Lucius e Reinald Através dos Tempos! escrita por MAHximum


Capítulo 2
Lucius e Reinald no Feudalismo!


Notas iniciais do capítulo

OOOI, fic nova! eba o/

Sabiam que no fedaulismo existia uma relação entre suzeranos e vassalos muito interessante? hm UIAHSUIFHASUH
Ambas as categorias eram feitas de nobres, só que os vassalos tinham menos poder e trabalhavam lealmente e exclusivamente para seu suzerano, cuidando das terras (feudos) dele. E existia um ritual onde juravam lealdade por fim, o suzerano e o vassalo se beijavam! E, claro, os dois eram homens! hm

bjs, MAH.



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- Precisa fazer algo com essa sua vida inútil, Lucius. – Não era a primeira vez que ela o alertava e não seria a ultima;
- Nasci nobre justamente para ser inútil. – Ele respondeu não fazendo caso.

- Case-se. Cuide, ao menos olhe, para seu feudo. Arranje pelo menos um vassalo! – Elizabeth ordenava novamente.
- Já lhe disse que não quero um vassalo. Não vou confiar um pedaço da minha terra a qualquer um.
- Não precisa ser qualquer um, pode ser alguém de sua confiança.
- Quem? – Ele questionou desafiador. – Você é a única pessoa com quem convivo e mulheres não podem cuidar de feudos.
- Então confia em mim? – Ela perguntou com os olhos brilhando.
- Não foi isso que eu disse. – Lucius respondeu no tom indiferente.
- A gente arranja alguém. – Lucius a olhou com uma cara de sarcasmo e ela se corrigiu: - Eu lhe arranjo alguém de confiança. Dou-lhe minha palavra, Lucius. – Ele encarou desconfiado.
- Não sei se é uma boa idéia, Elizabeth. – Resmungou.
- Ter um vassalo só iria facilitar seu trabalho! Serão menos servos para observar, talvez mais produção agrária e alguém leal para lhe resolver problemas! Que mal pode haver nisso?
- Ta, tudo bem. Traga-me nobres dispostos a se tornarem meus vassalos! – Ordenou à Elizabeth, que apensar sorriu e se retirou para ir em busca de alguém. Lucius não sabia, mas ela costumava a sair dos limites do feudo em seus passeios, portanto conhecia vários outros nobres menos poderosos que ele. Seria fácil arranjar alguém... O difícil seria fazer com que Lucius aprovasse.

- Não. – Disse de forma autoritária e inquestionável.
- Qual o problema com ele, Lucius? – Elizabeth perguntou.
- Não gosto do modo que ele me olha, Tem um olhar de traidor. – Lucius comentou em tom mais baixo para que só Elizabeth ouvisse.
- Você nem o conhece, nem sabe o nome dele! Este jovem é um nobre exemplar que até já guerreou, dê apenas uma chance. – Ela insistiu, se referindo ao rapaz parado diante deles, mas a uma certa distancia.
- Sabe o que isso parece? Parece que estou escolhendo um marido para você... – Ele a olhou como quem diz “Eu sei o que você fez no verão passado!” e sorriu em seguida. – Você não sabe escolher homem. Seu falecido marido, que Deus o tenha, a traia.
- Meu falecido marido era seu amigo. – Retrucou.
- E por isso mesmo eu sei que ele lhe traia. Não quero outro traidor circulando pelo meu castelo. A resposta é não! – Lucius suspirou. – O que ainda faz aqui, Elizabeth? Vou ter que dizer isso a ele pessoalmente, ein?

- Não. – Ela resmungou revirando os olhos. Foi até o jovem e se desculpou, escoltando- o até a saída.

