Capítulo 45: Lágrimas verdadeiras

“Before I fall too fast

Kiss me quick

But make it last

So I can see how badly this will hurt me

When you'll say good bye” (Demi Lovato)

Alguém apareceu por trás de mim, senti as mãos tremerem. Não havia necessidade de olhar para saber quem era. O aroma de menta preencheu os meus pulmões, estava embriagada. Escutei o som de um pigarro querendo chamar atenção. Balancei a cabeça, fechei os olhos, respirei fundo procurando manter a respiração normal. Tinha que manter a cabeça no lugar. Hoje, agora, mais do que nunca.

–Hermione. – A voz arrastada estava baixa.

Levantei o rosto juntando minha coragem grifinória, mas sem olhar em seu rosto. Preciso dar um ponto final nisso. Não somente por meus pais, por nós dois também. Quanto mais nos aproximarmos pior será.

–Sim? – Perguntei virando o rosto para ele.

Pude ver seus olhos ficarem mais acinzentados como da outra vez. Abaixei o rosto. Olhar para ele significava me perder completamente.

–O que eu preciso fazer? – Pediu com a expressão desesperada. – O que posso fazer para você entender que eu te amo?

Apesar de já haver escutado essas palavras dele, meu corpo reagia como se fosse a primeira vez. Meu coração se aquecia, minhas mãos tremiam e os joelhos falhavam. E as tão famosas borboletas davam rodopios no meu estomago. Sensações que somente ele, Draco Lucius Malfoy, conseguia me fazer sentir. É como ler um livro, posso viajar sem sair do lugar. Sinto que posso qualquer coisa, lutar contra tudo, se ele estiver ao meu lado.

–Draco... – Minha voz saiu mais baixa.

Ele segurou minha mão. Procurei por algo para dizer, porém meu cérebro parecia bloqueado. Não tinha condições para explicar nada. Tinha que sair de lá. Mexi meu corpo dando um passo para trás.

– Preciso encontrar os meninos... – Comentei.

Ele deu sorriso triste.

–Acho que não, mas... Se quiser ir tudo bem. – A sua voz estava triste e senti isso.

Depois de aprender a lidar com o seu verdadeiro jeito podia entender como os seus olhos ficam diferentes quando se fixam no meu.

–Como assim “acho que não”? – Questionei me sentindo nervosa.

Draco se apoio à parede de braços cruzados.

–O recado foi de Gina, certo?

Assenti confusa.

–Ela estava apenas me ajudando.

–Mas e os meninos?

Deu de ombros.

–Não sei, acho que Gina e Luna deram um jeito nisso.

–Certo... Ainda assim... Eu...

Draco passou a mão pelo rosto, concordando. Talvez já esperasse essa reação de mim.

–Não significou nada, não é?

A cada palavra dita por ele repensava se estava fazendo a escolha certa.

–Claro que significou! – Rebati irritada.

Antes mesmo de poder me conter deixei falar algo a mais. Simplesmente não devia ser tão obvia.

–Não posso... – Confessei.

A minha garganta estava seca, vi que franziu o cenho e teve que se aproximar de mim para conseguir escutar minha voz.

–Por que Hermione? O que te impede? – Lágrimas começaram a escorrer por seu rosto. – Por que não pode ver o que está tão claro para mim? Para todos. – Respirou fundo. –O que posso fazer para acreditar em mim?

A força das palavras me deixou com as pernas bambas, olhei para ele e sem me segurar passei a mão por seu rosto com cuidado secando os rastros.

–Você não está me entendendo. – Sussurrei perto de seu rosto. – Eu posso ver o que você sente e sei o que sinto... Mas não podemos ficar juntos.

Ergueu meu queixo.

–O que te fez mudar de opinião?

–Quem... Se encaixaria melhor.

Ele ficou com a testa franzida.

–Voltou a gostar do Weasley?

Neguei com a cabeça.

–Potter?

–Por Merlin, não! Eles são meus melhores amigos. – Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Não tem nenhum garoto além de você... A razão é outra.

Ele parou na minha frente me olhando com intensidade.

–Pode confiar em mim.

–Draco, não estou fazendo isso por mim...

–Por quem então?

–Meus pais.

