O Fim do Mundo escrita por Akemi Mori
-Eu tenho que ir!
- Não!
- Por que?
- Porque não, menino! Pare de me atormentar!
- Mas...
- Não!
“Não é justo” – pensei – “O rei havia dito que eu poderia ir”.
Mas eu sabia que não era verdade. Ou, pelo menos, eu achava que não. Bem, perguntar a um rei velho e surdo quando ele está no auge do sono não é muito válido. Mas foi respondido.
- Poso pescar...
Esperei o não definitivo. Não ocorreu. Eu gostei daquilo. Fiquei em silêncio enquanto ele pensava.
- Tudo bem! – rendeu-se – Mas não me dê trabalho!
“Certo, tudo pronto. Agora é só partir”. – pensei – “Mas não deve ser algo tão espetacular”.
Eu mal imaginava o quanto estava errado.
O barco balançava. Estava enjoado e, aposto dez coroas, que não era o único. O mar não cooperava, lançando-se para cima de nós como um caçador para sua presa, molhando cabines e estragando nossa comida. Vez ou outra vinha uma brisa, mas nos empurrava para trás, não para a frente.
Aquilo era o inferno!
Vínhamos viajando há 14 dias. Já deveríamos ter achado algo. Mas não. Só o mesmo mar grande e verde. A diferença é que não era mais verde. Era azul, límpido, cristalino e, o mais notável: doce. Nunca havia visto um mar doce em toda a minha vida, mas aceitei. Alguns diziam que estávamos indo para o inferno e que a água era a porta. Não acreditei. Não para o inferno, pelo menos. Algo como o céu.
De repente, todos começaram a agir feito loucos. Vi o por quê: a água estava branca. Cheguei mais perto. E a água já não era totalmente branca : havia verde também . E então enxerguei como um todo : Rosas . Rosas brancas , mais do que se pode imaginar , elas e seu perfume , que não era nem doce ou amargo , enjoativo ou viciante, cobriam cada centímetro de mar que se via adiante .
Pegamos um bote ou dois e continuamos. O barco não passaria por ali. E, como num passe de mágica, só havia um bote, e somente eu no mesmo.
Vi uma claridade. Atrás da claridade havia florestas, animais falantes e castelos. E logo abaixo disso havia um precipício.
Parecia que eu estava enganado. Não era o céu. Era o fim do mundo. O fim de um mundo e o começo de outro.
Então eu saltei do bote e mergulhei no precipício. Para a morte. Para um novo mundo.
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