Lucius já estava impaciente, era o terceiro nobre que ela lhe trazia. E nenhum deles despertou sua confiança, pareciam nobres pré-fabricados que passavam a imagem de guerreiros em nome de Deus... De certo modo, teocracia lhe enojava.
E no meio de seus devaneios ele viu o cara perfeito! Não só para se tronar seu vassalo, mas perfeito em qualquer sentido!
Havia um misero problema: o tal cara era um servo. Reconheceu isso pelo fato de ele estar carregando uma cesta com a colheita. Não que isso importasse de verdade, sabe, o fato de ele ser um servo... Afinal, Lucius era um nobre, preguiçoso e inútil, mas era um nobre. E gostava de acreditar que isso lhe dava direito de desobedecer as regras da sociedade de vez em quando.
- Hei, servo! – Lucius gritou. O servo, que carregava discretamente a cesta pelo canto da sala, virou-se.
- Eu? – Perguntou inocente e incrédulo.
- Não tem nenhum outro servo por aqui. – Respondeu grosseiramente como de costume.
- Me desculpe, senhor... – Ele colocou a cesta no chão. - Hã, algum problema, senhor?
- Não, nenhum. – Lucius se aproximou do tímido servo loiro. – Qual o seu nome?
- Reinald, senhor. – Respondeu prontamente.
- Você já deve saber quem sou, não é?
- Sei sim, senhor.
- Precisa dizer senhor no final de cada frase? Faz-me sentir velho, sabe?
- Desculpa, senhor. É só que nunca imaginei que o senhor falaria comigo... Não sei como devo falar com o senhor. – Admitiu encabulado, corando um pouco. E ficou ainda mais ao perceber a bela mulher que se aproximava.
- Você trabalha no meu feudo?
- Hã, sim. – Monossilábico.
- Como nunca te vi antes? – Era uma pergunta mais para ele mesmo.
- O senhor não costuma sair muito do castelo, não é? Só te vi raras vezes andando pelo feudo, senhor. – Reinald não sabia quem o deixava mais nervoso. A dama lhe encarando com desgosto ou o pequeno nobre de inocência infantil e olhos azuis.
- Tem razão, mas acabo de perceber que isso é um erro. – Lucius sorriu. – Elizabeth, ele não é perfeito? – Ele perguntou animado e ela percebeu suas intenções.
- Fora de cogitação, Lucius! Ele é um servo... - Ela falava essa palavra como se fosse algo errado e sujo.
- E qual o problema? Sua opinião não conta. – Ele deu de ombros. Elizabeth pensou em responder e perguntar porque ele perguntava a ela se nada que ela dizia contava, mas se limitou a revirar os olhos. Afinal Lucius só estava fazendo isso para irrita-la... Bom, era o que ela pensava, mas parecia ser mais sério quando Lucius segurou as mãos mal cuidadas do servo.
- Reinald, aceita ser meu vassalo?
- Vassalo? – Ele perguntou meio abobado mais pelo fato de Lucius estar segurando suas mãos. – Não posso, senhor. Como a senhorita disse, eu não sou um nobre... Sou apenas um servo.
- Te transformo em um nobre, sei lá. Pra tudo na vida tem um jeito!
- Como você poderia fazer uma coisa dessas? – Elizabeth perguntou com descaso.
- Case-se comigo, Reinald. – Ele mais ordenou do que pediu. O queixo de Elizabeth caiu e Reinald não reagiu.
- Mas... Mas que coisa mais inapropriada, Lucius! – Ela bronqueou.
- Ta reclamando do que? Você sempre quis que eu me casasse.
- Não com um homem! Não com um SERVO! – Ela exclamou com certa hesitação e nojo, mas ele a ignorou.
- O que me diz, Reinald?
- Não acho que isso seja possível, senhor. – Reinald soltou suas mãos das dele.

- Ah, entendo. Então case-se com Elizabeth!
- O que?! – Ela quase gritou. – Quem te deu o direito de me barganhar por aí?!
- É só um casamento falso para torná-lo um nobre para que possa ser meu vassalo. – Explicou como se fosse obvio.
- Quer tanto assim que ele seja seu vassalo?

