Harry Potter e o Mistério da Esfinge escrita por Tay_DS


Capítulo 6
Medalhão




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Capítulo 6 – Medalhão

Já haviam passado duas semanas desde o início das aulas.

As aulas de Helga haviam se tornado práticas, enquanto ela mandava os alunos desenvolverem trabalhos manuscritos sobre as teorias de feitiços não pronunciados.

Hermione, como sempre, já colocava seus trabalhos em primeiro plano. Amanda havia se entrosado bastante com o trio, principalmente Rony. Annie costumava ficar um pouco mais afastada, apesar de conversar bastante com Harry ocasionalmente, e também pelo fato de serem parceiros nas aulas de Defesas Contra as Artes das Trevas. Porém, ela não falava nada sobre sua ligação com a professora Vogelweide.

- Mas o que acha que elas estão tramando? – Hermione costumava perguntar quando o trio ficava sozinho até tarde no Salão Comunal da Grifinória, muitas vezes após as rondas de monitorias.

- Talvez seja apenas alguma perseguição entre aluno e professor. Umbridge costumava pegar no pé de Harry sempre que podia. – Rony comentou sem fazer caso, enquanto estava deitado no sofá à frente da lareira, que havia um pequeno foco fraco de fogo crepitante.

- Não é bem verdade. Ele disse que Annie e essa Helga tiveram uma pequena discussão no primeiro dia, e diziam algo sobre vigilância e aprontar algo. Não é verdade Harry? – a outra retrucou, se virando para o amigo.

- Sim, mas não sei o que isso pode significar. Talvez seja algum tipo de missão.

- Acha que alguma delas seria da Ordem? – o ruivo questionou ao se sentar no sofá vermelho.

- Eu não acho. Dumbledore teria notificado sobre alguma coisa. – Hermione o cortou, séria, e logo e virou para o moreno. –Você falou com ele sobre o sonho, Harry?

- Ainda não. Ultimamente meus sonhos têm vindo bastante... Normais.

E Harry não conseguia dizer se aquilo o preocupava ou o deixava mais aliviado. Voldemort devia tramar alguma, mas estava sendo sigiloso demais para deixar isso transparecer nos sonhos do garoto.

Passou as mãos pelos cabelos e suspirou pesadamente.

- Mas sugere alguma coisa sobre Annie ou a professora Vogelweide, Hermione?

- Eu não sei. Acho que tudo se revelará ao seu tempo. Se for realmente alarmante, nós iremos até a Minerva ou ao Dumbledore.

Ele e Rony assentiram em resposta.

- Até lá, é melhor vocês dois irem dormir, antes que alguém nos pegue aqui.

Eles acenaram mais uma vez, e se levantaram de onde estavam. Cada um tratou de ajeitar os robes de dormir e subiram a escada em espiral que levava aos dormitórios.

Rony, ao se jogar na cama, não demorou a dormir, enquanto o moreno ainda ficou contemplando a janela, que dava visão para o Lago Negro adiante, como era de costume fazer toda noite desde que Annie emergira daquelas águas escura e fria.

Por fim, ele resolveu se deitar em sua cama. Continuou pensativo por mais alguns minutos. Então, tudo escureceu.

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- Venha cá, Rabicho! – a voz sibilou rouca e furiosa.

O homem baixinho e gorducho andou, mesmo hesitante, para o centro do que parecia ser uma sala.

- Diga milorde!

- Tudo está ocorrendo como o planejado? – Voldemort perguntou, enquanto fitava a paisagem noturna, com Nagini descansando ao seu lado.

Eles se encontravam numa sala não muito mobiliada, com o chão de madeira, de aspecto sujo e desgastado. Voldemort estava sentado em uma poltrona não muito grande, porém confortável. O local parecia antigo e não havia sido cuidada há algum tempo.

- Sim. A-a garota está se saindo bem. Ninguém desconfia.

- Muito bem. – e um esboço de sorriso enviesado invadiu a sua face ofídica. – E a chave?

- Não se sabe muito, milorde. Mas a guardiã está aqui também. Em breve ela se manifestará, assim como a esfinge.

- Então só nos resta aguardar... Não concorda Nagini?

A cobra sibilou.

Rabicho fez uma breve reverência, e se retirou, deixando a sala em silêncio.

Voldemort ficou pensativo um pouco. Por fim, após alguns minutos, ele se levantou e caminhou até o centro do local. Parou e deu uma boa olhada em volta. Respirou fundo, antes que voltasse a pronunciar.

- Pena que não estamos sozinhos. – e pegou a sua varinha, apontando-o para um canto do lugar.

Um clarão, e tudo escureceu para Harry.

