhada da namorada.

Despediu-se com um beijo no rosto, antes de ir para o lado oposto ao dele. As bancadas estavam divididas por casas para os alunos formandos. Devido ao fatídico baile, não haveria festa, apenas a comemoração solene. Receberiam seus pergaminhos encantados formalmente depois das breves palestras.

Lembrou-se subitamente dos seus pais, e se sentiu culpada por estar mentindo para eles todo esse tempo, não havia contato tudo que estava acontecendo, em suas cartas dizia estar tudo bem. Eles ficariam apavorados se soubessem a verdade, e certamente iriam ao Mundo Bruxo; seus pais não se davam bem naquele mundo tão peculiar a eles, apenas quis evitar que se machucassem de alguma forma.

De qualquer modo, deixaria para pensar nas suas “pequenas” mentiras mais tarde, estava na hora de presenciar seu pequeno show. Sentou-se ao lado da prima, Pamela estava visivelmente animada.

— De preto? Amo essa sua rebeldia. – Pamela piscou para ela. – Está animada? Finalmente vamos sair desse inferno. Pelo menos Hogwarts é animada; Ilvermorny era, definitivamente, muito mais tediosa. – Prendeu o riso.

— Você é terrível... – Revirou os olhos, sorrindo em seguida.

— Eu sei que está escondendo algo, Hermione. Quando vou descobrir o que é? – Pamela tinha o incrível dom de mudar assuntos triviais para sérios em um piscar de olhos.

— Você saberá em breve. – Respondeu com sinceridade.

Os últimos dias foram razoavelmente tranquilos, na medida do possível. Quando suas amigas souberam o que aconteceu com Thereza, deram total apoio a ela. Por sua vez, Thereza aparentava estar bem, e se aproximou consideravelmente de Astória.

Hermione não guardou rancor da Greengrass, tratavam-se com cordialidade e educação. Porém, tornarem-se amigas seria um passo grande demais.

Não demorou até Harry, Rony e Neville juntarem-se às meninas. Em seguida, a cerimônia se iniciou com Minerva à frente. A diretora falou palavras motivacionais para o futuro de todos os ali presente, mas não se alongou no discurso. Breve, necessário e bonito, como tinha que ser.

— Antes de começarmos, passo a palavra para a Srta. Padma Patil. Infelizmente a Srta. Parvati Patil não está aqui hoje, estimamos pela sua melhora. – Ela passou a voz para Padma que se levantou e subiu ao palco.

Harry e Lilá levantaram-se em seguida, tomando um lugar pouco atrás de Padma, esperando-a terminar o seu discurso, para também falarem sobre Parvati. Harry procurou por Hermione, ela apenas acenou discretamente assim que seus olhares se encontraram, encorajando-o.

Era aquela a proposta inusitada. Harry não terminou de um modo exatamente amigável com a Patil, suas amigas sabiam disso, então por que o convidar para falar belas palavras sobre ela? De qualquer modo, Hermione o incentivou a aceitar.

— Bem... é tudo tão recente, ficar sem a minha irmã certamente é a maior de todas as provações. Ela é a minha metade, todos sabem disso. – Patil iniciou, com os olhos lacrimejantes, aparentando estar tão abalada. – Seu estado de saúde é ainda incerto, não sabemos se irá se recuperar, se chegará a se formar como nós. Por isso, estou aqui hoje para representa-la, para a homenagear da forma que merece. Apesar de todos os rumores, Parvati sempre amou Hogwarts acima de tudo, ela amava cada um de vocês...

O estrondo na porta fez a voz da Patil pairar no ar, voltando o olhar surpresa para a entrada do salão.

Em uma cadeira de rodas, visivelmente debilidade, a outra Patil estava sendo acompanhada por dois Aurores.

O silêncio foi dominante. Todos olharam para Parvati Patil com surpresa e choque, ela estava bem? Mas como? Nem ao menos souberam que havia acordado...

Como se estivesse em câmara lenta, ela aproximou a boca de um dos Aurores, antes de levantar a mão e apontar para ela: sua irmã.

— Foi ela. Ela quem me jogou das escadas, ela quem roubou o meu lugar e o meu nome. Ela é a Parvati. – O silêncio fez a sua fala sair quase gritante, reverberando por todo o salão, deixando todos sem entender.

A verdadeira Parvati Patil permaneceu com os lábios entreabertos, esquecendo-se de falar tamanha a surpresa. Mas como se todos saíssem de um transe ao mesmo tempo, os burburinhos se iniciaram.

Os aurores caminharam em direção à Parvati Patil, enquanto Veronica correu até Padma e a abraçou com cuidado. Veronica visitou Padma no hospital mais duas vezes, ajudando-a naquele momento tão difícil.

Padma, por sua vez, não quis acreditar que Parvati pudesse ser tão cruel com a única pessoa que realmente a amava. Por tanto tempo fechou os olhos, e quando pensou que Parvati realmente mudou... ainda era difícil de acreditar, a lembrança ainda estava fixa em sua mente, a atormentando...