- Com certeza. – Afirmou com os olhos brilhando.
- Mesmo? - Ela olhou para o servo pobre, com nojo, e depois para seu querido Lucius. O cara que lhe acolheu quando seu marido morreu... Ela precisava de um lugar para viver, para isso teria que virar uma serva e largar a vida de nobre, mas Lucius permitiu que ela vivesse em seu feudo em troca de pura companhia. – Tudo bem, que seja feita sua vontade.
- Ótimo! – Lucius exclamou alegremente. – Aceita, Reinald? Morar aqui no castelo, virar um nobre?!
- Eu não sei, senhor. Eu... – Ele não conseguia pensar em um argumento. Viver com Lucius? Tentador. Virar um nobre? Mais tentador ainda! Mas ele tinha sua família, precisava ajudá-los...
- Tudo bem, tem todo o tempo do mundo para pensar. Mas pense com carinho... – Lucius falou sorrindo. – Eu não vou desistir de você. – Elizabeth revirou os olhos. Ele só podia estar brincando... – Pode voltar ao seu trabalho agora. A gente se vê mais tarde.
- Certo, senhor. – Ele concordou ainda desnorteado. Pegou a cesta novamente e partiu em direção a cozinha.
- O que foi tudo isso? – Elizabeth perguntou quando o servo se afastou o suficiente para não ouvir seu pequeno escândalo.
- Ele não é um Deus? – Lucius perguntou vidrado no lugar por onde Reinald havia saído. – Viva a teocracia! Viva a Reinaldcracia!
- Não quero me casar com esse servo imundo. – Reclamou. – Quero me casar com um nobre. Moreno, pele clara, olhos azuis e um lindo sorriso...
- Não vai achar ninguém assim. Aceite se casar com meu futuro vassalo. – Ordenou. – E Elizabeth...
- O que foi?
- De repente fiquei com vontade de inspecionar o trabalho de meus servos. Venha comigo me acompanhar.
Antes que Elizabeth pudesse contestar, ele saiu andando. Sem ver outra opção, o seguiu.

 

 

- O que o senhor queria? – Perguntou Sophie, irmã de Reinald, depois de saber do ocorrido.
- Que eu fosse seu vassalo.
- Mesmo? Isso é ótimo! – Ela falou animada. – Você aceitou, né?
- Não podia. Não sou um nobre...
- Mas ele é, ele pode fazer o que bem entende! Como colocar um servo como vassalo!
- Ele disse que poderia me transformar em um nobre. – Reinald parou de arar a terra e se apoiou na ferramenta em suas mãos. – Ele me pediu em casamento.
- E você recusou? Recusou a mão do senhor?! Qual o seu problema?!
- Eu não sabia o que responder! E, e... Ele tinha um sorriso bonito e a senhorita ficava me encarando,  me deixaram nervoso! – Reinald admitiu envergonhado voltando a arar o campo.
- Dizem por aí que ele não costuma sorrir...
- Não foi o que pareceu, ele estava bem sorridente. Mas no final ele ofereceu que eu me casasse com a senhorita que mora lá, sabe? Aquela que costuma ficar vagando pelos campos a tarde toda.
- Por favor, me diga que aceitou!
- Disse que ia pensar, apesar de ser um casamento falso. Tenho que pensar na nossa família, Sophie... Você sabe que se eu me casar, me tornarei um nobre, mas vocês continuarão nessa vida de camponês servo. – Reinald lamentou e Sophie acariciou a cabeça dele, como um ato de consolo digno da irmã mais velha.
- Alguém na nossa família tem que escapar dessa vida, não é mesmo? Não se preocupe com a gente. – Sophie sorriu, retomando o trabalho em seguida. – Mas fal aí, você preferia se casar com a senhorita ou com o senhor Lucius?
- Bom, o senhor parece ir mais com a minha cara... Além de que é simpático e eu já disse que ele tem um belo sorriso, né? – Ele se apoio novamente no arado em meio aos seus devaneios.
- Não, você disse que o sorriso bonito. Agora ele é belo, parece que evoluiu... – Sophie riu. – Me diga a verdade, como é o sorriso do senhor?
- É simplesmente – Reinald suspirou. – maravilhoso. Talvez se eu pudesse falar com ele de novo, eu... – Resmungou sem completar a frase.
- Você pode. – Sophie abriu um grande sorriso. – Não olhe para trás agora, mas ele está vindo aí.
O servo loiro não pensou duas vezes antes de pegar o arado e fazer qualquer movimento com ele para fingir que trabalhava. Lucius nunca esteve observando, não conseguiria distinguir um trabalho de verdade e uma mentira.