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Acordou sobressaltado, sem falar no suor que escorria de sua testa, além da cicatriz, que latejava bastante.

O rapaz moreno precisou respirar fundo algumas vezes, antes de se acalmar sobre os lençóis de sua cama.

Era apenas um sonho. Mesmo que ninguém morresse ou saísse machucado nele, aquilo havia sido bastante preocupante. O lorde das trevas planejava algo, e alguém estava sendo usada por ele, além da menção feita à esfinge.

Colocou as mãos em frente ao rosto, para escondê-lo. Precisava pensar. Precisava descobrir o que estava acontecendo. Hermione tinha razão. Ele precisava contar ao Dumbledore.

Quando conseguiu se acalmar, seu olhar correu pelo dormitório masculino. Seus companheiros de quarto ainda dormiam. Levantou-se e olhou pela janela. A noite ainda estava firme, com as estrelas brilhando, sem se abalar com a inquietude do rapaz.

Harry decidiu, então, esticar as pernas. Era muito tarde para incomodar o diretor, mas tentaria, ao menos, colocar os pensamentos em ordem.

Quando chegou ao salão comunal, ele percebeu que não estava vazio.

Em frente à lareira, no chão, se encontrava uma moça. Cabelos acobreados soltos, com mechas brancas que eram iluminadas levemente pelo fogo que ardia na lareira.

- Annie?

Ela se virou, um pouco assustada, mas aliviou em seguida ao ver quem a chamava.

- Oi Harry. – ela cumprimentou timidamente.

- Se importa caso eu fique aqui?

- Ah não. O salão comunal pertence a todos da Grifinória, não? – a moça comentou, ao rir descontraidamente. – O que te traz aqui?

Harry sorriu e se sentou ao lado dela, no chão.

A jovem o fitava, enquanto esperava a resposta dele. Ela segurava uma caneca, onde havia algo fumegando ali dentro.

- Sem sono. E você? E o que seria isso?

- Isso aqui é chocolate quente. Diga o que quiser, mas essa é a melhor bebida trouxa já inventada. – ela riu, enquanto tomava mais um gole da bebida. – Não costumo dormir muito. Gosto de pensar no silêncio da noite.

O silêncio predominou entre eles em seguida.

Com tantas coisas em sua cabeça, Harry não conseguia pensar num assunto em que pudesse conversar com a jovem. Ou talvez até tivesse algum tópico, mas não queria perguntar naquele momento.

Aquele silêncio o intrigava.

- Porque não pergunta logo o que tanto quer saber? – Annie pronunciou calmamente, enquanto seu olhar estava fixo nas chamas dançantes.

- Como...?

- Sua cara te denuncia. E então, o que deseja me perguntar?

Ele pensou bem, antes de perguntar. Procurava cada palavra cuidadosamente, mesmo sabendo que aquilo poderia soar um pouco... Chato.

Após muito tempo em silêncio, o rapaz decidiu se pronunciar.

- De onde conhece a professora Vogelweide?

- Ah, Helga... – ela sussurrou, enquanto sorria sem graça.

Annie bebericou mais um pouco em sua caneca. Não sabia como contar a história, mas tinha conhecimento de que não deveria contar tudo.

Depois de algum tempo, ela pousou a caneca no chão, próxima à lareira, quase vazia. Talvez quisesse esquentar mais um pouco para terminar de beber o conteúdo do objeto.

Suspirou longamente e virou para encarar Harry com os orbes verdes amarelados.

- Você sabe que nós duas viemos da Alemanha, certo? – ele assentiu. – A Helga era uma aluna, em seu último ano, do Instituto quando eu ingressei em meu primeiro ano. Lá havia... Bem, eu diria um sistema de policiamento que chamávamos de Patrulha. Somos a “policia” da escola. Ela era a chefe quando entrei, e vamos dizer que tivemos várias brigas ao decorrer do tempo que lhe restou. – parou de falar e pegou a caneca que estava perto para bebericar um pouco mais da bebida, que estava quase no fim. – Quando se formou, o diretor de Magchën a chamou para ser a professora-chefe da Patrulha.

- E porque ela veio à Hogwarts? – Harry quis saber curioso.

Percebeu que Annie descontraía a expressão em sua face, além de soltar um riso debochado para a pergunta que o outro lhe fizera.

Por fim, ela decidiu tomar o resto do chocolate que ainda havia em sua caneca, para deixa-la de lado. Voltou a fitar os orbes verdes do outro, e disse calmamente.

- Eu não sei.

E o silêncio voltou a predominar no salão comunal.

O moreno se sentia desconfortável com aquilo. Sempre tivera curiosidade de saber mais, mas temia em ser atrevido, principalmente pelo fato de se conhecerem a tão pouco tempo. Além de que ele não contaria tudo sobre ele para ela, o que lhe pareceu justo.