Padma estava feliz como nunca. Finalmente sua irmã havia admitido a si mesma que precisava de ajuda, talvez pudessem finalmente ser o que nunca realmente foram: irmãs. Verdadeiramente irmãs, não de sangue, mas de coração. Quando curada talvez Parvati pudesse retribuir o seu amor.

— Lembra quando éramos crianças e trocávamos de lugar? Ninguém nunca percebia, podemos fazer isso no baile hoje, como quando crianças... – Parvati comentou enquanto separava os vestidos.

— Claro, aposto que Lilá e Elisa não irão perceber. – Concordou, soltando uma leve risada.

Foi fácil vestir o vestido da sua irmã, usar o cabelo trançado como o dela, e falar como ela. Mas parecia muito mais fácil para Parvati se passar por Padma, eram tão parecidas, e ela sempre foi melhor em atuação.

— Vem... vou te mostrar uma coisa...

Concordou, embora não entendesse o motivo de estarem deixando a pista principal.

A sala ao lado estava vazia, subiram as escadas com certa pressa, não entendeu o motivo da afobação. Mas como uma tola, apenas a seguiu.

Foi tudo tão rápido, a varinha apontada para si, deu um passo para trás, por pouco não cambaleou e caiu pelas escadas.

— O que aconteceu? Larga isso, o... – Iniciou, mas Parvati lançou um silencio. Estava sem a sua varinha, não tinha como se defender.

— Você acha que não sei que me traiu? – O olhar insano de Parvati a fez estremecer. – Foi você quem contou os meus segredos para o Profeta Diário, você quem me destruiu, é tudo culpa sua, tudo...

Padma apenas negou com a cabeça, queria responder, mas sua voz não emitiu som.

— Você vai pagar por isso. – Perigosamente, aproximou-se um pouco mais, com a varinha em riste. – Como é mesmo aquela expressão trouxa? “Matar dois coelhos com uma cajadada só”?– Um sorriso malicioso se formou nos lábios da irmã. – Não se preocupe, acho que você somente vai ficar gravemente ferida, mas será o bastante para a Granger ser arruinada, e você também...

Uma risada sem humor, cruel.

Ela era louca. Sua irmã gêmea era a porcaria de uma sociopata.

— Ela chegou... – Parvati sussurrou, antes do clarão a atingir. Não viu mais nada além da escuridão.

Sim. Ela havia enviado os segredos da irmã para o Profeta, mas somente para fazê-la parar com tudo aquilo. Nunca imaginou que sua própria irmã iria tentar matá-la.

Voltou a olhar para frente, sua gêmea debatia-se nos braços dos aurores, gritando para ser solta.

— É MENTIRA! Não fiz nada, não fui eu, é tudo mentira... – Os aurores estavam cada vez mais próximos, Veronica empurrou a cadeira de Padma para o lado para que passassem com a criminosa.

— PADMA, CONTE PARA ELES QUE NÃO FUI EU! – Ela se desvencilhou, lançando-se em frente à irmã. – Eu não queria machucar você, estava com raiva, não deixa me levarem, por favor, irmãzinha... – Tentou tocar no rosto de Padma, mas os aurores voltaram a segurá-la, levando-a aos gritos para fora do salão.

Todos começaram a falar ao mesmo tempo, tantas perguntas, tantas palavras. Parvati Patil havia enganado a quase todos por dias.

— Vem, vamos leva-la daqui...

Reconheceu a voz de Hermione. Ela e Veronica a tiraram do Salão, mas Padma estava inerte a tudo que falaram em seguida, seus pensamentos estavam na irmã tentando dissuadi-la, por toda uma vida ela deixou-se ser um fantoche de Parvati.

— Está tudo acabado, Padma. O pior já passou. – Veronica tentou acalmá-la.

— Não, o pior ainda está por vir. Vou acusar a minha irmã gêmea de tentar me matar, minha família vai tentar me dissuadir a não a denunciar para evitar mais escândalos, eu estou sozinha... – Estava fraca demais para tentar se manter forte, tudo estava desabando.

— Você não está sozinha, Padma. – Veronica a interrompeu, beijando-a brevemente nos lábios. Apenas um selar ocasionado pelo impulso de fazê-la se sentir bem, embora o quisesse fazer a muito tempo.

Padma arregalou os olhos, mas logo sorriu.

— Eu amo você, Veh. – Tomada pelo mesmo impulso, Padma confessou o que guardou para si por meses.

Hermione sorriu ao vê-las se abraçando, aparentava ser algo tão genuíno.

— Eu vou deixa-las a sós, depois nos falamos...

— Hermione. – Padma a chamou assim que estava prestes a sair. – Obrigada por me ajudar, por encontrar o Dr. Zhao, por tudo...

Hermione apenas sorriu para ela. Se todo o estresse e humilhação das acusações a levou para aquele momento, com Padma viva e caminhando para ficar bem, então não se importaria em passar por tudo de novo.

Quando voltou ao Salão Principal, estavam todos em polvorosa. Minerva tentou acalmá-los, mas sua voz era abafada. A cerimônia estava oficialmente terminada, e o Salão transformou-se em um pequeno caos.