- Oi, Reinald! – Lucius cumprimentou.
- Senhor, boa tarde. O que faz aqui? – Perguntou com a voz um tanto tremula.
- Você disse que eu quase não saia do castelo e eu percebi que era um erro, então resolvi consertá-lo o mais rápido possível. – Ele dizia casualmente até abrir um sorriso e olhar diretamente nos olhos do servo. – Vim te ver. E falar com você. – Reinald ficou mais envergonhado e desviou o olhar, sem responder nada, deixando livre para que Lucius continuasse a falar. – Você já decidiu se quer casar com Elizabeth?
- Não deu tempo, Lucius. – Elizabeth reclamou.
- Eu falei com você, mulher? – Retrucou. – Reinald, não é uma escolha obvia? Virar nobre, ter um feudo, esposa, o que mais poderia querer?
- Me perdoe por discordar do senhor, mas não é tão obvio. Senhor, por que quer tanto que eu seja seu vassalo? Deve ter alguém melhor que eu que já seja um nobre e tenha experiência...
- Não tem. Assim que eu te vi, soube que só você serviria para mim. Você é o cara certo e digno de minha total confiança.
- Isso parece mais uma declaração de amor. – Elizabeth comentou com desgosto.
- Elizabeth, por favor, me diga quem foi que perdeu o marido, mora de favor em minha casa e corre o risco de ser enxotada caso me irrite só mais um pouquinho?
- Já me calei. - Disse de má vontade.
- Quem é ela? – Lucius perguntou se referindo a garota trabalhando perto deles, que muitas vezes parava só para observar o que acontecia.

- Minha irmã Sophie. -  Reinald respondeu.
- Também trabalha para mim?
- Se eu disser que sim, o senhor também me pede em casamento? – Ela brincou.
- Contou a ela?!
- Desculpe-me, senhor. Não sabia que era um segredo. – Reinald tentou se explicar.
- Não, não era. Tudo bem. Só não esperava que você contasse isso para alguém, você me pareceu tão desconfortável coma situação... Será que você poderia vir conversar comigo enquanto caminhamos pelas terras? Não tenho absolutamente nada para fazer e meus assuntos com Elizabeth já esgotaram.
- Mas tenho que trabalhar, senhor.
- Vai lá, Reinald. – Aconselhou Sophie. – Eu cuido da sua parte, não tem problema.
- Obrigado. – Os olhos de Reinald brilharam.
Os dois se afastaram, caminhando, falando sobre absolutamente nada e ao mesmo tempo tudo. Natureza, história, guerra, paz, nobreza, terras, crenças, religião, sentimentos... Só pelo prazer de estarem juntos.
E começaram a fazer esse tipo de passeio mais e mais vezes.


