Underneath The Moonlight escrita por Mercy_Dawn


Capítulo 2
Aguardando




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Eu já havia lido dezenas de livros, visto dezenas de filmes que alertavam-nos de que as três horas da manhã era o horário favorito para os mortos, e também os demônios, brincarem com você.

Eu achava isso um monte de bobagens, mas desde a morte de meu pai, eu havia aprofundado-me em assuntos sobrenaturais. Essas histórias sobrenaurais atrairam-me assim como a gravidade atrai-nos.

Nosso vôo de dez horas de Londres até Graz fez-nos chegar no Aeroporto Internacional de Graz às duas horas e trinta minutos da manhã.

Nunca quis viajar para a Áustria, nem nenhum país da Europa Oriental. Todos eram muito humildes. Dava para perceber a pobreza da Áustria através de seu pequeno aeroporto, ele ficava a alguns quilômetros da cidade, e era mal abastecido. Havia poucos vôos que partiam de lá ou iam para lá, e a maioria era escala, como a nossa.

Estávamos no nosso portão de embarque, quando as telas que diziam-nos que nosso vôo estava no horário, mudaram drásticamente informando-nos que nosso vôo chegaria com uma hora e meia de atrasado.

Outros passageiros foram até o balcão reclamar com a pobre funcionária que nada tinha a ver com isso. Minha mãe há muito havia dormido em uma das cadeiras caindo aos pedaços do aeroporto, suas bagagens ao seu lado.

Eu precisava ficar acordada para poder embarcar a minha mãe e eu no vôo, se não nós o perderíamos.

Estava difícil manter meus olhos abertos, para ajudar-me a continuar acordada, peguei a minha nécessaire e fui até o banheiro feminino.

Quando entrei naquele banheiro, parecia-me que eu havia entrado por acidente nos filmes de "Jogos Mortais", o cenário era perfeito. Faltava somente aquele boneco para completá-lo.

As paredes do banheiro eram formadas de pequenos azuleijos azuis-piscina, as lâmpadas no teto branco eram fosforesnte, dando ao lugar um ar muito assustador. Das cabines até as pias, tinha-se um amplo espaço, as pias eram tão brancas quanto o teto, mas devido à quantidade de pessoas que usaram-nas, elas estavam num estado muito pior, as torneiras estava sujas e enferrujadas, alguma gosma preta estava ao lado de cada uma delas, as seis cabines eram de um branco sujo e estavam todas fechadas.

Não faço idéia de quanto tempo eu fiquei parada na entrada daquele banheiro, só o observando, tentando captar cada detalhe que podia.

Eu parei por um minuto, voltando o meu olhar em meu relógio de pulso, já eram duas e cinquenta e cinco da manhã, nosso avião estaria lá daqui uma hora e cinco minutos, eu tinha tempo de sobra.

Fui até a pia mais limpa que consegui achar, coloquei minha nécessaire em cima da pia e tirei minhas escova de dentes, um creme dental e minha escova de cabelos.

Eu fui olhar-me no espelho, aquele lugar dava-me um ar sombrio, mórbido. Meus olhos azuis, que eu herdei de meu pai, ficaram ainda mais claros, minha pele extremamente branca ficava mais branca sobre essa luz, destacando as olheiras roxas que eu adquiri alguns anos antes, e meus cabelos pretos, de algum modo ficaram mais pretos. Eu fiquei assombrada por alguns segundos olhando-me no espelho.

Coloquei meu creme dental na escova de dentes e comecei a escovar com força, assim que eu terminei guspi a pasta na pia e abri a torneira para levá-la embora. Lavei minha escova de dentes, fechei meu creme dental, e coloquei os dois na minha bolsa. Peguei minha escova de cabelos e os escovei, estavam bem melhores agora. Também guardei a escova de cabelos na bolsa.

Eu já estava com a minha necéssaire nas mãos e eu já ia me retirando do banheiro macabro, quando eu ouvi um som de algo se despedaçando na última cabine. Eu seriamente tentei ignorar, mas quanto mais perto da porta eu chegava, mais alto o barulho ficava. Os gritos que acompanhavam esse som também eram agonizantes.

Caminhei até àquela cabine com passos vagaroso, pude sentir meu coração batendo rápido demais em meu peito, senti adrenalina correndo em meus sangue, senti minhas veias congelando, os pêlos de meus braços se arrepiando e um instinto gritando-me para sair correndo de lá.

Quanto mais eu aproximava-me da cabine, mais o som diminuía. Eu fiquei à um passo da cabine, fechei os olhos e abri-os uma vez, bem devagar, respirei fundo e bati na cabine suja.

A porta abriu-se, fazendo-me ver que não tinha nada ali, estava vazia. O alívio dominou-me, não queria ter que lidar com mais coisas assustadoras, mas quando fui dar meia-volta para ir para a porta da frente do banheiro, o som e o grito ecoou de novo, mas dessa vez na primeira cabine, eu estava decidida a ignorar, mas os gritos de dor e agonia tornavam-se mais urgentes.

Minhas emoções agora eram diferentes das do medo, eu agora estava com raiva.

- Seja lá quem for que estiver fazendo isso. Pare imediatamente! - gritei.

Os gritos e os sons soaram de novo, mais urgentes. Fui impaciente até a primeira cabine e empurrei-a.

O que esperava-me lá dentro não era nada do que eu esperava. Uma sombra escura e masculina sentava-se na tampa da privada, e sorria para mim de um jeito assustador. Eu perdi o ar, saí correndo de lá, um grito profundo ecoando nas paredes do banheiro e também nas paredes do portão de embarque, eu acordei a maioria dos passageiros que dormiam, inclusive a minha mãe.

Fui correndo ainda mais rápido na direção de minha mãe, pude sentir as lágrimas quentes em meus olhos embaçando a minha visão.

Minha mãe ficou de pé rapidamente, correndo em minha direção também, abraçamo-nos e minhas lágrimas caíam em sua camiseta fina de algodão branco com uma fúria que eu nunca tinha percebido.

- O que foi que aconteceu? - sussurrou minha mãe em meu cabelo.

Pelo tom de sua voz, ela estava muito preocupada. Eu não conseguia fazer minha voz sair, tudo que consegui fazer foi apontar para o macabro banheiro e chorar ainda mais.

Vagamente notei os olhares de outros passageiros em minha costas, enquanto minha mãe me guiava de volta para aquele banheiro.

Meus olhos estavam um pouco mais secos e eu estava um pouco mais calma, tentava fazer minha voz parecer controlada, enquanto eu e minha mãe encarávamos a primeira cabine com olhos assustados.

- Eu tinha certeza de que ele estava aí! - eu disse irritada, era sempre assim.

Na noite passada também tinha sido assim, aquela sombra macabra encarando-me e sorrido de um jeito assustador. A diferença da noite passada para esta, era que eu não havia contado para minha mãe que isso tudo ocorrera.

De repente, eu me lembrei de uma frase do Padre Moore, em "O Exorcismo de Emily Rose". Enquanto ele estava na cadeira de testemunhas, ele havia informado à Erin que as três horas da manhã era a hora do dêmonio tirar sarro das pessoas.

Eu encolhi-me, tudo isso aconteceu entre as três da manhã. Não queria perturbar minha mãe, ela estava tentando sobreviver desde a morte de meu pai e uma filha que vê dêmonios não melhoria em nada a vida dela.

Eu coloquei o meu braço esquerdo na cintura de minha mãe e convenci-a a sair de lá.

Não compartilhei a minha descoberta com ela, se alguma estava acontecendo comigo. Eu teria que descobrir sozinha.

 

 

 


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