P.O.V Ryan

São 2:38 da madrugada. O que faço acordado essa hora? Sinceramente, nem sei responder. Toda a vez que fecho meus malditos olhos, tenho horríveis pesadelos. Amanhã vai ser “o grande dia”, como diz meu pai. Vamos nos mudar para uma casa nova. Que droga, só pode ter sido a pedido daquela vaca da namorada dele, Laura. Odeio aquela mulher. Além de ela ter quase minha idade, fica querendo tomar o lugar da mamãe. Até parece que um dia vou respeitá-la como respeitei minha mãe. Sozinho nesse quarto, eu não sei o que faço para passar o tempo. Aos poucos, vou pegando no sono, mas quando estou quase dormindo, o infeliz cachorro de Laura fica latindo. Algum dia ainda mato ele.

O sol já está claro e eu aqui sem nem mesmo piscar os olhos. Quando finalmente aquele desgraçado do cachorro cala a boca e estou pegando no sono, me assusto com uma batida rápida na porta de meu quarto.

*toc-toc*

-Hora de levantar. Daqui a pouco estaremos no nosso novo lar – Diz meu pai empolgado com essa maldita mudança.

-Mas que porra! Não se tem mais sossego nesse inferno – Falo alto, por sorte meu pai não escutou, mas para meu azar, Laura ouviu. Ela entra no meu quarto para me dar aquele sermão que eu detesto.

-Ryan, querido. Eu sei que você não gosta dessa ideia de mudança, mas aquela casa é melhor para todos nós. Ela fica perto de uma ótima escola, que tenho certeza de que você e seus irmãos vão adorar.

-Olha aqui. Você deveria bater na porta antes de entrar, eu poderia estar trocando de roupa, e não pedi sua opinião para nada. Agora você sai do meu quarto que eu quero tomar banho para tentar dormir, porque seu maldito cachorro não me deixou pegar no sono - Disse eu com raiva enquanto ela se levantava de minha cama e fechava a porta.

Eu, às vezes acho que essa mulher me persegue. Levantei-me e fui em direção ao banheiro para tomar banho e escovar os dentes. Quando acabei, o relógio marcava 7:32 AM. Ainda era muito cedo. Além de eu estar de férias, ainda preciso acordar cedo. Que ótimas férias eu tenho. Abro a porta do meu quarto e a primeira pessoa com quem dou de cara é Laura.

-Estava me espionando era? ­— Pergunto olhando para ela.

-Logicamente que não. Eu apenas estava passando por aqui e ia bater na porta para ver se você já estava pronto, só isso. Vamos, é hora de tomar café.

-Me deixa, vou sozinho. Quando nasci, eu vim completo, tenho pernas e tudo que preciso para poder ir à cozinha sem ajuda. Desci as escadas deixando Laura para trás. Na cozinha, encontro meu pai, Pedro, e minhas duas irmãs, Carly,  de nove anos, e Suzan, de seis anos.

-Bom dia rapaz. Como dormiu? – Disse meu pai preparando alguma coisa no fogão.

-Eu não dormi. Aquele cachorro idiota ficou latindo a noite toda e quando estava quase pegando no sono, o senhor bate na minha porta. – Falei meio zangado.

-Oh filho, foi mal, mas daqui a pouco nós vamos para nossa nova casa e tudo ficará bem. Lá, você vai poder dormir o quanto quiser. Seu quarto é o maior, maior até que o meu – Disse meu pai tentando me alegrar.

-Nossa, que bom! – Falei a ele como se não estivesse nem ai, estava tudo bem até aquela vaca chegar.

-Oh querida, sente-se aqui do lado de Ryan. Os ovos com bacon já estão prontos – Falou ele com uma frigideira na mão. Ao mesmo tempo em que ela se senta, eu me levanto.

-Meu apetite acabou! - Falei olhando para Laura e subindo para meu quarto. Logo meu pai vai atrás de mim, mas antes que me alcançasse, fecho a porta em sua cara.

-Ryan, abra já essa porta! – Disse ele em um to meio irritado — Ryan, por favor. Precisamos conversar.

Abro a porta e volto para minha cama bagunçada.

-Por que você trata Laura assim? Ela só quer te ajudar, não faça isso por ela e sim por mim. Agora você poderia voltar lá e tomar o seu café da manhã para podermos ir à nossa nova casa? - Disse ele quase me puxando a força para tomar café.

- Tudo bem pai! - Falei enquanto era arrastado escada abaixo.

-Bem gente. Vamos tomar o nosso café da manhã para pegarmos a estrada para nossa nova casa – Falou meu pai me abraçando e pegando em minha cabeça.

O café da manhã de minha família, Sullivan, acabou. Cada um subiu para seu quarto para arrumar os últimos preparativos para a mudança. Eu, Ryan, mesmo odiando a idéia, precisava fazer isso. Ainda dependo de meu pai e não tenho outro lugar para ficar. Após a morte de minha mãe, meu pai conhecera Laura, uma moça nova estudante de medicina. A ideia da mudança fora dela, porém ela não imaginava que isso poderia por sua própria vida em perigo.