- Como está o senhor? – Sophie perguntou, um pouco mais de uma semana depois da primeira vez que os dois saíram para caminhar.
- Estou bem. Não precisa me chamar de senhor. – Reinald respondeu brincando.
- Eu quis dizer o senhor Lucius. Vocês foram “conversar” ontem, não é?  - Ela disse fazendo aspas no ar.
- Fomos MESMO conversar, como sempre fazemos. Ele está bem, oras. – Reinald se abaixava retirando as plantas consideradas pragas e colocando-as na cesta que sua irmã segurava.
- Acho muito legal o fato de ele continuar esperando você tomar uma decisão sobre o casamento. E também o fato de ele vir aqui quase todos os dias só para te ver.
- Por que você adora ficar comentando sobre nós dois?
- Porque nada acontece por aqui e tudo que tenho para me distrair é essa sua historinha com o senhor.
- Você faz parecer um romance. – Reclamou.
- E talvez seja. -  Sophie riu ao ver o irmãozinho ficar vermelho. Só não gostou quando ele jogou a planta em sua cara.
- Sophie, não fale besteira! E se alguém ouvir essa sua brincadeira?
- Besteira? Brincadeira? Acho que você está muito enganado, querido irmão. – Ela colocou a cesta no chão e segurou o irmão pelos ombros. – Ele já te pediu em casamento. E admita que você está gostando dessa atenção toda... Quando ele não vem ou demora a chegar, você fica todo desanimado e suspirando pelos cantos. Não adianta negar que eu já vi.
- Fico? – Ele indagou ficando ainda mais vermelho.
- Devia ter se casado com ele quando teve chance. Agora estaria lá fazendo seja lá o que os casais nobres fazem, ao invés de estar aqui trabalhando como um idiota. – Ela se abaixou e pegou novamente a cesta.
- Eles não fazem nada. – Reinald se abaixou puxando mais uma planta. – Os casais nobres não fazem nada, passam o dia no ócio. Lucius que me disse...
- Ai, esses suas conversas particulares com o senhor... Deveriam falar menos e... Você sabe. – Ela abriu um sorriso malicioso e Reinald ficou mais e mais vermelho. – Olhe para trás. – Ela mandou. Ele já sabia o que, ou melhor, quem o esperava... Só não sabia a quanto tempo essa pessoa estava atrás dele, nem o quanto tinha ouvido.
- Bom dia, Reinald. – Lucius o cumprimentou sorrindo. – Está doente? Se estiver é melhor parar de trabalhar por hoje.
- Não... Não... – Murmurou. – Estou bem, senhor.
- Mesmo? Está vermelho! Talvez seja febre. – Ele colocou a mão na testa do servo.
- Eu to bem, senhor, não se preocupe.
- Não precisa mais ficar me chamando de senhor. Me chame de Lucius ou simplesmente “você”.
- Desculpe, hum, Lucius. – Ele sorriu. – Cadê a senhorita Elizabeth? Ela costuma te acompanhar...
- Ela não quis vir hoje, disse que não dou atenção a ela quando estou perto de você. – Lucius sorriu levemente. – E como eu poderia? Os olhos castanhos dela não se comparam aos seus olhos azuis.
- Senhor... – Foi tudo que o servo conseguiu pronunciar e ainda em tom baixíssimo. Ele ia dizer algo como “Senhor, não diga esse tipo de coisa.”, mas claro que ele estava envergonhado demais para formar uma frase completa.
- Já pedi para me chamar de Lucius! – Ele bronqueou. – Parece que você ficou mais vermelho, deve ser esse sol infernal. Quer ir passear comigo? Podemos ir pela sombra, claro.
- Tenho que trabalhar. Mas eu gostaria mesmo de ir, hum, Lucius.
- Vem! – Lucius ignorou o protesto e pegou a mão do outro, puxando-o. O loiro desistiu de resistir e continuou andando, de mão dada com o nobre. – Eu atraso seu trabalho?
- Bom, um pouco. – Reinald respondeu encabulado.
- Desculpa, nunca foi minha intenção te atrapalhar. Vou te ajudar a recuperar o tempo que você gasta comigo.

- Não, não precisa!
- Preciso sim. Nunca trabalhei na vida, mas hoje eu venho aqui de noite e você me ensina a fazer seja lá o que vocês fazem com a terra.
- Sério, senhor, não precisa. Eu me viro! Tenho três irmãos, eles me ajudam!
- Mas eu quero vir! Será mais uma parte do meu dia com você... – Lucius basicamente sussurrou olhando para o chão e apertando mais forte a mão de Reinald, entrelaçando seus dedos nos dele. – E me chame de Lucius, poxa!
- Desculpa, Lucius. – Reinald abaixou a cabeça envergonhado, ele tinha ouvido o que o moreno sussurrara. – Onde vamos nos encontra?
- Então, vai me ensinar a trabalhar?! – Ele perguntou animado.
- Vou. – Reinald sorriu. – Que tal a gente se encontrar debaixo da grande arvore?
- Claro, ta ótimo! – Lucius abraçou o outro. – Aguardo ansioso.



