Fúria dos Deuses escrita por Neline


Capítulo 30
Eu morro por dentro, antes de correr para a morte


Notas iniciais do capítulo

Enjoy/



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Partir com a frase tão delicada e tranquilizadora de Diké não parecia tão ruim agora, perto do resto. No meu chalé, encarando o teto, a falta de preocupação que a Deusa da Justiça teve com meu estado de nervos ao falar que haviam pessoas querendo mais do que "me devorar" era cruelmente irrelevante. Eu poderia ser uma deusa. E Zeus sabe que eu quero isso tanto quanto ele. Sempre gostei de ser o centro das atenções, mas não agora, quando essas "atenções" querem me matar.

- Blair? Blair, eu realmente preciso falar com você e estou com pressa. - Olhei para os lados, confusa, procurando o dono da voz. Chuck estava parado na frente da minha cama, com uma face séria. Não era uma mensagem de Irís, as que ele costumava fazer todas as noites antes de dormir e com as quais eu já havia me acostumado. Certo, admito: eu esperava essas ligações com certa ansiedade, já que era a melhor parte do meu dia.

- Hey, olá para você também. - Ele mal esboçou um sorriso torto a minha piada sarcástica.

- Hey. Como eu já disse, estou com pressa. - Franzi meu cenho, o encarando enquanto me sentava na beirada da minha cama.

- É uma bela maneira de dar as caras: nervoso e com pressa. - Chuck olhou para os lados, ignorando meu comentário.

- Me prometa que você não vai sair do acampamento. - Seu tom era tão sério que eu nem consegui rir. Esperei a parte em que ele gargalharia e diria "brincadeira!", mas quando percebi que ela não chegaria cruzei os braços abaixo dos seios e comecei a bater meu pé no chão.

- Não vou lhe prometer nada. -  Como se aquela fosse exatamente a resposta que ele esperava de mim, bufou, passando os dedos pelos cabelos desalinhados e os bagunçando um pouco mais.

- Você não entende. Precisa ficar aqui. É seguro e eu não quero que você se machuque. - Ergui uma sobrancelha, pensando um pouco melhor no que acabara de escutar. Ele sabia de algo perigoso, e estava tentando me manter a salvo.

- O que você está planejando? - Chuck suspirou.

- Não faça perguntas que sabe que eu não posso responder. - Suspirei.

- Então não me peça para prometer coisas que sabe que eu não vou cumprir. Você fez sua escolha, e eu fiz a minha. Se precisar, vou morrer pela minha familia. E se você precisar, vai matar por orgulho e poder. Seguimos rumos diferentes, e talvez você tenha que aceitar o preço dessa sua escolha. - Minha voz saiu mais decidida do que eu me sentia. Eu havia sido dura, mas sabia que era necessário. Chuck me olhou com aquela chama de ódio se acendendo nos olhos.

- Qual é esse preço? Posso saber quanto vou pagar pelas mudanças que precisam ser feitas? Pela reforma de poder? - Sua voz saiu murmurada, mas com aquele tom de ódio controlado que eu conhecia tão bem. Ele estava com tanta raiva que mal cabia dentro de si.

- Talvez seja Nate. Talvez sejam todos os seus colegas de acampamento. Talvez seja Quíron. Talvez seja seu pai. Ou algum dos seus tios e tias. E talvez, o preço seja apenas eu. - Minha voz soava tão fria que, para mim, era como se um vento gélido cortasse o local. Chuck estava de cabeça baixa,  com um olhar feroz e respiração entrecortada. Seus lábios eram uma linha fina e rígida. Ele parecia estar pensando com cuidado no que dizer, ou simplesmente digerindo minhas palavras duras. 

Eu não vou deixar que você morra. - Ele gritou, e depois derrubou uma cadeira de madeira que estava ao seu lado. Parecia completamente fora de si.

- Você trabalha para Cronos, e ele quer me matar. Aceite isso. - Devolvi no mesmo tom, me levantando. Ele me encarou.

- Blair, você quer mesmo fazer isso? - Sua voz agora, era quase um sussurro.

- Familia é familia, apesar de tudo. Eu vou fazer tudo o que puder para mante-los vivos.

- Eu te amo. - ele me interrompeu, então eu vi lágrimas nos seus olhos. Eu conseguia compreender. Ele estava em uma briga interna. Ao mesmo tempo que desejava me ver bem, queria vingar a morte dor irmão. Ele queria fazer as coisas mudarem. Peguei-me chorando ao responder, com a voz tão calma e carregada de dor que eu mal reconhecia como minha.

- Eu te amo mais do que já amei qualquer coisa na minha vida. - Chuck me beijou. Nossas lágrimas se confundiam. Era a despedida. Difícilmente sairiamos ambos vivos daquilo. Mesmo assim, mesmo que ele me matasse, eu ficaria feliz em saber que ele estava vivo. E tentaria, ao menos, usar minha vida para salvar o maior números de vidas que eu pudesse. Como espírito, espectro, alma, ou seja lá como você queira chamar, eu continuaria amando Chuck com todas as minhas forças. E se eu precisasse morrer para ele viver, que seja. Minha vida é quase insignificante comparada a dele. Nos separamos, e ele passou o dedo pela minha bochecha, com aquele olhar triste e cheio de dor que me machucou por dentro, e sumiu em um raio dourado logo depois.

- Quíron! - Eu berrei pelo campo de treinamento, com o rosto marcado pelas lágrimas e todos os olhares curiosos dos campistas sobre mim. O centauro, finalmente, me viu, e trotou em minha direção.

- Blair, querida, o que houve? - Parei da frente de Quíron e, ainda chorando, disse:

- Chuck acaba de me visitar. Eles estão planejando algo grande e perigoso. Prepare o Olimpo, pois eu acho que a hora da batalha chegou. - Todos estavam parados, em choque, e eu chorava desesperadamente, sem conseguir conter. O centarou passou seus braço envolta de mim. Eu me permeti o abraçar, afundando o rosto em sua camiseta e chorando tudo que podia. De repente, ele gritou, com a voz cristalina como água.

- Todos peguem as armas e se preparem. Se tivermos que lutar, vamos tentar não morrer em vão. - Eu meu afastei de Quíron, entendo que apartir de agora eu teria que ser forte, e fingir não estar morta por dentro, como estava.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora, vou tentar manter meus atts frequenciados. E ai, gostaram? Espero que sim!

Deixem reviews!

XOXO. Neli



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