01/10/2010 -- 1:30 am

   Sabe, eu tenho pensado muito naquela mulher. Outro dia ela começou a falar comigo de novo, numa boa, como se fôssemos velhas amigas. Só que dessa vez, não tinha ninguém por perto, eu estava andando sozinha na rua, só passeando para relaxar um pouco, eu tava estressada. Quando ela apareceu e começou a falar comigo, eu saí correndo pela rua, mas para o meu completo azar, não tinha ninguém para eu gritar socorro, ninguém para chamá-la e ela começou a correr atrás de mim. ELa não parecia estar com raiva, pelo contrário, ela agia como se já esperasse por isso e como se estivesse feliz por me perseguir.

  Ela me alcançou. Me abraçou por trás, me prendendo. Ela era muito forte, e bem mais velha que eu, mas eu tenho que admitir, era linda. Eu bem que queria ser assim, que nem ela... o que eu estou falando?! Esquece... Aquela maluca me segurou e quando eu, simplesmente parei de me mover sem saber exatamente como ou por quê, ela me olhou nos olhos, eu virei o rosto para ela e ela me perfurou praticamente, com o olhar. Parecia uma espécie de hipnose, mas era bom, eu não me precupei com mais nada. Me senti extremamente feliz, esqueci quem ela era, ou por que estava ali, esqueci de tudo... até apagar completamente.  

   Quando acordei, estava num quarto pequeno, mas muito fofo. Estava deitada na cama coberta com um lençol lilás, suuper delicado. Levantei, olhei pela janela, era a minha rua, mas onde eu estava exatamente? Ah, sim! Eu lembrei da Lia... eu estava na casa dela? Só podia ser. "Como eu cheguei aqui?", eu pensei curiosa. Mas Lia me interrompeu, entrando no quarto.

 " - Você está bem?

 - Sim, estou, como eu vim parar aqui - eu disse me sentindo extremamente calma e descansada.

 - Quando você desmaiou, eu te trouxe pra cá, é a minha casa, não é linda?

 - Me trouxe no colo? E sim, é muito fofa sua casa.

 - Aham, você é bem leve - ela disse e eu só me lembro do meu rosto esquentando, que coisa bizarra, eu estava na casa de uma estranha, bem mais velha, que me olha de um jeito suspeito. Ela que me trouxe no colo, porque me fez desmaiar quando encostou em mim. Não acredito nisso, surreal.

 - O que você fez comigo, hein? Eu não estou me sentindo normal... Tem alguma coisa errada, isso tá mesmo acontecendo - eu realmente queria entender aquilo tudo.

 - Não posso dizer exatamente o que fiz, mas não foi muita coisa. Eu só te fiz parar de sentir a angústia que você tava sentindo, fiz você esquecer a tristeza e o medo de mim. Aliás, por que mesmo você tem medo de mim?

 - Eu tenho medo por que você é uma pedófila lésbica tarada, simples. Como você fez isso? Por quê fez? E quando eu volto ao normal?

 - Nossa... calma. Não sou pedófila, nem tarada, e também nunca fiquei com uma garota. Eu não posso contar como fiz, e eu só fiz por que precisava falar com você. Você volta ao normal em algumas horas, foi só o suficiente para você aceitar falar comigo, mas você estava muito mal, porque chegou a desmaiar, eu não esperava isso.

 - Precisava falar comigo? Por quê?

 - Por quê eu sou uma  espécie de "salvadora", e você precisava de mim.

 - Salvadora? Eu precisava de você para que?

 - Eu tento salvar as pessoas que têm muita chance de suicídio, ou de simplesmente desistir  de viver. Você parecia muito triste, infeliz.

 - Jura?

 - Sim, mas para te ajudar eu preciso primeiro da sua permissão, o que me diz? Podemos ser amigas?