Tantas Coisas a Lhe Dizer... escrita por GiullieneChan


Capítulo 6
É você!




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À noite, em um Templo um belo Festival da Primavera atraia pessoas da região. Seiya e Shiryu haviam chegado, cada um usando um tradicional quimono.

—Esqueçam isso, não vai dar certo! -a voz feminina fez com que os rapazes se virassem e encarassem uma jovem, de longos cabelos castanhos presos em um coque, usando um quimono amarelo, com flores de sakura bordadas. -Não vai dar certo!

—Pan...quero dizer, Saya...se não tentar, como vai saber se não vai dar certo? -Seiya a incentivava. -Ainda mais, está linda!

—Estou? -fitando o rapaz.

—Ikki seria idiota se não notasse! -sorriu para ela.

—Quem é idiota, Seiya? -a voz de Ikki assustou o rapaz que deu um pulo.

Ikki acabava de chegar, acompanhado de seu irmão e por Hyoga. Usava um quimono azul escuro, que destacava seus olhos. A carranca que estava em seu rosto devido ao comentário de Seiya desapareceu ao ver Saya, achando-a linda vestida para o festival.

—Puxa Ikki! -Seiya disfarçando. -Que coincidência você aqui...e que coincidência maior o Shiryu e eu encontrarmos a Saya aqui também...e que coincidência grandiosa nos encontrarmos todos aqui! Na entrada do Festival!

Shiryu, Hyoga e Shun tentaram não matar Seiya no momento em que disse aquilo. Ikki o encarou, erguendo uma sobrancelha.

—Anda bebendo, Seiya? -perguntou a queima roupa.

—Eu não... EI! -Seiya já ia revidar o comentário de Ikki com palavras grosseiras, mas este o ignorou completamente, andando até Saya.

—Eu pensei que não a veria tão cedo. -ele comentou sem graça. -Podemos conversar? -olhando para os amigos. -Longe deles?

—Claro. -respondeu imediatamente.

Ikki a pegou pela mão, conduzindo-a para longe dos outros rapazes, que sorriram um para o outro, cúmplices, sem notarem uma outra pessoa que testemunhou aquela cena, incógnito.

Thanatos presenciava a tudo, nada satisfeito com o rumo das coisas. Percebeu que se não agisse logo perderia a aposta feita com seu irmão, e a chance de ter mais poderes que o próprio Hades!

—Nem tudo pode sair como planejamos não é irmão? -a voz de Hipnos só faz com o deus da morte fique mais irritado.

—Ela está mesmo determinada a se declarar? -perguntou Thanatos, olhando o irmão, que parecia muito à vontade em roupas mortais.

—Certamente.

—Então eu vou vencer. -sorriu.

—Por que afirma isso? -o fitou desconfiado de suas intenções.

—Simples, irmão. Nem tudo pode sair como planejamos. -Hipnos estreitou o olhar.

Thanatos fez uma mesura, se despedindo de Hipnos e desaparecendo no ar. Hipnos conhecia bem aquele olhar em seu irmão. Significava problemas. Ele faria qualquer coisa para ganhar a aposta, mesmo que significasse trapacear. Se Thanatos tentasse algo, teria que tomar precauções.

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Longe do local onde os deuses estavam. Ikki e Saya caminhavam em meio às pessoas, observando a alegria estampada nos rostos delas, se desviando de alguma criança mais empolgada que corria.

—Está muito cheio aqui. -comentou Ikki.

—Não gosta de festivais?

—Não participei de muitos em minha vida.

—Nem eu. É muito bonito! -acrescentou com um sorriso.

—Saya, vamos por aqui. -Ikki apontou para um espaço quase vazio. -Ali podemos conversar melhor.

Ela concordou, acompanhando-o. Sentiu-se nervosa não apenas com a proximidade dele como também pelo fato de que não poderia adiar mais o que sentia, que precisava se declarar para ele. Olhou-o de soslaio e percebeu que ele estava com a expressão mais tranquila, mas baixou o olhar e notou que ele mexia os dedos, fechando a mão em punho e abrindo-a, denotando que também estava nervoso.

Sentaram em um banco de mármore. Atrás do casal o amplo jardim do Templo com muitas árvores, diante deles o festival com suas cores, sons e luzes. Ficaram em um incômodo silêncio por alguns segundos, até que ambos falaram ao mesmo tempo:

—Queria te dizer... -ela tentou falar.

—Está com sede?

Ficaram em silêncio novamente.

—Pode dizer o que quer, Saya.

