Underneath The Moonlight escrita por Mercy_Dawn


Capítulo 4
Choque


Notas iniciais do capítulo

A partir de agora, todas as falas dos meus personagens vão ser em romeno.



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Não foi nenhuma surpresa ver minha família toda esperando-nos no saguão do aeroporto.

Foi minha mãe quem ficou surpresa, ela ficou tão feliz. Parecia uma criança de uns cinco anos de idade entrando numa loja de brinquedo e descobrindo que poderia comprar tudo o que quisesse. Eu fingi o sorriso, quando ela virou-se para encarar-me chocada.

Foi tão bom abraçar meu avô, dar-lhe um beijo e fingir que estava tudo bem. Eu não gostava muito de minha avó, ela era uma pessoa sem muitas instruções, ela tinha largado a escola para casar-se com um militar retornado.

Meu avô era totalmente diferente dela, ele falava coisas inteligentes, contava-me da época em que ele lutava na guerra e eu adorava ouví-las, ele me ensinou tudo que sei em romeno. Ele era um homem inteligente e atualizado. Ao contrário de minha vó que parece que parou no tempo, ela ainda acreditava que o Muro de Berlim existia.

Eu podia classificar as pessoas daquele país iguais à minha vó, com apenas algumas exceções que eram parecidos com meu avô. O tempo lá nunca passava, estava parado para sempre na ignorância.

Fiquei na ponta dos pés, enquanto via outors passageiros passarem por mim, eu ainda procurava Cristopher, embora fosse inútil. Eu pesquisaria mais sobre isso mais tarde.

- Bom, vamos! - disse meu avô, todo animado.

Agora eu sei de quem minha mãe puxou esses reflexos tão infantis. Minha vó pegou o braço de minha mãe e colocou sobre seus braços, durante alguns minutos lembrou-me daquelas meninas patricinhas que eu estava costumada a ver todos os dias na escola, elas fofocavam do mesmo jeito.

Meu avô colocou o braço ao redor dos meus ombros e obrigou-me a deixar ele levar meu carrinho.

- Não precisa, vô - eu fiquei meio surpresa com o meu romeno, estava muito bom.

- Eu te ensinei direitinho, não? - meu avô perguntou rindo.

Eu ri junto.

- Sim, o senhor me ensinou direitinho.

Fomos em direção ao estacionamento. Minha avó ainda fofocava sobre coisas que não fariam diferença para mim, porque eu mal conhecia as pessoas sobre as quais ela tão animadamente falava.

Saímos dos portões automáticos do aeroporto, eu senti como estava frio. Era setembro, início do outono e o ar estava meio seco, o céu estava nublado, eu tinha certeza de que iria chover, e estava frio.

Meu avô riu quando eu estremeci.

Ele estendeu o casaco, que ele carregava em uma mão, para mim.

Eu o rejeitei.

- Não vô, é seu.

Meu avô riu de novo.

- Eu sempre trago esse casaco para você. Você sempre se esquece de que aqui é meio frio.

Eu sorri para o meu avô, ele era sempre tão atencioso aos detalhes. E sempre tão perfeccionista.

- Obrigada - disse à ele.

Peguei o casaco e coloquei meus braços dentro das mangas, agora eu lembrava-me dele. Ele sempre foi meio grande demais para mim, fiquei feliz em ver que eu ainda não conseguia ver minhas mãos.

Dirigimo-nos até o carro de meu avô, eu me lembrava do velho Dacia verde. Seus bancos de couro ficavam meio quentes no verão rígido e seco de Constança, mas hoje deveriam estar tão quentes que não importaria-me.

Ajudei meu avô a colocar nossas bagagens no porta-malas, quando minha mãe e minha avó entravam no carro, no banco de trás e ainda conversavam alegremente.

Depois que eu e meu avô colocamos minhas malas no carro, ele fechou o porta-malas e foi comigo até a parte da frente do carro, eu iria até a minha nova casa no banco do passageiro.

Meu avô começava a dar partida no carro, qaundo ouvimos um barulho tão assustador, tão alto e tão chocante que fez minha mãe e minha avó pararem de falar.

Abrimos as portas do carro quase ao mesmo tempo, minha avó parecia meio entediada e ficou no carro. Eu, meu avô e minha mãe saímos correndo até o saguão e minha mãe perguntou à moça da nossa compania aérea o que havia acontecido. Ela informou-nos que o mesmo avião que havíamos estado, eu sei que era o mesmo porque nenhum outro avião daquela compania aérea chegou naquele aeroporto, havia acabado de cair enquanto decolava.

Uma fila enorme estava formando-se atrás de nós, enquanto a moça informava-nos profissionalmente, sem entrar em muitos detalhes.

Tudo que vi foram as coisas ficando pretas e sem foco, tudo que senti foram minhas veias congelando, em parte pelo frio, em parte pelo medo, e o chão gelado estendendo-se para mim.

Até que tudo ao meu redor virou um caos, vi familiares em choque e tristeza pela perda, vi os funcionários tentando, ao máximo, alcamar as pessoas e eu senti quando finalmente desmaiei.

Foi um alívio ficar no escuro por alguns minutos.

 


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