Alguns minutos depois, Annie se levantou, atraindo a atenção do rapaz.

- Eu acho que já está na hora de ir. Preciso aprontar as minhas coisas para as aulas de hoje.

- Claro. – ele apenas se limitou em concordar.

- E a propósito. Nós precisamos terminar o relatório sobre as variantes de feitiços de proteção não pronunciadas para a Helga. Temos até o final dessa semana para fazê-lo.

Harry apenas se limitou a assentir.

Em minutos, ele ficou sozinho no salão comunal da Grifinória. Ficou alguns poucos minutos pensativos, antes de decidir voltar para o dormitório. Rony e os outros acordariam em pouco tempo, já que começava a amanhecer.

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- Harry! – Rony surgia às pressas em um corredor do primeiro andar, após a aula de Transfiguração.

- O que foi? Aconteceu algo? – o outro perguntou assustado com a pressa do amigo.

- Não. Mas o aniversário da Mione é este domingo! Seria justo dar algo para ela. – o ruivo comentou pensativo – Vamos ter passeio à Hogsmeade neste sábado. Alguma sugestão?

- Bem, porque não vamos ao Três Vassouras comemorar? Acho que Cerveja Amanteigada por nossa conta deve ser algo que ela iria apreciar bastante, não?

- E Harry, eu gostaria que me ajudasse a... Sei lá, comprar um bolo para ela. Ela fará 17 anos. É a maioridade bruxa. Temos que fazer algo bem legal!

- Rony, que súbito interesse é esse de fazer algo para a Hermione?

O ruivo corou violentamente não só as orelhas, mas a face inteira, ficando da cor de seus cabelos. Ele olhou para os lados, e ninguém parecia ouvir a conversa deles.

- É que... Bem... Eu acho que ela merece depois de tudo que ela fez pela gente... – tentou dizer, mas o outro olhou desconfiado. – Ok, ok. Você ganhou. Eu acho que... Bem, a Mione é legal e tudo o mais, mas... Desde aquela coisa com o Krum, e...

- Eu já entendi. – o moreno comentou risonho. – Daremos um jeito. Quem sabe você não toma iniciativa e diz tudo.

- Dizer tudo o que? – a voz de Hermione soou atrás deles.

Os rapazes deram uma risada nervosa para a amiga, que olhava desconfiada para eles. Seguido dela estava Amanda, que parecia um pouco deslocada, mas ainda tentava não rir da situação que se passava.

O quarteto continuou andando em direção ao Salão Principal, onde teriam o almoço, conversando animadamente sobre a visita ao povoado próximo à escola. Hermione havia se oferecido para levar a aluna novata ao local e mostrar tudo a ela.

Já estava próximo da escadaria, quando um aluno do quinto ano, Colin Creevey, passou pelo grupo e parou em Harry.

- Oi Harry. A professora McGonagall mandou chama-lo para ir até a sala dela.

- Ah, ok... Obrigado Colin. – e o menino se retirou, acenando para o quarteto. Logo em seguida, o moreno se virou para os amigos. – Eu vejo vocês depois.

E suspirando, ele deu meia volta para seguir pelos corredores do primeiro andar. Apenas pensava no que a diretora de sua casa havia para dizer. Não se lembrava de algo com relação às aulas de Transfiguração que pudesse leva-lo até lá.

Atreveu-se a bater na porta. Porém, não foi preciso nem ao menos tocá-la, pois ela havia sido aberta. Annie saía da sala, e não pôde deixar de ficar um pouco assustada com o encontro repentino com o rapaz.

- Broncas com a professora? – ela perguntou um pouco risonha.

- Bem, eu estou aqui para descobrir. – e não pôde deixar de sorrir ao ver a garota fazendo o mesmo.

Ela possuía um sorriso bastante bonito e... Radiante, por mais que parecesse tímido. O rapaz precisou se conter para não ficar vermelho na frente dela.

- Você não vai falar com a Minerva? – a moça perguntou, despertando-o do transe. – Vai logo. Acho que ela não gosta muito que se atrasem. Não se preocupe, eu estarei esperando.

- Irei sim.

E com um aceno, o rapaz entrou na sala de transfiguração, onde McGonagall olhava alguns pergaminhos. Provavelmente trabalhos dos alunos. Quando levantou a cabeça, ela deu de cara com Harry, que a olhava calma e despreocupadamente.

- Olá Sr. Potter. – a diretora de Grifinória o cumprimentou com um meio sorriso. – Deve estar se perguntando por que eu o chamei aqui, certo? – e ele acenou em resposta. – Como sabe, o primeiro jogo de quadribol da temporada será no início de novembro contra a Corvinal...