—Um refresco seria bom. Estou mesmo ficando com sede. -sua garganta estava seca, mas não era sede.

—Claro. Eu já volto. -ele levantou-se rapidamente para comprar-lhe algo para beber.

Sozinha, Saya deu um tapa em sua própria testa.

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—E então? -Seiya perguntou aos amigos, sério.

—Dificilmente um deus consegue ocultar seu cosmo. Não sinto a presença dele. -respondeu Hyoga.

—Mas ele não seria ingênuo de demonstrar que está aqui. -ponderou Shiryu.

—Tem razão. -concordou Seiya. -Alguém viu Hipnos?

Todos negaram com a cabeça.

—Assim fica complicado. Como vamos manter o Thanatos longe se não sabemos onde ele pode estar? Ou o que fará? -Pégasus cruza os braços, aborrecido.

—Duas coisas me preocupam Seiya. -comentou Shun. -Se Thanatos vencer, será muito forte. E ele não parece ser um deus de caráter. Quem nos garante que ele possa tentar algo contra Saori depois disso?

—Pensei nisso também. -concordou Seiya.

—E se o encontrarmos aqui e Thanatos estiver disposto a lutar? -todos trocaram olhares preocupados. -Não estamos com nossas armaduras e pessoas poderão se machucar!

—Droga! -resmunga Seiya. -Devíamos ter ficado perto de Ikki e Pandora!

—Shun... você falou sobre o stalker ao Seiya e ao Shiryu? –Hyoga perguntou, observando as pessoas.

—Stalker? –Shiryu olhou para ambos. –O que querem dizer?

Hyoga e Shun explicaram rapidamente suas suspeitas e as de Hipnos, e isso só aumentou a preocupação deles.

—Vamos nos separar e procurar Ikki. -sugeriu Shiryu. –Não devemos deixar Pandora sozinha. Se Thanatos não aparecer, esse cara poder.

Todos concordaram e cada um pegou uma direção diferente, procurando por seu amigo e por Saya.

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Ikki acabava de comprar suco com um dos vendedores do local e esperava pelo troco, quando sentiu um estranho calafrio, precedido pela voz de alguém que ele pensou jamais rever novamente.

—Bela noite não? -Thanatos o cumprimentou, ficando ao seu lado.

—Thanatos! -Ikki se coloca em guarda, mas o deus não parecia incomodado.

—Shhhhh... Sem gritos ou alardes. Estamos em um festival. -aponta para o vendedor. -Seu troco.

Ikki nem se moveu de seu lugar, fitando a divindade com desconfiança. O deus da morte suspirou de modo enfadonho e ele mesmo pegou as moedas com o vendedor e caminhou até o cavaleiro.

—Não vim para lutar. Ademais, se eu o fizesse... Todas as pessoas à nossa volta... Casais felizes, famílias amorosas, crianças inocentes... Morreriam. -sorrindo colocou as moedas na mão de Ikki. -Embora eu tenha vontade de te dilacerar e jogar seus ossos aos cães do inferno pela derrota vergonhosa ao qual me submeteu... Sou um ser piedoso e esquecerei esta ofensa.

—O que você quer aqui? -Ikki indagou, com os dentes cerrados.

—Abrir seus olhos. Alertá-lo para uma grande mentira! -faz um gesto teatral. -Uma mentira fomentada por meu irmão!

—Pare de dizer bobagens e diga logo o que quer!

—Desejo a verdade. -sorri. -Quero dizer lhe dar a verdade.

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Enquanto isso, Saya esperava. Estranhava a demora de Ikki, mas atribuiu isso a alguma fila que provavelmente enfrentava. Levantou-se, resolvendo que iria procurá-lo.

Caminhou na direção da multidão, olhando atenta para os lados, sem imaginar que Ikki estava naquele momento discutindo com Thanatos, que transgredia as regras da aposta divina, contando tudo ao cavaleiro.

E exatamente por isso ela estancou, entre a surpresa e o medo, ao vê-los conversando. A tensão entre os dois era algo tão palpável que não seria exagero dizer que era possível cortá-lo no ar com alguma faca.

Ela ficou parada, sem reação alguma, apenas observando de longe os dois. Thanatos percebeu a sua presença e sorriu.

—Veja Fênix... Veja o medo no olhar dela. -apontou com o olhar e Ikki virou-se sério para a jovem. -Ela percebeu que já sabe a verdade. Ela é Pandora, renascida no corpo da infeliz Saya. A mulher que ajudou o senhor dos mortos a usar o corpo de seu irmão como marionete... Você se lembra? Parece-me que a mentira é algo que sempre a acompanhará, já que...

