Férias, como férias são boas.

            Eu finalmente estava livre dos olhares da sala.

            Ta, eu não sou amada em uma sala, na verdade sou uma das mais odiadas de todas. Costumo ser eu mesma, mas isso não funciona muito bem.

            Meu nome Mellody Clarkson Thompson, tenho quatorze anos,  e sou baixinha. Tenho cabelo liso cor mel, e olhos azuis. Minha família diz que sou linda, mas todo o resto me acha absolutamente estranha e idiota. Não tenho nenhum amigo.

            Moro em NY, e se querem saber, passo a maior parte do dia no computador imaginando o quanto à vida lá fora pode ser legal. Tenho muitos amigos no PC, estes que são muito legais, gostaria de conhecê-los.

            Resumindo: minha vida é uma droga.

            Quase morro só de pensar que daqui a mês tenho que voltar para aquela escola idiota.

            A porta se abriu atrás de mim, e Noah entrou. Noah é meu irmão chato, ele tem 17 anos e se acha o deus porque tem um belo carro e já pode dirigir.

− Senhorita TPM, mamãe ta chamando.

− Por que deveria acreditar?

− Porque se não, a mamãe bate em você.

− Tudo bem, vou falar com a mamãe− Disse dando ênfase no mamãe.

A mãe tava sentada no sofá esperando o café ferver. Quando me viu ela se levantou e veio falar comigo.

− Bom dia meu bem.

− Bom dia.

− Querida seu pai foi chamado para trabalhar no Rio de Janeiro. Lá ele vai ganhar bem mais do que aqui, já está quase confirmado que vamos para lá.

−RIO?

− Mel não diz para mim que acha que o rio não é legal! − Noah disse

− Você devia achar lá ruim, não vai poder dirigir.

− MERDA!!! − Noah saiu nervoso da sala.

− Então filha o que acha disso?

− Ta certo, tudo bem que vou sentir falta de NY, mas tudo bem. Já estou acostumada. − Disse um pouco desanimada.

− Então ta, vai arrumar as malas.

− Quando vamos?

− Amanhã às oito da manhã.

− Ta

Me virei e subi para meu quarto. Já estava acostumada a ficar mudando de casa toda hora, a um ano e meio morava na Rússia, por algum motivo desconhecido eu não sinto falta de lá! Antes da Rússia morava na Austrália, e antes no Canadá. Mas nasci nos EUA, em Vegas. Desde pequena vivo indo de um lado para o outro.

Meu pai trabalhava em sei lá o que, ele era um empresário, não sabia com o que ele trabalhava, só sabia que era numa grande empresa. Meu pai se chama Fernando.

Minha mãe se chama Lucy, ela e meu pai estão casados há 18 anos.

Comecei a pegar tudo que era importante para mim dentro daquele quarto, nesse momento me lembrei que não tinha pensado antes: Tenho um amigo virtual que mora no Rio, Phillipe é uma gracinha, somos muito amigos, seria bom se nos conhecêssemos, finalmente vi um ponto legal daquela mudança.

            Seria legal se eu tivesse algum amigo para me despedir quando fizesse essas viagens. Mas nunca tive, sempre que viajava ficava sabendo que ninguém sentia minha falta. Às vezes me perguntava o que tinha de errado comigo.

            Quando terminei de arrumar as malas já era noite, estava cansada por isso me sentei na cama.

            Noah entrou no meu quarto.

            − Você parece triste de se mudar. Por que se não tem nada aqui que faz falta para você?

            − Hum... Sabe só estou cansada de ficar mudando todos os dias de casa. Isso é chato.

            − Entendi− Ele se sentou na beira da cama.

            Eu odiava Noah, mas tinha que admitir que ele era bonitinho, tinha o cabelo loiro cortado curtinho, em algumas horas parecia que ele tinha pintado, algumas mechas eram mais escuras, outras mais claras; o rosto dele era refinado mas masculino; ele é alto e forte. Naquele momento lembrei-me da namorada dele, Stephane, ela era muito chata, mas meu irmão a amava.

            − Noah, o que vai acontecer com você e a Stephane?

            − Vamos ter que terminar, ela não sobreviveria a um namoro a distancia.

            − Está triste?

            − Não, não vou sentir muita falta dela, nós brigamos ontem. Ela tava ficando muito chata, acho que não daria certo nem se eu ficasse aqui.

            Deitei-me na cama com a cabeça no travesseiro. Noah se sentou ao meu lado.

            − Espero que você faça mais amigos lá− Ele passou a mão na minha cabeça− Fico triste de saber que você fica grudada no computador o tempo inteiro, devia fazer mais amigos. Vou te ajudar se estudarmos na mesma escola.

            − O que deu em você? Nunca é assim comigo...

            − Não minta, às vezes sou meio chato, mas você sabe que eu sempre cuido de você.

            Sorri um pouco, Noah era legal quando queria.

            − Já terminou de arrumar suas malas? − Perguntei

            − Sim, e você?

            − Também.

            − Mel, vou tomar um banho, mamãe disse que não era para você ficar ate tarde no computador, pois amanhã acordaremos cedo.

            − Não vou ficar.

            Ele deu um beijinho na minha testa disse boa noite e saiu. Em todas as escolas que Noah passava ele era popular, eu era a ovelha-negra da família.

            O despertador tocou, nossa ainda estava muito cedo. Com raiva bati a mão nele para ver se parava, ele insistiu e continuou a tocar. Com ódio daquela invenção maluca pegue-o e taquei na parede. Para minha má sorte foi forte de mais e fez um belo estrago na parede.

            − Desgraça!!!

            Levantei-me correndo e fui ver o estrago. Tinha feito quase que um buraco na parede que dava para o quarto do Noah. Vi ele se aproximando para ver o que era isso.

            − Mellody!!! O que você fez???

            Ele saiu correndo e entrou no meu.

            − Caraca! Você quebrou a parede com o relógio?

            Ele me olhou assustado.

            − Hehe, acho que estava um pouco brava de mais né?