Caos. Era isso que resumia a Hogwarts que deixaria para trás. Um verdadeiro caos de falsas aparências, hipocrisias e fofocas.

— Como você descobriu? – Lilá Brown indagou, seus olhos estavam vermelhos e a maquiagem borrada.

Hermione arqueou uma das sobrancelhas, sorrindo de lado em seguida.

— Padma não se afastaria de Veronica, não iria se desvencilhar de todas as vezes que tentei conversar com ela, e certamente não tentaria se aproximar de Harry e o convidaria para beber cerveja amanteigada.

Para a sua surpresa, Lilá soltou uma sonora gargalhada.

— Ela não é tão inteligente quanto diz, Harry sempre foi seu ponto fraco. – Deu de ombros, como se realmente não se importasse com aquilo e a maquiagem borrada fosse apenas uma encenação.

— Você sabia, e a ajudou a manter a farsa. Você apoiou uma sociopata em potencial. – Não foi uma pergunta, e sim uma constatação.

Lilá apenas delineou seu melhor sorriso falso, antes de se afastar. De qualquer forma, não era exatamente uma surpresa.

— Quer mais caos ou já se cansou por hoje? – Draco indagou rente ao seu ouvido, repousando suas mãos na sua cintura.

— Acho que por hoje está bom. – Soltou uma risada anasalada, esgueirando-se com Draco entre as pessoas.

(...)

Uma semana depois

Hermione deixou as suas malas no chão, permitindo-se virar para trás por alguns instantes. Apesar de tudo, Hogwarts era realmente mágica e linda. Não sentiria falta dos alunos daquele lugar, mas certamente sentiria de toda aquela magia.

— Hermione, vamos? O trem já vai partir! – Gina gritou há alguns metros de distância.

Sorriu uma última vez para aquela que foi seu lar por sete anos. Estava na hora de partir.

No trem, utilizaram de magia para mesclar três cabines e as transformar em somente uma. Hermione observou extasiada a maneira como todos pareciam tão bem, a sensação de que tudo deu certo no final era gratificante.

Sentou-se ao lado do namorado, e com um sorriso bobo, passou a observá-los. Sonserinos e grifinórios, sem rivalidades, sem preconceitos. Gina e Blaise surpreendentemente deram certo, e Harry e Pansy estavam cada vez mais próximos.

Luna e Rony pareceram nascer um para o outro, e a loira já estava planejando os nomes dos filhos. Neville e Nate estavam mais firmes do que nunca, Nate havia sido deserdado após assumir a sua homossexualidade, e por isso alugaria um lugar para ficar junto com Neville; apesar da difícil situação familiar, ele estava verdadeiramente feliz ao deixar de se reprimir e fingir ser quem não é.

Pamela havia terminado definitivamente com Will, ela pretendia voltar para os Estados Unidos em um futuro próximo, e não queria compromisso sério. Enquanto Thereza, ainda não havia se recuperado completamente após Brendon, mas estava quase lá.

— Um galeão pelos seus pensamentos.

A voz baixa de Draco rente ao seu pescoço, a fez se arrepiar brevemente. Seus olhos castanhos encontraram os tempestuosos azuis dele.

— Estou pensando em como tudo deu certo para todos. Em como nós somos certos.

E eram. Como puderam se cegar por tantos anos? Como não viram antes o quão complementares eram? Eles sempre se pertenceram, apenas não sabiam disso antes.

— Somos perfeitos um para o outro, nunca duvide disso.

Foi tão intenso a maneira como ditou cada uma daquelas palavras, assim como selou os lábios. Apenas um beijo suave, mas intenso e repleto de significados.

— Paris ou Austrália? – Indagou assim que afastaram os lábios.

Embora ambos tivessem tirado notas altas nos exames finais, ainda estavam em dúvida sobre qual profissão seguir. Por isso decidiram viajar por alguns meses e descobrir juntos o que desejavam. Evidente que teriam que esperar o julgamento de Parvati Patil, já que Hermione era testemunha de Padma, Narcisa tratou de retirar as acusações contra a Granger oficialmente.

— Primeiro vamos para a Londres trouxa, está na hora de você conhecer os meus pais. – Ele ficou branco quase que de imediato.

— Bem... vai ser interessante conhecer o mundo trouxa, os seus pais, meus sogros... – Tentou disfarçar o evidente nervosismo, mas só deixou ainda mais transparente.

— Você vai se sair bem. – Tranquilizou-o, rindo baixo.

Ela tombou a cabeça para trás, olhando pela janela do trem. Foi impossível não recapitular todo o seu ano, tanta coisa mudou, principalmente ela mesma. Ainda parecia tão surreal que apenas alguns meses atrás tudo que almejava era vingança contra o Potter. Uma vingança que não levou a nada, que de pouco importou, porque cresceu, amadureceu, e aprendeu a perdoar. Constatou que a verdadeira questão sempre foi mais intrínseca: ela apenas precisou se aceitar e se amar.  A vida poderia ser realmente boa, e sua jornada estava apenas começando.


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Notas finais do capítulo

Querem um epílogo? ♥

Beijos ;*



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