O deus não terminou a frase, pois fora calado por um potente soco de Ikki diretamente em sua boca. Com a força do golpe, ele foi jogado para trás, caindo de uma maneira nada adequada a uma divindade, em cima de uma barraca de doces.

—Cale-se. -foi apenas o que o cavaleiro lhe disse, fitando o deus com o olhar mais duro e frio que este jamais veria em sua vida imortal. -Pandora... Eu quero explicaç...

Quando Ikki voltou-se para Pandora, ela já havia ido embora, desaparecendo entre os curiosos que pararam para ver a briga.

—Droga! -e imediatamente pôs a procurá-la, atravessando a multidão, empurrando as pessoas para lhe darem passagem.

Ao contrário do que podia se imaginar, Thanatos estava sorrindo. Com um gesto limpou o sangue que saia em um pequeno filete de um corte em seu lábio inferior. Mas o sorriso desapareceu ao perceber a presença de Hipnos.

—Tsc... Você nunca foi um bom perdedor irmão. -diz o deus do sono, com as mãos nos bolsos da calça.

—Pelo visto, perdi a aposta.

—Claro. Trapaceou.

—Bem. Nem tudo foi perdido. -rindo, se levantando.

—Aparentemente, o fato de causar sofrimentos a Pandora lhe basta como prêmio de consolação em nossa aposta. -diz sério.

—Não se pode ganhar todas. Não é o que dizem os mortais?

—Não. Mas... Também dizem outra coisa, e particularmente é um dos meus ditados preferidos.

—O que?

De repente, era como se o tempo e o espaço fossem distorcidos. As pessoas que observavam curiosas a discussão pareciam congeladas no tempo. Thanatos foi acometido de um pressentimento ruim, que se confirmou com a presença de um cosmo poderoso... E nada feliz.

—"Aqui se faz... aqui se paga."

Thanatos arregala os olhos diante da presença poderosa que se manifestava fisicamente diante dele, e pela primeira vez em séculos... Sentiu medo.

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Shun parou de andar. Podia jurar que sentiu cosmos poderosos por um milésimo de instante no tempo... E em seguida desapareceram. Notou que os amigos, que acabavam de se reunir pareciam não ter sentido nada. Pensativo, ficou imaginando o que poderia ter sido isso, mas logo em seguida foi acometido por um estranho sentimento de preocupação.

Onde estaria Ikki?

Pandora correu o máximo que podia, se afastando do templo e dele. Parou sentindo o peito arder pelo esforço, respirava fundo... Arfava procurando encher seus pulmões de ar. A visão ficou embaçada pelas lágrimas que teimavam em encher seus olhos.

—Terminou tudo... -murmurou, apoiando-se em um muro, fechando os olhos.

—Mizuno-san?

Pandora abriu os olhos e fitou o homem parado diante dela. Custou a lembrar quem era e lembrou que era o gerente do supermercado que trabalhava.

—Kadawashi? Manabu Kadawashi... o que? –olhou para os lados, percebendo que estavam sozinhos longe do festival. –Olha, se veio brigar por causa do soco eu...

—Não. Eu não vim brigar! –ele sorriu acenando. –Eu de certo modo mereci, pois exagerei. A vi de longe correndo e pareceu transtornada. Posso ajudar?

—Eu... estou bem, não se preocupe.

—Ora, o que é isso Mizuno-chan! Vamos, que tal bebermos algo e conversamos? –disse estendendo a mão e sorrindo. –Parece que está precisando.

Súbito, uma imagem apareceu na mente de Pandora. Imagens desconexas que ela demorou apenas alguns instantes para saber que eram as memórias da verdadeira Saya. Ela abrindo a porta de seu apartamento diante das incessantes batidas na porta, quando se preparava para o banho. Kadawashi entrando no apartamento, parecia transtornado.

—Parece que está precisando...

Saya se vê jogada a força na banheira, tentando sair, mas Kadawashi a impedir de levantar em busca do ar precioso. E depois veio a escuridão.

Pandora olhou para aquela mão estendida e em seguida para Kadawashi, com certo pavor.

—Você a matou.

—O que? Está falando coisas sem sentido.

—Você afogou Saya na banheira e fez parecer que foi suicídio. –ela deu um passo para trás.

—Pelo visto se lembrou. –ele agarra-a pelo pulso.

—Me solta!

—Saya-chan... por que sai com tantos homens e não comigo? Não percebe que eu a amo? –puxando-a e apertando sua garganta com as mãos. –Não percebe, vadia??