- Demorei? – Lucius perguntou ao se aproximar da sombra debaixo da grande arvore, que ele julgava ser Reinald. Afinal era noite, a única luz era da lua cheia, mas com tantas folhas bloqueando, era difícil enxergar qualquer coisa.
- Não, relaxa. – Reinald respondeu calmamente, apesar de estar com o coração aos pulos. Aquilo era literalmente um encontro as escuras.
- Eu tive que fugir das garras da maldosa Elizabeth! – Lucius brincou.
- Às vezes ela parece te controlar...
- Ela bem que queria. Se dependesse dela, seriamos marido e mulher. – Comentou esperando ver alguma reação no rosto de Reinald, mas estava escuro demais. – Vou te ajudar a recuperar o trabalho perdido.
- Então me segue. – Reinald saiu andando em direção ao campo com Lucius em seu encalço.
De fato Reinald o fez trabalhar para valer e até que o pequeno se saiu bem para quem nunca nem tinha encostado em uma ferramenta rural. No fim, isso foi só mais uma desculpa para que ele se jogassem ao pé da grande arvore, no fim do trabalho, para descansar e conversar.
- Ajudei? – Lucius perguntou.
- Mais atrapalhou do que ajudou.
- A intenção foi boa. – Lucius riu acompanhado do loiro e deixou a cabeça tombar levemente no ombro de Reinald.
- Com o tempo você se acostuma, melhora e faz um bom trabalho. Vai voltar outro dia para pegar o jeito?
- Não sei, estou cansado. Trabalhar não é legal... Trabalhar dá trabalho. – Os dois riram e logo depois se silenciaram por um tempo. Até que Reinald quebrou o silencio subitamente.
- Lucius, resolvi aceitar sua proposta.
- Vai se casar comigo? – Ele perguntou meio na brincadeira, meio na seriedade.
- Não, mas serei seu vassalo. Se ainda quiser, claro.
- Mesmo?! Que bom, Reinald! Ganhei meu dia! – Lucius sorriu e abraçou o maior. – Temos que pensar em que parte de terra você vai cuidar, no seu casamento com Elizabeth e... No ritual para que você se torne meu vassalo. Você sabe como é o ritual? – Lucius perguntou meio hesitante, pensando se devia mesmo arriscar a próxima pergunta. – Você sabe que teremos... Que, hum, nos beijar?
- Não... – Reinald respondeu numa voz tremula. – E-eu sou um servo, não sei de muita coisa.
- Ah, você sabe sobre muitas coisas. – Lucius desconversou, talvez fosse melhor não ter comentado nada. Era melhor tentar algo indireto... – Me ensinou tantas coisas nos últimos tempos, principalmente sobre sentimentos.
- Foi o senhor quem me disse que cresceu meio isolado... As coisas que eu sei são por experiência própria.
- Então, você já experimentou a paixão? – Perguntou. – Você disse outro dia que esse é o nome daquela sensação quente e boa que só se sente quando está perto de uma certa pessoa, só de olhar em seus olhos, você sabe que ela é a pessoa certa. Não é isso? – Lucius falou calmamente, olhando nos olhos do servo apesar do escuro, a ponto de fazê-lo perder o fôlego.
- É, - El murmurou se recuperando. – essa é a paixão.
- Nunca tinha passado por isso antes, sabe? Como é que se diz mesmo? Estar apaixonado, não é?
- Eu imagino. – Reinald se recuperava aos poucos. – Quero dizer, o senhor convive somente com a senhorita Elizabeth e ela não me parece o tipo de pessoa por quem você se apaixonaria.
- E você? Se apaixonaria por ela? – Perguntou se acomodando ao lado do servo, fazendo com que suas mãos se tocassem de leve.
- Hã, não sei. – Ele evitou dar uma reposta definitiva, afinal, não sabia exatamente o que Lucius pensava dele. – De um jeito ou de outro, eu vou ter que casar com ela mesmo. – Reinald sorriu, mas o pequeno não correspondeu. Apenas ficou encarando-o com olhos tristes.
- Reianld, qual o nome desse sentimento ruim que estou sentindo e me faz querer impedir o casamento?
- Ciúmes? – Arriscou. Lucius não respondeu, se calou sendo acompanhado pelo o outro. Por um longo tempo, eles ficaram calados, até que novamente Reinald se manifestou.
- Eu menti. – Ele se levantou e ficou olhando para o chão. – Eu já sabia como era o ritual antes de aceitar. Eu já sabia... O que teríamos que fazer. – Lucius primeiramente ficou parado, abismado, olhando para ele e depois sorriu. – Eu preciso ir, Lucius.
- Reinald, - Ele o chamou. – eu volto para trabalhar amanhã a noite. – Com isso o loiro partiu e Lucius ficou lá, rindo sozinho por pura felicidade.