Sentei na cadeira vendo ele se abaixar na minha frente. Apertou uma das minhas mãos e depois deu um beijo de leve ali.

–Pode me contar...

–Não posso, é complicado. – Diminui meu tom de voz deixando escapar. -Tenho medo.

Beijou minha testa e acrescentou.

–Vou te proteger de tudo, prometo.

Mordi o lábio estava insegura com o fato de não saber se devia ou não contar. Lembrei-me de Gina falando que devia conversar com ele.

–Pansy Parkison.

–Ela te ameaçou? – Perguntou furioso.

Levantou e começou a andar em direção a porta. Corri atrás dele para impedir de fazer algo que se arrependeria.

–Não me ameaçou. – Soltei tensa. – Disse que... – Respirei fundo. – Mataria meus pais se não ficasse longe de você.

Ele passou a mão nos cabelos bagunçados os fios loiros para todos os lados.

–Pansy não tem esse direito. – Irritado socou a parede. – Droga!

Botei minha mão sobre a dele para impedir que machucasse.

– Viu porque não te contei? – Falei preocupada.

–Ninguém vai machucar os seus pais eu te garanto. – Olhou para mim e sorriu sinceramente. –Pode me prometer algo?

–O que quiser.

Mal as palavras abandonaram me arrependi.

–Não saia daqui.

Beijou meus lábios e desaparatou.

–O que eu fiz?

Vi duas cabeças na janela do Três vassouras e comecei a rir. Sorri porque faz algum tempo não soltava risadas tinha me esquecido o quanto é bom. Andei até a porta e abri chamando atenção delas.

– Muito discretas. - Fechei a expressão no meu rosto.

–Onde está o Draco?

–Mandei o Malfoy embora. – Segurei a risada ao ver a cara das duas. – E se querem saber estou muito irritada com vocês.

Elas olharam para o chão, mas não tive muito tempo para dizer outra coisa. O som de alguém aparatando nos fez virar a cabeça e encontrar Draco parado olhando para nós três.

–Bom estarem aqui. – Disse sorrindo para as duas.

–Por quê? – Perguntei um pouco chateada por querer que tivesse mais pessoas ali.

–Para isso.

Andou apressado até ficar a minha frente, então, me puxou pela cintura e colou nossos lábios. Minhas mãos foram para seu peito e de lá uma para seu pescoço e outro para os cabelos.

–Dessa vez não vou te deixar escapar. – Falou num tom alto. – Você é minha.

Sem pensar na plateia formada pelas minhas melhores amigas retribui o beijo.

–Own! Que lindos! – Exclamaram juntas.

–Parem com isso.

Ele riu passou o braço pela minha cintura.

–Vamos para a escola acho que podemos fazer um piquenique, pode ser?

–Claro.

–Até mais, meninas.

–Até.

Saímos do bar e fomos até o bar Cabeça de javali para irmos via pó de floo. Caminhamos de mãos dadas e paramos ao encontrar os amigos do Draco.

–Pansy, Blás. – Cumprimentou sorrindo lindamente.

–Finalmente, cara! – Blás disse. – Bem-vinda novamente. – Piscou o olho maroto fazendo o amigo ficar irritado.

Nesse instante Pansy se aproximou de mim falando num tom ameaçador.

– Você apostou errado sangue-ruim.

Senti uma mão no meu ombro.

–Não fale com ela assim, Pansy. – A voz de Draco saiu alta. – Ela está comigo agora.

Ela fez uma cara de nojo. Ele revirou os olhos e acrescentou:

– A propósito terá uma surpresinha para você.

Os olhos dela brilharam ao escutar isso e se jogou nos braços dele.

–Obrigada Draquinho!

Ele concordou com a cabeça se afastando dela. Passou o braço por meu ombro e beijou minha cabeça.

–Obrigada.

–Pelo quê?

–Por me amar.

Sorriu para mim carinhoso.

– As lágrimas verdadeiras. – Sussurrei para mim mesma.

–O quê?

–Você me perguntou o que podia fazer para entender que me ama. – Comecei com a voz fraca e pigarreei. –Mostrar quem você é, seus sentimentos. As suas lágrimas eram verdadeiras.

~ Fim ~

N/A: Próximo capítulo: Epílogo!!!