- Corvinal? Mas e a Sonserina? – ele indagou confuso.

- O professor Snape pediu para que adiasse a primeira partida de seu time por motivos desconhecidos. Mas

isso não vem ao caso agora, Sr. Potter. – ela limpou a garganta para continuar a falar. – Acredito que você será um ótimo capitão, mas antes precisa tratar de seu time. Muitos se formaram e o senhor precisa fazer testes para os novos integrantes, além de saber se os anteriores permanecerão.

- Providenciarei tudo isso, professora McGonagall.

- Eu sei que vai, Sr. Potter. Jamais me desapontaria. – e com um sorriso satisfeito nos lábios, ela dispensou o rapaz.

Ele acenou em despedida e seguiu para a saída.

Annie ainda o esperava como havia dito que faria. A moça acenou para ele, e a dupla começou a andar pelos corredores, em direção à escadaria, que os levaria para o Salão Principal.

- E então? Qual foi a grande encrenca de Harry Potter? – a jovem perguntou risonha para o moreno.

- Nada com que eu não possa lidar. Sabe como é... Quadribol. – e deu de ombros.

- Você joga? – Harry percebeu que ela agora perguntava com uma ponta de animação na voz.

- Sim. Você fala com o apanhador e capitão do time da Grifinória. – o rapaz estufou o peito enquanto se vangloriava de sua posição, antes de descontrair mais uma vez a sua pose. – O primeiro jogo da temporada é no início de Novembro, e preciso fazer teste para o time. Precisamos de batedores e artilheiros novos...

- E quando serão os testes?

- Você joga? – dessa vez foi ele quem perguntou.

- Sim. As academias alemãs, austríacas, suíças e dinamarquesas têm o que se chama de Copa Escolar de Quadribol. No total são dez escolas participando. Eu era uma das artilheiras que representava Magchën.

- Deve ser incrível. – Harry comentou pensativo.

E os dois continuaram conversando sobre o esporte, antes que o rapaz se lembrasse de algo em particular.

- Annie, você não conhece Hogsmeade, né?

A garota pensou por alguns segundos antes de acenar negativamente para ele. Porém, antes que o moreno pudesse retomar a palavra, ela começou a falar.

- Apenas sei que precisa da autorização para ir. E é claro que eu a tenho. Mas... Não sei se vou. – disse com um ar pensativo.

- Porque não vem comigo? Eu não sou um guia turístico, mas seria legal. Rony e eu escolheremos um presente para a Mione. Você pode vir e nos ajudar. 17 anos no domingo, se é que entende.

- Seria bem legal.

E continuaram a conversar sobre o povoado e o que provavelmente comprariam.

No Salão Principal, Hermione conversava animadamente com Amanda, enquanto Rony apenas se limitava a ouvir a conversa. Quando avistou Harry, ele acenou para que o amigo sentasse ali.

Annie apenas se limitou a acompanhar o moreno e cumprimentar a todos.

Harry contou ao ruivo o que McGonagall queria, e comentou sobre os testes de quadribol. O amigo pareceu feliz com aquilo. No início, ele não havia se dado muito bem como goleiro, mas logo pegou o jeito e ajudou o time a conquistar o campeonato na temporada anterior.

A moça de cabelos acobreados logo se juntou a conversa, e revelou que estava animada para fazer os testes para artilheira do time. O moreno também lembrou que precisava falar com Katie Bell, que cursava o último ano de Hogwarts.

Durante o resto da semana, Harry fazia o trabalho da professora Vogelweide, além de ter marcado os testes de quadribol para a próxima sexta, e os interessados deveriam se colocar seu nome na lista anexada ao quadro de avisos do salão comunal.

No sábado, pela manhã após o almoço, os alunos a partir do terceiro já se aglomeravam na entrada da escola. Muitos conversavam animados ou faziam planos para o que fazer quando chegarem lá.

Rony parecia ansioso, enquanto Hermione apenas conversava sobre o vilarejo para Amanda, que parecia ansiosa. Harry apenas esperava algum sinal de Annie, que não comparecera ao café da manhã. Porém, ela surgira em minutos em meio aos terceiranistas. Devia ter ido mostrar a autorização para Minerva e Filch, que tentava organizar todo mundo.

Em pouco tempo, eles já começavam a caminhada em direção a Hogsmeade. Não era tão longa, e as primeiras casas do povoado já ficavam visíveis após alguns metros da escola.

Quando Hermione se afastou com Amanda, alegando que a levaria para um passeio. Rony ainda teve seu olhar demorado na amiga, antes de se virar para os dois que ficaram para trás junto com ele. Annie parecia rir divertida com a situação, enquanto o moreno se limitava a sorrir marotamente.