No dia seguinte Lucius não apareceu durante a manhã. Nem durante a tarde... Era decepcionante levando em conta que ele quase se declarou no dia anterior. Mas mesmo sem a certeza de que o pequeno nobre apareceria de noite para trabalhar, Reinald foi até a grande arvore e ficou lá esperando.
- O senhor veio! – Reinald exclamou animado quando viu alguém se aproximando.
- Eu vou começar a te bater toda vez que você me chamar de senhor! – Ele ameaçou, mas foi ignorado.
- Por que não veio de tarde? Eu achei que o senhor não vinha mais...
- Eu fiz a besteira de comentar com Elizabeth que você tinha aceitado se casar com ela e ela usou isso como desculpa para me alugar o dia todo. – Lucius parou de falar e finalmente prestou atenção no que tinha ouvido. – Por que veio se achou que eu não vinha?
- Eu jamais te deixaria esperando e nem desperdiçaria a chance de te ver. Mesmo que fosse mínima... – Lucius não teve resposta para aquilo e deu brecha para que Reinald continuasse a falar. – Não quero me casar com a senhorita Elizabeth. Não sabendo que eu tive a chance de casar com você e desperdicei.
- Reinald, acho que estou... Como é mesmo? Hã, apaixonado. – Lucius sentiu seu rosto ficar quente. Agora que tinha falado, não tinha volta. – Desde o momento em que eu te vi, eu soube disso.
- Não acha inapropriado que eu te diga algo como... Hã, eu gosto de você mais do que deveria?
- Não, não acho. – Ele respondeu envergonhado.
- Então, senhor, digo Lucius, - Corrigiu-se. – eu gosto de você mais do que eu deveria.
Lucius abaixou a cabeça, sorrindo, ainda tentando entender o que tinha acabado de ouvir.
- Então, vamos continuar aqui fingindo que viemos trabalhar ou vamos passar para o ultimo passo do ritual e te tornar meu vassalo?
- Seu modo de falar não poderia ser mais romântico. – Reinald ironizou rindo.
- Vai ficar me criticando ou – Ele não pôde terminar de falar. Finalmente um deles tinha tomado coragem para tornar concreto aquele sentimento. Beijar os lábios que tanto desejavam... Naquele escuro, arriscando acertar o caminho das caricias... O servo empurrou o menor contra a grnade arvore, pressionando seu corpo contra o dele, como se encaixassem perfeitamente. Como se fossem feitos uma para o outro...



- Podem se beijar de uma vez. – Elizabeth mandou. E, claro, os dois não hesitaram antes de colarem os lábios e fecharem os olhos, transmitindo todo o amor entre eles. – Isso não passa de um casamento disfarçado de vassalagem. – Resmungou.
- Algum problema com isso, Elizabeth? – Lucius indagou autoritário, ainda abraçado ao seu novo vassalo.
- Sim! Você continua sem um vassalo de verdade e eu continuo sem um marido!
- Você sabe que isso não passou de um plano para morar com Reinald desde o começo, né?
- Infelizmente sim. – Bradou com desgosto. – Fique aí com seu camponês. Tenho mais o que fazer do que presenciar o nojento casamento entre dois homens.
- O PRIMEIRO casamento entre dois homens. Mesmo não sendo oficial. – Lucius corrigiu. – E vá mesmo! Eu tenho mais o que fazer do que agüentar seu mau humor, não é mesmo Reinald?
- Hã, acho que sim. – Ele respondeu ainda sem estar acostumado com as brigas constantes de Elizabeth e Lucius.
E todos viveram felizes para sempre! Menos Elizabeth, claro.


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Notas finais do capítulo

Eu acabei usando a Elizabeth e a Sophie, hm UHASUIFHASUIFH
Acho que vou continuar usando elas e os outros personagens de DAD dependendo da historia... Claro que Elizabeth será uma das que mais vai aparecer QQ SUFHUIASF

Comecei pelo feudalismo, WTF? Bem que avisei que não estaria em ordem cronologica u_ú'
Pensei em mudar os nomes, mas dá trabalho, hm QQ ASUHFUIASH

beem, quero reviews (?)

bjs, MAH.



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