—Ei!

Kadawashi olha para trás diante da voz que o chamava. Era Shun que havia aparecido e puxando ele pelo ombro desferiu um soco direto em seu rosto, nocauteando-o.

—Você está bem, Pandora? –Shun pareceu preocupado, sendo seguido por Hyoga que foi verificar o estado do homem desmaiado.

—Ele... ele... –ela respirou fundo, esfregando o pescoço machucado.

—Sabemos. –disse Hyoga. –O que faremos com ele?

—Eu não sei. –Shun coça a nuca. –Vamos pensar em algo.

—Pandora?

Ela arregalou os olhos como se não acreditasse no que ouvia. Era a voz dele. Virou-se e deparou-se com Ikki, ofegante por ter corrido atrás dela, fitando-a.

—É você mesmo? -insistiu na pergunta.

—Eu... -baixou o olhar antes de responder. -Sim.

Hyoga e Shun se entreolharam, Ikki os fitou e parecia irritado com a situação.

—Vamos saindo... –Shun diz, pegando uma perna de Kadawashi e arrastando ele.

—Depois explicamos isso. –diz Hyoga, arrastando a outra perna diante do olhar inquiridor de Ikki, saindo das vistas dele.

—O que foi isso? –Ikki apontou para onde o irmão e Hyoga saíram, mas balançou a cabeça em negativa. –Deixa pra lá. Eu quero saber, Pandora. Como? E por que não me contou antes? -havia irritação em seu tom de voz.

Pandora deu um riso nervoso antes de erguer a cabeça e responder:

—Acha que seria fácil chegar e dizer quem eu era?

—Não seria. -respondeu após um breve silêncio. -Por que fez isso?

—Porque eu não tinha paz... Precisava voltar e dizer que... A deusa Perséfone me deu esta nova chance de dizer a você... -ela engoliu em seco, ligeiramente nervosa. -Agradecer a você por ter me libertado... Dizer que...

—Dizer o que, Pandora?

—Que te amava. -ela o fitou. - Que te amo!

Ikki não esboçou reação alguma.

—Eu te amo... -as lágrimas começaram a correr soltas pela sua face. -E eu morri na certeza deste sentimento, mas na dor de não ter tido a chance de dizer isso a você e...

Subitamente ela se encontrou presa em um abraço forte e protetor. Uma mão carinhosa afagava-lhe os cabelos e a outra a segurava firme pelas costas, como se temesse que a jovem em seus braços se afastasse mais uma vez. A única reação que ela teve foi o de corresponder ao abraço, envolvendo a cintura dele em seus braços com firmeza, escondendo o rosto na curva de seu pescoço.

—Desde aquele dia... Nunca mais a tirei de meus pensamentos, Pandora.

—Ikki...

E em silêncio ficaram ali, abraçados, desfrutando do calor que seus corpos lhe ofereciam. Até se afastarem, ao sentir a presença de mais uma pessoa. Ikki colocou-se em uma postura defensiva, protegendo Pandora com o corpo ao ver Hipnos.

—Não vim para lutar. -respondeu o deus. -Mas vim para realizar uma tarefa ingrata.

—Ikki! -Shiryu e Seiya haviam finalmente encontrado os dois e chegaram correndo. -Ainda bem que achamos vocês e... Hipnos!

—Acabou. -disse o deus com serenidade.

—Como assim? -Seiya parecia não ter entendido.

—Os atos de Thanatos me obrigaram a relatar o que estava havendo a minha imperatriz. Lady Perséfone, logicamente não ficou feliz com o que estava havendo. -relatava, sem desfazer sua postura relaxada e calma. -Neste momento, meu irmão está sendo severamente punido pela minha senhora. No entanto, ordenou que eu realizasse uma última tarefa, antes de retornar aos Elíseos.

—E que tarefa seria esta? -perguntou Ikki, incomodado.

—Levar Pandora comigo.

—O quê? -todos se espantaram e instintivamente se colocaram entre o deus e a jovem.

—Sei que não estão contentes com o que eu disse. Mas não tenho escolha. Pandora... Devemos voltar aos Elíseos. -Hipnos estende a mão para Pandora. -Vamos.

—Ela não vai a lugar nenhum com você! -diz Ikki, ao sentir que ela apertava sua mão nervosa.

—Seria desaconselhável se colocar contra mim, Fênix. Não se intrometa!

—Ou? -Ikki o desafia.

—Ou terei que matá-lo. -responde o deus, com uma calma assustadora.

Continua...


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