- O que é que vocês estão olhando? – o ruivo perguntou tentando disfarçar o constrangimento daquela cena.

- Eu não vi nada. – a moça de cabelos acobreados disse inocentemente. – Harry, não acho que ele precisará realmente de nós para escolher um presente.

- Mas como é que é? – questionou mais uma vez, porém indignado.

- Você sabe do que ela gosta. Então saberá o que escolher. Acredite, nós não somos tão misteriosas quanto aparentamos. – a outra disse dando de ombros.

- Ok, ok. Nos encontramos no Três Vassouras em duas horas. Isso é, se eu não tentar me matar antes com essa coisa de presente.

E ele saiu andando na frente, enquanto parecia resmungar sozinho. Annie riu um pouco antes de se virar para Harry, que apenas parecia segurar o riso com toda aquela situação do amigo.

Quando voltaram a se encarar, a jovem apenas sorriu.

- O que faremos agora? – ela perguntou.

- Quer conhecer Hogsmeade? Tem a Dedosdemel, a Casa dos Gritos...

- Casa dos Gritos?

- É a mais mal assombrada da Grã-Bretanha. Não há nada de anormal lá, mas por acontecimentos passados, os moradores pensam que há algo lá. – o rapaz explicou tentando procurar as palavras certas, para não mencionar Lupin e os marotos.

Ela ficou pensativa por alguns minutos, enquanto andava. Seu sorriso logo brotou dos lábios e ela pegou na mão de Harry, enquanto corria puxando-o apressadamente.

- Então eu quero conferir essa casa tão assombrada. – Annie disse alegremente.

O rapaz apenas se apressou em segui-la, indicando o caminho que deveriam tomar pelas ruas tumultuadas de alunos.

Não muito longe, a casa se fez visível num pequeno morro adiante, seguido de um caminho com várias pedras espalhadas, o que poderia atrapalhar a caminhada. Eles pararam na cerca e ambos ficaram encarando o local.

Minutos depois, a moça se sentou na grama e continuou a fitar a Casa dos Gritos, como se esperasse algo. O outro fez o mesmo e seu olhar não desgrudava da garota tão peculiar ao seu lado.

- Ela não parece tão assustadora. – disse com um ar pensativo que o fez se lembrar de Luna Lovegood, porém, não havia o tom sonhador que a amiga loira possuía.

E mais algum tempo em silêncio.

- Annie? – Harry chamou, e ela respondeu com um “hum”. – Como era lá? – e percebeu que a outra arqueou a sobrancelha. – Lá na Alemanha. Em Magchën.

- Era um lugar legal. Não possuía um castelo tão grande quanto Hogwarts, nem tão medieval. Está mais para estilo neoclássico. Localizava-se ao norte, no litoral. – a jovem falou, e não pôde deixar de sentir uma nostalgia lhe abater. – Eu caminhava pela praia ao amanhecer. Sem falar no campo de quadribol, que parte dele era sobre a água. No meu primeiro jogo contra uma escola austríaca eu quase me afoguei. Perdemos por dez pontos e eu acordei na enfermaria um dia depois.

- Estranho. Já eu quase engoli o pomo e cai da vassoura. Mas ganhamos aquele jogo, é claro.

E continuaram conversando mais um pouco sobre as coisas que eles haviam passado na escola. Harry também mencionou coisas como a AD e o Torneio Tribruxo, onde ele participara por acidente graças a Bartô Jr., que estava disfarçado de Moody.

- Ora, o que nós temos aqui? – uma voz com tom arrogante interrompeu a conversa entre os dois.

Eles se viraram e deram de cara com Draco, que estava ladeado por Crabbe e Goyle.

- Estão pensando em comprar a casa quando se casaram?

- Porque você não vai procurar o que fazer idiota? – Annie perguntou bufando ao se colocar de pé.

- Ora Hawke, tem coragem pra me desafiar. – ele disse para os amigos, que riram de deboche junto com ele.

- Não me provoque Malfoy! – ela disse com repúdio ao apontar a varinha para o trio que acabara de aparecer.

- Você pode pegar detenção do monitor, sabia?

- Ah Malfoy, porque você simplesmente não se toca e cai fora? – Harry interveio irritado, enquanto segurava o braço da amiga para que ela não fizesse nada.

- Calminha ai Potter. A sua amiguinha quer brincar. Então vamos fazer do jeito que ela quiser... – e ele estava para sacar a varinha, quando a moça interveio.

Annie fez um ágil movimento com a sua varinha e desarmou Malfoy. Ela se aproximou dele, sem se intimidar pelos comparsas.

- Eu acho bom você cair fora se não quiser ver o seu rostinho desfigurado. – disse estreitando os olhos ameaçadoramente.

- Isso não vai ficar assim Hawke.

E ele lançou a ela um olhar de desprezo, e fez o mesmo ao fitar Harry. Deu meia volta e pegou sua varinha no chão, enquanto acenava para Crabbe e Goyle acompanha-lo.

A moça apenas se limitou a guardar a varinha, e virou para encarar o outro, ainda um pouco estupefato por tudo que acontecera.

- Você está bem? – ele se atreveu a perguntar.

- Estou sim, nem se preocupe. – e ela exibiu um sorriso, que diferente dos outros, este parecia mais... Triste. – Em Magchën ou aqui, não importa, sempre vai ter alguém como aquele Malfoy.

- Vai se acostumar depois de um tempo. – o rapaz disse de maneira consoladora. – E acho que devemos ir para o Três Vassoura. Rony deve estar nos esperando.

Annie assentiu, e eles seguiram para o vilarejo, que já não parecia mais tão tumultuado. Provavelmente, alguns já haviam optado por voltar a Hogwarts.

O local destinado para eles estava um pouco calmo, a não ser por alunos que ainda queriam aproveitar o passeio. Hermione e Amanda estavam em uma mesa, desfrutando de duas canecas com cerveja amanteigada.

- Olá gente. – elas cumprimentaram em uníssono, antes da aluna nova começar a falar. – Cadê que aquele seu amigo ruivo, o Rony?

- Ele disse que precisava resolver algo e desapareceu. Achei que ele estaria aqui. – Harry comentou pensativo. – Vocês não o viram?

Elas negaram.

A dupla, então, se sentou e pediram alguma coisa. Minutos depois, Rony irrompeu da porta do estabelecimento. Não havia sinal de compras. Harry e Annie se entreolharam pensando se ele havia conseguido algo. O ruivo apenas lançou um olhar de desculpa, anunciando que não obtivera sucesso.

- Oi gente. Desculpem se demorei. Eu estava resolvendo umas coisas. – ele pronunciou. – Pensei que já haviam voltado.

- Não, não. A Amanda queria experimentar cerveja amanteigada. Então decidi fazer uma última parada antes de voltarmos para Hogwarts.

- E devo dizer que é delicioso. – a outra completou bebericando mais um gole da caneca.

- E você Harry, o que fez? – o ruivo perguntou ao se sentar próximo a Hermione.

- Eu e Annie ficamos andando por ai. Nada de mais.

O grupo ficou conversando por mais algum tempo, antes que pagassem as bebidas e se dirigissem à saída do Três Vassouras.

Já estava quase escuro quando chegaram à escola. Muitos alunos já ocupavam o Salão Principal para o jantar. Alguns ainda comentavam o passeio, enquanto outros falavam de assuntos quaisquer.

O banquete foi bem animado, mas logo era a hora de se recolherem para os respectivos salões comunais.

Antes de alcançarem a escadaria, Harry puxou Annie e a puxou para um canto afastado da aglomeração de alunos. Ela o olhou confusa, enquanto ele parecia procurar as palavras certas.

- Temos que ir à cozinha e tentar contrabandear um bolo.

- Você quer o quê?

- É para o aniversário da Mione. Seria legal algo do tipo também, sabe? Pode me ajudar? Rony irá distraí-la por enquanto.

- Conjurar um não seria mais fácil? – a outra perguntou pensativa.

- Costumam dizer que o gosto nunca é o mesmo de um real...

- Accio bolo! – ela falou com bastante clareza, apontando a varinha para o alto.

Em minutos, o objeto vinha flutuando em sua direção. Harry o pegou e olhou surpreso para a garota, que apenas deu um sorrisinho maroto ao dar de ombros. Guardou a varinha e começou a caminhar em direção a escadaria. O rapaz veio logo atrás.

- Mas não podemos entrar com isso! – ele comentou antes do quadro da Mulher Gorda ficar visível. – Só faremos isso depois que todos estiverem dormindo. Rony irá chamar a Mione.

- E o que vamos fazer? Não podemos ser pegos perambulando com um bolo contrabandeado da cozinha.

- Sala Precisa! – ele disse como se acabasse de ter uma ideia.

E ele andou até um dos corredores vazios do sétimo andar, onde ficou de um lado para o outro resmungando alguma coisa. Annie não entendia nada do que o outro tentava fazer.

- O que exatamente você está tentando fazer?

- Veja minha querida.

E ela olhou para a parede, que magicamente parecia mudar de forma até uma porta ser materializada. Não conseguiu falar muito com o choque do que acabara de ver.

- Como... Como você fez isso?!

- É só pensar que precisa de um lugar para alguma coisa e pronto. Eu a usei no período letivo passado para as reuniões da AD... Antes da Umbridge nos descobrir é claro.

Eles entraram na sala sem mais enrolações. O local parecia enorme e continha vários artefatos de diversos tipos. O moreno andou um pouco para frente e achou uma mesa não muito grande. Tratou de colocar o bolo ali e olhou para os lados.

- Acho que deve servir até virmos buscar.

A moça assentiu e eles seguiram para a entrada. Fizeram o caminho até o quadro da Mulher Gorda, onde deram a senha e adentraram no salão comunal.

Havia vários alunos naquele momento. Alguns estudavam, enquanto outros se divertiam com xadrez de bruxo. Outros apenas conversavam sobre qualquer coisa. Rony, Hermione e Amanda estavam próximos da lareira e pareciam falar sobre qualquer coisa.

Quando a dupla se aproximou, eles lançaram um olhar significativo para o ruivo, que pareceu entender alguma coisa. As meninas apenas olhavam desconfiadas, mas não questionaram nada.

As horas se seguiram, até que todos seguiram para os respectivos dormitórios.

Mas não tardou alguns minutos antes que Harry e Rony se levantassem de suas camas, ainda de pijamas. O moreno, antes de descer para o salão comunal, pegou a capa de invisibilidade, alegando que teria que buscar o bolo que contrabandeou da cozinha da escola.

Annie estava sentada no sofá, e apenas acenou para os rapazes.

- Rony. Você deve acordar a Mione e trazê-la para cá. Mas não deixe que as outras acordem. Nós já voltamos. – o moreno disse ao amigo, e acenou para que Annie se aproximasse.

- O que vai fazer Harry? – ela perguntou ao olhar o rapaz se cobrindo com um manto.

- Vamos na capa de invisibilidade do papai. Nós não queremos ser pegos, certo?

Ela assentiu e se aproximou do outro, que cobriu ambos com a capa. Ainda precisaram se abaixar um pouco, para que seus pés não estivessem à vista de quem pudesse passar por eles.

Fizeram o mesmo caminho de antes pelos corredores do sétimo andar, que estavam completamente sem vida naquele momento. Nenhum dos fantasmas ou qualquer sinal de Filch.

Quando chegaram à parede de antes, Harry resmungou baixinho e a porta da Sala Precisa surgira mais rápido do que da vez anterior. Eles caminharam um pouco, até achar o bolo em cima da mesma mesinha.

O rapaz entregou a capa para Annie e pegou o objeto. Acenou para que eles saíssem dali e voltassem logo. Porém, antes que alcançasse o corredor onde ficava o quadro da Mulher Gorda, eles ouviram algo que parecia ser derrubado mais adiante.

- Pirraça! – Harry exclamou. – Nós temos que esconder isso.

A moça assentiu, puxou a varinha de suas vestes e murmurou algo baixinho. O moreno percebeu que o bolo desaparecia, mas ainda sentia que o segurava.

- Agora nos cubra com a capa. – ela disse apressada.

E sem hesitar, o outro o fez. Eles se abaixaram para que os pés não ficassem visíveis. Esperaram por algum tempo. Pirraça apareceu com vários pedaços de sucata na mão. Provavelmente pedaços de alguma armadura que encontrou em algum andar mais abaixo.

Ele parecia cantarolar algo, mas nenhum dos dois havia dado importância. Harry sentiu seu braço envolver a jovem de cabelos acobreados, esperando que ambos ficassem totalmente invisíveis aos olhos do poltergeist, e sinalizou para que ela permanecesse em silêncio.

Incontáveis minutos se passaram antes que Pirraça não desse mais sinal de vida no corredor.

Harry suspirou relaxado e retirou a capa, mostrando Annie aos seus braços. Os olhos verdes dele encontraram o olhar meio verde meio amarelo dela. Ela pareceu sorrir sem graça, antes de pigarrear.

Eles se afastaram, enquanto o rapaz ria sem graça e fazia esforço para não ficar vermelho. Por sua vez, a moça retirou a varinha e recitou mais alguma coisa, fazendo o bolo aparecer mais uma vez.

Mais uma vez continuaram pelos corredores até chegar ao quadro da Mulher Gorda. Quando adentraram mais uma vez no salão comunal, Hermione parecia resmungar mal-humorada sobre alguma coisa com Rony. Quando a dupla apareceu, ela simplesmente se calou e ficou olhando com desconfiança.

- Do que se trata tudo isso? – perguntou sem dar tempo para que alguém se explicasse.

- Bem Mione... Feliz aniversário. – o ruivo disse sem graça. – É a sua maioridade bruxa... E, bem, queríamos comemorar. Não está zangada conosco, está? Se quiser bater em alguém, bem, a ideia foi minha.

Ela ainda continuava calada. Aproximou-se um pouco de Rony e o abraçou, exibindo um sorriso logo em seguida. Depois se virou para Harry e Annie, que a congratulavam.

- Ronald Weasley... Eu jamais imaginaria que fosse fazer algo assim. Obrigada a todos vocês. Não poderia ter amigos melhores.

Eles repartiram o bolo e começaram a contar histórias diversas para passar o tempo. Na maior parte do tempo, eles só ficavam ouvindo a aniversariante contar as coisas.

Porém, o amigo ruivo a interrompeu sem jeito.

- Gostaria de ter te dado um presente, mas acabei ficando sem ideias em Hogsmeade.

- Ah, não se preocupem. Só em estarmos aqui já é um presente ótimo. Mas aparentemente papai e mamãe acabaram mandando algo. Eles só haviam me pedido para abrir no dia do meu aniversário. Deve estar em algum lugar do meu malão. Acho que está na hora de abrir. Eu já volto.

E Hermione deixou o grupo em frente à lareira e desapareceu na escadaria que levava aos dormitórios. Levou alguns poucos minutos até que ela voltasse e se sentasse no sofá.

Ela trouxera um pequeno embrulho em anexo com uma carta. Antes que pudesse abrir o pacote, ela leu a carta.

- Nem posso imaginar o que seja. – disse sem comentar o conteúdo do papel.

E tratou de abrir logo o presente.

Havia um medalhão. Não era grande. Retangular, facilmente cabia em sua mão fechada. Porém, Hermione percebeu que aquilo parecia, na verdade, uma caixinha. Na frente tinha um entalhe em formato de algo que ela não soube dizer de início, enquanto atrás tinha um símbolo de um leão, como o que havia no brasão da Grifinória. Ela não teve trabalho em abri-la. Percebeu que havia uma chave. Pequena e dourada.

- Que bonito... Mas o que seria... – ela começou.

- De onde veio isso? – Annie a cortou, com o olhar fixo no objeto nas mãos dela.

- Bem, na carta diz que foi algo herdado da minha bisavó ou coisa assim. Mas o que isso tem a ver?

- Ah não. Isso é péssimo. – a outra disse, mas parecia comentar consigo. – Ele realmente tinha razão quanto a...

- Do que está falando? Você conhece esse medalhão? – Harry perguntou desconfiado.

A moça não disse nada logo no início. Sua expressão preocupada apenas o encarava. Ela olhou em direção à escadaria que levava ao dormitório, como se esperasse algo sair dali. Mas nada aconteceu.

- Não podemos conversar aqui. – comentou sem fazer caso. – Harry... Leve-nos para a Sala Precisa. Lá podemos conversar sem sermos... – e por um momento, o rapaz percebeu que ela olhava intensamente a escadaria. Quase acreditou que poderia sair alguma coisa ou alguém dali. – Incomodados.

- O que diabos está acontecendo? – Rony se atreveu a perguntar.

Ela respirou fundo. Disse algo praticamente inaudível, mas o moreno percebeu o que seus lábios formavam.

“Estamos sendo observados”.


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Notas finais do capítulo

Ok, eu não sei se tem alguém lendo isso, mas vamos lá...
E mais um capítulo postado! Depois de eras xDD Nah, só demorei um mês e meio... Não me culpem x.x A faculdade me matou no início do mês e não tive tempo de terminar antes >< Claro, a falta de inspiração me abateu também xDD
Eu tentei dar um rush nesse capítulo pra ver se ficava pronto no dia 23 x.x Mas não deu e só postei hoje... Justamente no dia do natal xDD
Claro, não se tem alguém lendo isso, mas já me acostumei a escrever para o vazio/ninguém/nada/vento/whatever >< Forevah alone o
Mesmo assim, eu ainda vou falar:
Feliz Natal a todos ^^ Eu espero que tenham gostado do capítulo, mesmo que não seja um ótimo presente, eu tentei fazê-lo digno >.>) xDD Mas nem se preocupem, estamos a uma semana de 2011 =) E o tempo passa rápido =DD
Bem, eu nem vou me prolongar muito aqui hoje =/ Não, eu não estou doente xDD Mas sei lá, como não sei se tem alguém que ta lendo esse capítulo, então do que adianta fazer um NA enorme e inútil? Ok, isso já ficou enorme, mas dane-se u_u
Feliz Natal, Feliz Ano Novo e um ótimo 2011 para todos =DD Nos vemos lá o/
Para quem leu: mereço coments? Comentem and be happy =DD
Bye Bye Beautiful!



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